Tão doce e tão fatal: Mel com limão e sal ✖ GSR escrita por Fénix Fanfics


Capítulo 74
Capítulo 45 - Parte Única (074)


Notas iniciais do capítulo

Desfrutem ♥



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Resolver a questão de vontade de comer terra fora até fácil. Axel e Camila foram para a casa de Sara somente para garantir que ela não cairia na tentação, e no outro dia fora fazer exames para verificar se estava deficiente de algum nutriente. Ainda sim, não conversava tanto com Gilbert, ela estava chateada por ela não ter vindo a ultima consulta. 

Ainda sim, os problemas que surgiram durante o mês seguinte não foram poucos. Os enjoos voltaram com tudo, os hormônios estavam a todo vapor, ela uma hora ria o outro chorava, isto quando não estava irritada, os desejos eram nos momentos mais inoportunos e ficava como uma viciada em abstinência até realiza-los. Ainda tinha Julia chutando, isto era incrivelmente maravilhoso se ela não fosse extremamente forte e algumas vezes aquilo parecesse mais uma contração que um bebê se mexendo.  E para finalizar ela ainda tinha a impressão que quanto mais sua barriga crescia, mais se sentia uma pata gorda.

A beleza da maternidade e a linda fase da gestação, não estavam tão maravilhosas assim para Sara. Ela mal podia ver Camila na sua frente, a morena tinha dois bebês em sua barriga e uma gestação incrivelmente tranquila. Isso lhe causava uma ponta de inveja, na realidade se fosse ser sincera, diria que lhe causava um abismo de inveja. 

Um abismo que em seus momentos de depressão tinha certeza que iria cair ou se jogar. Ela tentava negar para si mesma e para os outros, mas tudo seria mais fácil se tivesse Gilbert por perto. Ela necessitava muito dele, Axel fazia o impossível para dar conta das duas grávidas, mas sinceramente não tinha comparação. Ela precisava do Gilbert, do seu Gilbert.

Sentada na sala de espera do consultório, agradecia mentalmente pela consulta de Camila não haver caído no mesmo dia, milagrosamente. Preferia esperar ali sozinha, a ficar invejando a proximidade e o amor dos dois, enquanto Gilbert não estava ali com ela. Não estava ali de novo.

Seus olhos estavam quase se rendendo às lágrimas que insistiam em querer cair. Eles estavam mareados, seu coração apertado. Abraçou novamente a barriga.

Era incrível que em meio a tantas dificuldades ela ainda conseguia nutrir um amor sem comparação por aquele pedacinho de gente que se formava em seu ventre. Parecia que quando pensava em ter seu bebê finalmente nos braços, tudo parecia certo, tudo valia a pena, ainda que tivesse um medo imenso de que tudo piorasse depois que ela saísse de lá de dentro. E aí vinha uma onda de temores, sobre saber o que fazer, sobre ser uma boa mãe, surgia duvidas se saberia amar ou educar o suficiente, se saberia ensinar. 

Uma lágrima finalmente escorreu, contra sua vontade. Ela limpou rapidamente ao ouvir seu nome chamado pela médica. Era o momento de ver Julia. 

— Gris não veio? – Perguntou a doutora Beatriz com cautela, percebendo o momento fragilizado da gestante.

— Ele não pode vir de novo. – Forçou um sorriso. – Mas está tudo bem. – Naquele momento escorreu outra lágrima que mostrava exatamente o contrário.

— Venha, vamos para o meu consultório.

Elas então entraram na sala.

— Sara, eu sei que minha área não é psicologia, e muito menos sou sua psicóloga. Mas o que está acontecendo? Você sabe que o bebê sente tudo que a mãe sente, não sabe? – Disse a médica assim que se acomodou em sua cadeira.

— Eu sei. Está tudo bem...

— Não está Sara. Na realidade não estava nem na nossa última consulta, e tenho medo que esteja ainda pior na próxima.

— Eu sinto falta do Gris, é isso. – Suspirou. – Achei que ele iria estar mais presente durante a gestação. Eu entendo que as coisas sejam difíceis para ele, e que ele tem feito o máximo para estar comigo quando pode. Mas vou fechar dois meses sem vê-lo pessoalmente, minha barriga está crescendo e ele está tão longe. Não consigo compartilhar com ele tudo isso. Era para estarmos compartilhando esses momentos felizes.

— Também era para estarem compartilhando os problemas. – Ela concordou.

— Creio que os problemas pareceriam bem menores se ele estivesse comigo. E eu sinceramente não sei o que fazer. – Respirou profundamente. 

