Mil anos ou mais escrita por nje


Capítulo 1
One-shot: Mil anos ou mais


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoal.
Depois de longo tempo de inatividade, apareci por aqui.
E por uma ocasião muito especial: o Amigo Secreto do grupo "Igreja NejiHina", do Facebook.
E aqui revelo quem tirei: @SoldierRed. Espero que goste! Obrigada pela paciência.
Tema por ela escolhido: Universo Naruto, pós guerra e Neji vivo. Também um dos temas era ser baseado na música “Thousand Years - Christina Perri”. Combinei esses dois!
Demorou para sair, mas foi feita com muito carinho.

Ps: embora seja Universo Naruto, modifiquei muito sobre a história do Clã e o desenvolvimento pós-guerra ninja.

Enfim, sem mais delongas, uma boa leitura a todos ♥



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As luzes alaranjadas do entardecer adentravam pela janela na pequena cozinha. Ali dentro, um rapaz e uma moça realizavam afazeres domésticos; ela lavava a louça, ele preparava o jantar.

Em poucos minutos, os pratos e talheres já estavam limpinhos, postos à mesa. Não demorou também para que fossem preenchidos por um monte de legumes cozidos. 

O casal sentou-se no chão, frente à mesa de madeira, e iniciou a refeição. 

— Taiyo-chan, deseja um pouco de suco? — perguntou o jovem, segurando uma jarra feita de barro. A aliança de bronze reluzia no dedo anelar. 

— Sim, por favor. Obrigada, Sukuryu-kun. — Taiyo sorriu. Os olhos perolados dela acompanhavam o movimento dos lábios. Aquele sorriso aquecia o coração de Sukuryu.

Por alguns momentos, os dois falaram sobre amenidades. Taiyo deu orientações de cuidados capilares ao marido, que ouviu atentamente e tomou notas mentais de tudo o que ela disse. Ambos tinham o cabelo bastante longo e liso, a diferença é que os fios dele tinham um tom marrom, e os dela, preto-azulado.

A conversa seguiu leve, mas somente até o instante em que teve início um diálogo sobre técnicas ninjas, que por consequência levou-os a falar sobre a possibilidade iminente de uma guerra e o envolvimento do clã. 

— Devemos nos preparar, Taiyo. Treinar mais. O Shodaime Hokage e o líder da família, Yoake Hyuuga, pediram pela nossa colaboração. Isso é raro, demonstra urgência, uma vez que não aprovam nossa relação. — Sukuryu declarou. O tom de voz grave era sempre aveludado quando se dirigia à amada. 

— Sim. — Taiyo assentiu. Os dedos finos se pressionaram contra a xícara. O medo que não foi dito através das palavras se fez notável naquele gesto sutil, mas que não passou despercebido ao olhar perspicaz de Sukuryu. 

— Vai ficar tudo bem. Eu confio no nosso potencial. — Sukuryu envolveu as mãos de Taiyo com as suas. Havia calor ali. Nas mãos, no olhar, no coração. 

Meses depois, Taiyo teve os medos confirmados. Perdeu Sukuyru na guerra.

Ao despertar, Neji deparou-se com um quarto de hospital. Na veia dele, pôde vislumbrar um cateter. Havia lírios brancos em cima da mesa próxima à maca na qual encontrava-se deitado.  

Sentia cada pedacinho do corpo doer. O que diabos ocorrera? Não conseguia recordar.

Ainda envolvido no movimento de tentar compreender o que se passava, ouviu alguém chamar o seu nome:

— Neji-niisan! — tratava-se de Hinata. Ela adentrou o quarto e se aproximou dele com os olhos marejados.

— Hinata-sama? — ele perguntou, em choque... Flashs do longo sonho que teve percorreram-lhe a mente. O coração acelerou ao constatar que havia muita semelhança entre Hinata e Taiyo, a protagonista do sonho, mas essas lembranças logo foram afugentadas pela curiosidade de sanar suas dúvidas.  

Hinata, atenta, percebeu a confusão na expressão do primo, e explicou para ele o que havia ocorrido: após a Quarta Grande Guerra Ninja, o rapaz esteve em coma por seis meses. 

