Eu nunca me esquecerei de você escrita por Lola


Capítulo 3
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

Boa noite, pessoal! Mais um cap da história. Muito obrigada a quem está lendo e acompanhando. Terminei a programação da fic e ela vai ter 10 caps.
Espero que gostem!

xoxo



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Capítulo 3

 

Afinal, poucas são as coisas que realmente importam na vida – Grissom concluiu; havia lido aquelas palavras em algum lugar, mas não conseguia lembrar o autor ou a precisão de sua composição. Porém, isso era a coisa menos importante em sua mente naquele momento. Os acontecimentos das últimas 24 horas não deixavam sua memória, revirando seu estômago. Grissom desejou ter o poder de apagar o que aconteceu com Sara, de ao menos tê-la protegido melhor. Era assustador como quase a tinha perdido, e como aquela simples possibilidade o desconcertava. Mesmo que eles não estivessem em um relacionamento, mesmo que ele houvesse dado o primeiro passo rumo a estarem juntos apenas algumas horas antes do incidente. Ele não se perdoaria se algo houvesse acontecido com ela, algo irreparável. Se sentia um completo imbecil por ter demorado tanto tempo para ver o que estava tão óbvio diante dos olhos. Seus corações se comprometeram desde a primeira vez em que se viram.

— Medo idiota – disse em um sussurro ríspido, para ninguém além de si.

Olhou para a enorme pilha de relatórios sobre sua mesa, e sentiu falta de sua casa. Aquele era seu terceiro turno, e ainda não havia conseguido dormir ou ter em seu organismo mais do que litros de café e alguns bolinhos.

Mas do que ele estava reclamando? Aquela era a vida que ele escolheu.

Após Catherine terminar de processar sua casa, Sara fez questão de ficar sozinha. Grissom ainda fizera uma última tentativa para que ela viesse com ele para seu apartamento, mas ela se manteve irredutível. Ele entendeu. Mesmo que contra sua vontade, ele entendia que o lado independente de Sara precisava daquele espaço para processar o que aconteceu. Ele a fez prometer que ligaria se precisasse de qualquer coisa.

Ele mesmo acabou voltando para o laboratório. Queria ter certeza que tudo relacionado a Mark fosse colocado como prioridade. Era o mínimo que poderia fazer por Sara. A lembrança dela encheu seus olhos, e muito mais fácil do que pensou que seria, admitiu para si mesmo que de tudo que ele poderia ter, Sara era a coisa mais importante. Não que ele a tivesse realmente, já que muitas foram as vezes em que escolheu afastá-la por pensar tão estupidamente que assim seria melhor.

— Estúpido idiota.

— Vejo que agora você está desenvolvendo um novo hábito estranho.

Grissom ergueu seus olhos para a porta, encontrando Brass lhe sorrindo maliciosamente.

— Imagino que mais um não faça diferença pra vocês.

— Hey, eu estava brincando – o detetive disse erguendo as mãos em sinal de defesa – mas, tenho que concordar com a parte sobre “estúpido idiota”.

Grissom revirou um pouco os olhos, e preferiu ignorar o amigo – O que você quer, Jim? Não me diga que temos outro caso, porque eu realmente preciso ir para casa –

— Não, eu vim apenas atualizá-lo sobre Sara.

— Hmm – seus lábios se fecharam rapidamente, tendo sua atenção completamente tomada agora. Mesmo ele que a tenha visto há menos de 2 horas, uma nova atualização não era demais.

— Acabei de passar no apartamento dela – Brass se aproximou da mesa de Grissom, sentando-se em uma de suas cadeiras – Ela parecia bem, mesmo que isso seja sempre o que ela diz.

— Sara não vai admitir como toda essa história... como tudo isso... – ele não sabia como dizer, quais eram as palavras certas para definir como alguém poderia sentir-se após uma situação como aquela.

— Ela vai ficar bem – Brass disse em meio a divagação do amigo – Vai levar alguns dias, mas... Estamos falando sobre Sara, não é qualquer coisa que consegue derrubá-la.

— Uhum – foi a resposta de Grissom, ainda pensando como ele poderia ter evitado tudo aquilo, se houvesse chegado na hora marcada com ela, se não houvesse se atrasado.

— Ela te contou sobre a família dela? – Brass questionou.

Grissom não respondeu, ele não estava disposto a lhe dar aquela informação.

— Ela me disse hoje – Brass disse.

— Nós já estamos lidando com isso.

— Nós?

O homem de olhos azuis soltou um longo suspiro, tirando o óculos do rosto e colocando sobre a pilha de papeis.

— Eu sou o supervisor dela, Jim.

— Eu não estou te acusando de nada, amigo – Brass soltou uma risadinha – Só estou aqui me perguntando por que você estava indo para a casa dela àquela hora do dia, mesmo que isso a tenha salvado.

— Eu não a salvei – as palavras de Grissom foram frias – não realmente...

O detetive deu uma boa olhada no homem a sua frente. Aquele era seu amigo de muitos anos, vestido com a mesma roupa a três dias, olhos pesados por enormes olheiras e um tom de culpa que pingava em qualquer palavra pronunciada pelo mesmo. E ele se lembrava bem de como encontrou seus dois amigos com as mãos entrelaçadas e muito próximos um do outro.

— Não importa o que você ia fazer lá, e você sabe que não é sua culpa o que aconteceu –

— Seu eu houvesse chegado antes, talvez eu pudesse ter evitado.

— Talvez, quem somos nós para descobrir? Deus? Acho que não – Brass levantou-se – Se você precisar de uma bebida depois que terminar aqui, vou estar na minha sala.

