Words of the Wind escrita por Lana


Capítulo 1
Capítulo único.


Notas iniciais do capítulo

Oi oi!
Eu sei, vocês estão tão surpresas quanto eu: eu, escrevendo Beward? Mas a história saiu e eu não consegui segurar, então... Boa leitura! Espero que gostem.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/800055/chapter/1

Mr. Sandman
Bring me a dream
Make her the cutest that I've ever seen
Give her two lips like roses and clover
And tell her that her lonely nights are over
Sandman
I'm so alone
Don't have nobody to call my own
Please turn on your magic beam
Mr. Sandman
Bring me a dream

Mr. Sandman - SYML

 

Já fazia alguns meses desde que seu relacionamento acabara e Edward tinha certeza de que não encontraria ninguém como Alice novamente. A garota era incrível e ele a adorava, adorava tê-la a seu lado, mas de repente as coisas deram errado e tudo se findou. Depois daquilo um bloqueio criativo se apossara de sua mente e ele não conseguia escrever nada que fosse útil, mesmo com o prazo da editora se esgotando.

Ele sabia que precisava colocar algumas palavras para fora – aquilo não era mais apenas algo que ele gostaria de fazer, ele precisava fazer aquilo se quisesse continuar trabalhando. Ele lutara muito e superara muitos obstáculos para estar ali e não deixaria que um bloqueio criativo advindo do fim de um relacionamento o atrapalhasse. Foi com esse pensamento que saiu para dar uma volta no Central Park, sugando todos os raios de sol que recebia e observando o movimento a seu redor de forma empolgada.

Estava adorando o movimento. As pessoas andando como se não tivessem qualquer preocupação na vida, passeando com filhos e cachorros, sentadas na grama com seus livros e conversando com outros de forma animada. Edward adorava dias animados e ensolarados como aquele e podia quase sentir a empolgação da vida a seu lado sendo infiltrada em sua pele. Carregava consigo um caderno de capa de couro que ganhara do irmão no natal anterior e uma caneta, pronto para anotar qualquer ideia ou inspiração que assaltasse sua mente, por isso caminhava olhando ao redor em busca daquela faísca que faria as palavras surgirem em sua mente.

A faísca apareceu de forma inesperada.

Chocolate.

Impacto.

Delicadeza.

Beleza.

Perfume de morangos. Pele macia como a noite. Sorriso tímido. Bochechas coradas. Olhos misteriosos. Coração acelerado.

As palavras subitamente se misturaram na cabeça de Edward quando ele viu a garota que acabou atingindo seu corpo com o dela ao se trombarem. Ele automaticamente ergueu os braços e a segurou para evitar que o contato a jogasse no chão e o rosto da garota tomou um tom avermelhado que Edward descreveria como adorável.

— Desculpe! – ela pediu rapidamente quando recobrou o equilíbrio totalmente. O rosto pareceu ficar ainda mais vermelho quando Edward a observou sem falar nada. Ele expirou uma risada então e sorriu.

— Desculpe. – ele repetiu. – A culpa foi minha. Não estava olhando. – ela sorriu e ele soltou os braços dela.

— Tenho certeza que não foi. – ela garantiu. – Aqui. – disse pegando a caneta dele que caíra no chão e devolvendo a ao homem.

— Obrigado. – ele sorriu e ela observou os itens em sua mão.

— Veio escrever? – perguntou interessada e Edward ergueu levemente as sobrancelhas. Ela ficou corada mais uma vez. – Desculpe, não queria me intrometer. – falou balançando a cabeça levemente. – Eu devia...

— Não. – ele a interrompeu e riu. – Não foi intromissão alguma. E sim, eu vim para escrever. Bom, tentar. – ele encolheu levemente os ombros. – Vim buscando inspiração.

— Ah! – ela assentiu compreendendo. – Teve sucesso na sua busca? – perguntou e os olhos de Edward faiscaram.

— Na verdade, sim. – respondeu observando com cuidado o rosto delicado.

As feições eram finas e delicadas, os olhos de um chocolate profundo que tingiam também os cabelos. A pele era muito branca, como se não se encontrasse com o sol há um tempo considerável, e ela usava um vestido azul de verão que revelava a pele perfeita e macia. Edward pensou que o rosto dela parecia de alguma forma familiar, embora tivesse certeza que jamais a conhecera – caso houvesse, não se esqueceria daqueles traços. Ela sorriu de lado e assentiu.

— Eu sou a Bella, aliás. – estendeu uma das mãos. – Fiquei aqui perguntando de você, mas sequer me apresentei. – ele sorriu também.

— Eu sou o Edward. – respondeu ao apertar a mão dela. Eles ficaram em um silêncio de alguns segundos antes de por fim Bella dar uma risada curta parecendo sem graça.

— Bom, Edward, novamente me desculpe. – ela pediu dando a entender que voltaria a seguir seu caminho, mas ele segurou o pulso dela de forma delicada para pará-la.

— Ei, eu sei que talvez isso pareça meio aleatório, mas gostaria de tomar um café? – perguntou sem querer perder a fonte de sua inspiração. – Se não estiver ocupada, claro.

Bella deu um sorriso largo e mordeu o lábio antes de assentir, concordando em acompanha-lo.

— Então você é um escritor? – ela perguntou enquanto eles caminhavam lado a lado a caminho da cafeteria que Edward escolhera. Ele assentiu.

— Sou.

— Já publicou algo que eu conheça? – ela soou interessada. Ele deu um sorriso torto e olhou para a ponta das árvores.

— Eu não sei, talvez não. – confessou.

