POV BELLA

Ter conhecido Edward foi uma das melhores coisas da minha vida. Chega a ser loucura a forma como me apeguei a ele, mas não poderia ser diferente. Edward ilumina qualquer ambiente, seus olhos são gentis e acolhedores, ele é único.

Ter ele em minha vida me salvo de diversas maneiras, os anos não seriam suficientes para agradecê-lo e o amar.

flashback on: 

Droga de dia, droga de aula e de professor, custava o infeliz entender que perdi o metrô e não me atrasei por estar em uma “farra” na noite passada?.. tudo bem que me atrasei porque o despertador não tocou, mas mesmo assim, não custava me deixar entrar. O lado bom, é que vou poder ir até uma das cafeterias do campus tomar um café enquanto adianto o trabalho da próxima aula.

— Bom dia, o que a senhorita vai querer?

— Bom dia, um cappuccino e um croissant de chocolate.

— Aqui, são 12,00 dólares.

Paguei meu lanche e quando fui me virar, dou um encontrão com alguém e sinto o café virar em mim e o que tinha na outra mão cair no chão. Realmente, não era meu dia de sorte, já falei que droga de dia?!

— Mas que droga, não sabe olhar para onde anda?!

— Me desculpa, me distrai com meu celular e não te vi… bom eu pago pelo seu café e ajudou a refazer suas anotações.

Por que ele disse anotações apontando pro chão? Eu não tinha anotações, era só o meu trabalho. MERDA, MEU TRABALHO!

— Não, não. não, meu trabalho não, que droga de dia!

— Caramba, era trabalho. Moça, só me diz o que fazer que te ajudou a refazer tudo.

— Ajudaria se tivesse olhado antes de trombar em mim e arruinar tudo!

Okay, o rosto dele entregava a real preocupação e talvez eu estivesse levemente descontrolada. Mas poxa, meu dia já estava horrível e consegui piorar.

— Olha, já te pedi desculpas e me ofereci pra ajudar em algo, não precisa ser grossa, foi um acidente.

— Eu sei, desculpa pelo jeito que falei, é que não estava tendo um bom dia e com essa situação tudo piorou.

— Por que a gente não senta numa das mesas, eu peço outro café pra você e juntos tentamos achar uma solução? E meu nome é Edward.

Por alguns segundos fiquei perdida fitando os olhos de Edward, eram verdes claros e transmitiam gentileza, além de uma pontinha de felicidade.

— Pode ser e bom, meu é Bella

flashback off.

E foi assim, da forma mais cliché que conheci o amor da minha vida. A pessoa que ficou ao meu lado no momento que perdi o pouco que restava da minha família, quem segurou a barra comigo e não me deixou sucumbir à tristeza.

 flashback on:

Vivo numa relação de amor e ódio com a primavera. Amo por poder ver as flores renascendo, mas odeio por fazer minha alergia atacar e ficar no mínimo cinco dias com nariz vermelho de tanto espirrar. 

Em meio as minhas reclamações com a estação, sigo andando até a cafeteria que combinei de encontrar com Edward. É um pouco doido pensar que o cara que derrubou café em mim e no meu trabalho, é agora meu namorado, ainda mais porque o pedido veio no segundo encontro, o que segundo ele não era tão cedo já que "magicamente" passamos a nos ver pela universidade. Por que realmente faz sentido ele estudar engenharia e passar a frequentar os prédios destinados aos cursos de humanas, já que meu é literatura. 

Da porta da cafeteria consigo ver os revoltados fios cobres do cabelo do meu querido namorado.

— Bom dia meu amor!

— Bom dia linda!

— Atchim!

— E pelo jeito a alergia já te atacou, olha só esse narizinho vermelho.

Ele diz isso enquanto aperta meu nariz, até faço cara de irritada, mas que não convence nada.

— Para, deixa meu nariz e eu em paz.

Em seguida a garçonete anotou nossos pedidos e ficamos em silêncio, esse que é quebrado pelo toque do meu celular.

— Ué, número desconhecido.

— Atende Bella, pode ser importante.

ligação:

— Alô, esse número pertence a Isabella Swan?