— Obrigado, Jim.

— Não me agradeça – ele disse já na porta – Mas quer um conselho? Você deveria ir vê-la. Talvez ir fazer o que você tinha decidido naquele dia.

Grissom ficou olhando para a porta vazia, pensando sobre o que Brass poderia saber sobre suas intenções. Nem mesmo ele as entendia direito.

Fazia exatamente 24 horas que ele havia saído daquele mesmo escritório com um propósito. Finalmente havia entendido que não importava o que fizesse, as coisas importantes para ele um dia iriam embora, um dia iriam ter fim – como tudo nesta vida. E tudo que ele poderia fazer sobre isso era viver, o máximo e melhor que pudesse. Sara ainda era seu grande ponto de interrogação, o enigma mais desconcertante de sua alma, mas ele queria poder abraçar esse mistério, e resolvê-lo todos os dias pelo resto de sua vida. Não podemos prever quanto tempo um amor pode durar, quantos relacionamentos vamos ter até que chegue aquele que se tornará o último. Mas podemos tentar fazer o melhor sempre.

Mas o medo era tão grande. Mas ainda havia tempo.

Grissom pegou seu telefone e procurou pelo número de Sara. Ficou olhando para o objeto pelo que pareceram décadas, até que em um salto de coragem, o mesmo de horas atrás quando a beijou, e apertou o botão “ligar”.

Foram exatos 4 toques, quando pode ouvir a voz de Sara.

— Sidle.

Seu coração deu um salto até a garganta. Vamos lá Grissom, você precisa responder.

— Hey, é Grissom.

— Grissom... ahm, tudo bem? – Sara afastou um pouco o telefone do ouvido, checando o número. Estava correto, era Grissom. Bem, ela meio que esperava aquilo.

— Tudo. Acordei você?

— Não, estava lendo.

— Hum.

Ambos fizeram silêncio, sem saber o que dizer depois. Foi Sara quem o quebrou.

— Ham, Grissom?

— Sara?

— Porque você ligou? – a mulher não pode evitar um pouco de diversão em sua voz. O homem estava claramente tendo um impasse.

— Eu... ahm... Eu-você gostaria de jantar?

Ele pode ouvir uma risada de Sara do outro lado da linha.

— Grissom, são 13 horas da tarde.

— Tudo bem, podemos chamar de almoço, se você preferir.

Sara não pode evitar um leve calor embalar seu coração. Ele estava sendo doce e gentil com ela.

— Sara? Você ainda está ai?

— Oh, sim, me desculpe.

— Então? – houve um pouco de hesitação na voz de Grissom.

— Claro, tudo bem. Como faremos isso?

Grissom franziu o cenho, ele não havia pensado sobre isso. Na verdade não havia pensado sobre nada. – Que tal eu sair daqui agora e ir para o seu apartamento, podemos pedir uma pizza... talvez... ver algum filme?

— Isso seria muito legal, Griss.

— Ok – ele sorriu.

— Ok – ela também sorriu.

— Te vejo em... 1 hora, tudo bem?

— Tudo bem.

Então ele desligou, sentindo que seu coração poderia parar a qualquer momento. Pare com isso, Grissom! Está parecendo que nunca passou um tempo com uma mulher antes. Respirou fundo, e começou a juntar seus papeis. Aquilo tudo poderia esperar mais um pouco.

Caminhou pelos corredores do laboratório devagar, não queria chegar antes do tempo e parecer muito ansioso. Tomou um banho e se trocou. Foi até o estacionamento e entrou em seu carro. Com uma mão no volante e outra na ignição, respirou fundo e girou a chave, deixando que o barulho do motor acalmasse seus batimentos acelerados. Na última vez que esteve fazendo este caminho até o apartamento de Sara, não tinha ideia do que iria encontrar ao chegar lá. Agora não seria diferente – não em partes.

Ele não tinha um plano. O melhor que conseguia racionalizar era sobre sua amizade. Eles haviam feito avanços enormes nos últimos tempos. Desde o DIU de Sara, desde que eles passaram a conversar com mais frequência, as coisas melhoraram. Então houve o dia em que ela contou sobre sua família, e depois o incidente no hospital psiquiátrico e o sequestro de Nick. Todos esses eventos trazendo-os para mais perto um do outro, restaurando a amizade e cuidado perdidos. Mas então houve Mark, e lá estavam eles, passando por uma nova fase baixa.

Grissom dirigiu pelas ruas de Las Vegas com calma, ele tinha bastante tempo, o apartamento de Sara não ficava longe. Ele não se atrasaria dessa vez. Então seu telefone começou a tocar.

— Droga – xingou baixinho, abaixando a cabeça um momento para pegar o telefone no console do carro. O aparelho escapou de seus dedos e caiu no chão do lado do passageiro.

Um segundo foi o suficiente. Não houve tempo para que Grissom se levantasse. Tudo o que conseguiu foi sentir um forte impacto em seu veículo, e ouvir o som de metal sendo amassado, algo parecido com uma buzina ao fundo. Então com o impacto, seu corpo foi jogado para trás, e sua cabeça foi de encontro com a janela ao seu lado esquerdo. E tudo ficou escuro.

 

Afinal, são muito poucas as palavras
que deveras nos ferem, e muito poucas
as que conseguem alegrar-nos a alma.
E são também muito poucas as pessoas
que nos tocam o coração, e menos
ainda as que nos tocam por muito tempo.
Afinal, pouquíssimas são as coisas
que importam de verdade na vida,
poder amar alguém, que nos amem a nós

Amalia Bautista


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