O Peso de Uma Promessa escrita por Tri


Capítulo 2
A partida.




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Nunca gostei daquele homem. Talvez sua barba fosse grande demais, talvez seus raros sorrisos forçados demais, talvez seus olhos castanhos; escondidos pelos óculos; tristes demais, eu não sei. Mas acho que eu não gostava dele porque ele parecia me odiar. Depois de um tempo, percebi que ele odeia o mundo. Apenas aconteceu de estarmos no mesmo.
A primeira coisa que fez ao me ver foi verificar se eu tinha todos os dentes. Depois, me fez resolver dezenas de exercícios de matemática e charadas. Apesar de odiar contas e números, sempre tive um raciocínio rápido, então me dei muito bem. Além disso, tive que correr em volta da minha casa diversas vezes, pegar maçãs da macieira de casa com um estilingue e escalar árvores. Fácil. Por fim, pude sentir sua enorme mão batendo pesadamente em meu rosto. Minhas pernas cambalearam, mas não cheguei a cair. Ainda assustado, pude ouvir sua voz grossa falando com minha mãe:
-Seus reflexos são falhos, mas possui relativa resistência. Sabe ler e escrever e é relativamente inteligente, levando em consideração que se trata de uma criança de 13 anos. Fora isso, é possível ver a determinação em seus olhos. Bom...talvez seja bom nos falarmos a sós.

Não era preciso ser um gênio pra entender. Pedi licença e me retirei, indo até meu quarto. De todas as coisas que tive de abrir mão pelo meu objetivo, o que mais senti falta foi ele. Pequeno, uma cama, duas estantes, uma com livros e outra com roupas, e a janela, de onde eu podia ver perfeitamente o pôr-do-sol. Não era grande coisa, eu sei, mas era pra lá que eu ia quando precisava pensar. E foi isso que fiz: pensei. E muito. Pensei sobre o fato da minha vida estar sendo decidida por um homem estranho e por uma mulher que, apesar de ter me sustentado por 13 anos, não me ouvia nunca. Talvez...
-Elliot, venha aqui!
Meus pensamentos foram cortados pela conhecida voz de minha mãe. Corri até a sala; não os encontrei.
-Aqui, na entrada!
Lá estavam eles: minha mãe, o senhor estranho, dois cavalos e uma daquelas carroças de viagem cobertas. O homem falou, olhando fixamente em meus olhos:
-Serei breve. Você conseguiu, parabéns. Agora entra aí.
Meu coração disparou. Queria pular, gritar, correr, mas me contive. Talvez se eu o fizesse, ele mudasse de idéia. Antes de entrar na carroça, minha mãe falou, os olhos levemente úmidos:
-Filho...não sabe como estou orgulhosa de você seguir os passos de seu pai.
Suas palavras me irritaram profundamente. Apesar de ser contra meus princípios responder alguém que me sustentou tantos anos, falei, sem olhar pra ela:
-Mãe...não pense besteira. Papai e eu podemos ter ido pelo mesmo caminho, mas nossas metas são diferentes. Não faço isso orgulho ou para ter respeito. Faço isso por algo maior...não confunda as coisas.
Entrei na carroça e, para minha surpresa, sete garotos da minha faixa etária voltaram seus olhares para mim. Pouco antes de poder falar qualquer coisa, porém, quase fui jogado pra fora por algo que aprendi chamado "inércia", uma lei da física que algum desocupado descobriu, sendo segurado por um dos meninos. Assim, a carroça partira, levando consigo uma promessa.

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Notas finais do capítulo

Pode parecer confuso, mas é meio que essa minha intenção. Ahn...é...se gostarem, deixem reviews...se não gostarem, DEIXEM TAMB…M! Isso ajuda a melhorar.



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