— Sim, é ela.

— Senhorita Swan, encontramos o seu contato como emergência no celular de Charlie Swan. Você conhece ele?

— Sim é meu pai, o que aconteceu?

— Lamento informar, mas ele sofreu um infarto e chegou sem vida ao hospital, Não conseguimos fazer nada para salvar seu pai.

Paraliso. Não consigo assimilar o que a pessoa do outro lado da linha acabou de falar. Não, meu pai não, ele é a única pessoa que me restou. Enquanto estou paralisada, tenho a impressão de ouvir Edward me perguntando algo, mas não consigo entender o que ele diz e em seguida sinto o celular sendo removido da minha mão.

flashback off.

O restante daquele dia é nublado na minha mente, não consigo lembrar muito do que aconteceu ou foi dito, e o mesmo se repetiu nos próximos. Foram duas semanas trancada em casa chorando, tentando entender porque dessa perda, não bastava o câncer ter tirado minha mãe quando eu tinha 5 anos? 

Ali me senti sem chão. Num instante era apenas uma estudante de literatura com 20 anos, que contava os semestres para a formatura e que namorava um futuro engenheiro de 24 anos, e no outro não era nada.

Esse período foi extremamente delicado para mim, e claro, Edward não saiu do meu lado. Um mês após a morte de Charlie, fui convencida a me mudar para o seu apartamento, deixar para trás o local que me trazia as lembranças mais tristes. 

É claro que a família dele acho a decisão precipitada ou como minha cunhada disse pelas costas “movida por pena”

flashback on:

Já faz uma semana que estávamos morando juntos quando recebemos o convite para almoçar na casa dos pais de Edward. Não sabia o que pensar deles ou da Alice, a irmã, foram raras as vezes que os vi e por pouquíssimo tempo, apenas quando ia encontrar meu namorado lá ou pela universidade. Acho que Edward tinha algum receio de um encontro prolongado ou algo assim.

Recém tínhamos chegado quando o Carlisle pediu para conversar com Edward no escritório e em seguida Esme saiu dizendo que vai verificar o andamento do almoço na cozinha. E fico bons minutos sentada sozinha na sala até me dá vontade de ir ao banheiro, o que me leva a explorar a casa. Passo na frente de uma porta entreaberta e infelizmente consigo ouvir a conversa, é Alice e Carlisle conversando e sem sinal de Edward dentro do cômodo.

— Papai, o senhor não pode permitir que o Ed continue com essa besteira.

— Alice não tenho o que permitir, seu irmão já é adulto e pode muito bem fazer as escolhas da vida sozinho.

— Pai, mas isso não é escolha, é um ato burrice.

— Filha, ele ama essa garota e está feliz com a mudança.

— Ama nada, ele fez isso por caridade, por pena de deixar ela sozinha. Essa garota não teve a mínima noção de notar que o Ed chamou ela para morar com ele por pura inocência e pena, pena!

— Alice chega! Seu irmão sabe o que faz da vida, não precisa ser tão dura ou achar que ele é inocente. Esse assunto se encerra aqui, até porque Edward acabou de sair daqui, imagina se ele volta e te escuta falando essas besteiras?

— Tá, não insisto nisso. Mas se algo der errado, já sabe que eu avisei, essa garota não é pra ele.

— Filha, deu né, sem ciúmes de irmã mais nova. Até porque você tem 22 anos, tá bem grandinha pra isso.

Com medo de que eles me pegassem ouvindo a conversa, faço o caminho de volta para a sala e com essa conversa martelando na minha cabeça. Edward não me chamaria para morar junto por pena? Não, não, ele me ama e isso tudo é besteira da Alice, ela nunca mostrou gostar minimamente de mim.

Tempo depois todos voltam a sala, almoçamos e no meio da tarde Edward e eu voltamos para o apartamento e deixo toda essa situação da conversa de lado, focando apenas no meu amor.

flashback off.

Se eu imaginasse que ali estava apenas começando meu maior pesadelo, teria achando alguma maneira de contar sobre a conversa ao Edward. Talvez tudo teria sido diferente, mais leve e feliz, como era pra ser desde o início.