— Eu entendo você. E já falou com ele sobre isso? Já procurou saber o que está acontecendo?

— Na realidade sim e não. Eu muitas vezes não quero falar sobre o assunto, e na única vez que perguntei, e isso foi há duas semanas, ele desconversou e não disse exatamente o que estava acontecendo. Por outro lado, ele já tem tudo pronto. Ele está fazendo muitas coisas por nós, como ver a casa onde iremos morar, preparando o quarto do bebê do jeito que eu mais queria... Mas confesso que eu trocaria tudo isso hoje, só pela presença dele aqui comigo.

Do lado de fora encostado na porta ouvindo, haviam olhos tão chorosos quanto aqueles castanhos que falavam dentro da sala. 

Alguns minutos mais tarde, elas fizeram medida da circunferência da barriga, visualizaram os exames feitos e agora iam para o momento mais esperado da consulta: ver Julia. Mesmo que sem necessidade, Sara fez questão de ao menos uma vez por mês acompanhar Julia através da ultrassonografia, todas gravadas e guardadas com carinho. 

— Sara, você pode ir a sala de ultrassonografia? Contratei um assistente, ele irá te ajudar a se ajeitar. Me esqueci de pegar uns papéis na recepção e em seguida vou até lá. – A doutora Beatriz disse assim que seriam do consultório e estavam no corredor. 

— Claro, doutora.

— Ah, Sara. – Beatriz disse dando meia volta. – Ele não irá responder. Ele é mudo. – Advertiu ela, para que não o achasse quem sabe deseducado quando ela entrasse na sala do exame.

— Sem problemas. 

Sara vagou pelo corretor lentamente até chegar lá. Quando entrou na sala, viu um homem de branco com uma mascara de médico sem dar muita atenção.  Apenas o cumprimentou. Ele a ajudou a sentar-se e em seguida virou-se para o maquinário ligando-o.

Sentou-se no lugar da doutora, e pegou o tubo com o gel. Depois se virou para Sara novamente. 

Sara levantou a blusa deixando a barriga agora bem mais protuberante à mostra, já estava tão grande que mal podia enxergar seus pés quando estava em pé. Então ela levantou o rosto e fora quando os seus olhos cruzaram com os do enfermeiro. 

Se a expressão “sentir uma corrente elétrica” fosse verdadeira, era exatamente o que acontecia com Sara agora. E nem mesmo ela sabia que estava sentindo.

Aqueles olhos azuis tão penetrantes de encontro ao dela e um misto de sentimentos que não sabia como ordenar. A vontade era de chorar de felicidade e tristeza ao mesmo tempo. De bater nele tão forte por tê-la deixado sozinha por tanto tempo ao mesmo que abraça-lo pela saudade que sentiu. De lhe arrancar um beijo quente ao mesmo tempo em que seu orgulho mandava se fazer indiferente. 

O tempo de ele tirar a mascara de frente do rosto fora o suficiente para ela decidir exatamente o que fazer.

Levantou a mão lhe dando um leve tapa na face, tão leve que nem machucou, mas que serviu para descontar um pouco da adrenalina que sentiu ao vê-lo ali e em seguida um beijo, porém um beijo forte e quente.

Gilbert nem teve tempo de pensar ou reclamar do tapa levado anteriormente, ele simplesmente havia sido puxado de encontro a boca de Sara, a deliciosa boca que morria por beijar, sua língua se entrelaçava na dela, chupava-a, mordiscava, e finalmente quando soltava explorava toda sua boca em uma dança magnifica.

Terminaram já sem ar. 

— Gris... – Fora a única coisa que conseguiu dizer enquanto ela retomava o fôlego.

— Sar. – Ele respondeu com um sorriso. Aquele sorriso que Sara amava tanto e que gostaria tanto que Julia herdasse. – Me desculpe. Desculpe não estar por perto nesse momento tão importante, me desculpe por tudo. Eu... Eu sei que nada é suficiente, mas me desculpa. – Ele já tinha os olhos vermelhos por chorar anteriormente escutando a conversa as escondidas, e agora já chorava novamente.

— Depois... Depois ajeitaremos isso. – Ela sorriu, naquele momento parecia radiante de tanta felicidade, de tê-lo ali com ela. – Agora só estou feliz por que está aqui. Você e Beatriz armaram tudo isso?

— Sim. – Ele sorriu. – E agora como seu enfermeiro, me deixe passar o gel em sua barriga.

