Amor e Ódio escrita por Olívia Ryvers


Capítulo 19
Marguerite




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​—A Srta. Summerlee aguarda na linha, Lorde Roxton. Deseja que passe a ligação?_a recepcionista do hotel anunciou imparcial. Não era nada incomum esse tipo de procedimento. Entretanto, o coração de John se sobressaltou.

​Não esperava que Marguerite usasse o nome de solteira, isso quase o magoava, porém, não estava em condições de ceder a tais sentimentos de possessividade. Não importa por qual nome ela preferia ser chamada, o importante era que o havia procurado e a simples expectativa de ouvir sua voz já o inundava de alegria. O dia havia sido longo e cheio de emoções, por certo, depois de um longo banho e um pouco de descanso Marguerite reconsiderara sua proposta de conversar e por isso o ligou. “Era um bom começo”, pensou otimista.

​—Imediatamente, por favor._disse a recepcionista com entusiasmo.

​Enquanto aguardava a ligação ser completada, Roxton lançou a toalha escura, com a qual se secava depois do banho, sobre a poltrona e vestiu o felpudo roupão marinho cobrindo sua nudez. As lembranças da noite de núpcias naquele mesmo apartamento o invadiram a mente causando-lhe certa excitação, que logo foi substituída pelo amargor do desejo não satisfeito e com toda a desolação que se fez depois disto. Ele tinha sido um marido cruel nos primeiros tempos do casamento e agora lamentava cada palavra ríspida e carícia negada. Prometeu a si mesmo que compensaria a esposa por toda indiferença que experimentou naquela fatídica noite e que a levaria ao mais alto nível do prazer naquela mesma cama a qual um dia recusou a oportunidade de fazê-la mulher.

​—John… sou eu…  Maylenne.

​—Maylenne?_ ele estava mais decepcionado que enfurecido. Por um instante imaginou que a Srta. Summerlee fosse Marguerite, nunca imaginou que a cunhada o chamaria, ainda mais depois de tudo o que aconteceu na igreja. Sem dúvida era uma mulher sem nenhum escrúpulo. _O que você quer? Como ousa me ligar…

​—Escute, John. Não vai mudar em nada você me ofender. Sei que não fui correta com seu irmão e lhe ofereço uma desculpa. William me amou e eu não soube valorizar. Hoje percebo que ninguém um dia irá me amar como ele.

​A sinceridade de Maylenne quase convenceu a Roxton. Talvez tivesse razão e estava arrependida. Não gostaria de tê-la em seu círculo próximo de convivência, porém a muito tempo tinha desistido da vingança que acabou por destruir sua própria felicidade.

​—Fico feliz que tenha repensado suas atitudes. Não sei se posso perdoá-la ainda, talvez nunca aconteça, mas espero que encontre a paz de espírito, não lhe desejo mal, Maylenne.

​—Eu fico aliviada de ouvir isto. Minha irmã é uma mulher de sorte em ter se casado com você, não há dúvidas que a ama.

​—Mais do que a mim mesmo._concordou sem hesitar.

​—É uma pena que ela esteja tão magoada com você. Vi como saiu da igreja e parece óbvio que vocês romperam.

​—Embora isso não seja da sua conta, é um rompimento temporário. Espero reconquistá-la logo e já estou trabalhando nisso._amaldiçoou-se por dar-lhe tantas informações.

​—Oh, é bom que o faça mesmo. Marguerite é uma mulher linda, inteligente e como você mesmo pôde comprovar, altamente apaixonante. Há uma lista interminável de pretendentes esperando pelo divórcio de vocês. _fez uma pequena pausa._Benjamin é o primeiro deles.

​—O que você pretende?

​—Um acordo, querido cunhado. Você quer Marguerite de volta e eu não desisti dos meus planos de me tornar Lady Summerlee. Sendo assim é vantajoso para ambos que os dois fiquem o mais afastados possível.

​Roxton ponderou o que Maylenne sugeria. Não estava de todo modo errada. A sensação desagradável do ciúme o assolava desde que viu a esposa linda e acompanhada de Askwitch. Esta sensação havia se abrandado depois que Danielle lhe contou sobre a conversa que teve com o capitão, entretanto, Benjamin era diferente. Ele sempre foi apaixonado por Marguerite não mediria esforço para conquistá-la. Sentiu-se por um instante tentado a aceitar a parceria com Maylenne, porém, logo se lembrou quem ela era e o que pretendia. Era covarde e egoísta se aliar a mulher que destruiu seu irmão, além do mais, confiava na esposa e no amor que um sentia pelo outro. Ela estava de fato magoada, mas ainda o amava. Viu isso em seus olhos na sacristia e se agarraria a esta certeza para recuperar sua confiança. Não se deixaria levar por sua insegurança e como nunca antes em sua vida agiria única e exclusivamente com seu coração.

