She escrita por Mavelle


Capítulo 19
Capítulo 18


Notas iniciais do capítulo

Oie!
O capítulo de hoje é dedicado pra quem acompanhava a fic Kathony e pra quem tava com saudade da Lottie (a autora, no caso
Acho que dá pra perceber que eu tava com saudade dos três. Enfim, espero que gostem!

Beijos,
Mavelle



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/800262/chapter/19

Na sexta-feira, Benedict passou para buscar Sophie em casa. Ela tinha trocado o turno com uma colega da manhã, então tinha passado a tarde em casa, ruminando todos os deslizes que podia cometer naquela noite. Ela achava absurdo o quanto estava nervosa, até perceber que nunca tinha chegado naquele nível de envolvimento com ninguém. Nunca tinha chegado ao ponto de conhecer a família, mesmo que, nesse caso específico, ela tecnicamente já conhecesse os dois. Apenas tecnicamente porque eram seus chefes, mas era uma empresa muito grande e não tinha como realmente conhecer os funcionários só por trabalharem lá.

E a verdade é que Sophie queria conhecê-los. Ok, aquilo passava um pouco do que tinha estabelecido em sua mente que o relacionamento com Benedict seria, mas queria saber quem eram as pessoas que faziam parte de sua vida. Queria conhecer quem tinha contribuído na formação dele, quem o tinha ajudado a se tornar a pessoa que era. Aquela pessoa maravilhosa que ela… gostava. 

Por isso, quando Benedict disse que tinham sido chamados para jantar lá, ela simplesmente aceitou, e se ofereceu para levar a sobremesa. Ele ficou surpreso, para dizer o mínimo, já que achava que teria de convencê-la. 

— Preparada? - Benedict perguntou depois de estacionar na frente da casa de Anthony e Kate.

— Sim. Estou levemente nervosa, mas estou preparada. 

— Ótimo. Espera aí. - ele saiu do carro para abrir e segurar a porta para ela, que segurava a sobremesa com a mão boa e usava a que estava com a tala como apoio. Sophie tinha tirado a tala para poder fazer a torta de limão, o que tinha provocado um pouco de dor, mas tudo bem. Não é como se aquela meia hora sem a tala fosse comprometer todo o processo de melhora dela. - Pode deixar que eu levo. - Benedict disse, apontando para a torta e já a tirando do colo de Sophie, que demonstrava dificuldade em sair do carro segurando a sobremesa. 

— Obrigada. - ela agradeceu e saiu do carro sem maiores dificuldades. 

— Você tranca o carro? Minhas mãos estão meio ocupadas. 

— Cadê a chave? 

— Bolso da frente. - ele disse, já virando um pouco de lado para facilitar e ela simplesmente pegou a chave, já trancando o carro. 

— Eu realmente espero que ninguém esteja olhando pela janela porque de longe deve parecer que eu estou com a mão dentro da sua calça. - ela disse, colocando a chave de volta no lugar em que estava antes. 

— Não que isso nunca tenha acontecido. 

— Mas não na frente da casa do seu irmão e ainda por cima antes de eu pelo menos conhecer sua família. Não que fosse fazer isso se já conhecesse. - Benedict sorriu de lado para ela.

Os dois foram para a entrada da casa e Sophie tocou a campainha. Menos de 30 segundos depois, Kate abriu a porta, com um sorriso gigante estampado no rosto.

— Finalmente. - ela disse, já puxando Sophie para um abraço. 

— Demoramos muito? - Sophie perguntou, soltando o abraço. - Estava terminando a torta e estava meio difícil com a tala. 

— Não, não, chegaram bem na hora. - Kate abraçou Benedict de lado. - Era só eu sendo ansiosa porque fui expulsa da cozinha. 

— Te expulsaram da cozinha? - Benedict perguntou. 

— Sim. Hoje é dia do Anthony cozinhar e a Lottie disse que ia ajudar o pai, então os dois disseram que o cardápio seria uma surpresa para mim. 

— E você está doida querendo saber o que eles estão aprontando?

— Claro. Eu confio no Anthony na cozinha, mas eu quero saber o que ele está fazendo. 

— Vamos lá falar com ele. - Sophie disse. - Então deixamos a torta e espiamos o que está sendo feito. 

— Perfeito. 

