Mudanças. escrita por luhs2


Capítulo 19
Capítulo 19 - Jogos.




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O celular tocava, mas não atenderia. Filetes de lagrimas lhe escorriam na face. O coração apertado, mas não atenderia. Decidiu, prometeu, afirmou que não atenderia, não falaria, não olharia mais para ele. Se estivesse realmente tão desesperado teria de se arrastar aos seus pés implorando por perdão. Mas sabia que ele jamais se rebaixaria a tal ponto. Porque o orgulho nunca o permitiria. E era exatamente aquele orgulho que tanto adorava.

O quarto era grande, as paredes eram da cor amarela clara. Havia uma cama de solteira encostada no canto do quarto. Ao lado dessa havia uma cômoda. E um tapete amarelo. Uma parede do quarto era ocupada pelas portas do closet, e em seguido o banheiro. Uma janela, emoldurado por cortinas amarelas. E encostado em uma outra parede havia um baú de madeira grande e uma estante repleta de livros.

Deitada na cama, abraçada com o travesseiro, estava uma morena com cabelos cor de chocolate presos em duas tranças. Ela usava uma camisola com mangas compridas e com a estampa de um ursinho com cara de sono. Estava com o celular nas mãos mirando a tela angustiada. Seus olhos estavam inchados e vermelhos de tanto chorar. O relógio marcava 20:03h enquanto o celular vibrava sem parar em sua mão, e o nome dele piscava na tela. E a vontade que tinha era de atender aquela porcaria e mandar ele se fuder. Mas preferia ignorá-lo, não havia nada pior do que ser ignorado, na opinião dela. E no momento era exatamente isso que queria, o pior para ele.

 

Não entendo como posso amá-lo tanto. É um jogo, Neji sempre gostou de brincadeiras. É perigoso, sempre soube que tinha a possibilidade de me machucar. Não temos limites. Brincar com fogo é assim. Não posso reclamar de sair queimada. Sempre existiu essa possibilidade. Não sabia que seria tão doloroso. Tenho que me acalmar. Não vou chorar por ele, por isso. Vou ter o mesmo sangue frio que sempre tive. E não vou deixar barato essa traição.

Ela disse esfregando os olhos com o pulso e dando um sorriso forçado.

- Neji, você me paga...

Flash Back[ON]

Queria apenas ligar para minha mãe para ela mandar um carro vim me buscar, o idiota do Naruto tinha aprontado outra. Ratos no refeitório. Aquele imbecil não tinha limites. Negava-me a ficar na escola sendo que a qualquer instante poderia ver uma daquelas criaturas asquerosas correndo pelos corredores.

Abri a porta da secretária, mas aquela incompetente, ridícula estava ocupada no telefone. E odiava esperar. Meus olhos observaram o espaço e pararam no sofá. Um moreno de cabelos lisos e compridos. Deveria ter a minha idade. Parecia irritado, tinha um ar arrogante, prepotente. Nunca o tinha visto pela escola. Como uma faísca, senti algo repentino um misto de interesse, curiosidade, vontade de conhecê-lo, de falar com ele.

 

Ao lado dele havia uma garota de cabelos curtos e pretos, com um olhar assustado e temeroso. Parecia querer se esconder dentro de si mesma pelas pesadas roupas de frio que usava, sendo que nem no inverno estávamos. Tinham traços físicos parecidos, mas de um jeito estranho eram totalmente diferentes. A garota parecia submissa e fraca. Já ele, parecia dominador e altivo. E tinha algo nele que me atraía, algo que não sabia direito o que era.

Impulsivamente me aproximei deles. A morena parecia estar explodindo de tão vermelha. Já o garoto me lançou um olhar frio e desinteressado. Aquela atitude me incitava a querer falar ainda mais com ele. Abri um sorriso amistoso.

 

- Olá, me chamo Ten-Ten, vocês são? – disse observando atentamente a atitude dele. Ele sequer olhou para o meu rosto.

- Eu me chamo Hyuuga Neji e ela Hyuuga Hinata. – disse em um tom baixo, sua voz era grossa e contida. O som daquela voz me despertou vontades estranhas. Parei um pouco para pensar, e presumi rapidamente que estava gostando dele, Neji. Não entendia como, já que tinha acabado de o conhecer. Mas lembrei que em livros de romance que lia o amor geralmente não precisava ter explicações. Era totalmente justificável sentir algo daquele jeito do nada.

- Vocês são irmãos gêmeos? – perguntei sem pensar, só não queria deixar o assunto morrer. E queria escutar aquela voz de novo, queria gravá-la na minha mente, para depois imaginá-lo em sonhos chamando pelo meu nome.