— Teste. – ela pediu. Ele se decidiu pelo enredo, já que ninguém nunca parecia se lembrar dos títulos dos livros hoje em dia e precisavam de um incentivo um pouco maior para puxarem algo da memória.

— Eu escrevi um livro sobre uma mulher que foi assassinada e então a irmã dela e uma amiga começam a investigar a situação, desconfiando que foi o marido que a matou, e acabam criando um plan-

— Não acredito! – ela o interrompeu parando abruptamente de caminhar. – Quando você disse se chamar Edward, você quer dizer Edward Cullen? O autor de “A tormenta sob seus olhos”? – perguntou com a voz empolgada. Edward ergueu as sobrancelhas enquanto eles voltavam a caminhar.

— Você conhece meu livro. – ele soou surpreso e Bella riu.

— Conheço? Eu adoro. – ela corrigiu. – Eu o ganhei de presente do meu pai antes de me mudar para cá e se tornou um de meus preferidos. Você é muito talentoso. – elogiou e Edward sorriu encantado.

— Obrigado.

— Está trabalhando em algo novo, então? – ela quis saber. – Estou ansiosa para ver o que mais você tem. – ele expirou uma risada.

— Estou no processo. – ele concordou enquanto balançava a cabeça. – Mas você disse que se mudou, não é de Nova York?

— Ah, não. Sou do Arizona. Mudei para cá há mais ou menos dois meses por um emprego. – contou.

— Ah! – ele assentiu enquanto atravessavam a rua em direção à cafeteria. – E o que está achando da cidade?

— Tenho gostado muito. – ela sorriu contente. – Adoro a vida daqui: a fluidez das coisas, a animação das pessoas, a forma como nada parece parar nunca. – ela deu de ombros. – Parece que a todo o momento mil histórias estão sendo contadas nessa cidade e quando alguma delas acaba outras mil nascem em seu lugar.

Edward sorriu ao abrir a porta da cafeteria para ela e eles sentaram-se em uma mesa à beira da janela grande que tomava metade da parede. Ambos olharam brevemente o cardápio antes de uma garçonete se aproximar.

— Boa tarde. – disse de forma simpática e demorou os olhos sobre o homem sentado. – O que posso fazer por você hoje? – Edward ergueu uma sobrancelha e viu Bella se encolhendo minimamente.

— Um cappuccino e um... – ele deixou a voz morrer para que Bella falasse.

— Um frappuccino. – ela terminou. Ele assentiu.

— Um cappuccino e um frappuccino. – repetiu olhando brevemente para a garçonete que assentiu antes de sair. – E então, deixou o Arizona por qual emprego?

— Sou professora de literatura. – contou sorrindo. – Parece bobagem falar que sempre quis fazer isso, mas desde sempre me lembro de querer trabalhar com livros e histórias e autores. – ela revirou os olhos, o sorriso no canto dos lábios um pouco debochado.

— Não é bobagem. – ele balançou a cabeça. – Acho que se as coisas não tivessem dado certo com a escrita eu provavelmente adoraria trabalhar com educação também. – ela sorriu.

— É mágico, sabe? Sei que é clichê – ela deu uma risadinha –, mas toda aquela história sobre ajudar mentes jovens a se desenvolverem e se tornarem brilhantes é absolutamente verdade. Adoro levar um de meus livros favoritos e ver como cada um daqueles adolescentes consegue ter uma visão única sobre o que o autor escreve, consegue interpretar a história de forma distinta e a maneira como eles fazem ligações com suas vidas. – terminou dando de ombros. A garçonete voltou e colocou os dois cafés sobre a mesa sem dizer nada, saindo em seguida.

— Já era professora quando saiu do Arizona? – ele quis saber e Bella negou com a cabeça enquanto experimentava sua bebida.

— Não. Na verdade eu me graduei no ano passado e voltei para a casa do meu pai enquanto enviava currículos. – balançou a cabeça em aprovação ao café antes de coloca-lo novamente sobre a mesa. – Fiquei um tempo trabalhando em uma loja. Minha mãe ficava insistindo para que eu fosse para Los Angeles, mas ugh – ela tremeu minimamente. –, consegue imaginar morar em LA? Congelada o ano inteiro em uma só estação. – falou em tom fingido de indignação. Edward riu e Bella sorriu.

— Seus pais são separados, assumo. – ele disse e ela assentiu.

— Se separaram quando eu era bem jovem. Minha mãe era uma atriz na década de 90 ou, pelo menos, queria muito ser. – ela frisou e expirou uma risada. – Acabei sendo criada praticamente pelo meu pai sozinho. Ela se mudou para a Califórnia e ele ficou em Phoenix, cuidando de mim e trabalhando. Acho que foi ali que aprendi a gostar tanto de livros. – ponderou. – Livros jamais furam com você no seu aniversário porque havia uma audição que eles simplesmente não podiam perder. – falou em tom forçado e revirou os olhos. Deu mais um gole antes de continuar. – Mas nossa, desculpa! Estou tagarelando sem parar e já te contei até sobre meus problemas familiares. – ela riu embaraçada. – Me fale de você. Sempre quis ser escritor? – Edward sorriu, sem se importar nenhum pouco que ela estivesse tomando conta da conversa e gostando muito de descobrir sobre aquela garota.

— Na verdade, não. Por muito tempo achei que seria um jogador de baseball, mas nunca sequer fui bom nisso. – ele franziu as sobrancelhas e Bella riu.

— Parece promissor. – ela disse humorada e ele expirou uma risada.