Perturbado com a informação, Neji pediu por um relato mais completo. A kunoichi atendeu a solicitação, atualizando-o sobre tudo o que aconteceu desde o momento em que ele foi atingido perto do coração por um galho afiado até o instante em que o ninja retomou a consciência.

Ela ainda contou sobre a posse de Naruto como Sétimo Hokage, também sobre a colaboração entre as nações e a paz que se estabeleceu após a guerra. Com pesar, informou inclusive sobre as perdas, os enterros, as más lembranças que assombravam grande parte dos guerreiros sobreviventes.

— Ouvir isso... é impressionante. Tive um longo e vívido sonho durante esse tempo, então para mim não pareceu que eu estava inconsciente. — comentou, perplexo, mais para si do que para ela. 

— S-sonho? — Questionou Hinata, intrigada. As maçãs do rosto levemente coradas.

 — Sim. — Neji afirmou, e logo em seguida relatou de maneira objetiva alguns trechos dos quais se recordava.

Em resumo, tratava-se do dia a dia de um casal, também do clã Hyuuga. 

Um par que treinava junto, que plantava e colhia tanto flores quanto vegetais, que ajudava um ao outro até mesmo na hora de lavar o cabelo, dividia as tarefas domésticas. Levavam uma vida boa. Entretanto, seus finais sempre envolviam assassinao, doenças, separação forçada.

Quando pensava sobre tais sonhos, Neji tinha uma sensação intensa de familiaridade, como se aquelas vivências de alguma maneira pertencessem a ele.

Hinata não disse nada, apenas tinha os olhos novamente cheios d’água, bem como as mãos trêmulas e as bochechas avermelhadas. 

Preocupado, Neji perguntou:

— Hinata-sama? Está bem? — ele tentou levantar e chegar mais perto dela, mas foi impedido pela dor.

 — N-neji-niisan, não se esforce tanto. Vou chamar a Sakura para te examinar. Eu já até devia ter feito isso, sou muito estúpida. 

Após dizer tais palavras, Hinata saiu dali às pressas. Foi somente Sakura quem retornou ao quarto, iniciando os procedimentos de verificação do estado de saúde de Neji. Ela também estava emocionada. Após muitas perdas de cidadãos de Konoha, especialmente ninjas, era bom ver um companheiro saindo do estado de coma. 

Logo após confirmar que com o tratamento adequado as expectativas eram as melhores para o Hyuuga, Sakura reportou a notícia para Naruto. O Hokage divulgou a informação e a movimentação de visitas foi intensa.

Uma choradeira por parte de Gai e Lee. Um forte murro no ombro seguido de um abraço foi como TenTen reagiu. Hiashi e Hanabi também compareceram, levando flores, chás, comida e roupas novas e limpinhas. 

Ainda que verdadeiramente grato por todo aquele cuidado, Neji não conseguia compreender o que houve com Hinata mais cedo naquele dia após ouvi-lo falar sobre o sonho que teve. A kunoichi inclusive nem mesmo chegou a aparecer por lá novamente. 

Neji experimentava sensação de frustração. Justo a pessoa que mais desejava por perto era aquela que se mantinha distante... 

Droga, que tipo de pensamento era aquele? Julgou severamente a si mesmo por se permitir sentir assim por Hinata, a futura líder da Casa Principal dos Hyuuga. Não tinha esse direito. Não era digno dela e sabia disso. 

Após ser examinado novamente por Sakura, a exaustão dominou-o e não demorou para que Neji adormecesse.

Ao despertar em seu segundo dia pós período em coma, logo ao abrir os olhos encontrou em sua frente uma grata surpresa: Hinata estava ali.

— Bom dia… — ela cumprimentou baixinho, uma vez que o primo acabara de acordar e ainda passava por um processo delicado de recuperação. 

Ele respondeu com um aceno de cabeça.

Hábil como era, e conhecendo Hinata por praticamente toda a sua vida, não foi difícil para o ninja perceber que parecia tensa. 

Mesmo ciente disso — inclusive curioso — não pretendia apressá-la. Se havia algo a dizer, Neji esperaria até que Hinata tomasse a coragem necessária para fazê-lo.