​—Esqueça Maylenne._disse decido._Você ligou para a pessoa errada, não tramarei pelas costas da mulher que eu amo. É muito cinismo da sua parte me propor isto. Nós não somos iguais. Aliás, não entendo o que meu irmão viu em uma mulher fria e sem valores como você. Só podia estar louco mesmo. Não volte a me procurar, e não ouse se aproximar de Marguerite, eu posso ser ainda muito mais cruel que um marido indiferente._desligou o telefone antes que ela pudesse replicar.

 

 

****

 

 

​—Eu ainda não confio no Askwitch._afirmou John enquanto Danielle ajeitava o nó de sua gravata no saguão do hotel onde Marguerite estava hospedada._Você sabe que não precisa sair com ele só para me ajudar._por mais que a informação concedida pelo capitão à sua amiga tivesse sido útil, não lhe agradava em nada expor Danielle a qualquer tipo de constrangimento. Ela era como sua irmã e por isso prezava por sua felicidade e conforto.

​—Em primeiro lugar, sair com um homem como Andrew não é nenhum sacrifício._riu da careta que John lhe ofereceu depois detal declaração._em segundo lugar, você deveria confiar nele. Não é a primeira vez que o ajuda e eu realmente acho que ele se importa com a felicidade de Marguerite e sabe que você, mesmo fazendo tudo errado, é quem ela ama.

​—Suas palavras sãos sempre animadoras, Dani. Não sei como ainda sou seu amigo_ seu sarcasmo era divertido e não a ofendia. Danielle sabia que John estava ansioso e inseguro. Parecia um adolescente que encontraria a primeira namorada.

​—Disponha sempre dos meus conselhos, bambino._entregou-lhe o buquê de tulipas vermelhas._Agora acalme-se, respire fundo e vá em frente. Aqui está o número do apartamento de Marguerite._apontou para a anotação em um papel rasgado._Lembre-se, não discuta. Deixe-a dizer tudo o que sente e ao final diga que ela tem razão e que você está arrependido._ a morena já estava se afastando quando lembrou-se de algo importante. Com um grito, completou_Diga que a ama!!!

​Roxton não pôde conter o sorriso. Danielle era a melhor amiga que alguém poderia ter. Agradeceu em silêncio por tê-la ali com ele, o encorajando. Reanimado, ele seguiu até o elevador e apertou a tecla que indicava o andar correspondente.

​Ao chegar a porta do apartamento hesitou por alguns segundos, era mais do que pedir perdão. Precisava convencê-la do seu amor e por isso jurou-se ter paciência caso ela se recusasse a recebê-lo. Faria quantas vezes fosse preciso, em algum momento ela teria que aceitar que ele estava arrependido. Com receio de que ela sequer abrisse a porta, ele escondeu-se por trás das flores depois que tocou a campainha.

​Marguerite ouviu o soar da porta e se surpreendeu. Ela não esperava ninguém. Mais cedo havia conversado com o tio pelo telefone e agendado uma visita na empresa no outro dia. Contou a Arthur sobre seus planos e ele ficou entusiasmado. Sir Summerlee pediu que ela voltasse a morar na mansão, que era a vontade dele e de Anna, mas Marguerite recusou. Ela não tinha muita certeza de como seria sua vida de agora em diante, porém, enquanto houvesse dúvidas preferia saná-las sozinhas e sem interferência. Gostaria de adquirir independência financeira e emocional para fazer suas escolhas e investir em um projeto antigo. Quanto a gravidez, desejava manter em segredo, alardes só complicariam as coisas. John não era o tipo de homem que aceitaria dar espaço a ela sabendo que esperava um filho seu, e portanto, enquanto não tivesse certeza sobre o desfecho de seu casamento ela não lhe diria nada. Por algumas vezes ela se julgava se era correto privá-lo de participar de todas as transformações que estava vivendo, porém, quando se lembrava da traição dele, o remorso se dissipava. No fundo sabia que esconder a gravidez configurava-se um tipo de vingança, uma punição a toda dor que ela sentiu quando soube toda a verdade a respeito das circunstâncias nas quais se deu o seu matrimônio.

