A época de pandemia afetou a todos em nível mundial e isso, obviamente, também incluía os heróis (e vilões). Aqueles que possuíam uma peculiaridade, seja criança ou adulto, infelizmente não se tornava imune ao vírus, de modo que a interrupção de todos os serviços, exceto os essenciais — heróis ainda se arriscavam nas ruas, era necessário —, foi a medida feita para tentar controlar a pandemia que se alastrava entre a população.

E com isso, até mesmo os alunos aspirantes a heróis foram obrigados a ir para suas casas. Os dormitórios foram fechados e todos tiveram que voltar para suas famílias e tentar, ao máximo, se cuidarem.

É claro que Bakugou ficou inconformado com isso. Assim como muitos outros alunos de sua turma. Ele daria tudo para ser um herói naquela hora e sair pelas ruas combatendo o crime e ajudar a investigar a origem do vírus (boatos corriam de que a causa era um super vilão, mas nada foi confirmado para meros estudantes, é claro).

Desta forma, sem ter outra saída, o Katsuki ficava trancado em casa, ocupando seu tempo entre treinar sem parar (da forma que podia sem destruir qualquer coisa ou sua mãe acabaria com sua raça) e se render a um antigo vício: jogos de computador.

League of Legends era seu amor-ódio eterno e agora que tinha tempo até demais, Bakugou ficava horas jogando sem parar e saía muitas vezes com a voz até rouca de tanto gritar para o time inimigo (mesmo sabendo que ninguém escutaria, mas mero detalhe este).

De qualquer jeito, nenhuma partida ele tinha gritado e se estressado tanto quanto ao dia em que cometeu o mero erro de comentar com seus amigos da U.A. que ele estava jogando LoL.

Obviamente que eles quiseram jogar também, sem nem saber do que se tratava (com exceção de Kirishima que já estava mais por dentro e até tinha jogado umas partidinhas com Bakugou durante aqueles dias de quarentena).

E então, com o discord ligado para irem conversando e montando estratégias de lutas no meio do jogo, Bakugou se reuniu com seus estúpidos amigos para uma noitada de LoL.

Mais conhecido também como a pior decisão da sua vida.

— Então é só criar um portal de um ponto ao outro e atacar… — Kaminari falou pensativo, movendo seu personagem para um ponto do mapa do jogo e criando um portal. — Vem gente! — falou animado, passando seu Bardo pelo portal.

Kirishima, Ashido e Sero o acompanharam sem pensar duas vezes.

— Esperem idiotas, se vocês fizerem isso…! — Bakugou berrou ao microfone ao ver os personagens dos amigos atravessarem o portal direto para debaixo da torre inimiga, onde todos do outro time logicamente se encontravam.

O resultado foi um quadra kill instantâneo por uma Akali sanguinária do time inimigo — e agora feedada graças a eles.

— Seus imbecis! — óbvio que Bakugou reclamou, mas dessa vez a reclamação dele foi acompanhada por todos os outros que morreram graças a Kaminari.

Este, por sinal, não parecia nada arrependido.

— Ah, agora eu sei como funciona!

E se Bakugou imaginou que o problema era só Kaminari — que tinha sido terminantemente proibido de usar o portal do Bardo naquela partida — logo ele se provou errado em seu pensamento quando viu Ashido, jogando de Evelynn enquanto rotacionava todo o mapa, morrer miseravelmente para o red que tentava pegar.

— Oi, Ashido, você não veio de smite? — ele perguntou, tentando (tentando mesmo) se controlar em sua raiva.

— O que é isso?

Bakugou deu uma respirada profunda, enquanto Kirishima — santo Kirishima, o único que tinha alguma noção de jogo ali — tomava a frente e explicava o que Ashido tinha que fazer e deveria ter feito antes de começar a partida como o jungle do time.

— Sero… Bro, o que você tá fazendo? — Kirishima então perguntou em certo momento do jogo. Ele estava voltando da base para a sua rota no topo do mapa, enquanto observava o time inimigo se aproximar da torre do inibidor de baixo.

Sero tinha usado a habilidade de seu personagem, Twitch, que o fazia invisível e agora estava se escondendo em um mato, próximo demais dos inimigos.

— Eu vou passar por eles invisível e atacar o inibidor deles lá do outro lado!

— Isso não me parece certo… — Kirishima murmurou, enquanto Bakugou gritava em plenos pulmões para a Akali inimiga morrer, concentrado demais em sua própria rota do meio para prestar atenção no erro de mais outro integrante de seu time. 

E antes que o Eijirou— ou Ashido e Kaminari, que estavam mais perto de Sero — pudesse fazer alguma coisa, a atiradora do outro time tinha interceptado o amigo não tão invisível assim e matado ele em questão de segundos.

Aquilo despertou Bakugou por um momento de sua ira contra o inimigo do meio.

— Você tentou passar invisível por eles, idiota? Não é assim que funciona! — ele reclamou, começando a se sentir cansado (por que concordou com aqueles imbecis jogarem com ele mesmo?).

— Opa… —  e Sero, como um bom amigo que já não temia a morte mais, riu pelo microfone com o acontecimento.

— Você devia ter pelo menos esperado eu criar um outro portal, Sero — e aquilo rendeu outra onda de reclamações para Kaminari.

A partida rendeu então por mais alguns bons vinte minutos, terminando com aquela grande tela vermelha de “derrota” na frente dos garotos, sendo iniciada outra rapidamente por Ashido, ignorando os protestos de Bakugou.

É claro que de nada adiantou para que eles melhorassem e a irritação do Katsuki diminuísse.

Mais quarenta minutos depois — uma partida rápida, considerando como falharam miseravelmente em tudo — e novamente a tela vermelha da derrota os saudou. 

Dessa vez, no entanto, Bakugou agiu mais rápido, desfazendo a equipe e deslogando do jogo. Poderia estar até traumatizado com jogadas tão deploráveis, isto se já não estivesse extremamente furioso (sorte que os amigos estavam longe demais para poderem apanhar fisicamente dele naquele dia... não que eles realmente se importassem com os ataques de raiva do loiro há esse ponto).

E enquanto reclamava e escutava as risadas de Sero, uma voz ecoou entre eles na call ainda ativa no canal do discord:

— Cara, e se a gente se tornar jogador profissional? — aquela ideia só podia ter vindo de Kaminari, é claro.

E a resposta imediata obviamente partiu de Bakugou.

— Vai pro inferno, noob!