Lenora e Phillip — Um amor quase impossível escrita por Sami


Capítulo 23
Capítulo 22


Notas iniciais do capítulo

Reta final, oficialmente.



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Capítulo 22 

(...) 

 

Os jantares entre os irmãos Weston eram sempre entre muito falatório e trocas incomuns de fofocas, as quais a grande maioria vinham de Phillip. Contudo, naquela noite, o mais velho se encontrava calado demais.  

Após o passeio no parque Phillip retornou para Pambley com a intenção de distrair os pensamentos relacionados a Lenora e o beijo, tentou encontrar respostas para o motivo da rixa entre suas famílias — afinal estava com posse das cartas e os diamantes e joias encontradas —, mas para sua frustração, ele nada encontrou.  

Nenhuma pista, nenhuma carta escondida. Absolutamente nada.  

Foi um restante de dia frustrante para ele, pois com a mente desocupada, seus pensamentos acabaram o levando de volta para a noite do beijo e para a mesma noite em que sonhara com Lenora em seus braços.  

Phillip não negaria que beijá-la mudou tudo e até mesmo os sentimentos que tinha em segredo por ela e, sonhar com Lenora acabou se tornando mais frequente do que ele gostaria. Não que visse problema e vê-la em seus sonhos, pelo contrário, sempre que fechava os olhos desejava por isso, por ver seu rosto se materializar e ganhar vida, mas depois do beijo... 

Seus sonhos o despertavam no meio da noite, Phillip acordava suado e com o corpo rígido. Sua mente se encontrava em uma confusão de pensamentos, sensações e vontades e quando se recordava das imagens, sentia-se tomado pela vergonha.  

E isso era ainda pior durante os jantares, pois era como se sua mente já o alertasse do que aconteceria quando enfim descansasse. E naquele momento, não era muito diferente.  

Phillip optou por manter-se calado porque sabia que não podia confiar na própria mente e muito menos nas próprias palavras, observava seus irmãos conversarem de forma animada sobre algo que iriam fazer junto a babá, mas não estava realmente atento a eles.  

Manter-se afastado da conversa atual mostrava-se um problema, pois sua mente o trairia quando menos esperasse. 

— Phillip? — um deles chamou, mas o visconde se encontrava tão perdido na própria mente que sequer percebera quem foi que o chamou.  

Na verdade, nem mesmo ouviu o chamado.  

Kate e Charles trocaram olhares confusos, os mais novos pareciam confusos quanto ao modo de agir do mais velho e por isso fizeram uma nova tentativa de chamá-lo, porém, o mesmo aconteceu. Ele não pareceu ouvi-los.  

Tomando a decisão de atrair a atenção do irmão, Charles colocou um pedaço grande de batata em sua colher e fez o que deveria ser uma catapulta, a lançou de forma certeira, fazendo-a acertar em cheio a lateral do rosto de Phillip.  

Que finalmente despertou de seu transe.  

— O quê?  

— Estamos os chamando e não nos ouviu! — protestou Kate, ao mesmo tempo em que justificava a atitude do irmão gêmeo.  

A batata que o acertou no rosto escorreu e caiu em seu colo, Phillip resmungou algo sem sentido e limpou a face com o guardanapo. Tirando o pedaço da mesma de seu colo e a colocando ao lado de seu prato.  

— Uma batata? 

— Precisávamos chamar sua atenção de alguma maneira. — responde Charles com um mover simples com os ombros.  

Phillip assente devagar, de fato, havia se distraído demais, por motivos que os dois jamais poderiam ter conhecimento.  

— Desculpem-me — diz. — Estou ouvindo agora.  

Os gêmeos comentaram algo sobre um possível piquenique que gostariam de fazer junto a babá na próxima semana, Phillip evitou mostrar seu desconforto por ter sido deixado de lado pelos mais novos, afinal, gostava de passar um tempo com os dois, mas quando percebeu a animação deles pelo evento simples — e por estarem o planejando sem a ajuda de um responsável — deixou de lado seu pequeno aborrecimento e os incentivou a tal.  

— Será apenas um piquenique?  

Kate assentiu. 

— Vamos passear pela propriedade e depois ficar perto do lago — contou orgulhosa, pois parte do plano fora organizado por ela.  

— Sabem que qualquer reclamação que ouvir da babá os dois ficarão de castigo, não é? — lembrou o mais velho.  

Os gêmeos balançaram a cabeça ao mesmo tempo. 

— Sabemos.  

— Não precisa se preocupar, vamos nos comportar. — assegurou Charles.  

Phillip tinha suas dúvidas quanto ao comportamento deles, os conhecia bem demais para temer que eles estivessem planejando algo travesso por trás desse piquenique, mas achou que seria bom de sua parte dar um pouco de confiança aos dois. Mesmo que seu interior estivesse o alertando a manter-se atento a possíveis contratempos envolvendo travessuras bizarras e brincadeiras terríveis.  

O jantar seguiu normalmente, Phillip evitou se deixar distrair e até mesmo tentou contar alguma fofoca que tinha conhecimento, o que o ajudou no começo, mas que depois de mostrou uma artimanha falha, pois quando Phillip menos se deu conta, estava recontando fofocas antigas. 

