Assistant escrita por Miris


Capítulo 1
L’amour de Nathalie


Notas iniciais do capítulo

Esse é o meu projeto para o dia de hoje: Dia de São Valentim!

Sei que ninguém comemora essa data no Brasil, mas não pude deixar passar ?” principalmente com essa fic que está há séculos na minha cabeça.

Atrasei pra postar porque euzinha fui comemorar o dia de hoje! ♥♥♥



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Capítulo 01 — O Amor de Nathalie;

 

            Naquela noite de tempestades, Nathalie entregou seu Miraculous para Gabriel em silêncio e saiu andando do cômodo secreto. Sua falta de palavras preocupou o homem, que não sabia o que falar diante o mau-humor da tão fiel assistente. Seria a mais nova derrota para a “coleção pessoal” dos dois?

            A mulher seguiu rumo ao seu quarto, no primeiro andar e distante de todos os outros, para se banhar e trocar-se para deitar. Livrou-se do uniforme e o jogou no cesto de roupa com força, extravasando sua raiva. Nathalie logo soltou o cabelo do penteado perfeito que usava todos os dias, observando a cachoeira preta cair sobre seu corpo desnudo, com uma única mecha vermelha ao seu lado esquerdo. Retirou seus óculos, revelando os profundos e frios olhos azuis opacos. Era uma mulher muito bonita e sua beleza apenas perdia para sua imensa inteligência e fidelidade.

Fidelidade…

“Vermelho combina tanto com você, Nathy. Suas mechas são tão modernas!”

            Nathalie deu dois passos para trás, surpresa e horrorizada, ao se lembrar das palavras de sua melhor amiga na época do ensino médio. Emilie Graham de Vanily, a gêmea boa que lhe fazia companhia todos os dias.

“Seremos melhores amigas para sempre, Nathy!”

            A mulher se lembrou da doce amiga a abraçando no pátio da escola enquanto dizia tudo com muita empolgação, fazendo a outra soltar um sorriso. Nathalie sempre fora alguém muito fria. Aos poucos, lágrimas começaram a brotar de seus olhos azuis.

 — Você não deveria ter morrido, Emi. — Nathalie sussurrou entre lágrimas, enquanto tentava abafar os soluços com uma das mãos, se abraçando com a outra. — Eu não deveria ter vindo, Emi. Por quê me escolheu? — Pensou ainda no mesmo estado de antes.

            Nathalie conseguiu se recuperar um pouco de suas lágrimas e seguiu para baixo do chuveiro quente, sem se importar de molhar os longos cabelos que quase alcançavam o final de sua coluna. Lavou-se com sabonete líquido caro e extremamente perfumado, e tentou relaxar de diversas maneiras embaixo da água, entretanto, apenas conseguiu com sua única tática que evitava usar a qualquer custo: seus mais impuros pensamentos com Gabriel Agreste com o auxílio de brinquedos eróticos. Era o seu maior segredo desde a adolescência, quando tudo era feito à moda antiga.

            Apenas desligou o chuveiro quando seu rosto estava completamente vermelho e seus lábios tremiam, sua mente estava tomada pelo torpor e uma enorme leveza mental, suas pernas pareciam cambalear após tantos orgasmos causados pelos vibradores e seus estímulos. Havia atingido vários orgasmos e, agora, apenas queria deitar-se e esquecer deste dia.

            Nathalie se enxugou e, enquanto deixava o cabelo secar um pouco, tratou de higienizar e guardar devidamente os brinquedos utilizados por ela. Quantos pensamentos e desejos impuros por um mesmo homem desde o ensino médio! Nem mesmo seus diversos namorados foram capazes de fazê-la se esquecer dele…

Depois, ligou o secador e rapidamente o cabelo não tinha sinal de umidade, Nathalie jogou a toalha no box e se dirigiu para cama. Certificou-se, mais uma vez, que sua porta do quarto estava trancada e posicionou o pijama ao lado da cama, caso fosse necessário vesti-lo para atender alguém. Seus óculos, foram posicionados ao seu lado, na pequena cômoda.

