Sirius Black e Roxanne Malfoy escrita por BiancaBlack
Roxanne raramente prendia os longos cabelos louro-platinados.
As exceções eram apenas duas: jogo de Quadribol e festas, nas quais ela fazia um penteado mais elaborado.
Dessa vez, seu cabelo estava firmemente amarrado em um rabo de cavalo, seria o jogo. Contra a Grifinória.
Por mais que ela estivesse nervosa, não deixou transparecer para as amigas quando saiu do banheiro e desceu com elas para tomar café no Salão Principal.
Quando se sentou a mesa da Sonserina, pode ver na mesa ao lado os jogadores da Grifinória, sérios e calados – com exceção a Sirius Black e James Potter, que ficavam rindo de piadinhas internas como sempre, sem se preocupar com o jogo que seguiria a refeição.
— vamos, Roxanne. – chamou Mulciber, o batedor do time.
Roxanne deixou seu café pela metade e saiu com o time para o campo de Quadribol. Separou-se dos demais quando foi se vestir e, faltando poucos minutos para o início do jogo, ouviu o discurso entediante de Lucius, seu primo, e enfim saíram do vestiário.
Madame Hooch mandou que os jogadores montassem suas vassouras e, ao ser obedecida, soprou o apito.
Os jogadores subiram para o céu cinzento e a partida começou. A posse da goles estava nas mãos de Marlene McKinnon, da Grifinória.
Roxanne foi com velocidade para cima de Marlene, que tentou passar por baixo da outra, mas esta girou a vassoura de modo a ficar de ponta cabeça, suspendendo os braços e agarrando a bola. Durante um minuto, a goles ficou sendo disputada pelas duas, mas Marlene a soltou quando sua unha quebrou.
Roxanne riu da careta de dor da adversária e seguiu alguns metros pelo campo antes de jogar a bola para o outro artilheiro, Rodolphus Lestrange.
Sirius tentou acertar um balaço em Rodolphus, mas por pouco ele desviou e devolveu a bola para Roxanne. Mulciber rebateu o balaço em James, que foi defendido por Frank Longbotton.
Roxanne seguiu pelo campo e se aproximou das balizas da Grifinória. O goleiro, Benjy Fenwick, estava na baliza central. Roxanne mirou no aro da esquerda e arremessou com precisão.
Benjy jogou sua vassoura para a esquerda, mas a Goles escapou por pouco de sua mão estendida e cruzou o aro.
— GOL DA SONSERINA! – anunciou a narradora, Lohanie Jackson.
O jogo continuou por mais horas, seguindo um placar de quatrocentos e cinqüenta para a Sonserina contra trezentos para a Grifinória.
As nuvens começaram a escurecer e os ventos ficaram mais fortes, indicando uma tempestade imensa que iniciaria logo e dificultaria o jogo.
— MULCIBER! – gritou Roxanne quando um balaço passou raspando por ela e ele não a defendeu como deveria.
A chuva começou e as coisas ficaram complicadas para a Grifinória.
Mary McDonald, uma das artilheiras grifinas, não era exatamente forte; então quando tentava arremessar a goles para a baliza adversária ou para a companheira, Marlene, a bola era carregada pelo vento e o desvio prejudicava.
Em um desses desvios, Roxanne conseguiu alcançar a bola antes que ela caísse no chão. Subiu novamente e avançou para as balizas adversárias.
Quando estava prestes a parar e arremessar, Roxanne viu um vulto se aproximar velozmente do seu rosto e logo sentiu uma dor imensa atingi-la e desviá-la de seu trajeto. Roxanne começou a cair e foi salva pouco antes de atingir o solo.
— INTERVALO! – gritou a narradora.
O time da Sonserina desceu de um lado e os Grifinórios de outro. Foram se proteger da chuva sob um toldo.
— Roxanne!
A garota agora tinha um feio corte na testa, bem no canto direito.
