Quando acordaram decidiram enfrentar de frente os leões: Iriam almoçar fora. Foi uma ideia dada por Sara e muito bem aceita por Gilbert.

“Será que isto já chegou ao Brasil?”. Sara pensou. Não que ela não tivesse noção de que as fãs brasileiras já soubessem, mas ela pensava em uma escala maior, como sites de fofocas brasileiros, bem como programas na televisão aberta do país. Tudo que não queria era seu rosto estampado em todas as revistas.

— Sei de um ótimo restaurante, aposto que irá amar. – Gilbert disse entusiasmado, sabendo que seria uma batalha chegar lá com toda a imprensa em cima.

— Ótimo. Posso tomar um banho antes? – Perguntou sorrindo.

— Claro. – Falou devolvendo-lhe o sorriso.

Gilbert então buscou toalhas para Sara que iria vestir a mesma roupa já que não havia levado nenhuma.

— Ei. – Gilbert sorriu.

— Sim.

— Isso caiu da sua mala, não sei, mas acho que seria útil. – Estava com uma peça de roupa íntima na mão, não poderia negar que vinha a calhar, porém Sara corou. Como poderia ter esquecido isso na casa de Gilbert?

— Obrigada. – Disse pegando a peça e a tolha das mãos dele e dirigindo-se ao banheiro.

Sara ligou o chuveiro, esperou que a água esquentasse enquanto se despia. Não costumava trancar a porta do banheiro desde que teve um desmaio no banheiro a alguns anos e demoraram a abrir,  também não o fez agora, apenas encostou a porta. Além desta, tinha outra mania, uma que Gilbert iria descobrir em poucos minutos: Sara cantava no banho.

“Al momento de ser realista nunca me considere una especialista, y sin embargo algo en mi cambio. Se exactamente como sucedió”. Sara havia começado a cantar, sem ao menos perceber.

“Mi corazon palpitaba cada vez que se hombre se me acercaba y con el tiempo me empezo a gustar. Debo decir que no me fue tan mal”. E foi neste momento que Gilbert começou a aproximar-se para ouví-la.

Gilbert decidiu encostar-se a porta e foi quando percebeu que  não estava trancada, ainda sem abri-la ouviu Sara cantar mais um pouco, porém não resistiu, e decidiu abrir. Não podia ver seu corpo nu por conta do vidro jateado que o deixava apenas semitransparente, porém suas curvas ainda eram plenamente visíveis e adorava ver.

Sara parecia empolgar-se então depois de acabar o refrão e cantar essa parte da música, como se houvesse um significado mais profundo para ela:

“Yo nunca fui muy afortunada mis anteriores novios no me cuidaban, me maltrataban y me hacian llorar y nadie me venia a consolar. Ahora estoy como loca pensando que voy a comerle la boca. Quiero besarlo hasta sentir dolor y someterlo a nuestro hermoso amor”.

Quando percebeu a presença de Gilbert, calou-se, parando de cantar, já havia terminado o banho e desligou o chuveiro.

— Por que parou? Sua voz é linda.

— Obrigada. – Sara disse sem graça puxando a toalha para dentro do box e enrolando-se.

— De verdade, nunca pensou em cantar?

— Não, nem quero. Não nasci para a fama Gris. – Piscou. – Embora eu saiba que esteja prestes a enfrentar algo pior que isso. – Riu nervosa.

— Ainda tem tempo de desistir.

— Nunca. – Sua voz era firme.

Após secar-se e vestir-se Sara colocou um óculos escuros de Gilbert e um boné para poder esconder um pouco seu rosto. Gilbert estava de rosto limpo, como se fosse dar a cara a tapa.

— Está preparada? – Gilbert sorriu antes de sair do apartamento, abrindo a porta para Sara sair primeiro.

— Sim. 

Saíram e antes de fechar a porta Gilbert recomendou a Hank que se comportasse. Desceram de elevador. Foram até a garagem e entraram no carro de Gilbert. Ele colocou a chave na ignição e ambos respiraram profundamente.

Ligou o carro e abriu a garagem para sair. Havia uma pequena multidão na porta, todos relacionados a revista de fofocas e páginas do facebook, todos procurando um espaço para falar e fotografar a dupla dentro do carro.

Ao constatarem que havia mesmo uma mulher com ele, ficaram ainda mais alvoroçados. Quando finalmente se livraram e conseguiram seguir caminho foram até um restaurante que Gilbert gostava, e que iria preservá-lo, o único problema seria o trajeto do carro até o restaurante, no mais, lá dentro estariam a salvo e poderiam conversar com toda a privacidade que mereciam.

— Chegamos. – Disse Gilbert estacionando o carro.

Ele então olhou para a morena, estava completamente tenso.

— O que foi?

— Agora você tem que estar mais preparada que antes, não terá um escudo de lata para te defender e você sabe que nos seguiram até aqui, não sabe?

— Estou preparada Gris. – Disse tranquila. – Não precisa preocupar-se comigo. – Ela se preocupava sozinha, por que na verdade não estava preparada e nem tranquila, mas respirou fundo e iria enfrentar mais isto.

Desceram do carro. Sara tirou o boné, mas manteve-se com o óculos escuro. Gilbert a abraçou de lado no intuito de protegê-la e saíram do estacionamento. Ele estava tenso, sabia o quanto a imprensa americana sabia ser maldosa, sabiam ser agressivos, e também sabiam ofender.

Não poderia imaginar ninguém tocando um dedo nela ou soltando alguma indireta. Ele sempre havia tratado a imprensa o melhor possível, mas por um momento sentiu que por Sara poderia destruir a todos, ninguém poderia magoá-la ou machuca-la. Ele não deixaria, não enquanto estivesse sob seus olhos.

Por que se enganar mais? Ele a amava.