E seus irmãos perceberam que tinha algo de errado, mas para sua sorte, não fizeram nenhum comentário a respeito.  

 

 ●●●

 

Após três dias desde a visita inesperada do conde Fox a sua casa, o humor de Lenora se transformou em algo monstruoso e completamente descontrolado.  

Sua irritação era evidente e quando a família a percebeu, se viram forçado a evitar qualquer tipo de contato direto com a caçula no decorrer desses dias, mas chegou um ponto em que era preciso enfrentar o humor decadente dela e seus pais se mostraram firmes em não deixar que isso interferisse na relação familiar.  

Todos sabiam que a visita do conde transformara Lenora, mas não de um jeito bom. Apesar de ela não ter sido tão rude como costumava ser para afugentar os possíveis candidatos, a forma como seus irmãos agiram como se já houvesse um casamento a ser planejado muito a irritou. E ela acabou descontando toda sua irritação em que estivesse mais próximo.  

Nem mesmo pensar na rixa ou nos diamantes a ajudou e mesmo que Lenora não estivesse muito sociável, Lady Grace achou que seria bom para ela participar do primeiro evento da semana. Um recital.  

O lugar era magnifico, grande e espaçoso. Acomodava muitos convidados e dentre esses convidados Phillip Weston, mas Lenora nem mesmo tinha conhecimento de sua presença. Tão pouco sabia que ele se encontrava junto a tia, a condessa Emma Beston.  

Lenora ficou mais aliviada ao ouvir de alguma fofoqueira que o conde não estaria presente, ouviu que ele precisava resolver algumas questões pessoais e isso pareceu deixá-la menos emburrada. A mudança foi notada pela mãe.  

— O que a fez seu humor melhorar?  

Mentalmente ela resmungou algo sobre a perspicaz da mãe em sempre se atentar as mudanças da filha e se odiou por ser tão expressiva. 

— Nada — deu com os ombros. — Só achei que era hora de melhorar o humor. 

Ela jamais contaria que isso apenas aconteceu por saber que não seria importunada pela presença do conde, ao menos não para sua mãe.  

— Bem, fico feliz que isso finalmente aconteceu — murmurou sua mãe com um sorriso. — Estávamos enlouquecendo com seu péssimo humor e pensávamos que seria necessário finalmente interferir.  

— Que bom que não foi necessário.  

A mais velha assentiu.  

O recital começou e foi sufocante. Lenora não queria estar presente naquele recital, mesmo que seu humor estivesse um pouco melhor do que horas atrás, ela ainda não se via devidamente bem-humorada para ser sociável e tão pouco para ouvir música. Contudo, esforçou-se ao seu máximo para que isso não atingisse as irmãs Hollow.  

Levou cerca de quarenta minutos até que todos aplaudissem e aproveitassem o restante do evento, Grace permitiu que Lenora se aventurasse pelo lugar — mas que não fosse muito longe, pois se o conde aparecesse, iria fazê-los ao menos ter uma conversa — e ela não perdeu tempo em desaparecer do campo de visão da mãe.  

Seguiu pelo salão até encontrar um canto pouco vazio, achou que conseguiria manter-se escondida ali, mas quando foi abordada pela primeira vez, fugiu como se estivesse fugindo de um perseguidor.  

Queria ficar sozinha, na verdade, se não fosse abordada por ninguém já se sentiria satisfeita.  

Lenora seguiu até os corredores, sabia que não era nada cortês entrar em salas que não fossem de sua casa, mas para o inferno as regras do decoro. Entrou na primeira que encontrou aberta e fechou-se ali dentro.  

Suspirando alto quando foi recebida por um silêncio acolhedor.  

— Lenora?  

Se virou no mesmo instante, girando pelos calcanhares ao reconhecer a voz a chamá-la. Lá estava ele, escondido entre as sombras da pouca luz da sala, Phillip Weston.  

O homem que ela beijara.  

— Phillip! — exclamou alto, assustando-se e se arrependendo pelo próprio descontrole de sua voz. — Phillip.  

O chamou de forma mais sutil, sentindo a respiração se tornar mais complicada quando o viu sair por entre as sombras e finalmente se mostrar à luz.  

Como aconteceu quando o encontrou três dias antes, seu coração bateu mais forte, forte ao ponto de ela levar a mão até ele como se o obrigasse a mantê-lo dentro de seu peito.  

— O que faz aqui? — ele cortou o silêncio formado entre eles, encarando-a com leveza.  

— Eu só precisava... Estou de péssimo humor. — confessa, arrumando o vestido em seu corpo. 

Phillip fez menção de rir, mas limitou-se em apenas esticar os lábios de forma singela, exibido um sorriso mais discreto.  

— Não queria vir, não é?  

Lenora concorda.  

— Não — admite. — Mas acho que foi bom eu ter vindo — lentamente ela ergue o rosto de modo a conseguir olhar Phillip nos olhos. — Caso contrário não iríamos conseguir conversar.  