— melhor substituirmos você. – falou Mulciber, fazendo menção a tocar o ferimento dela, mas foi interrompido por um forte tapa de Roxanne em sua mão.
— por você não saber defender?! – brigou, gritando para ser ouvida sobre o rugido do vento. – Não seja estúpido, Mulciber. Eu vou continuar no jogo!
Mulciber franziu o cenho em cólera.
— se você fosse mais cuidadosa, Black não teria te acertado!
— não jogue a culpa em mim, seu trasgo! Eu vou continuar no jogo e nem ouse tentar me impedir!
Foi até a vassoura que estava encostada no banco de madeira e a agarrou. Limpou o sangue na manga, ignorando a dor e falou, ainda zangada:
— vamos logo, antes que a tempestade piore.
Rodolphus fez sinal de “espere”.
— é melhor fazermos um curativo no machucado…
— não ouviu o que eu disse, Lestrange? Antes que a tempestade piore!
Todos olharam para Lucius, este deu de ombros.
— ela está certa.
Então voltaram para o jogo. O intervalo tinha durado apenas cinco minutos, então a tempestade não se alterou em nada.
Madame Hooch soou o apito e o jogo recomeçou.
A vista de Roxanne estava um pouco afetada pelo ferimento na cabeça e a chuva, mas isso não a impediu de fazer a maioria dos gols que seguiram.
A partida estava quinhentos e vinte a trezentos e oitenta para a Sonserina quando James avistou o pomo, antes de Lucius.
A chuva e o vento tinham diminuído, então James não teve tanta dificuldade em seguir o pomo.
Lucius devia estar em vantagem por conta de o seu peso ser superior ao de James, e não ser tão afetado pelo vento. Mas mesmo assim, James estava mais próximo de apanhar o pomo que o sonserino.
— VITÓRIA DA GRIFINÓRIA! – com um brado, a torcida da Grifinória ultrapassou o rugido do vento e desceu as arquibancadas para saudar seu time.
O time da Sonserina desceu e foi para o vestiário.
— se você tivesse deixado a gente te substituir… – começou Rodolphus.
— como é que você tem a cara de pau de me culpar, imbecil? – sibilou Roxanne. – Se quer reclamar, vá praticar melhor seu arremesso antes.
Greengrass coçou o queixo.
— a vitória deles não foi pelo individual dos jogadores. O time deles tinha mais coesão que o nosso.
Roxanne deu uma risada fria.
— logicamente. Demonstramos isso quando ao invés de me defender, nosso batedor, Mulciber, atacou ou pior, ficou parado.
Mulciber rangeu os dentes.
— olhe, Malfoy, a questão…
— é exatamente essa. – completou irritada. – Não adianta falarmos disso se não estamos prontos para ouvir nossos erros.
— Roxanne, vamos cuidar dessa ferida e…
— eu não quero saber dessa porcaria na minha testa, Greengrass! Perdemos esse maldito jogo para a Grifinória. Estão entendendo? E o imbecil quer jogar a culpa em mim.
Roxanne viu que a chuva tinha parado e saiu para o campo, ainda com o uniforme encharcado.
Quando os grifinórios venciam, o time da Sonserina sempre ficava alterado, mas Roxanne definitivamente odiava ter que assumir erros. Principalmente quando não os fazia.
Roxanne sentiu o ferimento na testa doer ao pensar no assunto.
O time da Grifinória, como Greengrass dissera, tinha mais harmonia que os sonserinos. Pelo menos nesse último ano, quando alguns membros tinham sido trocados e Roxanne tivera uma discussão com os colegas.
— não cumprimentar o time adversário quando você perde demonstra um péssimo espírito esportivo. – disse uma voz atrás dela.
Roxanne se virou e encarou Sirius.
— que você quer? – perguntou irritada.
Ele olhou para um ponto acima de seus olhos, onde o ferimento aberto adquiria um tom esverdeado ao redor.
— isso aí está horrível.