— Meu irmão mais velho jogava baseball no colégio e eu sempre o admirei muito. – contou. – Então eu via o quanto ele amava aquilo e queria ser como ele. Acho que queria amar algo com a mesma intensidade que ele amava aquele esporte. – ele deu de ombros. – É claro que todas essas fantasias morreram quando fiz o teste para entrar no time e recebi um não.

— Eles que saíram perdendo. – ela disse de forma consolatória e Edward riu.

— Sim, foi um soco no estômago e tanto. – ele brincou. – Mas então depois disso acabei me apaixonando pelos livros. Fiz parte do jornal da escola e aprendi a amar as palavras. Então quando terminei o colegial já tinha decidido que seria escritor, só não sabia bem o que escrever. – confessou com um sorriso torto e Bella riu.

— E como foi que descobriu? – quis saber. – Como teve inspiração para aquele livro?

— Para ser honesto estava jantando com meu irmão, minha cunhada e meu pai nas férias entre um semestre e outro da faculdade e ele comentou sobre um crime que tinha acontecido com o irmão de um amigo de um amigo dele. – ele revirou os olhos e Bella sorriu. – O cara estava traindo a mulher e de repente ela desapareceu. Não estava em lugar nenhum, nenhuma notícia, nenhum corpo, nada. Algumas semanas depois a amante daquele homem estava morando com ele na casa em que ele dividia com a esposa sumida. Então Emmett, meu irmão, estava apostando que o marido provavelmente tinha matado a mulher e meu pai achava que não. – explicou enquanto Bella ouvia atentamente. – Minha cunhada preferia pensar que ela simplesmente tinha decido ir embora e deixar tudo para trás, puramente desaparecer para não ter que lidar mais com o marido ou com a traição, para começar uma vida nova em outro lugar. – a morena sorriu.

— Gosto da versão da sua cunhada. – respondeu. – Gosto da ideia de desaparecer para não ter que lidar mais com nada, começar uma nova vida em outro lugar onde ninguém te conhece e onde ninguém sabe sobre seu passado. Onde você pode ser uma pessoa completamente nova, exatamente como quiser.

— Foi por isso que veio para Nova York? – Edward questionou. – Começar uma vida nova e fugir do passado? – os olhos de Bella faiscaram.

— Talvez. – ela concordou com um tom misterioso e um sorriso de lado. Edward assentiu.

— Posso entender o sentimento. – concordou.

— Você não é daqui também? – perguntou e ele negou rapidamente.

— Sou da Filadélfia. – ele falou. – Vim para cá quando comecei a graduação e desde então não consegui sair. – sorriu e Bella sorriu de volta.

— O lugar é realmente incrível. – cedeu. – E as pessoas parecem ótimas, bom, na maior parte das vezes. – ela olhou de soslaio para a garçonete que os observava de longe. Edward também olhou então e a garota rapidamente desviou os olhos ao ver o olhar dele sobre ela.

— Desculpe por isso. – ele pediu e ela riu.

— Não é sua culpa. Talvez ela tenha te reconhecido e tenha ficado emocionada. – sugeriu de forma humorada e ele deu um sorriso torto. – Você é um escritor famoso, afinal de contas. – ele riu.

— Eu não chegaria a tanto. – ele respondeu, pensando que ainda estava longe de ser famoso.

— Sobre o que é seu novo romance? – ela perguntou então. Ele hesitou e Bella notou, então balançou a cabeça. – Desculpe, não precisa falar se não quiser. – adiantou-se. Ele sorriu.

— Não é isso. A verdade é que... Não tenho certeza ainda. – confessou. Os olhos de Bella faiscaram

— Por que não fazemos um brainstorming juntos? Adoraria poder ajudar. – sugeriu animada e Edward sorriu.

— Quer dizer que tem algo em mente? – ela sorriu.

— Por que não escreve sobre um homem apaixonado? Talvez não só isso, mas quase obcecado. – respondeu. – Ele ama essa mulher, mas por alguma razão forte eles se separam, talvez ele precise mudar de país, talvez ele fique distante por alguns anos. Então ele volta depois de algum tempo, ainda esperando por ela, querendo que ela tenha deixado a vida em espera enquanto estavam separados e que tenha esperado por ele para que eles possam continuar aquela história. – Edward franziu levemente as sobrancelhas. – Mas ela já seguiu em frente e está casada com outro homem. O nosso mocinho ainda a ama, quer tê-la perto, quer aquela mulher, mas ela já não é mais a mesma, porque anos se passaram e ela mudou. Porém, ele não pensa dessa forma, ele ainda quer a garota de anos atrás, de quando se separaram e ele se torna fissurado com isso, muda-se para perto dela e do marido, fazendo o que quer que seja necessário para vê-la, para tê-la por perto, para conseguir sua atenção.

— Eu acho que isso me lembra um pouco d’O Grande Gatsby. – ele disse em tom apologético. Bella arregalou levemente os olhos.

— Ai, meu Deus! Você está totalmente certo. – ela riu. – Desculpe! Estamos trabalhando Os Belos e Malditos na minha turma e, não vou mentir, Fitzgerald é meu autor favorito. Acho que suas histórias estão tão profundas em minha mente que sequer consigo notar. – Edward sorriu.

— Ele é o meu autor favorito também. – respondeu e Bella sorriu mais largamente.

— É mesmo? Não é incrível que ele tenha conseguido... – e ela desatou a falar sobre a escrita do autor, mencionando seus livros e seus temas, ressaltando suas partes favoritas e interpretações. Edward se embrenhou na conversa tanto quanto ela, adorando poder falar livremente sobre o homem que tanto admirava com alguém que parecia compartilhar o mesmo sentimento. – Tudo bem, vamos voltar a seu livro. – ela falou depois de longos minutos de discussão. – Vamos começar criando uma personagem principal, o que acha? – Edward sorriu de forma divertida e assentiu.

