Nanda POV

“Acha que proteger Bella é uma idiotice?” Eu sabia o quanto ela foi importante para ele, mas aquilo me deixava triste... magoada. Eu não tinha nada contra ela, mas o fato dele ter me chamado pelo seu nome, significava que ele ainda não era inteiramente meu, mesmo eu carregando uma parte sua comigo.

“Como... me... chamou?”

“Nanda... eu... er... você está melhor?”

“Você me chamou... de Bella?” As traidoras lágrimas começaram a rolar pelos meus olhos.

“Eu... eu... Nanda... acalme-se... você não pode...” Edward parecia amargurado, mas não pelo que acabara de fazer, mas sim... pelo bebê, pelo que ele não queria...

“É Nanda... você não pode ficar nervosa. Fique calma!” Alice veio na minha direção e me abraçou.

Mas eu não conseguia me acalmar, mas eu precisava... se não fosse por mim, que fosse pelo meu bebê. Fui me acalmando aos poucos, e resolvi dar um fim no assunto.

“Eu... eu vou... ficar calma. Eu só quero... descansar um pouco. Ed... pode me deixar um pouco sozinha?”

Eu precisava ficar sozinha, senão não me acalmaria...

“Mas...”

Mas antes que ele pudesse completar o que ia dizer, notei que a porta se abriu, e eu vi meu amigo, que fazia um bom tempo que não via passar por ela... o meu sol. Ele parecia preocupado.

“Nanda?!”

“Jake! :)”

“Nanda...” Ele se aproximou de mim, ajoelhando-se ao lado do sofá em que eu estava para ficar da minha altura “... O que você tem? Eu fui até a sua casa por causa das suas faltas na escola, e John me disse que você estaria aqui...” Ele olhou para os outros presentes na casa com cara de nojo “... Com os sanguessu...”

“Jake, não ouse terminar essa frase... eu também sou uma deles, então o que você ia dizer se aplica a mim também!”

“Você ainda é humana, não se compare a eles!”

Juro que ouvi Rose rosnar.

“E o que veio fazer aqui sarnento? Nem pra bater na porta ou pelo menos arranhá-la pra dizer que chegou você serve? Pode ir embora porque não quero pegar nenhuma pulga fedorenta sua!” Rose sempre delicada.

“Não te interessa! Vim falar com a Nanda, e não com você!”

Rose foi na direção de Jake, que se preparou para atacar.

“PAREM! Eu não quero brigas aqui!”

De repente senti um desconforto muito forte em meu abdômen, e instintivamente coloquei minha mão sobre ele.

“Ai!”

Todos na sala me olharam assustados, mas foi Edward que veio até mim.

“Nanda... o que foi amor? O que você ta sentindo??” Ele parecia apavorado. A cena seria linda, se minha barriga não estivesse doendo. Rose chegou perto de mim com uma bacia, parecia que ela previa a cena toda de que eu vomitaria. Depois de ter colocado até minha bile pra fora me senti um pouco melhor. E do nada o desconforto passou.

“Eu estou bem.. foi só um... desconforto, é normal! E... desculpe por isso...”

“Normal? Isso não é normal Nanda!” Jake dizia, ainda assustado. Abaixou-se até mim e segurou minha mão.

“É sim... mas o pior já passou, você deveria ver quando esses enjôos estavam piores... Urgh, eles são horriveis!”

“Enjôos?? Falando assim até parece que você...”

Olhei para ele, e a felicidade em minha expressão já disse tudo. Mas a cara dele não parecia nada boa...

“Não... mas... NÃO! Não pode ser!”

“Nós também pensávamos que não Jake, mas é possível! Eu...”

Jake começou a tremer incontrolavelmente. Ele já não olhava mais para mim, seus olhos só miravam uma pessoa daquela sala: Edward.

“Você...” Ele apontava para Edward “... Já não basta o que fez à ela? Agora colocou um monstro dentro dela?”

Jake POV

Notei algo errado mesmo quando havia chegado ali.