Os dois seguiram para a cozinha, onde encontraram Anthony cortando pão em fatias e Charlotte (que era uma mistura perfeita de seus pais) passando manteiga nas fatias, que iriam para o forno. Sophie chutava que a entrada seria bruschetta pelos tomates cortados numa vasilha em cima da bancada, mas não fazia ideia do que poderia ser o prato principal. No momento em que entraram na cozinha, Charlotte estava mostrando para o pai como estavam as últimas duas fatias de pão em que tinha passado azeite.

— Não precisa me mostrar todas. - Anthony disse para a menina. - Pode ir fazendo que eu tô olhando e te digo se não estiver certo. 

— Mas você não tá vendo! - ela protestou. - Como você tá vendo se tá cortando?

Anthony ia responder que dava para ver e estava pensando como explicaria visão periférica para ela, mas sem fazer com que Lottie começasse a confiar demais nela e isso se tornasse perigoso. Conhecia bem demais a filha para saber que, impaciente como era, podia muito bem atravessar a rua sem olhar, dizendo que tinha olhado para os dois lados com a visão periférica. 

Para a sua sorte, os dois convidados da noite chegaram e ele não precisou quebrar a cabeça inventando uma mentirinha ou uma explicação do porquê ele podia fazer isso e não ela. 

— Boa noite. - Sophie disse, com um sorriso, enquanto Benedict entrava um passo atrás dela.

— Boa noite. - Anthony disse, sorrindo de volta para ela.

— Tio Benny!!! - Charlotte exclamou e desceu da cadeira em que estava para poder falar com Benedict. 

— Peraí, Lottie. - Benedict disse, já colocando a torta na bancada. - Agora sim. - ele a pegou no braço e deu um sorriso genuíno, depositando um beijo no topo de sua cabeça. - Oi, lindinha.

— Tio, o Newton tá com uma coleira nova. 

— Sério?

— Sim! Vamo ver. 

Benedict trocou um olhar com Sophie. Ele era a pessoa mais próxima que ela tinha ali, e não a deixaria sozinha se ela se sentisse desconfortável, mas Sophie simplesmente sorriu e moveu os lábios, dizendo que ele fosse. 

— Acho que perdi minha assistente. - Anthony disse, bem humorado, enquanto observava os dois indo para a parte de fora da casa.

— Também acho. Quer ajuda? - Sophie se voluntariou. 

— Não, relaxe. Não vai levar muito tempo para eu terminar aqui e daqui uns 5 minutos a Lottie vai se entediar e eu sequestro o Benny pra me ajudar. 

— Ah, tudo bem, então. - ela disse. - Boa sorte. 

Sophie voltou para a sala, onde encontrou Kate sentada no sofá mexendo no telefone, mas, quando percebeu que ela tinha voltado, logo o largou. 

— E aí? - ela perguntou. - Conseguiu descobrir alguma coisa? 

— Bem, acho que a entrada vai ser bruschetta, mas não faço ideia do que vai ser o prato principal. - Sophie disse, sentando na poltrona que ficava na diagonal do sofá. 

— Tudo bem. 

— Como está seu punho? Me disseram que você escorregou e torceu. 

— Bem melhor. Quer dizer, eu tirei a tala hoje para fazer a torta e praticamente não doeu durante ou depois, então acho que é um bom sinal. 

— Ah, já está bem melhor, então.

— Com certeza. E nem foi muito sério. Se Teresa não tivesse insistido, eu provavelmente nem teria ido na enfermaria. E acho que nem estaria usando a tala se já não tivesse em casa. 

— Não é a primeira vez que torce esse punho?

— Já é a terceira vez. Parece que se torna mais fácil depois que se cria um precedente. Também se torna mais fácil de fazer as coisas. 

— Estava mesmo me perguntando como você conseguiu fazer uma torta estando com o punho torcido. 

— Acho que anos e anos de prática fazendo a mesma torta. A Posy é louca por essa receita, então eu fazia sempre que vinha visitar ela. 

— Ah! Então a qualidade é garantida. - Kate sorriu. - Eu convenci ela a me dar um pedaço uma vez em que ela levou para o trabalho. E depois a te pedir a receita pra ver se eu conseguia fazer, mas nunca ficou igual. 

— Eu lembro disso. Quer dizer, lembro da Posy pedindo a receita e dizendo que ia ficar com um terçol.

— Eu estava grávida da Lottie na época. - ela disse, inconscientemente apoiando a mão na barriga ainda discreta. 

— Ainda bem que eu passei logo a receita para ela, então, se não ia acabar com um terçol também.

