Lenora e Phillip — Um amor quase impossível escrita por Sami


Capítulo 21
Capítulo 20




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/799657/chapter/21

Capítulo 20 

(...) 

 

Lenora contou exatamente uma semana desde que muito aconteceu. Uma semana desde que descobriu a verdade sobre a rixa entre sua família e a família Weston — menos o motivo para tal. Uma semana desde que encontrou os diamantes em seu quarto e claro, uma semana inteira desde que fora beijada pela primeira vez.  

Ela não compreendia muito sobre beijos, afinal aquele fora o seu primeiro, mas sentia-se muito diferente de como era dias atrás. Apesar de não fazer ideia do que exatamente, ela sentia que algo mudara dentro de si.  

Imaginou que ser beijada seria o suficiente para levar sua vida para outro caminho, mas estava enganada e descobriu que isso apenas fazia com que ela guardasse mais alguns segredos de sua família. Eles não poderiam saber que ela fora beijada e tão pouco que invadiu a casa junto a Phillip para encontrar diamantes.  

No momento ela se encontrava sentada no sofá, tentando inutilmente terminar um bordado que começara anos antes, o desenho incompleto do que deveria ser uma rosa não estava nem na metade e não tinha forma alguma. Lenora sabia que era perca de tempo insistir no bordado, mas precisava distrair a mente enquanto não se encontrava com Phillip novamente.  

E fazia uma semana inteira desde que o vira pela última vez, não porque estariam fugindo do outro, mas simplesmente pela pausa nos eventos devido a um casamento inesperado de uma moça que ela não conhecia com um duque qualquer.  

Era o meio da tarde, ou como sua mente a lembrou: uma tarde tranquila sem visitas de cavalheiros desesperados por um cortejo que não aconteceria. E Lenora sentia-se muito satisfeita com aquela tranquilidade.  

— Onde ela está!? — a voz alta e quase desesperada de Andrew a tirou de seus pensamentos, fazendo com que ela saltasse do sofá devido ao susto.  

Calmamente ela colocou o bordado de lado e se colocou de pé, caminhando em direção a origem do som, mas parou após cinco passos, quando encontrou o mais velho vindo a seu encontro na sala de visitas completamente vazia.  

Andrew era o mais velho dos irmãos, o herdeiro da família e isso despertava nele um senso de proteção para com os outros três mais novos, ele sabia que como o filho mais velho carregava sobre si a responsabilidade de cuidar da família quando o pai viesse a falecer, mas às vezes, ele se deixava leva pelo título de mais velho.  

Agindo — muitas vezes — como se fosse pai dos outros três.  

Já o tratamento com Lenora era mais exagerado, não por ela ser a caçula, mas por ser a única moça da família e Andrew fazia questão de deixar em evidência seu lado protetor. E naquele momento, com ele a fuzilá-la, ela soube que estava vendo o irmão mais velho e responsável.   

— É verdade o que os libertinos estão dizendo? — pergunta, parando a um pouco mais de meio metro de onde Lenora estava.  

— Eu não sei sobre o que os libertinos conversam, Andrew. — responde como se isso fosse algo muito óbvio.  

E realmente era, uma moça não podia — em hipótese alguma — frequentar as rodas dos cavalheiros; quem dirá as rodas dos libertinos.  

Lenora tinha muitas façanhas para escapar de certas conversas, desconversar e mostrar desdém era uma das inúmeras façanhas que conhecia. O qual também irritava o mais velho.  

— Soube de uma lista de candidatas a matrimônio de Phillip Weston e descobri que seu nome está entre as cinco moças. Tem algo a dizer a esse respeito?  

Foi necessário pensar rápido em como reagir à sua fala, Lenora tinha duas opções na sua frente: Fingir desconhecer o assunto ou fingir não se importar com isso. E ela escolheu o caminho mais fácil para se livrar.  

— Ah, essa tolice? Não dê atenção a isso, não passa de apenas uma fofoca sem fundamentos. Os libertinos inventam de tudo para gerar algum assunto, me surpreende que esteja levando isso tão a sério.  

— Então já estava ciente disso antes de mim?! 

— Claro, descobri no baile que deu uma semana atrás. — contou de forma neutra, como se aquele assunto não causasse nela reação alguma. O que era mentira. — Fiz com que Haskett me contasse sobre isso.  

— Haskett sabe?!  

— Ele é um libertino, Andrew, claro que ele estaria sabendo sobre isso porque frequenta essa roda. — explicou. — E fiz questão de fazê-lo falar, para o bem dele.  

— E quanto a aposta? Também tem conhecimento de que estão fazendo apostas em seu nome e das outras moças? 