- N.n.ão, s.s.omos pri.primos. – a morena ao seu lado disse, fiquei irritada com aquilo. Não sei porque mas aquela voz doce e tímida me irritou. Parecia uma idiota gaguejando daquele jeito. Era digno de se ter pena. Uma garota que não tinha controle das palavras.

- É... vocês vão estudar aqui? – disse tentando deixá-la no escanteio, me virando totalmente para o moreno. Ele me mirou com um olhar gélido, o olhar perolado parecia ser solidificado.

- Pretendemos, mas parece que não tem jeito. Já que a diretora nos abandonou aqui e agora nos vemos obrigados a bater papo furado com uma curiosa qualquer. – sua voz não tinha se alterado, mas a ferocidade daquelas parecia tangível no ar, tentando me afetar, afetar a curiosa qualquer. Então, era irritante. Não consegui conter um sorriso no canto da boca, tinha entendido o que tinha me atraído tanto a ele.

 

- Acho que vou gostar de você, Neji. – me virei e sai da secretária. Não queria nem ligar mais para minha mãe. Queria poder pensar melhor no que tinha acontecido. Prestar mais atenção nos meus sentimentos, analisá-los. Tinha mudado alguma coisa depois que o conheci. Tinha algo nele que me atraiu, seu caráter indomável.

Depois disse fiz questão de ignorá-lo. Mas o espiava às vezes na sala, que por acaso, ou não era a mesma que a minha. E se sentava justamente na minha frente. Estávamos no 5° ano e foi assim até o 8° ano. Não falava com ele, nem ele comigo. A não ser em situações ocasionais em que minha borracha caia no chão e eu cutucava de leve o ombro dele, para pedir que ele a pegasse. Me entregava a borracha e se virava para frente sem trocar nenhuma palavra.

Havia uma certa tensão entre nós. Depois de algum tempo, percebi que não era a única que sentia isso. Ele também estava ficando louco para se aproximar. Quando nossos olhares se cruzavam sentia que ele me queria tanto quanto eu o queria. Mas não queria ser a primeira a falar, era uma situação desesperadora.

Estávamos na viagem de formatura do 8º ano. Fomos a uma pousada no litoral. Na ultima festa da programação, já que no outro dia iríamos embora. Todos estavam na festa, dançando. Era maravilhoso ter tanta energia para agüentar um dia inteiro cheio de atividades e jogos ao ar livre e depois dançar a noite toda. A batida da musica era insana, rebolava ao lado das minhas amigas, sem me importar nem um pouco com os olhares que lançavam. Só queria fazer parte do som que dominava o lugar e que me levava ao espaço.

 

Pela primeira vez resolvi parar um pouco para tomar um ar, depois de 7 dias de agitação sem folga. Era daquilo que gostava, de não ter tempo para nada. De me divertir ao extremo. Me afastei da festa para andar um pouco na beira da praia, sozinha. Tirei as sandálias para poder andar na água. Meus pés agradeceram, depois de terem ficado por tanto tempo em cima daqueles saltos, pulando sem parar poderem sentir a água gelada, a areia macia. Estava com o zunido da musica na cabeça, gostava daquilo.

Usava um vestido tomara que caia verde justo até a cintura e depois ele ficava solto até o meio da coxa. Meus cabelos estavam soltos com algumas mexas enroladas. Estava bonita, não que eu não seja normalmente. Mas estava mais bonita ainda.

A lua cheia iluminava as águas límpidas e transparentes no horizonte. As ondas quebrando, o cheiro da água salgada, a textura da areia sobre os meus pés. Estava tranqüila. Até que senti meu braço sendo puxado para trás e me deparei com o Neji. Não disse nada, só me puxou contra si e me beijou. Um beijo necessitado, que há tanto tempo estávamos adiando. Não me opus, sempre quis saber como era beijá-lo. Não era meticuloso, nem calmo. Explorava minha boca com a língua numa voracidade inigualável. Suas mãos deslizavam pelas minhas costas, me arrepiando a coluna. Também não me continha o beijava com a mesma intensidade avassaladora. Minhas mãos agarravam aqueles braços musculosos que me envolviam com força. Queria tanto ele... Nos separamos por um instante, não queria nem abrir os olhos, ainda estava em transe. Escutei a risada rouca dele na minha orelha.

 

- Também te quero. – a voz dele. Tão quente. Dei um sorriso bobo, e pendi minha cabeça para trás para poder ter acesso aos lábios dele novamente. Nos beijamos outra vez. Não havia limites no que estava sentindo, tão envolvente. Ele me soltou e saiu andando em direção a festa, sem dizer nem uma outra palavra. Simplesmente me deixou lá. Não estava triste, não tinha como ficar triste depois de finalmente tê-lo beijado. Estava agitada, o corpo febril.

