Too close for comfort. escrita por Jones


Capítulo 1
but it's getting late.


Notas iniciais do capítulo

Minha fanfic de aniversário é mais angst que as outras eu sei, mas nem é tanto assim vai. É só dark como eu :p

Espero que gostem ♥



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Ela tinha ameaçado terminar com ele pelo menos quatro vezes desde que começaram a "namorar", se é que era possível considerar namoro o que eles vinham fazendo. Era uma matemática simples: na virada do milênio todos tinham um Nokia 5120, e nesse modelo em cinco minutos você enviava uma mensagem de texto por algumas moedas perguntando se a outra pessoa estava acordada.

Não era tão bem visto no mundo bruxo, pequenos apetrechos trouxas como aquele, entretanto Draco conseguia esconder aquele presente extravagante que recebera dela de Lucius.

Não era uma atividade tão simples, já que não era o menor dos objetos. Mas ele se virava.

Mas não era um namoro.

Talvez fosse um daqueles relacionamentos em que você se relaciona simultaneamente com várias outras pessoas, já que Pansy ainda aparecia em sua casa vez ou outra e às vezes ele sentia a facada no fundo da alma quando a via com outros caras por aí.

Astoria era a síntese - no papel - de tudo que os Malfoy procuravam em uma nora: rica, conhecedora dos bons costumes e com o sangue tão puro que um vampiro estranharia.

Mas na prática, sua língua ferina fazia todos os outros itens da lista parecerem obsoletos. Ela e Lucius discutiam com tanta frequência que Draco não sabia se a admirava ou a odiava por ter que aguentar Lucius e Narcisa praguejando por dias após suas visitas.

Ele a perguntava frequentemente se ela não podia concordar com o pai em pelo menos um dos jantares como num experimento.

— Eu não vou mudar por causa dos seus pais, Malfoy. - Ela girava os olhos em todas as ocasiões.

Tudo bem, porque não era um namoro.

Exceto que não estava nada bem.

Enfim, todo o background era para informar que dessa vez ela cumprira sua promessa e estava prestes a terminar com ele numa conversa/acesso de ciúmes que começara assim:

— Eu não quero mais que você saia com ele.

— Como se você pudesse me dizer com quem eu saio ou deixo de sair. - Astoria cruzou os braços. - Me responda, a Pansy vai bem?

— Você sabe que ela não significa nada para mim. - Ele torceu o rosto. - Sem contar que nós não nos vemos há séculos.

— Ah, então quando ela esteve na sua casa há duas semanas você manteve os olhos fechados? - Ela odiava ter cedido a provocação com o tom de voz elevado.

— Nós não...

— Não o que? Não transaram? - Ela riu tomada pela cólera. - Conta outra.

— Eu não sou como você que transa com qualquer idiota que aparece na sua frente. - Ele a acusou de maneira agressiva.

— Uau. - Ela tentou reprimir algumas lágrimas que brotaram em seus olhos. - Incluindo o idiota que me acusa.

Draco arregalou os olhos, sabendo que tinha ido longe demais. A intenção dele tinha sido fazê-la chorar, sem dúvidas, entretanto a cena não lhe deu o prazer e senso de vingança que achava que tinha direito. Não. Aquela era na verdade uma cena assustadora, em que ela fungava secando o rosto com as costas das mãos encarando-o com os olhos dolorosos e vermelhos.

— Se você quer saber de uma coisa, e não que você tenha direito a alguma explicação, seu babaca filho de uma puta. - Ela fungou, dividida entre a mágoa e a raiva. - Zabini e eu somos amigos, ele está tentando sair com minha irmã. E apesar do que você pensa, eu não saio dando para o primeiro babaca filho de comensal da morte que vem atrás de mim. Você era o único que tinha esse privilégio.

Era.

Por alguns instantes enquanto eles se encaravam, Draco não soube o que dizer. Estava muito ressentido com ela para pedir desculpas ao mesmo tempo em que considerava que talvez tivesse ido longe demais.

— Eu posso só pedir perdão e a gente esquece isso? - Murmurou impaciente.