​Chegou a porta e verificou pela lente da porta quem a visitava. Ninguém, exceto Askwitch sabia da sua localização, e quando observou o ramalhete de flores imaginou que o capitão estava lhe fazendo uma delicadeza para animá-la. Um sorriso apareceu em seus lábios e ela girou o trinco em seguida abrindo a porta.

​—Você não precisava… _as palavras morreram em sua garganta quando reconheceu quem lhe presenteava. Todavia o sorriso não desapareceu. Foi uma reação espontânea do seu corpo a surpresa que acabara de receber. Ela ainda o amava, não podia negar para si mesma. Entretanto, amor não era o suficiente, respeito e confiança eram valores importantes em uma relação e isso não foi o que existiu em seu casamento com John._O que você está fazendo aqui?_perguntou depois que o entusiasmo diminuiu e sua mente começou a trabalhar racionalmente.

​—Eu estava com saudades._jamais tinha dito algo tão verdadeiro._Precisava vê-la. Não vai me convidar para entrar?

​—Me lembro de ter lhe pedido espaço, você, como sempre, não leva em consideração as minhas necessidades._apesar do desprezo, Marguerite não fechou a porta, apenas se afastou dando-lhe as costas e permitindo que ele entrasse.

​—Isso não é verdade… você sabe disso. Além do mais, precisamos conversar.

​—Sim… precisamos, mas, achei que esperaria que eu o procurasse.

​—Sou um pouco ansioso.

​—Como descobriu onde estava hospedada?_disse seca.

​—Danielle conseguiu a informação com Askwitch.

​—Eu não acredito que você envolveu sua sócia neste plano ridículo? Não quero nem imaginar que tipo de artifício Danielle usou para persuadir Andrew. É tão típico de você manipular os demais em benefício próprio.

​John sabia que não podia revidar as acusações dela, mesmo que não sendo totalmente honestas. Contudo, não permitiria que Marguerite duvidasse da integridade de Danielle, tampouco que colocasse Askwitch em um pedestal.

​—Na verdade foi ele quem a convidou para jantar._percebendo o espanto na face de Marguerite, ele continuou._Não me diga que ele não lhe contou?_não pode conter o sorriso de satisfação.

​—Ele me disse que tinha conhecido uma mulher no casamento… _falou pensativa, evitando os olhos do marido._só não imaginei que fosse Danielle esta mulher.

​—Pois era ela, e ele sabia disso. Inclusive agora estão se divertindo no restaurante do hotel, coisa que deveríamos estar fazendo também. Por que não saímos para jantar?

​—Porque eu estou sem fome e não me interessa sua companhia._era muita ousadia de John achar que poderia invadir seu quarto de hotel e convidá-la pra sair como se nada tivesse acontecido. No mínimo o marido a julgava muito permissiva e sem nenhuma dignidade, não admitiria que a tratasse assim novamente.

​—Eu não acredito em você.

​—É um direito seu.

​Roxton diminuiu a distância entre os dois e sua mão tocou um cacho de seu negro cabelo. Ela sabia que precisava impedi-lo, mas seu corpo não respondia a sua razão.

​—Eu sinto tanta falta sua… do seu perfume, da maciez de sua pele…_seus lábios se aproximaram dos dela roçando-os de leve_ do seu beijo. Me diga que não sentiu o mesmo?

​—Eu senti._confessou._Mas isso não é o suficiente…

​—E o que falta? Se nos amamos e sofremos separados porque nos torturarmos?

​—Não se trata de amor, eu preciso me reencontrar e tenho que fazer isso sozinha. Quando me casei com você abri mão de muitas coisas, abri mão da minha vida para seguir a sua. Você sabe que o fiz de bom grado, por que o amava e estava muito apaixonada. Só que na busca por ser a mulher digna do seu amor eu me esqueci de quem sou realmente e do que eu quero. Por isso lhe pedi um tempo, mas você não me respeitou mais uma vez.

​—Marguerite, escute…

​—Não, escute-me você, ou então, não me ouvirá nunca mais.

​—O que quer dizer com isso?_uma onda de pânico o atingiu.

​—Ou você aprende a me respeitar ou este será o fim do nosso casamento.

