Almas Irmãs escrita por Alessandra
Na sexta-feira, Carmem acompanhada de Caroline chega à clínica do Dr. Alberto e pondera se conta ou não conta que está sonhando com Melinda e tendo flashs durante o dia sobre a mulher. E um impulso dentro dela diz que não deve compartilhar essa informação de jeito nenhum.
Entrando na sala, ela cumprimenta o médico e apresenta a irmã. Apesar de sempre falar da irmã e da relação forte que tem com ela, Carmem nunca havia levado a irmã ao consultório.
— Olá, Dr. Alberto – diz Carmem apertando a mão do médico — Esta é minha irmã, Caroline. Hoje ela decidiu que vai participar da sessão e eu a quero aqui, se o senhor não se importar.
— Como você se sentir mais confortável, Carmem – diz Dr. Alberto e cumprimenta, Caroline — É um grande prazer conhece-la, sua irmã fala muito sobre você.
— É, eu sei, – diz Caroline sorrindo — Ela adora contar para todos da irmã mais nova e linda que tem.
Carmem ri e empurra a irmã para ela sentar na cadeira, enquanto ela se encaminha para o divã.
— Então, podemos começar? – Dr. Alberto se posiciona para iniciar a sessão de hipnose.
— Vamos nessa. — Carmem respira fundo e fecha os olhos.
Melinda sente que está sendo observada sempre que está do lado de fora de casa e tem muito medo de deixar Hope muito longe dela, então as duas estavam ficando muito tempo dentro de casa.
A menina já estava impaciente, queria correr, ir atrás de coelhos e esquilos, brincar no rio que corria ao lado da cabana, queria subir em árvores e criar mil aventuras na sua mente cheia de energia.
— Mamãe, acha que hoje podemos ficar lá fora, só um pouquinho? – Hope pede fazendo um biquinho.
Melinda respira fundo e deixa o poder que ela não gosta de usar fluir por seu corpo, para sentir os arredores e procurar se havia alguém perigo imediato as cercando.
Com alívio, só sentia os animais da floresta e o ar leve que a natureza proporcionava e sorriu.
— Hope, podemos minha pequena lebre agitada – Melinda diz sorrindo e abraçando a filha.
— Oba! – Hope pula de felicidade.
As duas vão para fora e recebem com prazer o sol em seus rostos e o ar puro em suas peles.
Melinda aproveita para colher umas frutas e verduras, checar as galinhas, pegar ovos, dar comida aos porcos, cuidar do cavalo.
De repente um arrepio sobe por sua espinha e ela tem uma visão: Na visão, um homem alto, com cabelos grisalhos ralos está gritando com ela, apontando e gesticulando com um livro na mão, e ao redor deles, sombras escuras entram e sai dele, sem parar e a cada vez que a sombra entra, ele fica mais colérico.
Melinda volta a si no pequeno estábulo e respira fundo para se acalmar e se concentrar. Ela pede a natureza, sua Mãe Protetora, que energize seu corpo e tire o mal estar que a visão lhe causou.
Ela rapidamente vai a procura de Hope e vê a menina dançando entre as flores, sorrindo e falando com borboletas que a rodeiam em um círculo perfeito.
Melinda fecha os olhos e faz uma prece para a deusa das matas: — Por favor, que nenhum mal caia sobre minha menina. Não lhe dê um fardo que ela ainda não pode carregar, deixe-a ser criança e livre.
Naquele momento, Hope para e olha para mãe séria e diz:
— Querida Melinda, o destino é uma coisa imutável às vezes. Temos que passar por ele como um aprendizado. A dor, por muitas vezes é necessária. A revolta é justificável, mas não deve se guiar por ela e nem fazer dela sua muleta. Tudo acontece com um propósito. O que parece ser um mal para alguém, é o trampolim para salvar milhares de vidas. Por isso cara irmã, não temas. Um dia, um dia a paz, a fraternidade e o amor inundarão sua vida e tudo fará sentido.
Melinda olhou em choque para a filha que piscou e voltou a ser a doce menina de sempre.
— Mamãe, viu minhas amigas borboletas? Hoje, elas estão tão felizes! Elas até cantaram para mim. – Hope pula feliz e volta a dançar.
Melinda, então naquele momento soube, que por mais que ela desejasse, não poderia mudar uma virgula do seu destino.
Ela sorri com lágrimas nos olhos para sua filha e foi dançar com ela e as borboletas.
5, 4, 3, 2, 1
— Carmem? Carmem, tudo bem? – Dr. Alberto pergunta.
— Sim, – Carmem responde limpando as lágrimas que ainda escorriam pelo seu rosto.
Ela olha para a irmã, que também tem lágrimas escorrendo pelo rosto. Ela levanta e corre em direção a Carmem e a abraça forte.
Depois da sessão mais forte que Carmem já teve, seu único pensamento era relaxar e deixar sua mente vazia e sem pensar no que pode ter acontecido com Melinda e sua pequena Hope. Ela sabia que quando chegasse no fim dessa história, ela nunca mais seria a mesma.
Dias depois, trabalhando na livraria, ela nota que do lado de fora, tem um homem alto e com roupas escuras olhando para ela do outro lado da calçada.
Arrepios lhe percorrem o corpo inteiro e ela chama Caroline da forma mais discreta possível.
— Caroline, venha aqui depressa, mas sem mostrar que eu estou te chamando — Carmem diz de cabeça baixa, como se estivesse conferindo uma pilha de livros que estava no balcão.
Caroline, sentindo a tensão na voz da irmã, vai devagar e pega uns livros pelo caminho para parecer que os levava ao balcão.
— O que foi? — pergunta Caroline assustada.
— Olhe discretamente para o lado de fora pela vitrine, e veja o homem que está nos observando do outro lado da calçada. – diz Carmem ainda de cabeça baixa.
Caroline levanta a cabeça e vê o homem e exclama.
— É o homem que aparece em meus sonhos!!
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