— Certo. – concordou.

— Homem ou mulher? – ela perguntou e ele foi rápido em responder.

— Mulher.

— Como ela é? Fisicamente primeiro e depois faremos a personalidade. – incentivou e Edward sorriu.

— Ela é bonita. Não o tipo de beleza que faria todos os homens automaticamente se virarem para encarar, mas o tipo de beleza que é facilmente apreciada. O tipo para o qual você pode olhar por horas e horas por ser tão delicada e sutil. – Bella assentiu.

— Isso parece ótimo, mas acho que precisamos de uma descrição mais pontual, não? – ele riu e concordou.

— Ela tem cabelos castanhos longos e lábios rosados. Ela tem altura mediana, os traços finos. Os olhos são redondos e o nariz levemente arrebitado. Acho que o cabelo e os olhos tem o mesmo tom. – ele decidiu e ela reprimiu um sorriso.

— E como é essa garota de beleza facilmente apreciada? – perguntou de forma divertida. Edward ponderou.

— Ela é forte. Teve uma infância um pouco complicada, mas cresceu de forma moral. Ela é espontânea e sorridente, gosta de aventuras e do novo. – a garota de cabelos castanhos sorriu. – Podemos dizer que ela trabalha... Eu não sei, talvez em-

— Uma editora de livros? – Bella sugeriu o interrompendo e ele assentiu.

— Ela trabalha em uma editora. – ele concordou.

— E tem um apartamento na Quinta Avenida porque é muito bem sucedida. – ela acrescentou e ele riu.

— Extremamente bem sucedida. – ele frisou e ela expirou uma risada.

— E o interesse amoroso dela? – ela perguntou. Ele ergueu uma das sobrancelhas.

— Ela tem um? – Bella deu um sorriso luminoso.

— É claro que ela tem. – concordou. – Talvez ele pudesse ser esse cara misterioso que gosta de histórias de suspense. – ela sugeriu.

— Talvez eles se conhecessem na editora. – Edward sugeriu e Bella assentiu.

— Oh! – ela arfou. – Talvez ele estivesse investigando um crime que havia sido feito da mesma forma descrita como em um livro que essa personagem participou da publicação.

— Um pouco de Instinto Selvagem? – ele perguntou bem humorado e ela riu.

— É um ótimo filme. – ela deu de ombros. – Mas qual é, eu já posso ver a coisa toda se desenrolando. Eles se conhecem enquanto ele investiga, mas ele não é da polícia, ele é amigo da pessoa assassinada, talvez irmão? Uma motivação pessoal normalmente faz as coisas mais intrigantes. – ele balançou a cabeça.

— Talvez sua namorada fosse assassinada. – ele propôs. – Ele vai até essa editora repleto de raiva e procurando respostas, quaisquer que sejam elas. Ela acaba ficando tocada pela história e decide ajuda-lo como puder. – Bella assentiu animada. – O relacionamento deles acaba escalando a partir dali. Porém existe algo que ela não conta a ele.

— Sim! – ela disse em voz animada.

— Está tudo bem por aqui? – a garçonete perguntou de maneira educada, os interrompendo e fazendo-os olhar para ela. Edward voltou o rosto para ela apenas tempo suficiente para assentir antes de voltar a olhar para Bella. – E posso oferecer algo a mais para você? – quis saber e Bella ergueu uma sobrancelha enquanto dava um sorriso de lado parcialmente divertido frente à atitude da garota ruiva. Edward rolou os olhos antes de voltar-se para a garota.

— Não, obrigado. – foi tudo o que respondeu e a garota assentiu em silêncio e se afastou.

— Talvez esse mocinho se envolva com uma garota com quem ele esbarra em um café. – ela sugeriu com a voz repleta de diversão e Edward negou com a cabeça.

— Não, o mocinho sempre preferiu as morenas. – foi o que respondeu e Bella sorriu.

— Isso é verdade, a sua última protagonista também era morena. – ela concordou. – Como você decide as características de suas personagens? Sempre se baseia em estranhas que conhece aleatoriamente? – perguntou divertida e ele desviou os olhos, um pouco embaraçado.

— Apenas quando são extraordinárias. – ele deu de ombros ao voltar a olhar para ela. Bella reprimiu um sorriso e olhou pela janela.

— Edward, já que está em Nova York há mais tempo, o que acha de mostrar a essa recém-chegada alguns dos lugares que realmente valem a pena conhecer aqui? – ela perguntou voltando-se para ele. Edward sorriu e assentiu.

— Eu adoraria. – foi tudo o que respondeu antes de tirar a carteira do bolso. – Por favor, eu pago. – falou quando viu Bella abrir a bolsa e em seguida colocou algumas notas sobre a mesa. Ele se ergueu então e estendeu uma das mãos. – Vamos? – Bella sorriu largamente e assentiu entusiasmada.

— Vamos. – respondeu colocando sua mão junto à dele.

Eles passaram as horas seguintes juntos, conversando mais sobre suas vidas, contando gostos e dividindo histórias. Edward a mostrou a alguns de seus lugares favoritos – nada de pontos turísticos ou grandes centros, apenas aqueles lugares que realmente o faziam se sentir em casa, imaginando que Bella poderia se beneficiar desse sentimento estando tão longe de sua cidade natal.

