Hoje e todos os dias escrita por Annabel Evers


Capítulo 1
Único


Notas iniciais do capítulo

Detalhes: eu li as séries principais, PJO e HdO, mas não as outras, então eu posso errar aqui e ali.
Enjoy it!



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Casar aos 25 anos, de frente para um chalé em Montauk, não era o seu primeiro plano, mas desde o dia que Percy sugeriu, a ideia se consolidou na sua mente. A arquitetura de uma abadia medieval foi substituída pelo mar, a brisa que beijava seus cabelos soltos, o crepúsculo que deixava a decoração ainda mais singela e linda. Depois de tantos anos com Percy, a praia também passava para ela a sensação de lar. 

Na realidade, Percy passava a sensação de lar. 

Porque ele era.

Eles planejaram juntos a cerimônia. Não houve brigas: ela amou

Annabeth assistiu ansiosa enquanto os poucos convidados se sentavam. De braços dados com o pai, ela esperava ansiosamente pelo toque da marcha nupcial. Era meio ridículo aquela formalidade, pois a loira conseguia ver de longe Percy descabelando o cabelo, enquanto cruzava e descruzava os braços. E ela tinha certeza que ele também poderia vê-la, se Grover e Thalia não estivessem impedindo-o de virar para sua direção. 

A loira não sentia o famoso nervosismo. Ela e Percy dividiam uma história longa, com muitas dificuldades e provações, mas com uma confiança inabalável um no outro. Ela tinha certeza sobre ele, era Percy quem Annabeth queria, e seria sempre assim. Semideuses podem não ter longas vidas e quando se apaixonam, é algo forte e permanente. 

— Annabeth!

Frederick deu um passo para trás quando Sally, Piper e Hazel vieram apressadamente na direção da loira. Annabeth ia questionar o porquê da demora, mas a sogra ergueu uma tornozeleira prata, balançando-a na sua frente. 

— Eu quero de volta — disse ela, abaixando-se para colocar em Annabeth. — Algo emprestado e velho. 

— Algo novo — disse Piper, colocando no braço da amiga uma pulseira também prata. 

— Algo azul — terminou Hazel, entregando um buquê de rosas azuis. 

— Estamos realmente seguindo tradições, hein — comentou a loira, cheirando as rosas. 

— Você vai ser oficialmente minha filha, então acostume-se comigo — retrucou Sally, sorrindo docemente para Annabeth. 

O abraço delas foi curto. Hazel e Piper beijaram o rosto da amiga e logo foram tomar seus lugares. Piper e Magnus cruzaram o caminho de flores brancas até o altar, assumindo o lugar de padrinhos ao lado de Thalia e Grover. 

Annabeth rezou para todos os deuses que não a deixassem tropeçar na calda do vestido ou algo assim, pois a partir do momento que sua música finalmente tocou e ela se posicionou para fazer sua caminhada, não conseguiu tirar os olhos de Percy. Ele tinha a melhor expressão, o que qualquer noiva poderia desejar: maravilhado, abismado, extasiado. 

E sorria, como se a visão dela de branco, caminhando para ele, fosse a visão mais bela do mundo. 

Frederick beijou a mão da filha antes de depositar na mão do genro. Quebrando todos os protocolos, Percy transformou o beijo na bochecha em um leve roçar de lábios, fazendo os convidados rirem. Mais tarde, quando eles estiverem curtindo o luau organizado para ser a festa de recepção deles, ela prestaria atenção em seus amigos, mas agora ela só tinha olhos para ele. 

De mãos dadas, eles viraram-se para o juiz de paz. Ela parecia concentrada na bela fala dele, mas sua mente fazia uma retrospectiva sobre eles. Lembrou do garoto assustado, porém corajoso, de sorriso irritante e respostas espertas. O amigo que se tornou um namorado fiel, que mesmo após perder a memória, não a esqueceu, o namorado que pulou para o Tártaro, pois o inferno não era pior do que a perspectiva de se separarem. Então os anos de faculdade, o homem mais confiante, mas que preservava sua essência leve e divertida. 

Preservava tanto que brigaram inúmeras vezes pela bagunça no apartamento deles. 