            Aproveitou que ainda era cedo e deitou-se embaixo das cobertas, para que pudesse tentar dormir. Entretanto, lágrimas voltaram a brotar em seu rosto. Lágrimas de ódio. De saudades. De dor e culpa. Lágrimas de raiva. Fechou os olhos para tentar conter o líquido salgado, mas nem isso adiantou. O choro veio, extremamente forte. Nathalie afundou o rosto no travesseiro e gritou. Gritou e chorou muito, enquanto dizia palavras sem nexo que eram abafadas junto as lágrimas.

            Gritava ali no travesseiro, palavras de perdão e de raiva. Culpava Emilie “Agreste” e gritava de saudades, pedindo a volta da melhor amiga de anos. Gritava, também, para que morresse e parasse de assombrar aquela casa. Queria olhar em seus olhos e dizer o quanto a amava e estava feliz por estar de volta e bem. Por sempre estar ao seu lado e apoia-la. Mas, ao mesmo tempo, queria gritar com ela, xingá-la e bater em seu rosto.

            Como Emilie pode colocá-la como assistente pessoal de seu marido, dentro de sua própria casa? Como poderia saber que Nathalie não sentia mais nada por Gabriel, depois de tantos anos? Como?

{Há alguns anos…}

— Nath, bom dia! — Nathalie se surpreendeu com o abraço surpresa da loira.

— Oi, Emi. — Cumprimentou.

— Você é tão contraída, aí! — Amelie surgiu reclamando. — Não sei porque a minha irmãzinha continua sendo a sua amiga. Sinceramente, que falta de amor próprio!

— Amelie, pare com isso! — Emilie reclamou com a gêmea. — Nathalie tem sua própria maneira de demonstrar afeição, como você.

— Por que você não some daqui e vai atrás da Audrey? — Nathalie respondeu, fria. — As duas se merecem. — Virou as costas e saiu andando.

Viu só o que você fez? — Emilie reclamou e saiu andando para o lado contrário.

            Enquanto isso, Nathalie seguiu para a sala de Artes. Sabia que lá teria paz e sossego. E o principal, veria ele. Gabriel Agreste. Sua paixão dos últimos meses.

            Estava apaixonada por ele há tempos e, algumas vezes, trocavam palavras e elogios. Mas, Nathalie sabia que não tinha muitas chances com o garoto da moda, principalmente por Audrey sempre estar ao redor do rapaz e ser perdidamente apaixonada por ele. E, por Deus, como ela era insuportável!

Bom dia, Gabriel. — Disse com voz amena, fazendo o loiro sorrir para si.

— Oi, Nathalie. Bom dia. — Cumprimentou de bom grado a moça que lhe fazia muita companhia e o ajudava com as cores de seus vestidos elegantes.

            Nathalie gostava de se sentar ao lado dele e ficar lendo alguma coisa, enquanto lhe oferecia sua companhia. E, às vezes, sua opinião aqui e ali. Emilie não sabia de Gabriel, mas também, como saberia? Estava ocupada sonhando com garotos bonitos de filmes românticos. Sua paixão no momento era um garoto de Camarões que fazia teatro com a loira.

            Não demorou em que Emilie sofresse com mais uma das armações de Audrey para vingar-se por uma ofensa feita a ela. Com muita força, a patricinha rasgou a saia da loira no meio da sala de aula. Ofendida com a agressão feita a amiga, Nathalie não se conteve e estapeou a face da malvada. Enquanto Amelie brigava com a amiga, Nathalie levou Emilie correndo a sala de artes para que Gabriel consertasse a saia de sua melhor amiga. Grande erro seu.

            Naquele dia, seu coração foi tomado pelo início de insegurança. Gabriel e Emilie tiveram química desde o primeiro olhar e, por mais que tentasse se convencer do contrário e manter ambos afastados um do outro, o Universo lhe traiu. Nathalie confessou para Emilie que estava apaixonada por Gabriel, numa tentativa de saber se sua amiga iria roubá-lo dela, ou não.

