Alice POV

O lado bom era que Edward não estava podendo ler mentes no momento, então eu poderia chegar perto sossegada... Mas ele, sabendo disso, podia apressar as coisas.. e era isso que eu temia...

Entrei junto com meu irmão no prédio. Pedaços do prédio caiam, estava um calor infernal, eu estava com medo, mas nada me impediria de salvar meu irmão, nem que me custasse a vida...

De acordo com a minha visão ele estava no 6° andar, o incêndio começou no andar mais alto, mas já havia chegado ao sexto andar. Dava pra subir pelas escadas, então eu e Emm subimos em uma velocidade impossível para olhos humanos acompanharem.

Chegamos no quarto em que ele estava e vimos: Ele estava encolhido em posição fetal, com a testa encostada nos joelhos, soluçando. O teto estava quase para cair. Ele nos sentiu ali e olhou assustado.

Só ouvi um pequeno murmúrio:

“Não...”

“Ed.. não faça isso irmão..”

“Não... posso.. não.. consigo.. Me deixem aqui...”

Agora quem falou foi Emm

“Não mano.. NUNCA! Me ouviu?? NUNCA!!”

Quando  teto estava pra cair Emmett praticamente voou na direção de Edward e o tirou de lá.

Edward empurrou Emmett, estava angustiado.

“Por quê??”

“Porque nós te amamos irmão. Sei que a morte de Bella não pôde ser evitada, mas vc não tem que ir também...”

“Ela... era... minha vida...”

Emmett começou a soluçar. Ele sabia que Edward faria de tudo para acabar com a própria existência.

“Vc... não pode...”

De repente nós três ouvimos um choro. Parecia um choro de menina, um choro que já estava bem fraco...

Edward POV

Eu estava triste por magoar as pessoas que eu tanto amava. Mas eu não conseguia mais.. não podia mais. Continuar existindo só as faria sofrer ainda mais. Eu seria sempre o lado amargurado da família... Seria sempre aquele que ‘nunca está e nem nunca ficaria feliz’. Seria... um nada.. Era isso que eu me sentia... NADA.

De repente sou tirado de meus devaneios por um choro fraquinho... um choro de menina...

Devia ser uma das pessoas que ficaram no prédio. Decidi fazer algo, depois eu pensaria que rumo tomar na minha vida.

Fui correndo na direção da voz. Alice me olhava assustada, mas depois compreendeu o que eu iria fazer e relaxou, e saiu dali.

Passei por vários dos pedaços do prédio que caiam, sem ser atingido por nenhum. Olhei para todos os lados do quarto de onde vinha o som e percebi que ele vinha de um pequeno armário no canto da parede. Abri e lá vi a menina. O mais estranho foi quem ela me lembrou...

A menina devia ter, no máximo uns 8 anos. Tinha a pele branca como alabastro. Seus cabelos eram de um castanho avermelhado intenso que batiam no meio de suas costas, e seus olhos eram da cor chocolate, um profundo chocolate. Aquilo me chocou, era como se fosse minha Bella mais nova. Eu me levantei com a menina no colo mas, antes que eu saísse dali ela encostou uma de suas pequenas mãos em meu rosto e disse, bem baixinho:

“Nunca perca a esperança... Ela se encontra no fundo de sua alma e, acredite ou não... “

Ela colocou a mão do lado esquerdo do meu peito e eu senti ele se aquecer momentaneamente.

“Aqui dentro...”

Logo depois que ela disse aquilo, uma forte luz branca saiu de seu corpo, e ela desapareceu...

Mesmo eu convivendo com o sobrenatural diariamente, aquilo me chocou mais do que qualquer outra coisa. Será que eu estava ficando louco??

Eu nunca ouvi falar de nenhum vampiro que tenha surtado. Mas na minha condição.. eu não conseguia duvidar de mais nada.

Alice chegava por trás de mim...

“Vamos sair daqui.. Vem Edward...”

No momento eu não me lembrava direito nem de meu nome, quanto mais o porque de eu estar ali... Alice me arrastou para fora do prédio, ainda a tempo de ver mais uma de suas partes desabar.

“Ali..Alice... vc.. ouviu aquela voz??”

“Sim Ed.. Eu ouvi... Mas.. quem era?? E porque não te vi com ela??”

Será que ela acreditaria que a menina simplesmente desapareceu em meus braços??

Não.. melhor eu guardar pra mim mesmo...

“Um bombeiro chegou antes de mim e... a levou..”

Ela fez uma cara de que não estava acreditando muito, mas deixou pra lá..

Eles me enfiaram no carro, e lá estavam Carlisle e Jasper também.

Jasper me deu um abraço apertado e disse:

“O que vc pensa que ia fazer conosco?? Não repita isso.. É.. estupidez...”

Nem falei nada... apenas coloquei minha cabeça no encosto do banco e fechei meus olhos. Não queria ver a cara de pena que todos tinham nesse momento.

Assim, Carlisle arrancou com o carro.

Meus pensamentos estavam naquela garotinha. O que havia acontecido naquele lugar?? Ela era tão... tão parecida...

Cheguei em casa e Esme correu em minha direção. Me abraçou para depois me encarar com um olhar de pura reprovação.

“Olha, filho.. eu não vou falar nada... Vc sabe que o que fez quase nos levou a um colapso. Nunca mais faça isso! NUNCA!!”

Ela estava angustiada, eu detestava deixar Esme desse jeito... Ela era minha mãe há tanto tempo... Ainda mais do que minha própria mãe...

“Eu também a amava filho. Ela era como uma filha pra mim.... Eu já perdi uma filha... Não me faça perder um filho agora... Eu não... iria agüentar..”

Ela deitou a cabeça entre meu ombro e pescoço e começou a soluçar.

Aquilo me deixava triste. Eu só magoava as pessoas que me cercavam cada vez mais.

Comigo por perto essa mesma tristeza que os assolava agora, permaneceria pelo resto da eternidade. Não! Eu não deixaria, eles não podiam viver em eterna angustia como eu estava vivendo.

Eu tentaria de novo.. e de novo se necessário.

Mas não agora... agora teríamos que providenciar o... enterro... E o nó se formava novamente em minha garganta, e em meu peito...