Power High escrita por Rompe Torneiras


Capítulo 6
Capitulo 6


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem e fiquem tão putos e com dó quanto eu fiquei
aproveitem



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/Noruega, dois anos atrás, 13:25/

 

Impaciente, assustado, com raiva, estava Kyle sentado no banco do carona após ter sido buscado na delegacia por seu pai. Não adiantava tentar explicar que se enfiou lá no lugar do amigo para ele não perder a bolsa na faculdade. O pai de Kyle era um homem grande de cabelos escuros com barba por fazer que fedia a nicotina, não era o melhor pai do mundo e estava longe de ser um bom.

— Não vai tentar se explicar? – A voz rouca do mais velho tomou o espaço do carro.

— Tá falando sério? – Perguntou confuso.

— Tente.

— Okay, eu estava lá porque...

Sua fala é interrompida por um soco no rosto que faz com que ele vire o rosto cuspindo algumas gotas de sangue na janela do carro, e depois outro e outro e outro, o som da mão de seu pai contra seu rosto parecia uma sinfonia obscura planejada para uma tortura.

— Quando você vai aprender garoto? – Perguntava grunhindo. – Ahn? – O pé que ficava no acelerador se levantou o chutou o garoto nas costelas. – Sabe quanto isso vai me custar?

— Eu vou arranjar a merda do seu dinheiro! – Gritou de volta levando outro soco.

— Você é uma vergonha! – Saiu do carro e caminhou para dentro da casa.

Kyle estava com raiva, começou espernear no banco e a socar o painel.

— Filho da puta. – Sussurrava. – Velho escroto... – Não conseguia impedir as lágrimas de ódio de caírem. – Eu vou matar você...

Após vinte minutos o rapaz finalmente desceu do carro e caminhou para dentro indo direto para o banheiro lavar o rosto. Ao tirar a camiseta viu um enorme hematoma que se formou por conta do chute recebido nas costela anteriormente. Abaixou para lavar o rosto e ao se virar a enxergou. Kiara, sua irmã mais nova, ou Ki como o mais velho a chamava. Tinha doze anos, seus cabelos eram loiros e os olhos eram tão azuis quanto os de Kyle.

— O que fizeram com você? – Perguntou se aproximando. –Você se meteu em encrenca de novo?

— Eu precisei. – Explicou. – Não podia deixar o Boris perder a bolsa da faculdade... por má conduta.

— Você é um herói sabia? –Falou ao lado do mais velho lhe dando um lenço umedecido para lavar os ferimentos no lábio, bochecha e acima dos olhos.

— Não sou não, Ki. –Respondeu sorrindo. – Só fiz isso pra ajudar o Boris.

— Isso foi coisa de herói, mesmo você tendo levado uma surra por isso. – Kiara abaixou o olhar, sabia o jeito de seu pai e sabia que Kyle pagava por isso.

— Relaxa tá? – Kyle acalmou a irmã. –Logo nós vamos sair desse lugar de merda, só eu e você, sem esse escroto.

— Só nós dois? – Sorriu a menor. – Sem o escroto?

— Sim... Só não fala essa palavra. – Corrigiu o moreno.

— Queria que a mamãe estivesse aqui pra ir com a gente.

— Eu também queria Ki...

/Quatro dias depois, 17:40/

 

Kyle arrumava as prateleiras de peças, ferramentas e limpava o resto da oficina de seu pai, sempre soube que muita coisa ali não era legal, inclusive o desmanche de carros, mas por mais raiva que o rapaz sentisse ele não entregaria o próprio pai.

Ao chegar em casa o rapaz abre a porta e vê garrafas de cerveja na mesa de centro e um maço de cigarros. As mãos seguram forte a chave de roda que está em mãos pensando posso acabar com isso agora, esmagar a cabeça dele, eu pego a Ki e a gente dá o fora. Mas não era uma vida de fugitivos que queria dar a irmã, ela merecia muito mais que isso.

— Boa noite. – Abriu a porta do quarto vendo a irmã já deitada de olhos fechados. – Você não engana ninguém.

— Você é muito chato. – Reclamou se sentando na cama. – Não pode ser igual uma pessoa de filme que senta ao pé da cama e fala como seu dia foi bom?

— Mas meu dia não foi bom. – Os irmãos caem na gargalhada. –O que você fez hoje?