            Infelizmente, não adiantou muito…

Nathy… — Emilie falava entre lágrimas e soluços enquanto Nathalie a encarava sem aceitar. — E-eu não tive culpa… A-aconteceu…

            Aquela noite estava chuvosa e fortes raios se faziam presentes no lado de fora do rico quarto da loira. Ambas estavam no meio do cômodo decorado em creme e azul pastel, florido em amarelo claro, em pé, discutindo.

Emi… Eu TE FALEI que o amava. — A raiva e as lágrimas de Nathalie eram bem notáveis. Seus olhos pareciam cachoeiras. — Você me prometeu que não iria interferir!

— Não tive culpa! — Emilie chorava feito criança. — Nós… Nós nos aproximamos, falávamos sobre moda e artes cênicas. Eu… Eu tentei falar muito sobre você. Queria fazer ele se apaixonar por você, mas… — Os lábios de Emilie tremiam repetidamente. — Mas, fui eu quem me apaixonei mais ainda. E… E ele também. Se apaixonou… Por mim. — A loira voltou a chorar muito quando confessou com sua voz carregada de culpa e tristeza.

— Eu não pedi ajuda, Emi. — Nathalie estava morrendo de raiva da melhor amiga. Ela havia, realmente, o roubado de si. — Eu pedi para ficar longe, não interferir. VOCÊ ME TRAIU, EMI! — Nathalie gritou chorando e Emilie chorou mais ainda. Nunca quisera machucar a amiga ou trair sua confiança. — MINHA ÚNICA INIMIGA ERA A AUDREY, EU TINHA MUITAS CHANCES! MAS… — Nathalie estava possessa de mágoa e rancor, mas ao ver a sua doce Emilie se abraçando e chorando feito uma criança perdida e assustada lhe partia o coração. — Mas, aconteceu… — Sua voz se acalmou. Emilie se assustou ao ver que Nathalie suspirou profundamente e disse com calma, fechando seus olhos com força e virando sua cabeça, inclinada para o chão.

Nathy…? — Emilie chamou a amiga, sem entender.

A culpa não é sua, Emi. — Nathalie abriu os olhos, permanecendo na mesma posição, apenas olhando o chão. — Isso era para acontecer. Mais cedo ou mais tarde, ia acontecer. — Cada palavra dita era uma horrenda dor em seu coração.

Nathy… Não… — Emi falava baixo e rouco, tentando compreender.

— Vocês sempre estavam sendo atraídos um pelo o outro. — A morena se abraçou, fechando os olhos com força. — Se eu não os tivesse apresentado, vocês iriam se conhecer de outra maneira. — Nathalie a olhou, com os olhos cheios. — Era para os dois acontecerem. Ficarem juntos. — Emilie se soltou e tentou se aproximar, estendendo as mãos, mostrando ser amiga.

Nathy, não… Vocês dois… Vocês iam ficar juntos. — Disse calma se aproximando da amiga. — A culpa… — Engasgou, logo engolindo e secando as lágrimas. Voltou a se aproximar da azulada. — A culpa é minha.

Minha Emi… — Nathalie abriu os braços e chamou a melhor amiga para um abraço, que foi recebido muito bem pela loira. A azulada a apertou com carinho e amor, enquanto afagava seus cabelos loiros. — Você não tem culpa. — Repetiu baixinho. — Me perdoe por gritar com você.

‘Tá tudo bem, Nathy.

— Você merece ser muito feliz, meu docinho. — Nathalie diz com um sorriso doloroso e entre lágrimas silenciosas. — E se para isso, você tenha que ficar com o Gabriel — A cada palavra, Nathalie esfaqueava seu próprio coração e seus sentimentos. Cada palavra doía feito o inferno em si, mas por Emi, Nathalie faria tudo — eu vou aceitar e ajudar vocês. Não se preocupe. Está tudo bem, mon Emi. Ma chérie…

            A cada vez que Nathalie presenciava um momento entre Emilie e Gabriel seu coração doía tanto a ponto de querer fazê-la chorar intensamente. A cada vez que protegia o casal ou os apoiava, mais seu coração falhava batidas e machucava o peito da garota. Várias noites, Nathalie chorou desesperadamente em seu quarto.