Kate riu e, nesse momento, Charlotte passou correndo da cozinha e se jogou no colo da mãe.

— Mamãe, o Newton não quer deixar eu mostrar a coleira nova dele pro tio Benny. - a menininha reclamou, fazendo um bico adorável. 

— Bom, acho que ele não se importou tanto com a coleira nova quanto você.

— Mas ela é tão linda! É roxa e a outra era marrom e tava velha. 

— Eu sei que é linda. Mas acho que uma coleira nova é como um par de sapatos novos: são lindos, mas doem no começo. 

— O Newton tá com dor!? - Charlotte pareceu extremamente preocupada. 

— Não. O Newton tá bem. 

— Então por que disse que a coleira é que nem o sapato que dói? E por que o sapato dói? 

Kate ia começar a responder, mas Sophie percebeu que ela tinha se embananado um pouco e resolveu intervir. 

— Acho que o que sua mãe quis dizer é que ele está estranhando um pouquinho a coleira, mas que daqui a uns dias vai começar a gostar tanto quanto você.

— Exatamente. - Kate disse, com alívio. - Não poderia ter explicado melhor. Obrigada, Sophie. 

Apenas nesse momento foi que Charlotte percebeu a presença daquela estranha na sala de sua casa. Tinha percebido que ela tinha chegado ao mesmo tempo que seu tio, mas não tinha dado importância, já que ele a deixou de lado para ir com ela ver Newton.

— Quem é você? - Lottie perguntou a Sophie.

— Meu nome é Sophie. - ela sorriu e estendeu a mão para a menina, que a apertou, ainda desconfiada. - Prazer em te conhecer.

— Ela é amiga do tio Benny e irmã da tia Posy. - Kate explicou a Charlotte. 

— Ahh! - ela parou um momento para pensar e virou para a mãe, questionando. - Tia Sophie, então? 

Kate olhou para Sophie, sem saber o que responder para a filha. Não queria impor aquilo a ela, que tinha literalmente acabado de conhecer Lottie. 

— Bom, pode me chamar de tia Sophie se você quiser, mas também pode ser só Sophie. - Sophie respondeu com um sorriso. - Eu ouvi falar bastante de você. 

— Ouviu? - ela parecia surpresa.

— Ouvi sim. Eu perguntei pro seu tio se tinha sido ele que tinha pintado aquele jardim lindo que está no ateliê dele, e aí ele começou a falar da aluna favorita dele.

— Você gostou do jardim, tia? 

— Gostei sim, ele tem muita personalidade. - então se aproximou um pouco mais de onde Charlotte estava e falou meio sussurrado para ela, mas de uma forma que Kate pudesse escutar. - Seu tio que se cuide, porque acho que pode ter uma outra artista na família. 

A resposta de Lottie foi simplesmente dar uma risadinha e se jogar nela, já a envolvendo num abraço que fez Sophie perder um pouco do equilíbrio, caindo de volta na poltrona.

— Brinca comigo? - a pequena perguntou olhando para ela.  

Antes de responder alguma coisa, olhou para Kate, que parecia encantada com a interação entre as duas. 

— Precisam da minha ajuda com alguma coisa da cozinha? - Sophie perguntou, olhando para ela.

— Não. - ela respondeu. - Hoje é o dia do Anthony fazer o jantar, então eu disse que se ele precisasse de ajuda, devia pedir ao Benedict. 

— Esperta. - Sophie disse com um sorriso, então se voltou para Charlotte. - Acho que isso quer dizer que eu posso brincar com você, pequena. 

Menos de dois minutos depois, Sophie e Kate estavam sentadas no chão montando um quebra-cabeça com Charlotte e conversando amenidades, enquanto Benedict e Anthony estavam na cozinha, terminando de montar a lasanha que iria para o forno assim que as bruschettas saíssem. Eles trabalhavam numa sintonia invejável, que tinham desde sempre. Sempre tinham sido uma dupla e sempre tinham trabalhado bem juntos, apesar dos atritos presentes em toda relação de irmãos. 

E então, após um certo tempo de silêncio, Benedict virou para o irmão e fez a pergunta que estava no fundo de sua mente havia algum tempo. 

— Quando você soube que a Kate era a pessoa certa para você? 

— Já está nesse ponto? - Anthony perguntou, meio sério, meio de brincadeira. Benedict suspirou e ia começar a responder, mas o irmão o interrompeu. - Não precisa falar, já entendi tudo. 