Virei para o mar convidativo, gelado. Peguei as sandálias que deixei cair, felizmente elas não tinham ido embora com a maré. Fui para a areia e tirei o vestido, deixei as sandálias ao lado. Mergulhei naquelas águas geladas. Mas não estavam frias o suficiente para tirar o fogo que estava o meu corpo depois daquele beijo. Voltei para a margem, sentei um pouco na areia, para me secar um pouco. Não secaria nunca, mas não estava a fim de voltar para a festa. Torci os cabelos e me deitei sobre o vestido. Fiquei olhando para o céu estrelado até que adormeci.

Senti uma mão tocando o meu ombro. Abri os olhos lentamente. Não acreditava que era ele. Parecia exasperado e o rosto estava vermelho.

 

- Você é louca ou o que?! Coloque o vestido antes que mais alguém te veja assim. – disse encarando o meu soutian. Eu me virei de costas para ele sem pressa alguma. Queria deixá-lo constrangido. Me levantei com o vestido nas mãos, passei o vestido pela cabeça e o puxei para baixo o ajeitando. Me virei para ele com uma cara antipática, mas no fundo estava adorando. Ele me encarava sério. – Você sumiu por uma hora. Todo mundo está te procurando. Está satisfeita?! – disse me encarando acusadoramente. Eu sorri e peguei minhas sandálias no chão, comecei a andar. – Plena madrugada e você dá um mergulho no mar sem ninguém. Não sabia que é perigoso?! Sua inconseqüente. – eu continuei andando e ele me seguindo. Até que ele me puxou pela mão me fazendo virar para ele, me obrigando a encará-lo. – Vou precisar te beijar de novo para te fazer dar atenção ao que estou falando?! – disse se aproximando do meu rosto perigosamente. Arranquei minha mão dele e o esbofeteei na cara.

- Faço o que quiser. Não morri, e estou muito bem, obrigada. – disse continuando a andar em direção ao local da festa. Sabia que levaria bronca do inspetor que foi conosco, mas não estava nem aí.

- Você é uma idiota mesmo. Olha aqui, sua doida. Eu gosto de você e não quero que faça besteiras desse tipo de novo. – parei de imediato e me virei o vi encarando o mar com o rosto vermelho, a expressão fechada. Ele tinha dito que gostava de mim. Era tão fofo. Pulei em cima dele, o abraçando. Ele me segurou, cruzei as pernas ao redor da cintura dele. Passei os braços ao redor do pescoço dele e o beijei.

- Eu também gosto de você. – sussurrei na sua orelha. Ele me apertou mais contra si. Beijei o pescoço dele. E sai de cima dele. – Vamos voltar. – saímos andando um ao lado do outro.

 

- Se te ver sem roupa por aí de novo. Não sei se vou conseguir me conter. – disse me lançando um olhar pervertido. Apenas sorri.

- Entendi. Vou procurar tirar a roupa em lugares que você não costuma freqüentar. – disse piscando para ele.

Nos encontramos mais vezes depois, meio que escondidos. Mas as pessoas já estavam reparando os olhares, as discretas passadas de mão do Neji na minha bunda na fila do refeitório, as mensagens constantes no celular, o fato de estar freqüentemente no banheiro masculino antes das aulas, já que ele não topava entrar no feminino. No 2° ano resolvemos assumir.

E estamos juntos desde então. Sempre cheios de brincadeiras e apostas. Até que o vi com uma garota hoje na sorveteria a olhando com uma cara de idiota. Não sei se estou sendo precipitada. Só sei que não vou tolerar traição sem vingança. E o jeito que ele a encarava, me irritou profundamente.

Flash Back[OFF]

Você recebeu uma mensagem!

Por que não atende o celular?!Não sei o que aconteceu para você estar me ignorando, mas já afirmo que deve ser coisa da sua cabeça. Adora fazer um drama. Amanhã você vai me explicar direito essa sua revolta. Bju, boba.

Ela respirou fundo. Ele sabia que ela estava o ignorando. Nunca ficava sem o celular. Ela colocou o aparelho do lado, na cômoda. E voltou a se deitar na cama apertando ainda mais o travesseiro contra si. Sabia que podia ser coisa da sua imaginação, afinal não estavam fazendo nada demais. Mas sempre que pensava assim se lembrava do rosto dele. Parecia tão admirado pela garota a sua frente.