— Perderão dinheiro. — responde dando com os ombros. — Não tenho nenhum tipo de relação com o Weston, sabe disso.  

Ele arqueou uma sobrancelha, não parecia convencido de suas palavras.  

— Não consigo acreditar nisso, já que, se seu nome está nessa pequena lista deve ter um motivo. — diz. — Ninguém inventa uma fofoca sobre algo assim sem ter algo como fundamento.  

Ela bufou e fez uma careta, uma que, se sua mãe visse com toda certeza lhe daria um sermão extenso sobre isso não ser modos de uma dama. Lenora viu que precisaria mentir ainda mais do que previu, então fez o mesmo de meses atrás e contou exatamente a mesma mentira de antes.  

— O visconde me convidou para dançar no baile de Lady Plistzzen e antes que veia com bronca, saiba que eu não o reconheci na hora então aceitei. Creio que devem ter colocado meu nome nessa lista por causa da valsa. — argumentou certeira. O que não deixava de ser verdade.  

Claro, ela sabia que o motivo de seu nome fazer parte da lista de candidatas a matrimônio de Phillip era porque todos — exceto sua família — sabiam sobre sua amizade secreta com ele e, esperavam que isso acabasse em algo mais sério e firme.  

Um casamento, por exemplo.  

— Dançou com ele! — ele esbravejou descontrolado. 

— Acabei de dizer que não o reconheci! — ela gritou de volta na mesma intensidade.  

Odiava essa reação exagerada, o grito, os olhos arregalados em um tipo de espanto desnecessário e o descontrole, mas o que podia fazer? Se contasse sobre a rixa e a verdade sobre a mesma isso apenas levantaria mais questões, questões essas que ela não queria ter de responder tão imediatamente assim.  

— Além disso, foi apenas uma cortesia, ele é visconde o que acha que diriam se eu recusasse o pedido? Todos já esperam por uma confusão sempre que esbarramos com o outro, imagina recusar uma valsa de um visconde! — nesse momento seu tom já era mais controlado. — Não se preocupe, essa dança não significou absolutamente nada para mim.  

Aquilo era mentira, mas ele não precisava saber disso. 

— Não para você, mas imagina o que dirão — continuou ele. — Se já a colocaram nessa lista insana de matrimônio não quero imaginar o que dizem a seu respeito com ele.  

Lenora bufou.  

— Eles não dizem nada sobre nós! Todos sabem da rixa, sabem que isso apenas geraria uma enorme confusão que prejudicaria muitas pessoas — isso era verdade.  

Parte de sua amizade com Phillip ser um segredo que não apenas eles guardavam, mas toda a sociedade também impedia que fofocas sobre os dois fossem levantadas. Claro, essa sobre ela ser uma candidata a casamento com Phillip fora algo que ela não esperava acontecer.  

— Tudo bem, mas e quanto a essa lista e seu nome junto? Não acha que devemos nos preocupar? Seu nome associado a um casamento com o Weston gerará muitas fofocas, não demorará para que todos saibam sobre isso e achem que é verdade... 

Lenora revirou os olhos impaciente.  

— O casamento do visconde é um assunto que todos têm comentado desde que ele assumiu o título, as mães casamenteiras praticamente jogam suas famílias para ele. Os libertinos não gostam de concorrência, especialmente aqueles que não possuem títulos, então eles querem tirar um ótimo partido de circulação — disse dando com os ombros. — Claro, uma lista com candidatas envolvendo apostas supera o que eu imaginava que eles poderiam inventar, mas como disse antes, não há nada com o que se preocupar.  

Conforme falava, seu rosto ganhou um ar desdenhoso e despreocupado, algo que ela reconheceu como um feito e tanto. Visto que nunca conseguira fingir como o fazia naquele momento.  

Contudo, Andrew parecia irritado em ver como a irmã estava levando aquele assunto de forma tão imprudente, afinal, se tratava de seu nome e do nome de sua família. Como ela poderia não se importar em ser citada em uma fofoca com um membro da família rival?  

— A forma como desdém de um assunto sério como este me preocupa.  

— Está sendo exagerado. — Lenora se colocou de pé num salto. — Todos sabem que entre me casar com o visconde Weston e permanecer solteira, eu sempre vou preferir continuar solteira.  

Dizendo isso, Lenora esperava todo o tipo de reação e quando sentiu algo estranho e pesado invadi-la, se assustou. Porque existia algo dentro de si que a acusava de ser uma grande mentirosa. Até porque, uma semana atrás fora beijada.  

Ela o beijou e ele respondeu ao beijo e tudo mudou desde então. 

