O sol iluminava o quarto de Ichigo e seu despertador disparava – precisava acordar para escola. Como de costume, Ishin vinha pela janela em uma voadora na tentativa de acerta-lo. Novamente o ataque foi ineficaz e Ichigo começou sua manhã irritado pelo comportamento repetitivo de Ishin.

Na cozinha, Yuzu já tinha o café da manhã pronto e ela e Karin aproveitavam o barulho na casa. Tudo bem, Ishin e Ichigo estavam brigando novamente e elas conversando e rindo, mas o barulho era melhor que o silencio das últimas semanas.

Ambas haviam pego Ishin indo para Soul Society durante a guerra e ficaram preocupadas com ele e Ichigo – seria muito mais perigoso que o normal e ainda corriam o risco de Ichigo nunca mais voltar, pelo que se informaram com Keigo, Tatsuki e Mizuiro. Ficaram ansiosas por seus retornos ou notícias e, quando voltaram, estavam em choque!

Um grupo de shinigamis da 4ª divisão foi destacado para escoltar Ichigo, Inoue, Chad e Ishida para Karakura. Os quatro estavam desacordados e feridos, Ishin, Ryuken, Urahara e Yoruichi também voltavam, porem feridos e cansados e todos foram diretamente para o hospital serem internados.

Ishin contou a verdade a elas e aos amigos sobre o que aconteceu e durante duas semanas os quatro ficaram sob observação no hospital. Mesmo com o cuidado anterior dos shinigamis da 4ª divisão e os contínuos de Ryuken, ainda foi difícil de ficar de pé novamente e, quando foram para casa, ainda deveriam ficar de repouso. Mas finalmente conseguiram melhorar e iriam voltar para escola – tinha muita lição e matéria que deveriam repor.

E lá iam eles! Se encontrando no caminho com os amigos, todos riam e se cumprimentavam caminhando ao primeiro dia normal de suas vidas desde o final da guerra. Nesse processo, os quatro descobriram qual foi a grande desculpa da vez por suas ausências – na qual concordaram que os colegas se superaram (definitivamente estavam exercendo uma influência ruim sobre eles nesse sentido).

“Os amigos foram explorar algumas trilhas, em outra cidade, com amigos estrangeiros que vieram passar alguns dias no país. Nesse passeio, que deveria ter durado dois ou três dias, eles se acidentaram em uma tempestade e demoraram para serem devidamente socorridos.”  Essa foi a tão aclamada desculpa. Realmente havia tido uma tempestade em uma região de trilhas e com a ajuda de Ryuken, Ishin e Urahara a informação foi considerada verdadeira e os professores e empregadores não fizeram muitas perguntas.

Já tendo uma história pronta, tudo que faltava era repassar os eventos com os professores, ouvir um sermão longo sobre segurança e responsabilidade e voltar a viver em paz. Os colegas perguntaram bastante sobre suas condições e ficaram felizes em revê-los – especialmente Chizuro, que imediatamente avançou sobre Inoue e foi espancada por Tatsuki na sequência. Finalmente estavam de volta ao seu mundo!

No almoço, Renji e Rukia apareceram no colégio em busca deles. As ordens na Gotei foram de ir a Karakura e averiguar as condições de todos e depois voltar para continuar a auxiliar nas buscas por desaparecidos e mortos – uma tarefa que recentemente havia resultado em uma constatação desagradável que alunos da Academia de Artes Espirituais haviam sido mortos em combate.

Mesmo com algumas notícias não sendo boas, estavam aliviados em saber que as cerimonias de posse dos Vizards, novamente como shinigamis da Gotei, já haviam sido feitas e eles estavam ajudando muito a reerguer a moral das divisões; Halibel voltou em segurança ao Hueco Mundo e estava tentando reorganizar a hierarquia dos Espadas; e os capitães do Esquadrão Zero estavam cooperando para reestruturação do equilíbrio de partículas espirituais.

O dia seguiu pacifico e todos foram para casa no final. Renji e Rukia passariam ainda no hospital de Ryuken, na Clínica Kurosaki e na Loja de Urahara, então já haviam saído depois do almoço. Na volta, ambos viram Ichigo e Orihime sozinhos, já que, naquela altura do caminho, Ishida e Chad já haviam ido em outra direção e apenas eles iriam no mesmo sentido; mas algo parecia estar acontecendo e ambos decidiram descer e esperar para ver.

Orihime achava que os cabelos de Ichigo estavam muito longos na franja e reparou que, por mais que ele não estivesse ligando muito, isso ainda o incomodou um pouco durante o dia. Ela sempre foi e sempre seria extremamente animada e, as vezes, otimista ao extremo, então obviamente não perderia a oportunidade de fazer uma pequena brincadeira com Ichigo.

— Kurosaki-kun, vamos deixar as bolsas naquele banco um pouco? – ela parou no meio do caminho e tentou convence-lo.

— Porque, Inoue? – ele simplesmente não entendeu.

— Por favor!! Quero fazer uma coisa. – ela fez uma rápida carinha fofa com um sorriso travesso e conseguiu convencer Ichigo.

— Tudo bem. – para ele, esse era o normal dela e não deveria haver nada demais no que gostaria de fazer.

— Tá bom, agora feche os olhos. – ela se virou para ele, deixou seus expectadores surpresos e um Ichigo vermelho a sua frente.

Ele cedeu. Era apenas a Inoue afinal, que mal faria fechar os olhos para ela? Fechou e esperou, percebeu que ela mexia em seus cabelos e, as vezes, sua respiração ficava muito perto de seu rosto e ela tremia um pouco – algo de se esperar já que também estava com vergonha. Mas valeu a pena! Ela fez Ichigo abrir os olhos e lhe deu seu espelhinho de mão rosa!

— Há!!?? O que é isso?! – ele não podia acreditar que ela havia prendido sua franja com suas fivelas.

— Agora sua franja não está mais atrapalhando tanto, né? – ela ria se divertindo muito, enquanto Renji e Rukia olhavam admirados que ele a deixou fazer essa brincadeira com ele e ainda estava rindo junto com ela.

A brincadeira valeu mesmo. Ambos riram até a divisa de seus caminhos e puderam ir para casa animados pelo dia seguinte em que a rotina se repetiria: acordar, ir ao colégio, talvez levar uma alma ou duas, rir e aproveitar a companhia dos amigos e depois voltar para casa. Foi um ótimo dia para recomeçar a viver.