- Tenten, vem tomar o chocolate quente!! – escutou a sua amiga a chamando da cozinha. Se levantou da cama.

- Já estou indo, Sakura! – disse caçando sua pantufa debaixo da cama. Os calçou e saiu do quarto, antes de fechar a porta encarou o celular.

Não vou responder nem essa mensagem, Neji...

 

************************


Notei que gosto de sentir. Sentir as coisas ao meu redor. É tão estranho pensar que tudo está sempre interligado com o nosso eu. O couro do assento do carro é quente, confortável. A janela já é fria, dura. O leve cheiro do perfume do meu primo ao meu lado. A voz aguda da Ino, reprimindo o Gaara por motivos diversos. O Gaara sentado atrás de mim em silencio. A presença dele, intensa, marcante, hipnotizante. Tudo o que me separa dele é o banco, mera barreira material.

 

Se eu gosto dele, já não sei dizer. Mas que sempre me arrepio quando ele me beija. Que sempre suspiro ao me lembrar daqueles olhos verdes me encarando. Que sempre gosto quando ele abre um meio sorriso pervertido. Amá-lo? Nem sei ao certo o que é o amor.

 

Não sei se já amei alguém. Naruto?! Não. Não acredito mais que o tenha amado. O amor é um sentimento bom. Que preenche esse vazio da existência, que aquece e protege. Pelo menos é o que dizem ser. Era obcecada por ele. Sentia-me triste, mas necessitada de vê-lo sempre que podia. No começo, talvez, foi amor. Mas depois se tornou uma doença que me afastou de tudo e de todos. Ele não tem culpa, afinal nunca soube. Mas está interligado com um eu muito torturado e infeliz.

 

Já o Gaara tem um magnetismo pessoal tão forte, é inevitável não se deixar levar por aqueles olhos verdes, no entanto, consigo distinguir o meu limite. Não existe uma confusão, sempre tenho noção de mim mesma e é claro dele. Só que cada um independente do outro. Com o Naruto é incontrolável, é difícil tentar entender. Eu me perco, não sou mais eu e tudo é ele. Como o sol no sistema solar, tudo gira em torno dele e nada mais importa. Esse sentimento irracional e desenfreado que me consumiu, sempre fora indomável. E é disso que tenho medo.

 

Nenhum dos dois me oferece algo concreto. Não que eu queira algo assim, mas entre os dois o mais pratico seria o Gaara. E ele parece realmente me considerar. Não é todo dia que alguém diz: eu te amo. É claro, que o momento não foi o mais adequado. Mas aquela confissão mudou um pouco as coisas. Parece outro nível. O mais engraçado de tudo é que eu o conheci à um dia atrás.

 

Porque tenho que pensar tão profundamente nas coisa?! Nota para mim mesma: tentar ser mais espontânea. Eu penso de mais, sempre.

 

- É aqui. Precisa de ajuda para descarregar as malas?! – Neji disse tirando a prima do seu transe. Ela estava sentada com a cabeça recostada no vidro fechado. Ela deu um sorriso amarelo para o primo. E balançou negativamente a cabeça. Ino já tinha saído do carro. Hinata fez o mesmo. Neji e Gaara saíram. O moreno abriu o porta-malas, onde havia 5 malas pretas e grandes. Ino pegou a menor. Hinata e Gaara pegaram as outras 4.

 

- Obrigada, primo. Me visite sempre. E traga a Tenten também. – Hinata disse com um ar agradecido e doce. Neji revirou os olhos com o comentário da Tenten. Se lembrou da atitude anormal e suspeita do celular.

 

- Claro, claro. Me ligue se precisar de alguma coisa. Tchau para vocês. – Neji disse dando as costas para eles indo em direção a direção de seu carro. E se foi rapidamente. Ino já estava abrindo o portão do prédio. Resmungando sem parar.

 

- É tudo sua culpa Gaara. Você nem foi chamado, seu intrometido. Nem deu para conversar com o Shikamaru de tão preocupada que fiquei de você arranjar briga com “algum” deles... – Ino dizia entrando no elevador com a mala preta nas mãos, insinuando com o “algum” certo loiro de olhos azuis. Logo depois que a loira mal-humorada se instalou dentro do elevador com uma cara de “mata sete”, como um raio o ruivo tacou as malas que estava segurando e as malas da Hinata dentro do compartimento em cima da Ino a fazendo cair no chão e apertou o botão para subir.

 

- Tchau, Ino. Nós vamos esperar o elevador descer. Parece que não cabe ninguém aí dentro, além de você e as malas. – Gaara dizia num tom debochado, fazendo uma cara de inocente forçada para a loira que estava ficando vermelha de raiva. – Guarda tudo direitinho.