— Perdão não é bom o suficiente. - Astoria falou. - Talvez você só devesse me enfiar nessa caixa da morte e me levar para casa. Não precisamos nos falar mais.

— Pensei que você gostasse do meu carro.

— Eu gostava de você, porra. - Ela sibilou entrando no carro e batendo a porta.

— Você está terminando comigo? - Ele fechou a porta atrás de si.

— Terminando o que se ao mesmo tempo que você estava comigo você estava fodendo Pansy Parkinson. - Astoria girou os olhos. - E a gente odeia Pansy.

— Você não parecia ligar para isso usando estava beijando outros caras. - Draco tocou na própria ferida para provar um ponto. - Você é tão hipócrita.

— Sou mesmo, é? - Ela o encarou.

— É. - Draco confirmou dando a partida do carro. - Você se acha melhor que todos nós: eu, Pansy e até Daphne; mas não passa de uma riquinha mimada acostumada a ter tudo o que quer e que faz o que quer sem ligar para os outros. Uma genuína Greengrass.

— Você está falando que eu deveria ligar para os sentimentos de quem? Os seus? - Ela disfarçou a própria dor em sarcasmo. - Eu não sabia que você tinha disso. Estou genuinamente surpresa.

— Além de hipócrita é falsa. - Draco murmurou, enquanto dirigia em silêncio. Olhando para a estrada tortuosa a sua frente e de soslaio para o rosto fechado e choroso de Tori, Draco pensou no que dizer e nada parecia bom.

— Eu, honestamente, não sei porque você está terminando comigo. - Ele murmurou em um fiapo de voz. - Não é a primeira vez que brigamos e somos ofensivos um com o outro.

Havia lágrimas em seus olhos, então ela deveria ter suas razões e estava realmente ficando tarde, tarde demais para tirar histórias a limpo e retirar o que foi dito.

— Se você não entende, eu realmente não sei o que te dizer. - Astoria murmurou, olhando para frente, evitando contato com seus olhos.

— Eu estava invadindo demais seus segredos ou as coisas que você não compartilha comigo? - Draco questionou, com um nó na garganta. - Foi por que eu te perguntei se você sentia algo por mim? Eu estava perto demais para o seu conforto?

— Você se pergunta dos meus motivos, entretanto, você já se perguntou o que você quer comigo? - Astoria se virou para ele. - Você já se perguntou o que significa me levar para jantar com seus pais e dormir com outra no dia seguinte?

— Caralho, Tori. Você está se repetindo. - Ele bufou e respirou fundo, duas tentativas inúteis de se acalmar já que ele continuava alterado. - Você quer que eu nunca mais olhe para nenhuma outra garota? Só fala logo.

— Eu não tenho que te dizer o que fazer. - Ela murmurou olhando para os próprios dedos.

— Eu acho que é isso que você faz: você expulsa as pessoas quando elas estão entrando em você.

— Você entrou em mim muitas vezes. - Astoria disse, se sentindo vulgar. Arrependeu-se, mas não diria nada.

— O que eu estava prestes a descobrir sobre você? - Ele murmurou, com o pé no acelerador.

— Vá com calma, Draco.

— Eu estava prestes a descobrir que você sente alguma coisa nessa sua cara sarcástica e debochada. - Ele freou bruscamente. - É isso. Eu tenho uma crise de ciúmes e você pensa: vou terminar com ele, isso está ficando sério demais.

Astoria ficou em silêncio: sim, ele estava ficando perigosamente perto.

— E aí você escolhe desistir? - Draco riu pesarosamente. - E eu achava que eu era patético.

— A novidade aqui é que você não quer que eu desista. - Astoria o encarou com os olhos vermelhos. - Você se acha tão no direito de dizer o que as pessoas pensam e querem que nunca, nunca, nunca me disse o que quer comigo. Eu poderia ser a garota com quem você fode frequentemente e não tem que se explicar ou prometer nada para ela. Você quer saber o que eu sinto, o que eu quero, com quem eu durmo e nunca me disse nada. Nada.