A face dele se transforma numa expressão pesada e séria, Lenora nunca admitiu isso a ele — e jamais o faria —, mas não gostava quando Phillip se mostrava sério, gostava de vê-lo sorrir, descontraído e tomado pela euforia sempre que se encontravam para fofocar. Ela sabia que a mudança em suas feições foi devido ao que significava ter aquela conversa e não o culpava, afinal, se tratava de um assunto sério.  

E o conhecendo como sabia que o conhecia, ele trataria aquele assunto com seriedade.  

— Lenora... 

— Eu não consigo parar de pensar sobre o que houve entre nós! — ela o interrompe, sentindo as palavras serem atropeladas. — Desde aquela noite eu... Eu não paro de pensar sobre o beijo e sobre como tudo entre nós mudou.  

— Mudou. — ele concorda. — Muita coisa mudou, Lenora. 

Seu cenho se franziu, ela não gostou do que as palavras de Phillip pareceram e torcia para que tivesse compreendido errado.  

Para ela, o que mudou foi o que tinham. Um beijo simples transformara a amizade que tinham em algo completamente diferente. Lenora tivera sonhos, sensações e céus, passara dias desejando encontrá-lo para que pudesse ser beijada novamente. Será mesmo que foi tão tola ao ponto de iludir-se a si mesma?  

De forma automática, Lenora cruzou os braços como se tentasse proteger-se do golpe que viria em seguida, uma medida tola, afinal, seriam palavras que iriam feri-la e não algo físico, mas ela achou que assim iria fazer com que o golpe fosse menos doloroso. 

— O que fizemos foi perigoso, alguém poderia ter nos vistos e por muito pouco não somos pegos por seu irmão — Phillip a surpreende com suas palavras, enquanto fala ele caminha em sua direção, diminuindo a distância entre eles. — Foi um tipo de risco que não me arrependo de ter corrido, na verdade, acho que isso apenas deu-me coragem para finalmente dar-me conta de que não posso ser desonesto com meus sentimentos e nem mesmo com você.  

Lenora sentiu que prendera a respiração, se antes seu coração já batia acelerado, naquele momento ele se encontrava prestes de rasgar seu peito e saltar para fora. Tamanha era a forças de suas batidas.  

Ao piscar, ela se deu conta do quão próxima estava dele, fora Phillip quem mais moveu-se desde que aquela conversa — se é que poderia chamar aquilo de conversa — e ela percebeu que não saiu da frente da porta. Servindo como bloqueio para quem tentasse abri-la.  

Suas pernas se tornaram traidoras, sentia que poderia cair a qualquer momento e precisava encontrar uma forma de conseguir algum tipo de apoio, seja lá qual fosse ele. Mentalmente ela se preparava para suas palavras, Phillip acabara de dizer que precisava ser honesto e ele era um cavalheiro, iria dispensá-la sem que a ofendesse — ao menos era nisso que ela acreditava.  

— Eu sempre imaginei como seria beijá-la e tê-la em meus braços, mas nada do que imaginei no decorrer desses quatro anos chegou perto da realidade, da magnitude que foi senti-la — a fala de Phillip a deixa sem a capacidade de responder.  

Lenora consegue apenas piscar, a boca aberta pela surpresa.  

— Escondi o que sentia por você durante todo esse tempo e quando você me beijou foi... — ele se interrompe, fecha os olhos e seus lábios se esticam de forma involuntária ao lembrar-se do beijo. — Tenho passado esses dias apenas com você em meus pensamentos e quando a vi três dias atrás... Percebi que não teria descanso algum enquanto não fosse honesto com você.  

Novamente sua boca se abriu, ela tentou responder, mas as palavras fugiram. Até mesmo sua mente — sempre rápida em pensamentos — se encontrava encabulada com o que acabara de ouvir. Lenora piscou diversas vezes, verificando que não estava em um daqueles sonhos atrevidos que tivera nas noites anteriores, mas era tudo real. 

A presença de Phillip era real, sua imagem bem na sua frente a encará-la era real.  

E se... 

Hesitante ela avançou, seus passos eram falhos e trêmulos, mas ela conseguiu se aproximar dele até que conseguisse sentir a respiração quente dele contra seu rosto. E devagar, ela esticou a mão em direção ao seu rosto, os dedos estavam escondidos pela luva, mas pouco se importou com tal detalhe. Queria ter certeza de que não estava sonhando e tocou.  

Teve certeza. Ele era real.  

— Percebi tarde demais o que estava acontecendo e precisei me arriscar para ter certeza de que eu queria — Lenora faz uma pausa na própria fala, era estranho perceber que minutos atrás estava achando que Phillip iria rejeitá-la e que agora, estava certa de que ele a queria.  

Que sempre a quis.  

— Acho que seria melhor se trancássemos a porta — diz, percebendo que mesmo estando diante do que desejou no decorrer de todos os dias que se passaram, ela ainda era capaz de fazer algum comentário leve.  

Phillip sorriu um tanto sem jeito. 

— Eu concordo.  

Ele esticou a mão para trás e Lenora ouviu em poucos segundos a confirmação de que estavam trancados dentro daquela sala. Dessa vez sem ninguém para interrompê-los. 

 

 

 


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