 

- GAARA SEU FILHO DA .... – o elevador se fechou. Hinata estava se esforçando para não rir. Mas sentia pela loira por não ter tido nem um momento com o garoto que parecia ter finalmente despertado o interesse dela, depois de tanto tempo sem se interessar por ninguém. Gaara, que imaginou o que a morena estava pensando pela sua expressão facial, soltou um suspiro pesado.

 

- Ela consegue ser insuportável quando quer. – o ruivo disse dando um meio sorriso para Hinata. – Acho que ela queria me castigar por ter atrapalhado os planos de conquista dela. – ele disse se encostando à parede ao lado da porta metálica. Hinata não disse nada, apenas baixou o olhar para o chão e fechou os olhos lentamente. Ele estava louco para ficar a sós com ela, obviamente queria dar procedência aos assuntos não resolvidos. Mas ela ainda continuava sem respostas para tudo.  – Vai continuar me ignorando? Mesmo depois de esclarecer o que esta acontecendo? Depois de ter dito que a amava. – as palavras saíram com um ar de brincadeira, mas ele não estava brincando. Hinata viu as mãos fortes dele fechadas em punho ao lado do corpo, demonstrando evidente tensão. Ela colocou uma mexa de cabelo atrás da orelha.

 

- Não estou te ignorando. – e foi só o que conseguiu dizer, dando um meio sorriso amarelo. Ela estava receosa quanto a ficar com ele, afinal o seu orgulho feminino foi ferido. Depois uma onda inesperada de remorso a atacou ao se lembrar do clima que aconteceu na republica entre ela e o Naruto, lembrou do quase beijo, das conversas. Ela sentiu um asco terrível de si mesma, tinha praticamente traído o Gaara. E traição, infidelidade eram atitudes abomináveis a seu ver.

 

- Hinata, eu queria começar de novo. Gosto tanto de você, realmente queria que considerasse melhor a nossa situação. Será que é tão difícil?! – disse em um tom levemente suplicante. Hinata arregalou os olhos, não soube o que dizer no ato. Ele estava praticamente implorando para ficar com ela. Nunca ninguém quis isso. A expressão do Gaara se solidificou repentinamente, ao perceber um brilho reflexivo no olhar da morena. – A não ser que você já esteja interessada em outra pessoa... – disse insinuando a conclusão mais obvia que pode tirar durante a sua ida a republica: Uzumaki Naruto. De imediato Hinata endureceu ao perceber a acusação implícita nas palavras do ruivo.

 

- Interessada? Sinceramente, não quero mais nem pensar em interesses desse tipo. Até hoje, os únicos interesses que tive só me deram dor de cabeça. – disse olhando para a placa eletrônica do elevador, a seta vermelha descendo. Chegava a ser angustiante sua vontade de poder respirar, sair daquela bolha de tensão. Implorava mentalmente para que o elevador descesse mais rápido.

 

- Pare de tentar fugir do assunto e me diga logo o que esse Naruto tem com você?! – o ruivo parecia irritado. Hinata estancou e encarou Gaara com um olhar desafiador. Não gostou do modo imperativo e controlador na fala do ruivo.

 

- O mesmo que tenho com você. – disse gélida que nem um iceberg.  Gaara escancarou os olhos.

 

- Como assim?! O que aconteceu?! Quer dizer que você e ele... – começou a imaginar Hinata com o loiro e aquilo parecia um inferno na sua cabeça. 

 

- Nada. – ela disse erguendo uma sobrancelha, como se aquilo fosse a coisa mais óbvia. Gaara juntou as sobrancelhas, com uma expressão interrogativa – Como com você, eu não tenho “nada” com o Naruto. – disse como se fosse uma banalidade. Mas por dentro estava apreensiva e angustiada. Não queria brigar com o Gaara, mas ele a provocou. A porta do elevador abriu e ela entrou. Gaara entrou em seguida em silencio parecia estar digerindo a fala da morena. Hinata ia apertar o botão do 4º andar, só que Gaara apertou o botão do terraço antes. Hinata encarou o ruivo interrogativamente. Ele desviou o olhar e não disse nada.

 

O elevador subiu em um silencio profundo, Hinata sentiu que a conversa não tinha terminado. Quando as porta do elevador se abriram, estavam no ultimo andar, podiam ver vários prédios ao redor e um céu sem estrelas, nem lua. Gaara saiu e se virou para a morena, que esperava uma explicação para aquela atitude.