            No fim do Ensino Médio, Nathalie saiu de Paris para cursar a faculdade. Pensava que assim poderia esquecer sua decepção amorosa e curar o coração ferido ao extremo. Doce engano. Tornou-se mais fria e solitária ainda. Não havia um dia que Nathalie não sofresse com as cartas de Emilie contando como iam as coisas. As fotos no baile com Tom Dupain e Sabine Cheng e, Audrey com André Bourgeois, além de Emilie com Gabriel juntos aos casais amigos. No fundo, no andar de cima, dava para se notar que era Amelie e o homem que no futuro veio a se converter em seu futuro marido. Escondida pela mão erguida de Tom, estava Nathalie ainda jovem.

            Alguns anos depois com o retorno de Nathalie à Paris, o Universo achou que seria divertido zombar dela mais uma vez. Emilie Graham de Vanily iria se casar, tornando-se uma Agreste. O soco no estômago de Nathalie fora imenso e partiu seu coração quase que de uma só vez.

— Sinto muito, Emilie. Não tenho alguém para ser meu par como padrinho na sua cerimônia. — Nathalie avisou enquanto ajudava a costureira a marcar a silhueta de Emilie no vestido de noiva Agreste escolhido por ela. — Eu e meu último namorado não funcionamos muito bem.

— Não se preocupe, Nathy. — Emilie ainda tinha seu doce sorriso para a amiga. — Eu tenho alguém perfeito para ser o seu par. — Nathalie sorriu.

— Obrigada, querida. — Agradeceu e logo pensou: — “Seria ótimo se fosse o seu futuro ‘marido’!”.

— Ah, estou tão empolgada! — A voz de Amelie se via mais irritante ainda para os ouvidos de Nathalie. — Minha irmãzinha vai se casar! — Bateu palmas enquanto sorria.

— Talvez essa coroa. — Audrey mostrava a coroa que escolheu para Emilie.

— É linda, Audrey. Obrigada. — A loira agradeceu. Audrey olhou bem o vestido e a coroa e negou.

— Inaceitável! — Saiu andando logo em seguida. — Esta coroa não é boa o bastante para seu vestido Agreste. Vou achar coisa melhor!

— Já sabe quem vai herdar o sobrenome? — Amelie perguntou se sentando artisticamente no puff preto. — Porque o meu marido quis herdar o nome dos Graham de Vanily, uma imensa honra para ele.

— Serei Agreste mesmo, querida irmã. Herdarei o nome de meu marido. — Emilie disse sorrindo e Amelie olhou-a decepcionada.

— Que pena! Nosso sobrenome é mais elegante. — Disse chateada e logo notando Nathalie. — Bem, Agreste é melhor do que Sancoeur. Mais elegante. — Nathalie a ignorou. — Mas, conte-me Nathalie. Como foi superar seu “amor” pelo Gabriel? Foi algo realmente surpreendente! — Todos se calaram e Emilie teve pena da amiga.

— Mais impressionante ainda foi o fato de encontrar um homem corajoso e louco o bastante que tivesse a capacidade de se casar com você e herdar seu sobrenome. — Nathalie respondeu sem olhar a mulher, ajustando o vestido da amiga. — Correção. — Olhou Amelie debochada. — Inteligente o bastante para não envergonhar a família dele e não passar o sobrenome para você.

— Ora, mais que abuso! Sua-…

— Chega, Amelie! — Emilie pediu séria. — Deixa a Nathalie em paz, pare de implicar com ela.

            O casamento feriu e reabriu cada machucado no coração de Nathalie em relação a Gabriel, por mais feliz que estivesse por sua melhor amiga. Alguns meses depois, veio o convite de Emilie para que Nathalie trabalhasse como assistente da família Agreste, pois a empresa estava crescendo — graças a um empurrãozinho de Audrey — e eles precisavam de assistência e organização nas agendas.