— Com um suspiro? 

— Claro. Além disso, foi só confirmação depois do que você disse quarta. 

— Você ao menos entendeu aquilo? 

— Nem uma palavra, mas você é meu irmão e eu te conheço bem o suficiente para saber quando você está apaixonado. E respondendo sua pergunta, eu acho que parte de mim sempre suspeitou disso, apesar da outra parte ser lenta demais para perceber. - ele disse, com um sorriso. - Mas o momento em que eu me dei conta de que não queria e que talvez não poderia viver sem a Kate foi na virada do ano em Brighton. Todos estavam na expectativa, mas nós ficamos um pouco mais afastados.

— Eu lembro disso. Na época, até achei que talvez você fosse pedir ela em casamento naquela hora. 

— Não. Estávamos afastados porque era difícil dar adeus a um ano que tinha sido tão bom e acolher um ano incerto. Ela só ficou abraçada com a Lottie, fazendo uma promessa silenciosa de que não seria a última virada de ano dela. Depois fez uma piadinha sobre estar chorando demais e que esse não era o normal dela, então eu sequei as lágrimas dela e percebi que queria estar lá para ampará-la toda vez que ela chorasse, mas também sempre que ela sorrisse ou mesmo quando estivesse entediada. E aí, enquanto observávamos a queima dos fogos com a Lottie sentada entre nós dois, eu tive a sensação de que finalmente estava onde deveria estar.

— Ou seja, qualquer lugar com elas. - Benedict disse, ecoando a frase que já ouvira o irmão dizer tantas vezes desde que se casou com Kate. Ele queria um dia ter isso com alguém, ter a sensação de saber que aquela pessoa era o seu lar e que, não importava onde estivessem, isso continuaria sendo real. Ele acreditava que, para ele, essa pessoa podia ser Sophie, mas não tinha ideia de como podia ter certeza. 

Ou se isso era algo que de que era possível ter certeza.

— Basicamente isso. Acho que de alguma forma, já suspeitava que a Lottie era minha filha, mesmo que não conscientemente. 

Anthony sabia que não tinha percebido isso naquela hora, mas foi um dos momentos em que as coisas começaram a mudar entre ele e Kate. Estavam mudando desde que tinha pedido que ela se casasse com ele, mas esse foi definitivamente um dia que mudou muitas coisas para ele, principalmente quanto a sua relação com Kate e Lottie. Foi a primeira vez em que se viu possivelmente ocupando o lugar de pai na vida de Charlotte e muita coisa tinha mudado desde aquele dia.

— Só preciso corrigir sua frase. - ele disse, tomando uma decisão. Tinham que começar com alguém e contariam a Violet no dia seguinte, durante o almoço, mas Benedict podia ser uma boa pessoa em quem começar também.

— Como assim?

— Qualquer lugar que eu esteja com elas e com ele é exatamente onde eu deveria estar.

Benedict simplesmente parou por um momento.

— É um menino? 

— Sim. - Anthony tinha um sorriso gigante no rosto. - Eu estava torcendo por outra menina, mas fiquei feliz de descobrir que vamos ter um filho.

— A Lottie já sabe? Ela tinha me dito que queria uma irmã. 

— Sabe. Achamos que ia ser um problema justamente por isso, mas acabou que ela ficou feliz que vai ter um irmão porque, abre aspas: “é mais fácil convencer papai do que mamãe, então um irmão vai ser mais fácil que uma irmã”, fecha aspas. 

Benedict começou a rir.

— Ela realmente só tem 3 anos? 

— Às vezes eu duvido também, mas tenho certeza que ela tem 3 anos. Ela só sabe quem come na palma da mão dela. 

— E acho que não ajuda que os tios sejam do mesmo jeito. 

— Não mesmo. E eu tenho certeza que o Ed vai ser mais um na longa lista de homens da família Bridgerton que comem na palma da mão dela. 

— Ed? - Benedict parecia curioso. 

—  A Lottie começou a chamar ele de Ed desde que descobriu que é um menino. Quando perguntamos por que Ed, ela disse que “Ed é apelido de Edmund, que nem o vovô”. - ambos os irmãos se emocionaram um pouco. - Nós estávamos pensando em Luke, mas, desde esse dia, ficamos chamando ele de Ed, mesmo sem querer. 

— Então Edmund Bridgerton? 