— Eu aprendi a fazer mmc. – Kyle sorriu. – É difícil.

— É só estudar que fica fácil. – O maior explicou. – Só estuda que dá certo.

— Que nem você? – Afrontou a menor. – Seu boletim chegou hoje.

— Eu sou burro que nem uma porta...

— Não é o que seu boletim recheado de nota dez diz. –Kiara abriu a gaveta do criado mudo e puxou o boletim do irmão que ostentava apenas a máxima nota. – Você já pode trabalhar para o Bil Gates.

— Acho que ele não iria querer alguém com tantas passagens quanto eu.–Kyle se levantou. – Agora vai dormir, amanhã você acorda cedo.

— Você também. – Falou se deitando.

— Boa noite Ki. – O mais velho deu um beijo no topo da cabeça da menor. – Te amodeio.

— Também te amodeio.

/Três dias depois, 14:20/

 

Kyle adentrou a oficina, estava lotada de carros e ele conhecia todos os rostos dos mal caráter que estavam ali, vendedores de drogas, contrabandistas, todos os piores e seu pai era um deles, na visão do rapaz o pior.

— Vai trabalhar! – O pai ordenou autoritário.

— Sim senhor. – Bufou indo até o banheiro trocar de camiseta. – os hematomas estavam menores e os cortes no rosto estavamquase cicatrizados.–Deixou a Ki sozinha em casa?

— Eu tinha que trabalhar. – Respondeu ríspido.

— Ela só tem doze anos, não pode ficar sozinha. – Esbravejou Kyle.

— Pode ir cuidar dela e não pagar o que está me devendo. –se aproximou do rapaz que permaneceu em silêncio. – Foi o que pensei. – O pai deu dois tapas fracos no rosto do rapaz. – Vai trabalhar!

/No mesmo dia, 21:50/

 

— Cala a boca, vai pra dentro e não sai da droga do quarto! – Kiara ouviu os gritos antes de entrarem na casa.

— Vai pro inferno seu merda! – Ouviu o irmão responder entrando na casa e indo direto para o quarto.

— Você é um lixo e sempre vai ser lixo, tá me ouvindo?! – O mais velho gritou.

— Cala boca! – Kyle socou a porta. – Cala a boca!

— Não me faz entrar aí moleque!

— Pai, não precisa disso... – Kiara tentou apaziguar.

— Cala a boca! – Ordenou.

— Não grita com a minha irmã seu bosta. – Kyle saiu do quarto ficando de frente para o mais velho.

— Eu falo como eu quiser com a minha filha. – Estavam os dois frente a frente.

— Não comigo aqui. – Kyle segurou o mais velho pelo colarinho da jaqueta.

— Ou o que? – O pai empurrou o rapaz. – Vocês dois tem que aprender uma lição. – O mais velho tirou o cinto. – Os filhos não podem... – Falou se aproximando de Kiara. – Responder, ou interromper os pais! –O cinto se movimentou acertando o rosto da menor.

Kyle olhou para aquela cena horrorizado, seus olhos não enxergavam mais nada, estava tudo escuro, ele só via uma coisa. A vontade de matar o próprio pai.

— Seu... – Kyle correu na direção do pai e o agarrou pela cintura fazendo com que ambos caíssem na mesa de centro que se despedaçou. – Você não pode. – Um soco pegou no rosto do mais velho. – Bater. – Outro soco. – na minha. – Uma joelhada nas costelas. –Irmã! – Kyle continuou batendo até seu pai não se aguentar mais, mas ele não queria saber, só queria ver o corpo do pai gelado. – Você nunca me deu nada a não ser uma vida de merda, queria que eu tivesse medo de você! Deixa eu te contar uma coisa, eu não tenho mais medo de você...

— Kyle! – Gritou Kiara trazendo o mais velho de volta a realidade. – Para! – A menor estava chorando.

— Ki. – Kyle soltou o pai e caminhou até a mais nova e a pegou no colo. – Calma, calma. Já passou.

— Eu não quero ficar aqui. – Pediu entre soluços.

— Não vamos, mas vou fazer uma coisa antes. – Kyle pegou o celular e discou o número da polícia com dificuldade pela irmã estar em seu colo. – Alô eu tenho uma denúncia, um desmanche ilegal na mecânicaIgor'ssupercars. Ele vai estar lá acredite.