— O que o faz gostar tanto daqui? – ela perguntou enquanto estavam sentados em um banco de um ponto específico do parque que dava de frente para o rio Hudson. Edward ponderou antes de responder.

— A... paz, eu acho. Sempre que vinha aqui eu precisava de calma e paz e organizar minha mente. Acho que aqui eu sentia que conseguia não só sentir essa paz, mas ver a paz e tocar a paz. – ele frisou encolhendo os ombros. – Não sei se isso faz sentido. – disse com um riso constrangido. Bella mordeu os lábios e assentiu.

— Faz, sim. Parece um ótimo lugar para se estar. – comentou e ele concordou.

— Nem sempre tive a maior facilidade para lidar com meus sentimentos e eu vinha aqui e conseguia escrever sobre isso, o que de alguma forma tornava as coisas mais fáceis. – ele contou. – Acho que se tornou um lugar de calma para minha alma, algo que eu realmente precisava ter para ficar bem.

— Obrigada por me trazer aqui. – ela sorriu e ele sorriu de volta.

— Espero que seja útil para você também. – ela expirou uma risada.

— Sou uma professora para adolescentes. Tenho certeza que chegará o momento em que precisarei dessa paz. – falou olhando para as águas calmas. – Sempre tive medo de água, sabia? – contou com os olhos ainda no rio.

— Mesmo? Por quê? – ela deu de ombros.

— Não sei. – confessou. – Sempre pareceu tão... predatória. Como se caso eu abaixasse a guarda por um momento fosse ser consumida. Apesar da beleza e da fluidez, parece tão pesada e sufocante, como se nada pudesse detê-la. – balançou a cabeça e olhou para Edward. – Algumas pessoas tem pavor de fogo, mas eu sempre temi mais a água. – ele assentiu, as sobrancelhas um pouco erguidas, em concordância.

— Acho que está certa, a água de fato pode ser pesada e esconder muitos perigos, apesar de às vezes parecer inofensiva. Porém, não é tudo assim? – questionou. – Quer dizer, apesar da beleza e da possível inocência, não temos todos dentro de nós mesmos perigos e segredos que guardamos a sete chaves, com medo de o mundo os descobrir?

— Talvez não tenhamos medo de que o mundo os descubra. – ela respondeu depois de ponderar por alguns segundos. – Talvez o nosso medo tenha mais relação com nós mesmos precisarmos encarar esses segredos. Talvez apenas estejamos apavorados demais para lidar com as verdades que queremos manter guardadas. – pontuou e Edward assentiu, desviando os olhos para a água do rio.

A cada momento ao lado dela Edward se encantava mais. Com a forma como suas bochechas ficavam coradas quando ela ficava constrangida e a forma como sua risada parecia fazer todo o seu corpo balançar levemente, como se a acompanhasse. O cabelo dela ao vento, a forma como ele se moldava à brisa, era uma coisa que Edward já pensava em como colocar no papel. A forma que Bella falava sobre as coisas a seu redor era tudo que ele sempre quisera ouvir de alguém e ele sentiu o coração lentamente se inflar ao perceber a sorte que tivera ao esbarrar com aquela garota naquela tarde.

— Bella. – ele disse quando estavam já se despedindo enquanto o sol começava a se pôr. – Isso vai parecer demais, tenho certeza, e você provavelmente vai achar que sou louco, mas... – ela sorriu de lado e ergueu uma sobrancelha.

— Mas? – o instigou a continuar. Edward deu um sorriso sem graça.

— Será que gostaria de jantar comigo hoje à noite? – perguntou. – Tem um restaurante excelente que tenho certeza que você adoraria. – ela deu um sorriso largo e balançou a cabeça.

— Eu adoraria, Edward. – a morena respondeu e o rosto dele se iluminou.

— Isso é ótimo. Posso te pegar às oito?

— Por que não te encontro no restaurante? – ela sugeriu. – Não precisa perder tempo atravessando a cidade para me buscar. – ela sorriu. – Bom, talvez ao final do jantar eu peça para você atravessar a cidade e me levar em casa. – disse em um tom malicioso e ele riu enquanto balançava a cabeça.

— Tudo bem. – concordou e ela puxou o caderno que o acompanhou durante todo o tempo e a caneta, rabiscando algo ali.

— Me mande o endereço por mensagem e eu estarei lá. – falou mordendo de leve o lábio inferior. – Até mais tarde, Edward. – disse de forma afetuosa antes de se virar.

Edward ficou parado a observando se afastar e Bella olhou por sob o ombro uma vez, dando uma risada ao ver que ele ainda estava ali. Logo ele também começou a se mover e voltou para o próprio apartamento de bom humor. Que sorte tinha de ter esbarrado com aquela garota. Não apenas tinha encontrado uma garota como a que sempre tinha idealizado em seus melhores sonhos, como também ainda surgira pequenas ideias e inspirações para o próximo livro. Talvez conseguisse até mesmo escrever algo no dia seguinte, porque naquele momento tinha certeza que não conseguiria fazer nada além de ansiar por encontrar Bella novamente. Pouco tempo depois de chegar em casa a porta da frente soou, batidas fortes vindo dali.

— Edward! – o homem atrás da porta soou surpreso ao vê-lo abri-la.

— Emmett! – ele disse também surpreso, porém com um sorriso no rosto. – Que bom ver você aqui! O que está fazendo em Nova York? – o moreno franziu as sobrancelhas.

— Procurando por você. – ele respondeu, mas antes que pudesse continuar Edward o interrompeu.

— Eu conheci uma garota incrível, Emmett! – ele disse empolgado. O irmão franziu os olhos.