Eu sabia que Nanda não gostava de Rosalie. Eu podia ver em seus lábios quando ela falava dela. Não era como se ela não gostasse dela. Ela tem medo da Rosalie. Ou tinha.

Não havia medo no olhar que Nanda lançou pra ela. A expressão dela era de súplica... ou algo assim, para que ela não fizesse nada, e ela incrivelmente, não fez... Então logo depois que Nanda começou a reclamar de algum tipo de dor, Rosalie pegou uma bacia do chão e colocou embaixo do queixo de Nanda bem a tempo dela vomitar lá dentro.

Edward ficou de joelhos ao lado de Nanda - os olhos dele pareciam de um torturado - e Rosalie segurou a mão dela, alertando-o pra ficar longe.

Nada fazia sentido. Rosalie perto, o Cullen longe...

Quando ela pôde levantar a cabeça, Nanda sorriu fraca pra mim, meio constrangida.

“Eu estou bem.. foi só um... desconforto, é normal! E... desculpe por isso...”

Edward grunhiu quieto. A cabeça dele encostou-se aos joelhos de Nanda, e ela colocou uma das mãos em sua bochecha. Como se estivesse confortando ele.
Eu não sei como minhas pernas me levaram pra mais perto, até que Rosalie bufou pra mim, de repente aparecendo entre o sofá e eu. Ela era como uma pessoa numa tela de TV. Eu não me importa que ela estivesse ali. Ela não parecia real.

A loira saiu da minha frente, embora eu soubesse que ela detestou fazer isso. Fazendo cara feia pra mim, ela agachou-se perto de Nanda, pronta pra pular. Ela era mais fácil de se ignorar do que eu tinha imaginado.

“Normal? Isso não é normal Nanda!”  - Eu sussurrei. Sem pensar, eu me vi de joelhos também, caindo sobre o sofá preto em frente ao... “namorado” dela. Ele pareceu não me ver, e eu mal olhei pra ele. Eu alcancei sua mão livre, segurando com as minhas duas. A pele dela estava gélida.

“É sim... mas o pior já passou, você deveria ver quando esses enjôos estavam piores... Urgh, eles são horriveis!”

Embora eu soubesse que Edward não podia ouvir os pensamentos dela, parecia que ele tinha entendido algum coisa que eu não tinha. Ele gemeu de novo, no cobertor que a cobria, e ela acariciou sua bochecha.

“Enjôos?? Falando assim até parece que você...”

E então seu olhar me disse tudo que eu precisava saber.

“Não... mas... NÃO! Não pode ser!”

“Nós também pensávamos que não Jake, mas é possível! Eu...”

Então a fúria se abateu sobre mim. Eu só via uma pessoa ali, somente um alvo. Comecei a tremer

“Você...” Apontava para Edward “... Já não basta o que fez à ela? Agora colocou esse monstro dentro dela?” Comecei a tentar me controlar, ou poderia me transformar agora, e não queria que acontecesse perto dela.

Ele estava sugando a vida dela pra alimentar a si próprio... era evidente que iria fazer isso.
Porque aquilo era um monstro. Como o pai. Eu sempre soube que ele a mataria, de um jeito ou de outro, a mataria.

A cabeça dele levantou-se quando ele ouviu as palavras dentro da minha. Um segundo e estávamos ambos de joelhos, e então ele estava de pé, altivo pra cima de mim. Os olhos dele estavam bem negros, os círculos em torno deles bem escuros.

“Lá fora, Jacob” Ele rosnou.

Eu me levantei também. Olhando de cima pra ele agora. Era isso; um de nós acabaria agora, e eu pretendia que fosse ele. Monstro!

“Vamos fazer isso” - eu concordei.

O maior, Emmet, empurrou Edward pro outro lado, junto com o esfomeado, Jasper, logo atrás dele. Eu realmente não me importava com o que eles fariam comigo, mas antes eu acabaria com o seu... irmãozinho.

“Não” - Nanda disse, e ela se moveu, desequilibrou-se, caindo nos braços de Edward.

Rosalie se moveu com ela, como se tivesse uma corrente prendendo uma à outra.