            Nathalie não pode entender o motivo pelo qual Emilie a colocou dentro de sua casa. Se era um teste ou uma provocação, entretanto sempre soube que Emilie era boa e pura demais para isso. Então, aceitou o convite de bom grado, se tornando parte da família e voltando a amarrar seus laços com a melhor amiga.

            Mas, o Universo ainda não estava satisfeito com as dores de Nathalie. Ainda querendo machucá-la ainda mais, fez com que Emilie e Gabriel engravidassem de surpresa. Um menino, Adrien. “Pelo menos não é Adam”, pensou Nathalie. Entretanto, eram nomes tão parecidos que faziam o pobre coração de Nathalie doer cada vez mais, enquanto ela ocultava tudo dentro de si.

— Me avise se sentir qualquer coisa, Emi. — Nathalie ainda a chamava da mesma maneira, entretanto estava preocupada. — Você ainda está sangrando muito e seu parto foi um pouco difícil. Preciso ligar para o médico, caso aconteça qualquer coisa.

— Eu só tive um bebê, Nathy. — Emilie ria do desespero da amiga. — Eu estou bem.

— Mas não deixe de me avisar. — Nathalie disse preocupada dando um beijo na testa de Emilie, para logo ir arrumar as coisas no quarto. Roupas e fraldas.

— Já quis ser mãe, Nathy? — Emilie perguntou ainda fraca, na cama. Ainda sofria com a segunda semana do pós-parto. Usava as fraldas de grávida por conta dos sangramentos ainda intensos, enquanto Nathalie cuidava da mãe e do bebê.

— Uma vez. — Nathalie pegou uma bandeja com café da manhã completo e trouxe para a amiga. — Quando era muito nova.

— E o que você desejava? — Nathalie arrumava os pés da bandeja, para ficar mais alta ao conforto da amiga.

— Um menino. — Disse sorrindo para a loira. — Se chamaria Adam.

— Que lindo nome! — A amiga sorriu. — Como o príncipe de A Bela e a Fera?

— Exatamente como ele. — Confessou rindo.

— Quase chamei Adrien de Adam, sabia? Gabriel gosta muito desse nome. — Seu coração fora atravessado por uma faca invisível, tudo doía em Nathalie. “Maldito Gabriel!”, pensou a mulher.

— É o nome de um príncipe de contos de fada, Emi. Todos amam esse nome. — Comentou rindo. Apenas a loira via esse lado da amiga.

— Acho que sim. — Concordou e olhou a amiga fazendo mil coisas ao mesmo tempo no quarto enquanto lhe dava atenção. — Obrigada, Nathy. — A morena a olhou confusa. — Por sempre estar ao meu lado, desde jovem.

— Eu nunca vou abandonar você, Emi. — Nathalie sorriu.

— Obrigada. — Emilie agradeceu e Nathalie se aproximou, abraçando a amiga que começou a chorar de felicidade no ombro da outra. — Hormônios idiotas. — Murmurou constrangida e ambas riram, ainda dentro do abraço confortável e amoroso de “irmãs de outra mãe”.

            Treze anos após o nascimento de Adrien, enquanto ele fazia uma das várias sessões de foto que eram vistoriadas por seu pai, Emilie sofreu um acidente. A loira já não se sentia bem desde que havia começado a usar o Miraculous do Pavão defeituoso que havia encontrado no Tibet com o marido, quando acharam este e o da Borboleta. Nathalie estava entrando no hall com o tablet em mãos, procurando a amiga para que iniciassem seu dia. Estavam atrasadas.

— Emilie, bom dia. — Nathalie sorriu ao ver a amiga no topo das escadas.

— Bom dia, Nathalie. — A loira sorriu, mas sua expressão foi se desfazendo aos poucos.

— Emi, está tudo bem? — Nathalie ameaçou subir as escadas, enquanto Emilie parecia zonza.