— Você quer que eu diga o que? - Ele estava irritado novamente. - Que eu seja o otário que corre atrás de você e te manda flores. Que diz que te ama de cinco em cinco minutos? Eu não faço isso de romance.

— Que lisonjeiro. - Ela riu com escárnio e bateu os cílios. - Eu não entendo como até hoje você não teve uma namorada fixa. Tão galanteador.

— Vai se foder. - Ele vociferou, voltando a acelerar o carro.

— Você fala que estava chegando perto demais dos meus segredos e etc. Mas quem estava chegando perto, era eu. - Astoria cruzou braços. - Eu estava perto demais de você ligar o mínimo que seja para alguém além de você e seus problemas. Você foi um maldito, praticante de bullying, chantageado e comensal da morte: foda-se. O mundo já deu várias voltas ao redor do sol depois disso. Cresce.

— Não acredito que você esteja falando isso. - Ele voltou a dirigir com raiva. - Você nunca vai entender o que eu passei.

— Não vou mesmo. - Ela deu de ombros. - Não significa que possa ser sua desculpa para ser um babaca para o resto da vida.

— Eu sou um babaca é? - Draco falou encostando o carro no acostamento. - Eu sou um filho da puta de um babaca?

— É. - Astoria confirmou, sem entender o que ele estava fazendo.

Ele tirou o cinto de segurança e puxou o rosto dela com as duas mãos, os lábios nos dela e a língua no céu de sua boca.

— Eu sou um babaca que te ama. - Draco Malfoy murmurou como quem tinha um ponto para provar e ainda assim bastante raiva no coração. - Era isso o que você queria ouvir?

— Era sim, para a falar a verdade. - Ela respondeu impassível. - Provavelmente em um tom menos serial killer.

— Eu te amo, Astoria Greengrass. - Draco quis rir até por estar falando aquilo pela primeira vez para alguém e se sentir ridículo, fraco e envergonhado. - E não quero que você beije ou transe com mais ninguém.

— Uau, quando você coloca dessa forma me faz até querer tirar a roupa. - Astoria girou os olhos. - Qual a sua dificuldade de fazer as coisas como uma pessoa normal, Draco?

— Eu não sou uma pessoa normal. - Ele balbuciou, olhando-a profundamente nos olhos castanhos esverdeados. - Você sabe disso e se você quer uma pessoa normal, isso não vai dar certo.

— Eu não quero uma pessoa normal. - Astoria girou os olhos. - Eu quero você, mas não quero que você me querer soe como um fardo.

— Caralho. - Draco riu desesperado. - Você não entende: eu sou o fardo. Eu sou o maldito fardo de quem você vai ter vergonha e eventualmente se cansar.

— Essa é a sua preocupação? - Ela sorriu. - Que eu tenha vergonha de você? Draco você era um adolescente, hoje você é um adulto. As coisas mudaram e você mudou.

— Mudei? - Perguntou com um estranhamento causado pela palavra.

— Sim. Estranho seria se você continuasse o mesmo garoto idiota. - Astoria sorriu delicadamente. Ele entendeu aquilo como uma reconciliação.

— Isso quer dizer que você não vai terminar comigo? - Perguntou, puxando-a mais para perto. - Porque eu gostaria que você não terminasse.

— Por que? - Ela o desafiou com as sobrancelhas erguidas.

— Você quer que eu repita essa baboseira romântica? - Ele perguntou com um sorriso nos lábios e com uma vontade genuína de dizer novamente o que guardara para si durante todos os últimos meses ou talvez desde que se reencontraram no ano anterior. - Porque eu amo você, Greengrass. E, pelo jeito que você está me olhando, você me ama também.

— Uhum. - Ela confirmou com a cabeça e girou os olhos. Tirou o cinto de segurança e sorriu com segundas intenções, tirando a calcinha em seu assento. - Tudo bem, você me convenceu, vamos experimentar uma nova modalidade do nosso interesse comum principal: vamos fazer amor.


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Notas finais do capítulo

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