​Roxton ficou paralisado com tamanha determinação. A personalidade forte de Marguerite foi algo que o apaixonou a primeira vista, mas, agora ela estava diferente. Havia uma força e uma luz irreconhecível que a motivava. Ele se viu ainda mais encantado por aquela mulher. Seu impulso era tomá-la nos braços e possuí-la ali mesmo. Saciar o desejo que o consumia há intermináveis duas semanas, desde que ela deixou McDusky. Teve que controlar seus instintos e os apelos de seu corpo, sabia que qualquer investida não consentida só aumentaria o distanciamento de Marguerite. Tinha que recuperar sua confiança, este era o único caminho para regressar ao seu coração. Lugar de onde ele nunca deveria ter saído.

​—Me desculpe. Eu não queria me impor._disse submisso.

​—Se você não tem mais nada que dizer, peço que se vá. Estou cansada e pretendo dormir cedo.

​—Tenho algo mais a dizer… em poucos dias será o lançamento de nosso uísque._John notou uma luminosidade do entusiasmo brilhar nos olhos dela. Sentiu-se aquecido por perceber que ainda era capaz de fazê-la feliz._Você é responsável por isto, merece estar lá e desfrutar do sucesso do lançamento. Sua família também confirmou presença, assim como George, Verônica e Malone que estão chegando de Inverness. É obvio que Danielle convidará Askwitch, ou seja, todos que se importam com você estarão lá para prestigiar o seu fabuloso trabalho. Por favor, me acompanhe…

​Ela recordou com carinho todo o processo de desenvolvimento da bebida e como aquela rotina foi importante para a sua adaptação na Escócia nos primeiros meses. Não podia negar o orgulho que tinha do produto que ajudou a criar, e se pretendia encarar a sua vida de forma mais independente isso incluía assumir suas responsabilidades no que fazia e no que deixava de fazer. Sim, ela era responsável pela nova receita, e estaria lá para apresentá-la pronta para colher os elogios e também as críticas.

​—Eu vou._concordou por fim.

​—Busco você às oito._John anunciou enquanto saia apressadamente evitando que ela recusasse sua companhia. Marguerite gesticulou para avisar que podia ir sozinha, mas ele já estava longe no corredor._Até mais, Marguerite._acenou entrando novamente no elevador. Em seu peito um sentimento de contentamento o inundava. Ele não tinha conseguido seu completo perdão, mas, algo lhe dizia que estava algumas casas mais próximas de conquistá-lo.

****

 

​—Você é linda!_exclamou John espontaneamente quando sua visão se deparou com a imagem de Marguerite dentro de um vestido de festa costurado em veludo negro. As mangas compridas e o degote longo acrescentavam sofisticação a peça, e a rachadura lateral que permitia às suas lindas pernas se moverem com graciosidade também incitava seus mais ousados pensamentos. Agradeceu por ela pedir que ele a aguardasse no saguão do hotel, se por acaso fosse buscá-la em seu apartamento por certo não seria capaz controlar seu desejo de tocar sua pela através da fenda do vestido.

​—Foi o que disse quando nos conhecemos… _respondeu com nostalgia.

​—É porque eu sentia o mesmo encantamento que sinto agora_ perderam-se no olhar um do outro como se o tempo tivesse parado em volta dos dois. Roxton se aproximou como por uma atração magnética, seus lábios clamavam por beijá-la.

​—Mas isso foi a muito tempo… _Marguerite despertou de seu torpor a tempo de impedir que o marido lhe provocasse com um beijo roubado do qual ela seria incapaz de não corresponder._É melhor irmos ou nos atrasaremos.

​—Tem razão._concordou evitando demonstrar sua insatisfação com o que não aconteceu.

 

****

 

​—Essa noite é muito especial. Representa para a McDusky o início de uma nova época._Lorde Roxton discursava para uma plateia composta por sua família, amigos, fornecedores, clientes e membros da imprensa._Reerguer esta empresa foi um sonho de meu irmão, o qual assumi para mim como se fosse meu próprio projeto de vida. Nas isoladas terras altas da Escócia descobri muito mais do que a arte de fazer uísque de qualidade, descobri o que me motivava… descobri o amor._falou essas palavras olhando fixamente para os olhos marejados da esposa que estava do seu lado._Apresento hoje a nossa nova receita, uma bebida delicada e apaixonante como a alma feminina que o inspirou. Apresento Marguerite._por fim ergueu o tecido vermelho que cobria a garrafa sofisticada repleta de líquido dourado, gravado em seu vidro o nome da mulher que amava.

