Tanaka escrita por Srta Grace Di Angelo
Segundas chances. Segundas chances. Segundas chances.
Ela já não aguentava mais ouvir isso. Gente dando palpite na vida dela, dizendo como ela deveria se relacionar consigo mesma e com os outros. Falsos moralistas.
Tudo mentira. Não é fácil para ninguém. Não é “só fazer isso”, “só fazer aquilo”. As pessoas vomitam essas frases com tanta facilidade que chega a dar enjoo. Ela era complexa demais para ser fácil de resolver.
Sabe, tem momentos na vida que simplesmente não importa mais o que dizem de você, não importa mesmo o que quer que estejam falando sobre você. Mas, chegar a isso não torna as coisas mais fáceis porque você ainda diz coisas sobre si próprio. Você coloca-se no lugar de teus julgadores e aponta o dedo repetidamente para você, sendo seu próprio carrasco
E sair desse ciclo vicioso, desintoxicar-se, era doído. Doído demais. Por isso que ela pegou aquele avião para o outro lado do mundo. Estava prestes a surtar e essa pareceu a solução mais lógica. Sair daquela bolha em que vivia, aprender a se virar, precisava respirar.
Tanto que, quando o avião pousou, o alívio no peito foi tanto, mas tanto! Que o choro foi inevitável. As comissárias perguntavam se ela estava bem, se precisava de ajuda. Mas não precisava, tinha acabado de encontrar seu porto-seguro.
Tinha se dado uma nova chance. Tinha tantos anos de vida pela frente, precisava se esforçar para viver bem. Outro país, outra cultura, outra língua. Tanto a fazer! Riu consigo.
Está na hora de começar de novo. De aprender a andar novamente. Precisava recomeçar quantas vezes fosse necessário e perdoar a si na mesma medida.
E ela iria fazer isso. Por ela mesma, para ela mesma.
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