 

- Pode ir para o seu apartamento se quiser, não estou te obrigando a nada. Você que escolhe. – Gaara se virou e continuou andando. Hinata olhou para o botão do seu andar e depois olhou para o ruivo se afastando dela. Percebeu que não era só apertar o botão e ir para o apartamento, era apertar o botão e mudar tudo. Ou ela ia atrás dele e encarava a continuação da conversa, ou fugia para o seu apartamento e perdia o Gaara.

 

Sua escolha a fez se sentir egoísta e ao mesmo tempo desesperada. Como um impulso natural de sobrevivência, como uma criança com medo do escuro, ela escolheu.

 

*************************

 

Deitado na sua cama com o celular a mão Naruto começou a rir ao ver na tela o nome daquela mulher. Sabia que naquele horário ela geralmente estava desmaiada em cima da mesa sobre um monte de documentos, com uma garrafa de sake ao lado. Ficou curioso para saber o motivo de tão inesperada ligação e atendeu.

 

- Vovó, a senhora está bêbada ou o que?! – disse risonho.

 

- NÃO ME CHAME DE VOVÓ!! SEU PIRRALHO... – Naruto afastou o celular da orelha porque o tom agudo daquela mulher era tão potente que ficou com medo dos tímpanos estourarem. Esperou pacientemente as ameaças pararem.

 

- Vovó, a senhora não tem o costume de ligar esse horário, estou curioso para saber qual o motivo dessa ilustre ligação. – disse concluindo que bêbada ela não estava, já que a voz não estava arrastada, e estava sã suficiente para se sentir terrivelmente ofendida com o termo “vovó”.

 

- Olha aqui moleque. Eu estou só avisando que estou indo para te visitar. Vou chegar amanhã por volta do meio dia. – disse com uma voz estressada. Naruto ficou desconfiado, afinal Tsunade não o visitava nunca. Ela só o visitou em datas comemorativas, aniversário e natal para ser mais especifico. Fora isso ela não tinha tempo para visitas distantes daquele jeito. E aquele período ela ficava ainda mais atarefada do que o normal. Como era diretora de colégio, inicio do ano era uma loucura, professores, pais, dinheiro, calendários, programação. Tudo caia sobre aquela mulher como uma grande avalanche no inicio dos anos.

 

- Me visitar?! Aconteceu alguma coisa?! – o loiro perguntou, estranhando aquela atitude inesperada.

 

- Eu não posso visitar meu afilhado?! – Naruto reparou que ela estava escondendo alguma coisa.

 

- Pode. É que não é do seu costume, como você sempre anda muito ocupada. Ainda mais no começo do ano.

 

- Eu estou querendo fugir desse monte de coisas. Shizune fica o dia inteiro atrás de mim. Fazendo-me ir de uma reunião para outra. – disse tentando justificar, mas Naruto ainda sentia algo diferente.

 

- Sempre foi assim. Vovó desembucha logo o que aconteceu. – disse irritado, não gostava de ser enrolado.

 

- Eu vou falar quando quiser. Quem que você pensa que é pra ficar dando ordens em mim?! Está confiante demais. – ela disse bufando. – E prefiro conversar com você pessoalmente. – Naruto ficou irrequieto, com aquele comentário. Parecia algo sério.

 

- Está bem. Amanhã nos falamos. Eu vou pedir dia de folga. Meu chefe certamente vai entender já que vou ficar tomando conta da minha vovó. – ele disse rindo. Antes de começar a verborragia estridente Naruto falou tchau e desligou o celular.

 

Ele tacou o celular em cima da escrivaninha. E se despiu ficando apenas de cueca, foi para o banheiro. Ao passar pela sala não viu nenhum colega, parecia que todos estavam cansados. Depois foi para a sua cama e no mesmo instante que colocou a cabeça no travesseiro, apagou. Dormiu que nem uma rocha. Estava esgotado e realmente precisava dormir. A única coisa realmente animadora era que Hinata, que Hinata existia, o seu primo era o seu colega. E principalmente, ela gostava dele.

 

********************

 

O relógio badalava numa sala escura e fria, iluminada apenas pelos resquícios do fogo de uma lareira. A sala em questão continha um lustre de cristal, varias prateleiras forrando as paredes, cheias de livros e um conjunto de estofado preto ao canto, com detalhes clássicos perto da lareira e no centro havia uma mesa enorme de mármore preto da mais fina qualidade.

 

Atrás dessa mesa havia um homem de semblante fechado, sentado numa cadeira. Os seus dedos batiam com um ritmo constante na mesa, parecia estar esperando. Tinha um rosto apático, longos cabelos negros presos, sua postura parecia o de uma cobra em seu buraco aguardando. Estava trajando uma roupa elegante, um terno branco listrado com uma calça do mesmo conjunto de algum estilista importante.