Nathy… — Sua voz era baixa e muito fraca. — Eu não estou… — De repente, Emilie despencou das escadas, rolando por elas. Havia desmaiado.

— EMILIE! — Nathalie gritou horrorizada e correu para impedir sua queda pelo resto da escadaria. Conseguira parar o corpo da melhor amiga no meio do caminho. — Emilie, acorda. Emilie. Emilie, pelo amor de Deus! — A voz de Nathalie externava todo o seu desespero ao ver o estado de sua amiga.

            Emilie Agreste estava mole, havia perdido o seu tom rosado nas bochechas, e parecia não responder a nenhum estímulo externo. Enquanto isso, Nathalie chorava desesperada pela melhor amiga tentando acordá-la. Implorava, gritava, chorava. Queria que a doce loira acordasse e tudo não passasse de um susto. Conseguiu descer com o corpo inconsciente da amiga até o chão do hall e, antes de qualquer coisa, ligou para o marido da amiga.

— Gabriel, me ajude, por favor! — Chorava desesperada ao telefone.

“O que houve, Nathalie?”

— A Emilie. Emilie despencou das escadas. Desmaiou e rolou por elas. Ela não acorda, Gabriel. Não acorda. — Nathalie chorava e soluçava a cada palavra dada. Seu peito estava apertado e dolorido. Subia e descia numa velocidade e força impressionantes. A angustia tomavam conta de si e cada um dos seus músculos estavam tensos, enrijecidos e muito, muito gelados. Estava apavorada!

“Já chego aí, num instante. Chame o médico, Nathalie. Diga que-…” — Enquanto Gabriel ditava ordens, Nathalie notou um brilho estranho no broche de pavão da amiga.

— Gabriel, espera. — Nathalie apertou a joia na mão e colocou o ouvido no peito da amiga. Pode ouvir o coração muito calmo de sua amiga bater. Logo voltou a chamada telefônica. — Gabriel, é essa joia de vocês dois. Essa… Como se chama? Mira… Miracle?…

“Miraculous.”

— Isso mesmo. Miraculous. O Miraculous dela está brilhando estranho, como eu nunca tinha visto. Está mais partido do que antes, Gabriel.

“C-como…?”

— Corra para cá, por favor.

            Gabriel obedeceu e logo estava na mansão Agreste. Nathalie o entregou a joia mágica que estava em suas mãos e o homem pode ver com seus próprios olhos. A joia mágica estava diferente do seu normal, mais aberta em sua rachadura e parecia muito mais defeituosa.

— Ela estava com isso quando caiu. Passou mal. — Nathalie dizia enquanto assistia o homem levar a esposa para seu escritório.

— Eu não sei o que aconteceu, não era para estar assim. — Gabriel disse entre lágrimas. — Avisei tantas vezes para não o usar, pois estava estranho. Por que não me ouviu, Emilie?

            Por conta disso, tiveram que inventar que Emilie havia desaparecido sem deixar uma pista sequer. Sustentar essa mentira havia sido difícil e doloroso, principalmente quando se tratava de Adrien. Sempre cuidou dele como se fosse seu e, vê-lo chorar daquela maneira partia seu coração. E Gabriel só piorava a situação se afastando cada vez mais do garoto e o isolando de tudo e todos.

            Nathalie sempre se escondia em seu quarto nas primeiras semanas para chorar pela amiga. Chorar por tudo o que estava acontecendo e, também, de raiva. Raiva, saudade, por perdão, medo e culpa. Um misto de emoções estava presente em seu choro. A mulher só queria sua amiga de volta. Só queria que seu pesadelo tivesse fim.

Entretanto, não pode deixar de negar que, por vários momentos pensou que Gabriel finalmente poderia ser seu. Quando esse pensamento lhe invadia a mente, Nathalie começava a chorar e se castigar por ser tão traiçoeira com a melhor amiga que estava passando por um coma. Não. Um sono da morte causado pelo Miraculous. Como no conto da Branca de Neve, mas, dessa vez, não havia beijo de “amor verdadeiro” que pudesse salvá-la.