“Eu só preciso falar com ele, Nanda” Edward disse com a voz baixa, falando apenas com ela.
Ele esticou-se para tocar seu rosto, para acariciá-lo. Isso fez o cômodo ficar vermelho, me fez pegar fogo - aquilo, depois de tudo o que ele tinha feito pra ela, ele ainda podia tocá-la daquele jeito.  “Não se desgaste” - ele suplicava. – “Por favor, descanse. Nós estaremos de volta em alguns minutos”

Ela olhou pra ele, cuidadosamente. Então ela concordou e sentou-se novamente no sofá.
Rosalie ajudou a se ajeitar nas almofadas. Nanda olhou pra mim, tentando encontrar meus olhos.

“Comportem-se” - ela insistiu. – “E então, voltem” Eu não respondi. Eu não faria promessas hoje. E desviei o olhar e então segui Edward pela porta da frente. Talvez eu não voltasse mesmo... e talvez, com sorte, nem ele.

Uma vozinha dentro da minha cabeça percebeu que não foi difícil tirá-lo de perto do clã, não é mesmo? Ele continuou andando, nunca olhando se eu estava prestes a atacar sua retaguarda desprotegida. Eu supus que ele não precisava olhar. Ele saberia se eu decidisse atacar. O que significava que eu teria que tomar a decisão bem rápido.

“Eu não estou pronto pra que você me mate, Jacob Black” Ele sussurrou assim que nós estávamos longe o suficiente da casa. “Você vai ter que ser um pouco paciente”

Como se eu me importasse com a agenda dele. Eu respirei fundo, confiante. “Paciência é a minha especialidade”

Ele continuou andando, por mais alguns metros pra longe da casa, comigo bem nos calcanhares dele. Eu estava todo quente, meus dedos queimando. No ponto, prontos e esperando.

Ele parou sem avisar e virou o rosto pra mim. A expressão dele me congelou de novo.
O sofrimento e a agonia visíveis nos olhos de Edward.
Ele levantou a mão como se fosse secar o suor de sua testa, mas seus dedos passaram pelo seu rosto como se fossem rasgar sua pele de granito. Os seus olhos negros queimaram em suas órbitas, fora de foco, ou vendo coisas que não estavam ali. A boca dele abriu como se ele fosse gritar, mas nada saiu.
Era como encarar um homem que seria queimado vivo.

Por um momento, eu não podia falar. Era muito real, aquele rosto - eu tinha visto uma sombra daquilo na casa, visto nos olhos dela, e nos dele, mas era o final. O último prego do caixão dela.

“Aquilo a está matando, não é? Ela está morrendo” - E eu sabia quando eu disse que meu rosto era um reflexo do dele. Mais fraco, diferente, porque eu ainda estava em choque. Eu ainda não tinha colocado a minha cabeça no lugar - tinha sido muito rápido. Ele teve tempo pra digerir tudo. E era diferente porque eu já a havia perdido muitas vezes, de vários modos, na minha cabeça. E diferente porque ela nunca foi minha, de verdade.
E diferente porque não era minha culpa.

“Minha culpa” - Edward sussurrou, e seus joelhos cederam. Ele se ajoelhou na minha frente, vulnerável, o alvo mais fácil que eu poderia imaginar. Mas eu parecia frio como a neve - não havia fogo em mim.

“Sim” Ele gemeu pra terra, como se estivesse confessando pra ela. – “Sim, aquilo a está matando”

Seu desamparo estava me irritando. Eu queria uma briga, não uma execução. Onde estava toda a presunção de superioridade dele agora?

“Então por que Carlisle não fez alguma coisa?” - Eu rosnei. “Ele é médico, não? Tire isso dela”

Ele olhou pra cima e então me disse com uma voz cansada. Como se estivesse explicando pra uma criança, pela décima vez. “Ela não vai deixar”

Levou um minuto pra palavras descerem. Deus, ela estava mesmo disposta a isso. Claro, morrer por um monstrinho. Isso era bem dela. Era bem da Bella... e da Nanda também. Como eram parecidas... teimosas. E isso só me dava ainda mas raiva.