A vida com ele não a assustava. Lidariam com os problemas da mesma forma como lutaram por vezes a fio contra monstros: lado a lado, confiando no outro com sua própria vida.

— Percy Jackson, você aceita Annabeth Chase como sua esposa?

— Hoje, sim — respondeu Percy, o sorriso maroto aumentando ao ver a expressão exasperada da noiva. Os convidados riam. — E amanhã, quando você reclamar que o café está frio, porque você não levantou logo. E depois de amanhã, quando eu tiver uma ideia ou duas de como te distrair de um projeto. — foi a vez dela corar, relembrando as várias vezes que ele fez isso. —  Vou continuar dizendo sim, porque eu te amo, por tudo o que você é, por tudo o que eu posso até não gostar, por tudo o que eu ainda vou descobrir. E pode ter certeza, Annabeth Chase, eu vou dizer sim quando nós dois estivermos velhos e um pouco senis. Hoje, amor, e todos os dias, enquanto nós dois vivermos.

— Era só dizer sim, Percy — brincou Annabeth, embora tivesse visivelmente emocionada. 

— Annabeth Chase, você aceita Percy Jackson como seu esposo?

— Com uma condição — ela tinha certeza que Leo puxou o coro de vaias. — Se você continuar a preparar aquelas panquecas azuis. 

— Cadê seu romantismo, Sabidinha? — ele revirou os olhos. — Meus dons culinários são seus, Annie. Como todo o resto. 

— Eu aceito — disse ela, suspirando. 

 Percy realmente chorou quando viu a irmã atravessando o corredor de flores, trazendo as alianças em uma concha com areia. Estelle abraçou fortemente os dois antes de sentar com a mãe. Annabeth achou adorável como Percy tremia levemente quando colocou a aliança em seu dedo anelar. Ela repetiu o movimento, sem parar de sorrir. 

    — Pode beijar a noiva. 

 Claro que Percy fez uma cena. Ele puxou a loira, agarrando sua cintura com firmeza enquanto seus lábios moviam-se lentamente, mas conduzindo suas bocas a um beijo profundo. Ele inclinou-a, segurando seus cabelos, Annabeth agarrou seu pescoço, o buquê batendo nos ombros dele. 

Eles atravessaram o caminho de flores de mãos dadas. O clima formal se desfez no momento em que eles cumprimentaram a família e seus amigos. Cerca de trinta pessoas fizeram um círculo ao redor deles, jogando grãos de arroz nos noivos. 

Tradição. 

E era, até Percy revidar a quantidade excessiva de grãos que Frank, Nico, Will e Leo jogaram. 

*

Exatamente como planejado, a tarde caiu definitivamente quando a sessão de discursos começou. Sentada no colo de Percy, Annabeth riu muito dos comentários espirituosos e das histórias relembradas — o beijo que acabou no lago de canoagem ou quando Frank os achou dormindo juntos nos estábulos do Argo II. 

Rachel, Nico, Hazel, Will, Sally, Paul, Tyson, Reyna, Quirion. Annabeth e Percy se sentiam gratos por cada fala divertida, porém carregadas de votos sinceros de felicidade. Mas foi surpreendente quando Poseidon e Athena também fizeram seus discursos. Percy ficou visivelmente emocionado com o pai o elogiando tanto, mas logo após assumiu um ar solene enquanto Athena o lembrava de uma conversa deles há anos. 

— O que ela quis dizer com “Lembre-se: não se confunda”? — perguntou Annabeth, cruzando os braços no pescoço do marido. 

— Sua mãe e seus enigmas. Mas dessa vez ela falou sorrindo, ou eu acho que foi, então estou positivo. 

— Que ela te aceitou?

— Algo assim. 

Ironicamente, a festa de casamento era o último lugar que os noivos conseguiam ficar a sós. Annabeth e Percy passaram a próxima hora se divertindo com os amigos, dançando e posando para fotos. Além dos seus pais (deuses), Thalia e Piper não ficaram por muito tempo, mas prometeram que em breve os visitariam. Infelizmente, elas não viram quando Percy causou uma cena ao se ajoelhar na frente da noiva e beijar o tornozelo que tinha a joia prata brilhando. Ele tirou os saltos de Annabeth, tirou seus sapatos e a colocou no braço. 