Após auxiliá-lo com a refeição, bem como conversar com ele mais um pouquinho sobre a vila e os mais recentes acontecimentos, a kunoichi por fim tomou fôlego para dizer o que dominava seus pensamentos desde a última conversa deles, no dia anterior.

— Neji, imagino que você nem precisaria ter domínio do Byakugan para enxergar a minha inquietação. — Apesar do frio na barriga, o tom de voz emanava firmeza. 

Não passou mesmo despercebido aos olhos de Neji: não apenas a agitação de Hinata, como também sua face ligeiramente corada, e ainda a ausência de sufixo ao dirigir-se a ele. 

Naquele momento, ele tentava fortemente conter a esperança que persistia em crescer dentro do coração. O sentimento que por tantos anos se esforçou para silenciar, convertendo-o até mesmo em ódio para não precisar encarar sua real face: o amor. Um amor muito inadequado, pela futura líder de todo o Clã.

— Sim... — ele concordou, fazendo um gesto para que HInata prosseguisse.

E assim mesmo ela o fez:

— É só que… Sabe aqueles sonhos que você descreveu? Eu tive alguns muito semelhantes, também. A sensação de realidade deles é exatamente como você disse. 

Neji ficou em silêncio, juntando as peças desse quebra-cabeça mental, visando compreender o que isso significava. 

— Ainda não terminei de falar. — Hinata anunciou trêmula, mas dando tudo de si para sustentar uma postura de segurança. 

Ela deu continuidade em sua fala: 

— Sinto forte no meu coração que aqueles um dia já foram nós dois, de alguma forma. Não apenas por parecer tão real o sonho, mas… mas… a emoção é a mesma, Neji. O que aquela moça sentia por aquele rapaz, é como eu me sinto por você. Eles até mesmo eram Hyuuga, também.

Após conseguir despejar as suas conclusões e ser tão objetiva, não havia um pedacinho do rosto dela que não estivesse vermelho de vergonha. Entretanto, diferente de todas as outras vezes, dessa vez ela não era a única… As maçãs do rosto de Neji também estavam ligeiramente coradas. 

— Hinata-sama! — Neji disse num sussurro, quase que para si mesmo. Ainda se via muito chocado com a revelação. Uma parte dele festejava intensamente, e a outra parte se preocupava na mesma proporção. — Também é assim que penso e que me sinto… Mas não posso me permitir, não sou digno. Eu sou da Casa Secundária. Devo te servir, te proteger, não caminhar ao seu lado ou me relacionar com você.

Aquela talvez tenha sido a primeira vez em toda a vida que Neji tinha sido inteiramente transparente no que diz respeito à emoções.

— Por favor, nunca mais diga isso. — em um ímpeto, ela o abraçou. Paralisado, ele apenas deixou-se envolver pelos braços dela, sem nem conseguir reagir. — Para mim, não existe isso de Casa Principal e Casa Secundária. Não é esse tipo de coisa que determina o valor de alguém, Neji. O que eu vejo das suas atitudes, do seu caráter, isso me diz muito mais que a sua posição na família ou desse selo em sua testa. Passei meses esperando você acordar pra poder te dizer… que eu te amo. Eu te amo. 

Quase como se fosse um reflexo (também o resultado de longos e sofridos anos se contendo), ele respondeu:

— Eu te amo, Hinata. 

Abandonaram a partir dali o uso dos sufixos na relação deles.

Não precisavam mais. Naquele momento, eram apenas dois semelhantes que sentiam amor um pelo outro. 

— Apesar disso, não podemos fingir que esse sentimento não será causador de batalhas. 

— Perdoem-me pela interrupção, e também pela indiscrição, mas existe algo que preciso conversar com vocês. — foi Hiashi quem proferiu tais palavras, ao adentrar tão repentinamente no quarto do hospital. 

Ele carregava nos braços manuscritos de aparência bastante desgastada. Páginas manchadas, amareladas, algumas até mesmo rasgadas.