​—Eu… eu não sabia que você…_Marguerite se sentia muito emocionada com a homenagem inesperada. As lágrimas que se represavam minutos antes agora corriam livres pelo seu belo rosto deixando rastros em sua suave maquiagem.

​John não resistiu ao vê-la assim comovida. Deu então vazão ao sentimento de posse que mantinha sob controle desde a sua partida. Sem aviso tomou-a em seus braços e roubou-lhe um beijo ardente. Ela correspondeu a princípio, desejava a boca máscula do marido e seu corpo sonhava com seu toque. Porém, os aplausos do público a fez despertar de seu transe e mais uma vez sentiu-se manipulada por Roxton. A homenagem havia sido linda, mas ele não tinha o direito de impor sua vontade e a expor daquela maneira frente a todos. Num gesto rápido afastou-se dele e desceu depressa do palco armado para a ocasião procurando desesperadamente em meio às pessoas o caminho para a saída.

​Roxton se deu conta do seu erro no momento que notou o calor dela afastar-se de si. “Droga!” murmurou. Não se importando com o evento, ele se pois em corrida atrás dela. Os fotógrafos o atrasavam assim como alguns clientes que tentavam cumprimentá-lo. Apesar do vestido longo e do salto alto a esposa se movimentava com agilidade e ele só conseguiu alcançá-la quando ela já estava na rua há umas duas quadras do local.

​—Marguerite! Aonde pensa que está indo? É perigoso._ a conteve segurando seu braço.

​—Me solte! Eu quero ir embora daqui.

​—Acalme-se, eu mesmo posso levá-la para o hotel.

​—Eu não quero que leve, não quero nada de você. Tudo que faz é me manipular, o que pensa que estava fazendo quando me beijo na frente de todos? Na frente da minha família…

​—Eu sinto muito… não deveria ter feito._sua voz foi quase um sussurro. Ele notou que as palavras causaram um efeito satisfatório nela que recuou na luta para se soltarr-se. Descobriu neste instante que o que mais a incomodava não era a imposição de seus desejos e sim a falência dela em recusar suas investidas. Usaria isso a seu favor._É torturante ficar ao seu lado e não experimentar de seus beijos._aproximou-se do seu ouvido e a sentiu arrepiar-se._Você não sente falta do meu toque?_Seus lábios tocaram a volta de seu delicado pescoço fazendo-a arfar. Sua mão firme circundou sua cintura trazendo pra mais próximo dele. Ela não recuou, ao contrário parecia apreciar cada um de seus gestos._Eu a desejo, Marguerite. A desejo mais que o próprio ar que respiro._beijou-lhe a boca, explorando-a de maneira erótica. Sua mão livre encontrou a fenda do seu vestido e não hesitou em adentrá-lo acariciando sua pele e a parte interna de suas coxas. Roxton podia sentir a umidade que se formava em seu interior. Ambos estavam absorvidos em uma bolha de luxúria, prestes a fazerem amor ali mesmo em um beco escuro de uma rua deserta de Londres.

​Entretanto, como se o destino estivesse pregando-lhe uma peça, a sirene de uma fábrica próxima soou indicando a mudança de turno. Foi o suficiente para chamar a esposa a razão. Marguerite agora estava mais enfurecida do que nunca. Há alguns minutos recusava um beijo e agora parecia uma ninfomaníaca aceitava fazer amor com Roxton no meio da rua. Devia estar perdendo o juízo. E se alguém os visse? Há poucas quadras a imprensa se aglomerava no lançamento do uísque, sentiu desprezo por si mesma e achou mais fácil descontar seu ódio em John.

​—Nunca mais me toque, me esqueça! Eu quero o divórcio!_ dizendo isso saiu correndo não esperando sua resposta.

​Roxton incrédulo observou-a correndo e tomado por seu instinto de proteção a seguiu. Ela estava transtornada e por isso não ouviu o acelerar de um motor se aproximando dela. Ele sim o viu. Correndo e gritando em desespero seu nome conseguiu lançá-la para fora do trajeto do automóvel, porém seu próprio corpo foi atingido em cheio pela máquina. Lorde Roxton voou sobre o capô do veículo caindo inconsciente no chão enquanto o carro se afastava em disparada sem prestar socorro.


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