 

Mirava a porta folheada a ouro na entrada da sala com uma certa ansiedade, até que a porta se abriu entrando um rapaz de cabelos brancos, usando óculos, vestia roupas casuais um jeans e uma camiseta azul. Segurava nas mãos uma pasta e parecia estar extremamente agitado.

 

- São meia-noite agora, Kabuto. Então, ele está vivo? – a voz era arrastada e fria. O rapaz chegou perto da mesa e pousou uma pasta na mesa, a mão do homem se arrastou lentamente pela mesa para pegar a pasta e abri-la. O seu maxilar se apertava enquanto lia analisava o conteúdo da pasta.

 

- Esse garoto é um obstáculo não é mesmo, Orochimaru? – dizia Kabuto com um sorriso de lado empurrando os óculos com a ponto dos dedos para não caírem. Orochimaru olhou de relance para ele por alguns instantes e depois sua atenção voltou para as informações que a pasta continha novamente.

 

- Kabuto, não vamos procurar ser precipitados porque o garoto certamente não sabe de nada. Talvez não haja necessidade de sermos tão severos com ele, talvez ainda consigamos por meios legais. Enquanto ele não reivindicar pelo que é seu. Ele não é uma ameaça, mas se por acaso ele começar a causar muita dor de cabeça... – Orochimaru deu um sorriso para o seu leal servente. – Estou tentando parar com os atos radicais, é bom sermos discretos e não deixarmos vestígios.

    

- Sim, Orochimaru. O Sr. precisa de mais alguma coisa? – perguntou cordialmente.

 

- Não. Me deixe só, apenas. – quando Kabuto saiu da sala. Ele pegou a foto do rapaz que continha no meio dos arquivos. – Está idêntico aquele desprezível do Minato, mas esse olhar é da Kushina. É uma pena que ela tenha morrido, era tão adorável... – disse com um sorriso maníaco.

 

*************************

 

A porta do elevador tinha se fechado. Hinata deu um suspiro forte, olhando aquelas portas metálicas fechadas. Um vento forte e gelado passou por ela a deixando arrepiada e com frio. Se outro dia ela resolvesse ficar no terraço se lembraria de levar um agasalho. Foi andando na direção que Gaara tinha ido, resolveu que esclareceria a situação. Ele era o seu vizinho, o veria com certa freqüência, não queria que fosse desagradável. Mas sabia que a realidade é que ela não queria mais ficar sozinha.

 

Virou à direita e o viu sentado em uma poltrona velha, estava um tanto escuro. A iluminação que tinha eram as luzes de Tóquio e as estrelas. Gaara sorriu quando viu a silhueta feminina da sua pequena. E reparou que ela estava com frio, pois estava esfregando os braços com as mãos freneticamente. Levantou-se e foi em direção a ela, pegando a sua delicada mão e a puxando para ir de encontro a ele. Ele a fez sentar-se junto com ele na poltrona, estavam apertados. Mas ele a envolveu com os braços para tentar aquecê-la e deixá-la confortável. Estavam muito pertos, mas precisavam conversar.  Não sabiam como começar, nem quem. Um silencio relativamente confortável reinou entre eles. Gaara afagava o braço dela enquanto ela mirava o rosto do ruivo. Estava tão sereno, tão tranqüilo. Deu um suspiro pesado, Gaara olhou de relance para o rosto de porcelana tão perto do seu.

 

- Porque você faz isso comigo? Você está brincando com os meus sentimentos garota. – a voz aveludada soou um pouco melancólica, um pouco brincalhona. Hinata sentiu a angustia daquelas palavras a dilacerarem. – Eu te amo, Hina. Que saco, porque você estava flertando com aquele cara.

 

- Você também brincou com os meus sentimentos. Você não entende o quão importante está sendo na minha vida. Eu nunca me relacionei com ninguém desse jeito Gaara. Você foi o primeiro cara que sai, e me traiu no mesmo dia. – a voz dela era cristalina, não estava querendo discutir mais com ele apenas esclarecer a situação.

 

- Então foi um joguinho, uma vingança? Esse Naruto foi isso? – parecia desesperado, Hinata. Olhou abismada para ele. Ela não seria capaz de brincar com os sentimentos dos outros propositalmente. Mas era isso que Gaara queria, que Naruto não tivesse valor para ela.