Ela sentiu o mundo girar. Quando parou ela retrucou:
— se veio se desculpar, perdeu seu tempo.
Ele revirou os olhos.
— por que eu faria isso? A culpa é do idiota do seu batedor e sua.
— o que você quer, Black? – perguntou mais impaciente. – Veio jogar na minha cara sua vitória? Também não é espírito esportivo, isto.
O mundo girou mais uma vez, mas ao invés de parar, ele apagou.
Sirius se apressou e segurou a garota em seus braços antes que ela atingisse o chão.
Roxanne acordou horas depois, na enfermaria. Assim que abriu os olhos, viu Sirius sentado folgadamente na cadeira ao lado de sua cama, conversando com James, Marlene e Lilian.
Ela sabia que tinha uma atadura cobrindo seu ferimento, sinalizando que já fora atendida pela enfermeira, mas mesmo assim soltou um gemido de dor ao se sentar e sentir a cabeça latejar.
— você devia ficar deitada. – ponderou Sirius.
Roxanne revirou os olhos.
— que pena. – ajeitou-se um pouco e olhou ao redor. Além deles, não havia mais ninguém no cômodo.
Marlene a olhou com desprezo.
Roxanne não se dava bem com nenhum grifinório, dados vários motivos, incluindo ela ser da Sonserina, mas Marlene era quem ela menos gostava.
— como está se sentindo? – perguntou Lilian pouco a vontade.
Esta constantemente era xingada por sonserinos, e muito embora Roxanne não tivesse esse costume, já a chamara de nomes feios algumas vezes durante o tempo que se conheciam.
— melhor sozinha. – respondeu Roxanne com frieza.
Marlene deu um sorrisinho debochado.
— pelo jeito você é tão amarga que nem seus “amigos” sentiram sua falta.
O olhar que Roxanne deu à loura seria o suficiente para aterrorizar os sonhos de qualquer criança. Ela sorriu com desdém.
— veio ver sua unha, McKinnon?
Sirius segurou uma risada, assim como James.
Marlene franziu o cenho em cólera.
— não, Malfoy, vim ver se a sua excelência podia parar de atrapalhar nossa comemoração com seu suposto “desmaio”.
Roxanne franziu o cenho.
— ah, por que você acredita que eu fingiria um desmaio, tolinha?
— para chamar atenção, óbvio. – respondeu Marlene, agora vermelha de raiva. – Sirius estava com você e você convenientemente desmaia nos braços dele. Ah, ninguém merece.
Roxanne riu com deboche.
— ah, querida, a única falsa o suficiente para fazer isso aqui é você!
— como é? – trovejou Marlene, já começando a avançar sobre a outra.
— ora, McKinnon, eu não fico igual uma idiota lambendo o Black pra lá e pra cá em busca de atenção.
Sirius olhou para as duas, confuso em como seu nome fora parar naquela discussão.
— olha aqui – falou Marlene berrando. – eu quem terminou com ele, está bem…
— porque estava te traindo, parabéns.
Marlene enfim chegou ao ápice de sua fúria: pulou em cima de Roxanne.
— para, McKinnon! – James interceptou-a em seu pulo e a puxou para trás, com ajuda de Sirius.
Roxanne soltou o ar que tinha prendido numa risada.
— que sinal de coragem. – debochou. – Atacar uma garota que está se recuperando de um acidente. – balançou a cabeça em desaprovação.
Demoraram um tempo para acalmar Marlene, principalmente depois desse comentário. Quando conseguiram, Lilian falou:
— bem… estávamos de saída. – se aproximou de James, este passou o braço ao redor de sua cintura. –Tchau.
— vão tarde. – respondeu a garota.
Eles saíram e Roxanne ficou sozinha.
Ela notou que ainda estava com o uniforme do time, agora seco. Levantou-se e com um pouco de dificuldade seguiu para as masmorras, onde fica a sala comunal da Sonserina.
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