Kyle desligou o telefone e colocou a irmã no chão.

— O que vamos fazer? – Perguntou a loira nervosa.

— Me ajuda a colocar ele no carro. – Kyle ajoelhou e segurou o rosto da irmã entre as mãos. – Só vamos fazer isso e depois vamos começar uma vida nova. Tudo bem? – Kiara acenou positivamente com a cabeça. – Vem, me ajuda.

/Presente, Área da piscina de Power High, 01:12/

 

— Depois disso eu e minha irmã colocamos meu pai no carro, amarramos ele com silver tape e ele foi preso na própria mecânica. – Kyle estava incomodado por se abrir dessa maneira. – Duas semanas depois meus poderes surgiram e eu vim pra cá. Prometi pra Ki que eu iria arrumar um emprego bom e ela ia morar comigo em uma casa boa.

— Kyle eu... – Sohye tentou falar, mas estava com um nó na garganta, os sentimentos de Kyle estavam intensos demais naquele momento.

— Relaxa, não precisa falar nada. – O norueguês sorriu forçado.

— Se você tem esse objetivo por que fez tudo o que fez? – Sohye perguntou.

— No começo eu precisava ganhar dinheiro para mandar pra Ki e pagar a indenização do local que eu “destruí”. Hoje em dia não preciso mais mandar dinheiro, a Ki está morando com a nossa tia. – Explicou. – Mas também vendi 2.5 (dois ponto cinco, droga que amplifica poderes por um limite de tempo.) Por um tempo para levantar uma grana extra.

— Disso eu lembro. – A asiática lembra da polícia ter vasculhando o quarto do moreno e levado seu estoque. – Até a situação com a Manu, Tom?

— Eu nunca fiz nada contra o Tom, já para a Manu sim. – Assumiu. – Lembra das competições acadêmicas, tipo olimpíada de física avançada e outra porcarias parecidas?

— Lembro.

— Fui pago pra sumir com ela até a competição acabar. – Admitiu. – Então prendi ela no próprio quarto com uma tornozeleira anti poderes.

— Então você tem um problema com o Tom. – Sohye riu.

— Talvez eu tenha. – Riu o moreno. – Lembra quando Elena acidentalmente caiu no meio do treino de ginástica?

— Sim, ela torceu o tornozelo e o Ivon teve que carregar ela. –Respondeu Sohye. – Foi pago pra isso também.

— Acredite, tem gente querendo derrubar os queridinhos dessa escola mais do que qualquer coisa. – Revelou deixando Sohye de boca aberta. – Mas eu não sou um marginal, pelo menos não mais...

Mas você ainda faz coisas que são duvidosas. – Pontuou a asiática.– Algumas pessoas têm medo do que você pode fazer...

— Sobreviver em um lugar que eu não queria estar e ainda por cima, longe da única pessoa que eu mais amo... ainda não é fora da lei. – Saiu da piscina pegando a camiseta, o celular e os tênis em mãos. – Até mais.

Como sempre ela não tinha tempo de falar antes de ver um vulto azul fazê-lo sumir.

Sohye foi dormir com um nó na garganta, estava nervosa. Ouvir uma história mórbida como a de Kyle não era fácil, ainda mais com o misto de emoções que o mesmo sentira. Ela sabia que não iria dormir.

/Dormitório masculino, 01:25/

 

Kyle segurou o telefone esperando todos os toques de chamada até cair na caixa postal.

— Alô. –Falou sozinho. – Sei que você está dormindo agora, mas queria te dar um oi e dizer que estou com saudades de você. – Procurou as palavras em alguns segundos de silêncio. –Faltam só mais três anos e a gente finalmente vai poder se ver todo dia quando a gente for pra aquela casa legal que você tanto queria. – O norueguês respirou fundo. – Eu vou pra casa da tia Nora no fim do ano pra gente passar o Natal junto. Acho... que é só isso... Te amodeio Ki.

Encerrou a ligação e deitou a cabeça sob o travesseiro, estava cansado, triste, irado. Por outro lado sentia que havia tirado um peso das costas, se abrir com a amiga o fez pensar que não eram apenas ele e Kiara contra o mundo, mas que ele tinha uma amiga com quem contar...


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Notas finais do capítulo

Me digam se estão putos ou chorando