 

- Não, Gaara. Eu gosto do Naruto. – ela disse imediatamente, olhando apreensiva para o rosto do ruivo. Os olhos dele se estreitaram e inconscientemente apertou o braço da Hinata um pouco mais forte. Com a outra mão pegou no queixo da morena e a fez mirar diretamente para ele.

 

- E por mim? O que você sente? – Hinata deu um sorriso terno e também disse reflexivamente.

 

- Eu gosto de você Gaara. Se não, não estaria aqui agora. – Gaara deu um selinho demorada na morena e depois sussurrou na orelha dela.

 

- Esquece ele, então. Fica comigo, eu sou louco por você. Estou apaixonado, te quero, te desejo a todo instante.– Hinata sentia que derreteria nos braços dele. Ele começou a mordiscar o pescoço da morena e a deixar muito arrepiada.

 

- Ga. Gaara. N.n.não. Eu estou confusa... – ele a interrompeu segurando a cabeça da Hyuuga com ambas as mãos e dando um beijo tão intenso e apaixonado que Hinata pensou que morreria ali. A língua dele explorava todo canto de sua boca, num ritmo desenfreado. Ela não tinha forças para conte-lo porque era alucinante demais. Até que ele parou de beijá-la, porem continuou segurando a cabeça dela. Ela abriu os olhos lentamente e se deparou com aqueles olhos verdes a mirando com um sorriso pervertido.

 

- Vou continuar te beijando, até você dizer que se esquecerá dele.

 

Depois que sai do elevador eu escolhi, a escolha que fiz envolvia isso. Vou esquecer Naruto, para ficar com você Gaara. Porque preciso de alguém que não me faça perder a cabeça. Apesar de você me parecer super possessivo, com você estou livre de mim mesma. Já com Naruto não posso dizer o mesmo. É melhor para mim, ficar com você. Como posso ser tão egoísta? Depois penso nisso.

 

- Acho que ainda estou confusa. Talvez outro beijo... – dizia sorrindo com a brincadeira. Gaara deu um sorriso malicioso e a fez se sentar em cima e de frente a ele para ter um acesso mais fácil àquela garota fascinante. Hinata passou os braços ao redor do pescoço dele e o beijou vorazmente.

 

Era gostoso aquele joguinho. Ficaram se beijando por um longo tempo. Até que Gaara começou a se entusiasmar e começou a passar a mão no bumbum dela. Hinata parou bruscamente e começou a ficar escarlate. Gaara fechou os olhos com força. Sabia que não podia fazer aquilo com ela ainda, era inexperiente demais.

 

- Desculpe Hina. Acho melhor agente voltar já está ficando tarde demais e eu já não estou conseguindo me conter muito. – dizia sem graça, o jogo poderia começar a ficar perigoso demais. Hinata entendeu, e saiu de cima dele ainda com as bochechas coradas. – Você é simplesmente perfeita. – disse passando o dedo na bochecha dela. – Vamos, que a Ino já deve estar tendo um acesso.

 

Dentro do elevador Hinata fechou os olhos, parecia cansada. Gaara abraçou a pela cintura.

 

- Arrependida? – disse enquanto apertava o botão do 4º andar. Hinata esboçou um sorriso.

 

- Do que? – disse inocentemente.

 

- De ter de esquecê-lo. – Gaara a apertou mais contra si. Hinata deu um sorriso triste.

 

- Vou tentar Gaara, pelo menos vejo que tenho um forte incentivo para tentar. – disse dando um selinho nele. Hinata bateu na porta do seu apartamento abraçado por Gaara. Ino abriu a porta e balançou a cabeça quando viu os dois juntos.

 

- Era de se esperar. Tchau Gaara. – Ino disse puxando Hinata pelo braço e batendo a porta na cara do ruivo.

 

- Então, escolheu ficar com o Gaara? – Ino perguntou diretamente para a morena que apenas balançou a cabeça afirmativamente. - Hmmm... Amanhã conversamos. Não agüento mais ficar te esperando, dá próxima vez que sair leve a chave. Eu quero dormir. Amanhã, os detalhes sórdidos. Ainda bem que estava passando um filme bom na TV, para me distrair. – a loira disse entrando no seu quarto. Hinata foi para o seu e viu que a loira tinha arrumado todas as suas coisas, talvez para se distrair também.

 

Aih acho que é melhor eu dormir também. Amanhã eu penso. Se não vou ter um colapso cerebral. Gaara, o que você faz comigo? Eu tenho de esquecer o Naruto.

 

 


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Notas finais do capítulo

É isso aí, gente! Espero que estejam gostando. E se não estiverem, falem, quem sabe eu não possa melhorar. Enfim, agradeço muito quem está acompanhando e deixando reviews. Dattebayo!!!