Nathalie fez de tudo para arrancar qualquer sentimento que tivesse por Gabriel em seu coração. Fez de tudo. Mas, com a falta de Emilie, a aproximação dos dois e o uso dos Miraculous para obterem as joias de Ladybug e Chat Noir, as coisas só ficaram mais claras para Nathalie.

Estava mais do que óbvio que seus sentimentos por Gabriel estavam maiores, mais fortes e presentes do que nunca. Tão poderosos que não escondia o seu desejo em ajudar e se entregar completamente aos seus planos para trazer Emilie de volta, por mais que isso a ferisse muito.

Não… Essa não era a verdade.

Nathalie amava ser a Mayura porque isso lhe concedia a oportunidade de estar cada vez mais perto e íntima de Gabriel. Por mais doente que ficasse — como a sua amada Emi — mais atenção, carinho e proximidade ganhava de Gabriel. No final das contas, Nathalie não se importava de perder para a dupla de heróis todas as noites, desde que isso lhe deixasse muito mais perto de seu grande amor. Nathalie torcia inconscientemente para que nunca ganhassem, pois, assim, Gabriel acabaria desistindo. E quem sabe não abrisse seus olhos para Nathalie?

Por mais que Mayura se sacrificasse para obter, junto a Hawk Moth, os Miraculous de Ladybug e Chat Noir, ela amava Gabriel. Fazia isso para vê-lo feliz, mais “próximo de seu desejo”. Mesmo que conseguissem e resgatassem Emilie de seu sono profundo, ela nunca deixaria de amá-lo. Mas, seu subconsciente admitia que não queria que a amiga acordasse e, torturava Nathalie todas as noites com isso. Tratava-a como uma pecadora, sem coração ou escrúpulos.

***

Nathalie fechou seu grande álbum de fotografias e suspirou pesadamente. Muitas coisas pesavam em sua mente depois do enorme flashback. Olhou para o relógio de cabeceira e notou que já se passavam das onze e quarenta. Levantaria bem cedo no dia seguinte para seguir com as agendas de Adrien e Gabriel — além do trabalho como Mayura ajudando Hawk Moth.

A azulada foi tirada de seu transe com algumas batidas na porta. Suspirou pesado. Quem poderia ser àquela hora? Rapidamente se levantou e apenas puxou um longo robe de seda chinesa, da cor vermelho com babados pretos nas mangas dramáticas e na barra da vestimenta. Andou até a porta e a destrancou, dando de cara com Gabriel Agreste quando abriu.

Senhor Agreste. — Murmurou surpresa. — Algum problema?

— Nathalie, me desculpe incomodar você há essa hora. — O homem respondeu, desconfortável.

Não, eu… — Nathalie tentava pensar em alguma desculpa para mantê-lo ali. — Eu estava olhando um álbum de fotografia antigo.

— Álbum? — O loiro estranhou.

— Sim, umas fotos minhas com a Emi. — Confessou chamando a amiga pelo carinhoso apelido. — Entre, por favor. Não é bom que ninguém escute nenhum dos planos. — Pediu e abriu caminho para o chefe.

— Obrigado. — Gabriel Agreste adentrou no quarto confortável e Nathalie fechou a porta, logo firmando mais a fita que amarrava seu robe. Culpava-se por não estar usando o pijama ou qualquer outra coisa por baixo dos panos. Ao mesmo tempo, o homem notou o álbum aberto no dia do baile de escola há mais de vinte anos. — Essa foto é bem antiga.

— Sim. — Nathalie concordou e andou até a cômoda, pegando seus óculos. — Sobre o que queria falar?

— Vim saber se você estava bem. — O homem admitiu olhando a companheira cruzar os braços embaixo dos seios que marcaram bem no tecido. Também havia notado que o pijama de Nathalie estava dobrado na poltrona, supondo que a mulher não usava nada por baixo. — Saiu do esconderijo sem dizer uma só palavra, apenas deixou o Miraculous do Pavão para trás.