Neji e Hinata o observavam cheios de curiosidade (e vergonha, também, depois de serem pegos no flagra em momento tão íntimo). Nada disseram, apenas aguardavam que o líder do Clã se pronunciasse.

— Tenho uma longa história para contar-lhes…

Notando que tinha a total atenção deles, começou:

— A teoria de vocês está certa: esses sonhos não se tratam somente de uma experiência do sono, mas de vivências... Vivências de vocês dois, de outras vidas. Especificamente pelo decorrer de mil anos.

Imobilizados, num misto de alegria e de dor, seguiam apenas ouvindo enquanto Hiashi prosseguia com as explicações.

— A divisão entre a Casa Principal e a Casa secundário existe desde os primórdios, desde o primeiro dentre todos os Hyuuga. E do início da história até hoje, somente dois jovens foram corajosos o bastante para questionar e lutar contra tal sistema. Na primeira encarnação tinham os mesmos nomes que tem hoje: Hinata Hyuuga, Neji Hyuuga.

— Naquele momento, eu já era pai de Hinata. Hizashi também já era pai de Neji. Eu já era o líder do clã, Hizashi já me servia. Entretanto, há mil anos, as tradições eram muito mais fortemente estabelecidas. As leis, as regras de um clã, de uma vila ou de uma nação eram incontestáveis. E quando vieram até mim naquele momento, com a proposta de um casamento que levaria à queda do regime estabelecido, eu os amaldiçoei, impus severa condição ao casal.

Conforme ouviam cada uma das palavras de Hiashi, memórias borradas daquele relato vinham à tona na mente dos jovens. Não tinham dúvidas, não duvidavam por um instante sequer da veracidade da história… Não necessitavam confirmar pelos manuscritos. O que sentiam era a única confirmação de que precisavam. 

— E a condição era qual...? Não consigo me lembrar. Até ouvir suas palavras, o acesso que eu tinha à essas recordações era pouco, apenas em sonhos. Sonhos esses que só vieram durante o período em coma. — disse Neji, quando enfim reuniu forças e se recompôs.

— Que caso escolhessem ficar juntos, teriam de enfrentar mil anos de tragédias testando o amor de vocês. Se esse sentimento conseguisse sobreviver a todo um século, então teriam o meu consentimento e uma eternidade de alegrias. Foi durante este período que Neji passou inconsciente que o ciclo da maldição se encerrou. O amor entre vocês prevaleceu e tem a minha benção. O sistema do nosso Clã já está mesmo ultrapassado. Se ainda desejarem, podem se casar e desfazer a divisão entre os Hyuuga.

Os jovens ninjas nada conseguiam dizer. Apenas se abraçavam…

Hinata debulhada em lágrimas que não fazia a menor questão de esconder. Neji tentando preservar a pose de homem forte e provedor e falhando miseravelmente, deixando escapar um choro sentido que escorria pela face. 

Hiashi os deixou sozinhos. Aquele momento precioso era de Neji e de Hinata. Deles, e somente deles.

...

Onze meses depois. Um templo cercado pela natureza. A presença de pessoas queridas. Familiares, amigos ninjas, habitantes da vila e também os membros do clã Hyuuga. Manhã de sol. Quimonos tradicionais. Estampas bordadas, de lírios brancos. Comida gostosa. Promessas. Casamento. 

Neji e Hinata celebravam não apenas o compromisso entre eles, não apenas o fim da divisão entre os Hyuuga, mas principalmente o fim de um século de sofrimento. Ali, naquele local, naquele instante, celebravam o início de uma eternidade de liberdade. De amor sem restrições. 
 

Eu morri todos os dias esperando você

Querida, não tenha medo

Eu te amei por mil anos

Eu te amarei por mais mil

O tempo fica parado

Há beleza em tudo que ela é

Terei coragem

Não deixarei nada levar embora

O que está na minha frente

Cada suspiro

Cada momento trouxe a isso

Um passo mais perto

Eu morri todos os dias esperando você

Querida, não tenha medo

Eu te amei por mil anos

Eu te amarei por mais mil


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Notas finais do capítulo

E então? Me contem o que acharam ;)
Espero que tenham gostado.
Beijos, até a próxima ♥



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