Percy ignorou a pista de dança montada no tablado de madeira e continuou andando até seus pés tocarem a areia macia. O mar estava estranhamente com ondas calmas (talvez um presente de Poseidon) quando Percy a colocou no chão. Ele fez um gesto com a cabeça e uma música romântica começou a tocar, alta o suficiente para chegar até eles. Os convidados fizeram um semicírculo e, embora Annabeth tenha escutado Estelle argumentando com os pais, todos permaneceram a uma certa distância, dando-lhes privacidade. 

A melodia romântica e feliz os conduziu em uma dança animada, com Percy a girando e cantando — e ela ignorou a voz meio desafinada. Ele estava se declarando novamente. 

— Você é uma piscina num dia de agosto — cantou ele, trazendo-a para perto dele. 

— O maior elogio de um filho de Poseidon — disse ela, sendo girada por ele. 

— Oh, quando você sorri para mim, você sabe exatamente o que faz — continuou ele, aproveitando que Annabeth estava de novo firme em seus braços. 

Eles não pararam de dançar quando a música mudou, agora mais lenta. Annabeth abraçou-o pelo pescoço ao mesmo tempo que Percy segurou-a pelo quadril. Eles moveram-se lentamente, aproveitando a batida romântica. Annabeth fechou os olhos, sentindo a melodia confundir seus sentidos, fazendo-a imaginar que eles estavam totalmente sozinhos. Foi a vez dela cantar, dessa vez aos sussurros, no ouvido do marido. 

Você vai dizer

Que ficará ao meu lado?

Pra me ver por inteiro

Até que o fim da minha vida

Ele a abraçou com mais força, os corpos colados. 

Na próxima música, os noivos foram tirados da sua bolha quando os convidados também retiraram os calçados e foram dançar com eles. Percy deixou Annabeth ter sua dança com o pai e enquanto isso dançou com a mãe e a irmã. Ainda passou-se um tempo até que Annabeth voltasse para seus braços. 

— Quer beber algo? — perguntou Percy.

Ela assentiu e seguiu com ele até as mesas. Passaram por seus amigos sentados e conversando, se serviram de um pouco de vinho rosé, um segurando a taça para o outro beber. 

— Então, Cabeça de Alga… hoje e para sempre?

Percy não disse nada, mas sorriu daquele jeito sarcástico que o deixava mais jovem. Ele puxou Annabeth até a mesa de vidro onde estava o bolo de três andares branco com flores azuis e rosas. Annabeth suspirou. Ela agradeceria a Sally por ter se dedicado tanto aos detalhes. 

— Vem aqui, Sabidinha.

A mulher tomou um susto quando Percy passou um pouco de glacê na ponta do seu nariz, sorrindo como um menino travesso. Ele puxou uma câmera (de onde ele tirou isso?) e tirou uma foto dela, que ainda estava com uma cara surpresa. 

— Queria lembrar de algo antigo entre a gente, sabe? — disse ele, colocando a câmera na mesa e pegando o cupcacke com o furo do dedo dele na cobertura. — Achei que você não ia curtir muito ser lançada na água com esse vestido… então pensei no melhor bolo de aniversário que eu já ganhei. 

Nós não somos um casal muito convencional, pensou Annabeth ao sujar as bochechas dele com o resto da cobertura. O curso do amor verdadeiro nunca flui suavemente, já dizia Shakespeare. Annabeth era grata a cada curva que o amor deles tomou.

Percy e ela disputaram as últimas mordidas no cupcake.

E o beijo dele continuava tão doce e inebriante como sempre foi.


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Notas finais do capítulo

Queria algo leve e com a dose certa de sentimento. Percabeth é, na minha humilde opinião, um dos casais mais bem construídos de séries juvenis. A casa de Hades é um dos meus livros favoritos porque você vê nitidamente como o relacionamento deles evoluiu ao ponto de ambos já começarem a pensar em um futuro para eles. E o fim que o Rick deu a eles, faculdade e tal... Para mim, eles vão percorrer esse caminho.
Foi a primeira vez que eu escrevi sobre eles, então espero ter conseguido captar bem a essência dos personagens ;)