— O que?

— Hoje no parque. – contou animado dando espaço para o irmão entrar. – Saí para tentar ter algumas ideias para o livro novo e acabamos nos esbarrando no parque. Depois fomos tomar um café juntos e conversamos por toda a tarde. Ela é incrível.

— Edward...

— E ela é perfeita, Emmett, juro. – continuou. – A garota poderia muito bem ter saído da minha imaginação. – o irmão mais velho mais vez uniu as sobrancelhas. Edward revirou os olhos ao ver a reação do irmão. – Onde está sua esposa? Rosalie sempre foi muito mais romântica que você, tenho certeza que ela ficará empolgada por mim.

— Ela está no carro lá embaixo. Por que não descemos e a encontramos? – sugeriu. – Podemos jantar.

— Não posso. Vou me encontrar com Bella para jantar. – negou.

— Bella? – perguntou o outro.

— A garota que conheci hoje. – Edward explicou e Emmett assentiu lentamente.

— Vou pedir a Rose que suba então para dar um oi, pode ser? – ele sugeriu e Edward assentiu.

— Claro, faz tempo que não vejo a Rose. – concordou. – Aposto que ela vai adorar a Bella. – garantiu.

O mais novo dos irmãos voltou para o quarto, onde se enfiou no banheiro para um banho rápido. Emmett ligou para a esposa e avisou que o irmão estava de fato em casa, pedindo a ela que subisse, o que ela logo fez.

— Onde ele está? Está bem? – perguntou assim que encontrou o marido no apartamento.

— Ele está no banho, aparentemente está bem. – ele confirmou, mas a ruga em sua testa deixava claro que estava preocupado. – Ele está... – ele balançou a cabeça.

— Antes de tudo, ligue para seu pai e avise que Edward está em casa e bem. – ela pediu. – Carlisle deve estar à beira de ter um treco. Não sei como ele não voou ainda de San Diego e veio procurar por Edward ele mesmo.

— Tia Sulpicia está em péssimas condições, ele não tinha como deixa-la. – o grandão balançou a cabeça. – Não sei se ele está realmente bem, Rose. Algo parece... errado.

— Eu sei que ele não dá notícias há algumas semanas, mas isso não quer dizer nada concreto. – ela tentou acalmar o marido e Emmett balançou a cabeça mais uma vez.

— Não... Não sei. – ele disse por fim. – Conheço o Edward, algo parece errado. – repetiu antes de tirar o celular do bolso e ligar para o pai. – Falei com ele e disse que Edward estava bem. Não quis preocupa-lo sem ter certeza de nada antes. – avisou à esposa depois de poucos minutos no celular.

— Ele está em um episódio depressivo? – ela perguntou. – É de se esperar se levarmos em conta o término e a coisa toda com a editora.

— Não. – Emmett negou rapidamente. – Não, parece mais mania. – ele franziu a boca. – Será que pode tentar conversar com ele? Ele disse que conheceu alguém. – a loura assentiu.

— Claro. – ela concordou. – Não se preocupe. – pediu colocando uma das mãos no peitoral largo do marido. – Tudo vai ficar bem. – garantiu.

Esperaram até que Edward saísse do banheiro e Emmett ligou a televisão e sentou-se no sofá. Não assistia de fato a nada, mas deixou a televisão ligada em um canal de notícias. Rosalie esperou até que Edward se vestisse e foi até o quarto do cunhado. Ele a cumprimentou de forma animada e foi então dedicar-se a se arrumar.

— Como você está? – ela quis saber. Edward sorriu.

— Ótimo. Conheci a garota mais incrível hoje. – ele contou e Rosalie assentiu com um sorriso afável.

— Emmett mencionou. – ela disse. – Quem é a sortuda?

— Seu nome é Bella. – contou empolgado. – Ela é professora de literatura.

— Uau. – ela sorriu novamente. – Aposto que tiveram muito a conversar. – Edward riu enquanto arrumava o cabelo acobreado.

— Tivemos. – concordou. – Ela se mudou há pouco tempo, veio do Arizona e se mudou por causa do trabalho. Poderia ser melhor? Falamos sobre literatura por praticamente uma hora inteira e ela também é fã de Fitzgerald.

— Parece ótimo. – Rosalie sorriu de forma delicada. – O que mais? – Edward sorriu, animado com o interesse da cunhada. Ele estava certo, a esposa de Emmett se interessaria muito mais com um provável romance do que o irmão.

— A mãe dela foi atriz na década de 90, mas nunca fez sucesso, mesmo assim isso a fez ser criada praticamente sozinha pelo pai, já que eles eram separados. – Rosalie ergueu as sobrancelhas e assentiu. – Ela adora orquídeas e é tão linda, Rose. Cabelos e olhos do mesmo tom de chocolate, parecia saída de uma pintura. Eu poderia escrever sobre ela por horas.

— Ela parece adorável, Edward. – a loura concordou.

— Ela é! – ele sorriu. – Mal posso esperar para vê-la de novo. – a cunhada sorriu mais uma vez.

— Não vamos te atrasar. – prometeu ela, enquanto rolava os olhos pelo quarto. – E o trabalho, como vai? – perguntou casualmente quando pegou um livro que ela conhecia e que estava na cabeceira de Edward.

— Está tudo bem. Estava tendo algumas dificuldades para conseguir desenvolver o livro novo, mas sinto que depois de hoje as coisas vão fluir com mais facilidade. – a loura franziu os lábios ao colocar o livro de lado novamente.

— Fico feliz.