— Sim. - Anthony sorriu. - Edmund Miles Sheffield Bridgerton. 

Benedict sorriu de volta. Em breve, o mundo teria um Edmund Bridgerton de novo e ele mal podia esperar por isso. 

***

Algumas horas mais tarde, depois te terem jantado, comido a sobremesa (que Kate disse estar ainda mais gostosa do que ela se lembrava) e de Charlotte ter adormecido, Sophie e Kate estavam mais uma vez conversando na sala, enquanto Anthony e Benedict pegavam o chá na cozinha. Elas estavam conversando sobre jardinagem e Kate estava comentando que não tinha paciência para a tarefa, mas que amava flores. Tanto é que Anthony tinha se acostumado a sempre lhe presentear com as flores de que ela mais gostava. 

— Lírios laranja. - Sophie disse, simplesmente. Tinha visto o buquê dentro de um vaso em cima da mesa de jantar, mas não deu muita importância. 

— Sim. - Kate sorriu. - São as minhas flores favoritas.

— Até a cor? 

— Eu gosto de lírios e ponto, mas a cor é porque uns dez anos atrás estávamos fazendo uma caminhada e encontramos uma plantação de lírios, então resolvemos parar para tirar umas fotos. E aí o Anthony me entregou um lírio laranja. 

Sophie começou a pensar. Seria possível que...

— Calma. Isso foi em Kent? 

— Sim. - Kate confirmou. - A família tem uma casa de campo lá e nós dois tínhamos saído para caminhar nesse dia. 

— E aí viram uma plantação de lírios numa casa meio abandonada com o muro baixo e resolveram pular para tirar fotos no meio das flores. - Kate franziu a testa e Sophie tomou isso como um incentivo para continuar. - Vocês dois estavam de jeans e camiseta e saíram correndo depois que eu tropecei e esbarrei na janela. 

A boca de Kate se abriu. 

— Era você? 

— Sim. 

— Meu Deus. Isso é inacreditável. De uma forma muito indireta, você é a razão pela qual nossa flor é o lírio laranja e nós só descobrimos isso agora.  

— Descobrimos o que? - Anthony perguntou, depois de depositar uma bandeja com xícaras, açúcar e leite na mesinha de centro. Benedict vinha mais atrás com o bule de chá e um pote de biscoitos, e Anthony aproveitou o momento para se sentar ao lado da esposa no sofá, passando um braço pelas suas costas e apoiando a mão na barriga dela. Ele sempre tinha sido carinhoso e atencioso com ela e sempre gostava de estar em contato de alguma forma, mas, desde que tinham descoberto a gravidez, parecia quase impossível vê-lo longe dela. Uma parte disso era tentando “compensar” por não ter acompanhado nada da Lottie, mas a outra parte era porque simplesmente era o que queria fazer. Provavelmente teria agido assim da primeira vez também, se soubesse.

— Sabe aquele dia que nós fizemos a caminhada e paramos pra você tirar umas fotos minhas com os lírios? 

— Sim. 

— A Sophie foi quem expulsou a gente de lá. 

— Sério? - ele olhava para Sophie. 

— Bom, eu não expulsei vocês. - ela respondeu. - Mas, sim, era eu. E obrigada por terem ido caminhar naquele dia. Foi por causa de vocês que eu resolvi sair de casa e ir fazer meu próprio caminho. - Kate e Anthony franziram a testa. - Eu sei que parece estranho, mas foi a melhor coisa que aconteceu comigo. Não sei onde estaria se não tivesse visto vocês no jardim e não tivesse decidido que queria aquela liberdade pra mim. 

Os olhos de Kate começaram a marejar. 

— E agora você está aqui e nossa filha te chama de tia. Isso é tão bonito.

— O que eu perdi? - Benedict perguntou, já depositando o bule de chá e os biscoitos na mesa de centro e ocupando um lugar no braço da poltrona em que Sophie estava sentada.

— Nada muito importante. - Sophie sorriu e trocou um olhar com ele, dizendo sem dizer que falaria mais tarde. 

— Tudo bem. - ele disse, simplesmente aceitando. Sabia que ela lhe diria do que se tratava, mesmo que realmente não fosse tão importante. 

Depois disso, os quatro tomaram chá enquanto conversavam um pouco mais e, ao fim da noite, Sophie tinha um sorriso genuíno no rosto, apesar do medo que se apoderava de seu coração. 

Podia se acostumar facilmente com aquilo.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "She" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.