Ele primeiro acariciou a barriga de Sara, como se matasse a saudade dela e de sua filha ao mesmo tempo. Depois depositou um beijo. Em seguida começou a passar o gel na barriga de Sara. Com o maquinário já ligado, ele resolveu tentar utilizar, tentando ver o bebê. 

A porta então se abriu.

— Pelo visto meu enfermeiro anda muito prestativo. – Beatriz sorriu podendo ver a felicidade nos olhos de Sara, uma felicidade que não via há algum tempo. – Mas essa é minha parte do trabalho. – Ela sorriu.

Então Beatriz olhou para a tela. Gilbert ainda tinha aparelho apoiado sobre a barriga de Sara. O sorriso da médica morreu em instantes.

— Aconteceu alguma coisa? – Sara perguntou preocupada.

— Não... Na realidade nada demais. Deixe-me apenas ver com mais clareza. – Ela então pediu licença para Gilbert e se sentou no lugar procurando o feto e analisando.  – O bebê está completamente saudável. – Disse acalmando os pais preocupados. – Porém o cordão umbilical é muito curto, e ele ainda está em posição pélvica.

— Posição pélvica? – Perguntaram uníssonos.

— O bebê ainda está sentado, enquanto já deveria ter mudado de posição e estar se preparando para o futuro parto. Geralmente os motivos para posição pélvica justamente é o cordão umbilical pequeno. Não é nada que possa afetar a saúde do bebê, mas para completa segurança da mãe e do bebê é recomendado a cesariana. Ainda pode ocorrer do bebê virar entre o sexto e o sétimo mês de gestação, mas se isso não ocorrer, vocês devem pensar no parto cirúrgico.

Sara e Gilbert já estavam em casa recobrados do susto. Não havia problema nenhum para Sara de fazer cesariana, se tudo ocorresse bem para ambas. Não era do tipo da mulher que sonhava em ter filho de parto normal, e ainda antes de engravidar não nem era o tipo de mulher que sonhava em ter filho.

— Você me surpreendeu. – Sara falou com a cabeça sobre o ombro dele. 

Ambos já estavam nus na cama, recém-recuperados do seu modo preferido de matar as saudades.

— Acredito que isso seja um elogio. –Ele brincou. – Me desculpe por tudo Sar. 

— Eu só queria entender a sua ausência durante esse momento tão único. Eu entendo que tenha que trabalhar, mas...

— Sar, eu estava com um problema. Por isso não podia vir. – Confessou.

— Que problema? Por que não me contou antes?

— Por que você não precisava de mais incômodos. Julia já estava sendo má contigo o suficiente. – Ele sorriu e acariciou seus cabelos que ficavam ainda mais bonitos emaranhados depois de terem intimidades.

— Pelo menos, quem sabe eu te entenderia. – Ela forçou um sorriso. – Quer me contar?

— Eu estava com um problema de contrato. Antes de vir pro Brasil e descobrir a sua gravidez eu tinha assinado um contrato para um trabalho, e quando tentei negociar descobri que a multa era muito grande e eu teria que cumprir. Por isto que nos últimos meses fiquei tão pouco, e muitas vezes não vim. Eu pensava em ti o tempo todo, mas iria ser um problema muito sério. Não é só a questão do dinheiro, ainda que ele contasse, ainda mais agora com Julia vindo ao mundo. Mas isto poderia acabar com a minha carreira de ator, e com você indo pros Estados Unidos sem emprego, bem essa era a única coisa que eu sabia fazer... Eu tive que sacrificar meu tempo com você, para que quando estivesse lá não passássemos por problemas. E bem, eu não queria te contar isso, por que não sabia se entenderia, ou se ficaria tão preocupada como eu estava.

— Eu entenderia meu amor, claro que entenderia. Bem, pelo menos agora de bom humor eu sei que sim. – Ela riu, sabendo que talvez não fosse da mesma forma se seus hormônios estivessem a todo vapor. – Obrigado por cuidar de nós, mesmo de longe. – Ela sorriu se ajeitando na cama para conseguir lhe depositar um beijo nos lábios. – Mas eu tenho mais uma pergunta.

— Faça.

— Quanto tempo vai ficar aqui?

— Até a consulta de sete meses. – Ele sorriu. – Ficarei esse mês com você, um dia depois da consulta irei embora, e voltarei antes da consulta dos oito meses e ficarei aqui até Julia ser liberada para ir pros Estados Unidos. Agora que aquele projeto que me prendia lá terminou, só tem uma coisa que me prende: Você. Eu te amo Sara Sidle.

— Te amo Gilbert Grissom.


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Notas finais do capítulo

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