— O que acha? – Edward quis saber, mostrando a roupa que escolhera para utilizar e o cabelo já arrumado. Ela cerrou os olhos.

— Talvez você queira maneirar um pouco no preto. Que tal experimentar uma camisa verde escura? Realça os seus olhos. – ela sugeriu e o homem assentiu. – Vou falar com o Emmett enquanto você se troca. – avisou e Edward concordou mais uma vez com a cabeça.

Ela foi até a sala onde o marido estava sentado no sofá, a televisão ainda ligada à sua frente, mas ainda sem prestar atenção de fato.

— E então? – perguntou ao ver a esposa se aproximar. Ele levantou-se e ela se aproximou balançando a cabeça.

— Algo não parece certo. – concordou. – Ele disse que as coisas vão bem no trabalho e que está trabalhando no novo livro.

— Por que ele mentiria? – resmungou o irmão mais velho. – Nós já sabemos que a editora o dispensou depois do rascunho que ele enviou e isso já faz mais de dois meses.

— Ele mencionou a Alice para você? – ela quis saber e ele negou.

— Não, por quê?

— Ela me ligou há três dias. Disse que estava preocupada com o Edward, que ele não estava lidando bem com o término. – contou. – Disse que ele foi até a casa dela um tempo atrás durante a madrugada e que praticamente acordou todo o prédio aos gritos. Ela falou que ele parecia um pouco transtornado.

— Eu... Acho que acontecendo de novo, Rose. – ele murmurou por fim.

— Carlisle vai continuar com Sulpicia? – checou. A ligação do sogro era o que os tinha levado até ali naquele dia. Edward parara de dar notícias ao pai cerca de duas semanas antes, o que não era habitual, pois eles tinham o hábito de entrar em contato dia sim, dia não.

— Bom, ele não sabe que há algo errado, mas se souber provavelmente vai querer voltar. – Rosalie hesitou. – O que?

— Tem outra coisa estranha. – confessou. – O Edward me falou sobre a garota, Bella, e eu vi um livro no quarto dele. Eu conheço a história, já a li, e enquanto ele falava sobre a garota que conheceu... Ele estava basicamente falando sobre a garota do livro.

— Como assim?

— Cabelos e olhos castanhos, vindo do Arizona para trabalhar como professora, a mãe uma atriz decadente na década de 90, criada pelo pai, fã de Fitzgerald... – ela franziu os lábios. – Algo parece realmente errado.

— Ei. – o homem de cabelos acobreados disse ao entrar na sala, fazendo com que os outros dois virassem o rosto na direção dele. – Eu não quero ser mal educado, mas não quero me atrasar. – disse em tom apologético. – Droga, eu perdi completamente a noção do tempo e me esqueci de enviar o endereço do restaurante à Bella.

— É claro. – Rosalie forçou um sorriso e Emmett se virou para o sofá para pegar o controle da televisão.

— Espere! – Edward falou rapidamente ao ver o irmão apontar o objeto para a tela. – É a Bella. O que ela está fazendo na televisão? – Emmett e Rosalie trocaram um olhar, as sobrancelhas da loura arqueadas.

— Aquela é a Bella? – Emmett checou. – A garota com quem você esteve hoje?

— Sim! – confirmou. – Aumente o som, não estou ouvindo o que eles estão falando. – ele reclamou. Rosalie franziu as sobrancelhas ao ver a garota na tela.

— Edward, tem certeza que é ela? – checou.

— Claro que tenho. – respondeu e então reparou nas expressões dos outros dois. – Por quê?

— Aquela é Marie Swan. – a cunhada respondeu lentamente, a cabeça se virando minimamente para o lado. – Era uma modelo. – Edward franziu o nariz.

— Como assim? – perguntou.

— Ela morreu de overdose há alguns dias. – o irmão completou e Edward virou-se para ele com as sobrancelhas erguidas.

— O que? Você está louco. – ele respondeu. Rosalie olhou de forma preocupada para o marido.

— Edward, você está tomando seus remédios? – ela perguntou de forma delicada. Ele virou o rosto para ela com o cenho franzido.

— Não preciso de remédios, estou bem. – frisou. Emmett suspirou enquanto observava o irmão.

— Quando parou de tomar? – quis saber o maior.

— Não preciso de remédios. – Edward repetiu em tom mais firme.

— Ed, nós sabemos que a editora rompeu o contrato. – Emmett falou. O mais novo franziu as sobrancelhas mais uma vez e desviou o olhar, cruzando os braços.

— Não... Não. Isso foi antes. – balançou a cabeça. – Angela me ligou na semana passada e disse que eu se eu conseguisse entregar um rascunho novo até o final da semana que vem eles publicariam. – o irmão olhou para a esposa.

— E quanto à Alice? – Rosalie perguntou.

— O que tem ela? Nós terminamos, isso foi há mais de três meses. – ele respondeu. – Contei a você.

— Não contou, não. – ela negou gentilmente. – Alice me ligou para me falar sobre.

— Bom, nós ainda nos amávamos, mas decidimos terminar porque não estava dando certo. Foi amigável. – ele deu de ombros.

Alice contara uma história diferente: ela não estava mais apaixonada há algum tempo e conhecera outra pessoa. Edward ficou obcecado quando descobriu e tentou de todas as formas fazer com que o término não fosse decretado. Porém, Alice estava infeliz no relacionamento e decidiu colocar um fim em tudo. Depois dali soubera por Angela, que era sua melhor amiga e a pessoa que os apresentara no início de tudo, que Edward havia entregado um rascunho repleto de trechos praticamente plagiados e a editora imediatamente quebrara o contrato com ele. Alice se preocupara, sabendo que Edward tinha alguns problemas, e o procurara para saber se ele estava bem, mas ele não a atendera ou abrira a porta na vez em que ela decidiu ir ao apartamento.