— E quando nossos pais souberem disso, o que acha que vai acontecer?  

— Não vai acontecer nada, porque não há nada para acontecer. — responde de forma impaciente e irritada. — Esse assunto não passa de uma grande tolice... 

— Uma tolice envolvendo nossa família. Envolvendo você.  

— Andrew, eu nunca vou me casar com Phillip Weston.  

O silêncio que se formou entre os dois irmãos não era algo comum, Lenora não podia chamar aquilo de uma quase briga porque sabia muito bem o que estava acontecendo ali; Andrew estava apenas a protegendo de fofocas desnecessárias. Apenas isso. Contudo, suas palavras soaram estranhas para seus próprios ouvidos.  

Claro, ela precisava dizer algo que o convencesse de que ela e Phillip não tinham nada um com outro e por isso ela precisou dizer o que achou que seria o bastante para acabar com aquela conversa de vez.  

E Lenora nunca se sentiu tão péssima como naquele momento. Foi algo semelhante à forma como se sentiu quando disseram para o outro que eram grandes amigos, algo pesado que a deixou desconfortável e claramente afetada.  

Porque se ela tivesse essa opção, ela aceitaria.  

— Bem... 

— Essa conversa já acabou? — perguntou ela, claramente irritada, mas consigo mesma do que com o irmão. — Caso não tenha notado, eu estava muito ocupada antes de vir me julgar por algo que não tenho parte alguma.  

Lenora apontou para o bordado incompleto.  

— Sei que está com esse bordado há quatro anos Lenora e ainda nem o começou direito — seu irmão respondeu. — Mas se deseja finalmente terminá-lo, quem sou eu para impedi-la? A deixarei em paz.  

Ela tentou mostrar o melhor sorriso, mas falhou. Sabia disso.  

— Eu agradeço muito.  

— Mas esteja ciente de que se essa fofoca chegar aos ouvidos de nossos pais teremos uma conversa desconfortável sobre isso — ele a avisou.  

Não para provocá-la nem nada disso, mas apenas para deixá-la preparada. Lenora sabia que se o restante de sua família soubesse sobre a lista de candidatas que ela fazia parte dessa lista, uma reunião de família seria feita e ela teria de se explicar para todos; como acabara de fazer com o mais velho. Mas até lá, ela esperava que a verdade sobre a rixa entre sua família e os Westons fosse revelada.  

— Sei disso — uma pausa. — E repito o que lhe disse antes, não há nada com o que se preocupar.  

— Ótimo, porque eu espero que essa fofoca não acabe com suas chances de ter um bom casamento com algum cavalheiro respeitável.  

— Não vai. — responde ela com falsa convicção.  

O que acabava com as chances de um bom casamento eram os próprios cavalheiros que a abordavam para possível cortejo, todos eram tolos demais e nada daquilo que Lenora queria em alguém. E que seja dita a verdade, ela tinha alguém específico em mente, uma pessoa com quem se casaria de olhos fechados porque sabia que seria feliz com esse alguém. 

Mas enquanto a rixa fosse vista como uma verdade pensar nessa possibilidade era ainda algo distante.  

 

●●●

 

 

Lenora esperava que Andrew fosse embora após a conversa nada delicada que tivera sobre a lista de candidatas a matrimônio de Phillip Weston, mas para sua grande infelicidade, o mais velho não partiu. Na verdade, após meia hora, Benjamin e Christopher também apareceram e se juntaram a eles na sala de visitas.  

O que a forçou a pedir por chá e alguns muitos biscoitos.  

Amava os irmãos, todos sabiam disso e não tinham dúvida de que ela faria o impossível por eles, mas uma visita dos três de uma só vez? Uma semana após ser beijada era... indesejada. A presença deles a impedia de pensar, de ter qualquer pensamento coerente.  

— ... Estou dizendo, mamãe convidou toda Londres para seu baile de aniversário. — disse Benjamin com cautela.  

Estavam conversando sobre o baile da mãe que aconteceria na semana seguinte e os três comentavam sobre quem achavam que estariam presentes. Lenora prestava atenção na conversa, já havia desistido do bordado há tempo.  

Nesse meio minuto entre o comentário do irmão e a risada do mais velho, Jeffs surgiu na sala, em mãos carregava um cartão pequeno e rico em detalhes, com o brasão da família escondido.  

— Srta. Barrington, o conde Fox está aqui.  

Lenora cuspiu o que tinha dentro da boca, sujando a camisa de Christopher com restos mastigados de biscoitos após ouvir o anúncio feito pelo mordomo. 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Lenora e Phillip — Um amor quase impossível" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.