Apenas algum tempo depois ele apareceu no prédio dela, batendo em sua porta de forma quase desesperada e gritando coisas por detrás da mesma. A garota se sentira assustada e se decidira por não abrir, receosa do que poderia acontecer. Achou que ele estava apenas bêbado e descontando as dores do fim – de forma inadequada, é verdade, mas ainda assim nada demais. Já vira coisas piores, aquilo era Nova York, afinal de contas. Apenas contou a Rosalie algum tempo depois, pois debatia-se com a culpa e angústia que o incidente e a sua não resposta causara.

— Não foi o que ela contou. – Rosalie apontou por fim. Edward fez uma careta.

— Não me importo com o que Alice disse. – ele deu de ombros novamente. – Vou ver Bella. Vocês precisam ir. – Rosalie lançou um olhar de advertência para o marido.

— Edward... – Emmett murmurou. – Eu não acho que exista um Bella. – falou aumentando o volume da televisão, o que chamou a atenção do mais novo.

A tela falava sobre o caso da morte precoce da modelo Marie Swan. Apenas no início da carreira, fizera alguns comerciais que foram exibidos no país e desfilava já há alguns anos. O corpo havia sido descoberto na semana anterior em seu apartamento e a autopsia indicava que havia morrido devido a uma overdose de remédios. Foi mostrada a comoção da família e amigos e ao final da notícia uma foto da garota durante seu último trabalho para uma revista: os cabelos longos e castanhos esvoaçavam e ela sorria alegremente, um vestido azul rodeando o corpo magro.

— Eu... – ele murmurou quando a notícia passou a ser outra coisa. Rosalie caminhou até ele e colocou uma das mãos em seu ombro.

— Eu sinto muito. – falou de forma calorosa.

— Não! – ele disse de forma firme. – Passei o dia com ela. Aqui está o número da Bella. – disse pegando o presente recebido pelo irmão no ano anterior e abrindo-o, folheando em busca da página com o número de Bella.

— Edward? – Rosalie soou preocupada quando ele não falou mais nada.

— Estava aqui. – ele murmurou confuso quando não encontrou nada nas páginas além de seus próprios rascunhos. Passou as folhas novamente, em busca de uma letra que não fosse sua. – Eu não entendo. – ele balançou a cabeça. – Eu estava com ela o dia todo.

— Não acho que estava. – foi Emmett quem o respondeu.

— Isso não faz sentido. – Edward reforçou e Rosalie guiou-o até sentá-lo no sofá.

— Não se preocupe. – pediu. – Vamos ajuda-lo. – prometeu antes de ir até o marido. Edward continuava a encarar o caderno em suas mãos de forma confusa. – Acha que Aro viria até aqui agora? – ela perguntou ao olhar o relógio no pulso.

— Acho que sim. Vou ligar para ele agora mesmo. – respondeu.

— Quando será que ele parou com os remédios? – ela se perguntou.

— Talvez quando descobriu que Alice queria terminar. – o moreno ponderou enquanto procurava pelo contato do médico de Edward na agenda do celular. – Porém as alucinações... Não sei o que mais ele pode ter imaginado ou feito, Rose. – suspirou olhando de esguelha para o irmão mais novo.

— Devíamos ter vindo antes. – ela disse em tom melancólico.

— Não tínhamos como saber. Ele parecia bem, Rose. – Emmett a consolou antes de colocar o celular no ouvido, embora se sentisse tão chateado quando ela. A loura assentiu, embora não totalmente em tom de concordância, antes de voltar os olhos para o cunhado e ir até ele.

Preocupava-se com Edward como com a um irmão de sangue. Aprendera a amá-lo e acompanhara desde o início as primeiras manifestações de que a saúde mental de Edward estava frágil. Estivera ao seu lado em muitos momentos, ajudando Emmett e Carlisle a apoiarem Edward e fazerem seu melhor para dar a ele o todo o suporte necessário quando inicialmente recebeu o diagnóstico. Estavam sempre atentos, sempre por perto, mas ultimamente... Sabia que devia ter prestado mais atenção, mas sua vida estivera tão repleta de outras coisas que ela deixara as pequenas bandeiras vermelhas passarem despercebidas. Ela sentou-se ao lado do cunhado e colocou a mão com a aliança sobre o antebraço dele, como um gesto a reassegurá-lo de que não estava sozinho.

— Rose... Eu... – Edward engoliu em seco. – O que está acontecendo? – murmurou e a loura mordeu os lábios, insegura sobre o que responder.

— Acho que você conheceu a garota dos seus sonhos, Edward. – foi tudo o que conseguiu responder, o tom soturno.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Olá! Como estão? Espero que todos bem e se cuidando.

Antes de mais nada, o que acharam? Espero que tenham gostado! Fazia tempo que eu não conseguia escrever uma one-shot que realmente ficava com tamanho de one-shot kaka. Eu sei que nunca escrevi Beward e todo mundo sabe dos meus sentimentos (kkk), mas quando pensei nessa fanfic meio que me veio à cabeça o Edward e a Bella e acabou fluindo com os dois.

Estava com essa música na cabeça há uns dias e acabei escrevendo essa one para ver se as ideias acerca da música paravam de tomar conta do meu foco. Mereço reviews? Espero ouvir de vocês.

Um grande beijo, se cuidem.
Lana.