— Não foi nada. — Nathalie disse num suspiro.

— Não disse uma só palavra, Nathalie.

Eu… — Começou a falar, mas se perdeu na linha de raciocínio. — Eu apenas estou com a cabeça cheia. Não se preocupe.

— Somos parceiros em uma grande causa, Nathalie. Nossa maior força é a confiança e a franqueza um com o outro. — A mulher queria lhe dizer a verdade, mas tinha medo das consequências.

— Não há nada. — Fechou-se, mordendo a ponta dos lábios enquanto os puxava para dentro de sua boca. Nathalie desviou o olhar para chão, causando uma maior preocupação no Agreste. Este, aproximou-se da assistente e colocou as mãos em seus ombros.

— Seja sincera, Nathalie. Diga o que está lhe incomodando. — Ele pediu, mas ficou surpreso quando viu por baixo da cachoeira negra de seus cabelos, os olhos azuis opacos cheios de água. Pareciam uma forte correnteza de cachoeiras que queriam se livrar das amarras.

— Muita coisa me incomoda, senhor. — Nathalie disse em voz alta, causando confusão no loiro.

— É sobre Hawk Moth e Mayura? Nathalie, você pode muito bem parar com isso, não irei força-la a fazer algo que não queira. Sei que se sacrificou muito para me ajudar a acordar a Emilie e já sou imensamente grato por isso. Mas, você pode deixar tudo comigo e-…

— Não é sobre os Miraculous. — Interrompeu o homem. — Gosto de te ajudar. E não, não estou mal por termos perdido mais uma vez para Ladybug e Chat Noir.

— Então, eu não faço ideia do que lhe incomoda. — Gabriel endireitou-se e a olhou.

— É, você não sabe. Você nunca soube. — Nathalie parecia nervosa e isso assustou o Agreste, enquanto ela passava por si e ia para o outro canto do quarto. Lágrimas já desciam por seu rosto. — Você nunca notou.

— Nunca notei o quê? — Nathalie virou-se de braços cruzados, com um olhar muito sério e encarou no fundo dos olhos do homem.

— Nunca notou o quanto eu amei você, desde o primeiro dia naquela maldita sala de artes do colégio. — Mesmo em um momento tão delicado e emotivo, Nathalie permanecia com o habitual tom de voz. Sempre calma e formal. — Nunca notou o quanto eu me feri enquanto via e sorria para você e Emilie.

— Eu sempre amei a Emilie, esse assunto está encerrado. — Gabriel tentou acabar com tudo ali.

— Não, você vai ouvir agora. — Disse assertiva. Não abaixaria a cabeça ou reprimiria seus sentimentos mais uma vez. — Eu amo você e amo a Emilie. Ela é minha melhor amiga e foi por ela que ignorei tudo o que sentia. Eu engoli tudo na vida para ver os dois juntos, namorando, para depois casarem e terem um lindo filho como Adrien. Eu estive lá me cada momento por ela e por você. — Nathalie se aproximou com a expressão dura e séria, mesmo com lágrimas caindo por seu rosto. — Eu morri e morro todos os dias desde o acidente da Emi. Me culpo todo santo dia por querer ela de volta e te amar incondicionalmente. Eu ainda não sei no que ela estava pensando quando me colocou dentro desta casa, mesmo tendo uma desconfiança dos meus sentimentos.

Nathalie…

— A Emi está morta, não tem como trazermos ela de volta sem pagarmos um alto preço. Preço este que pode ser qualquer um. — O peito da mulher subia e descia. — E enquanto isso, eu permaneço aqui. Ao seu lado. Imutável. Invisível, mas completamente apaixonada por você. Me sacrificando a cada dia mais por você e, menos para Emi. Por que não a deixa como está? Ela precisa descansar e não pode voltar por nenhum meio normal. — Gabriel estava horrorizado com as palavras de Nathalie. Em meio aquele silêncio, a mulher finalmente se deu conta. — Meu Deus, o que eu estou falando? — Enfiou seus dedos entre seus fios, horrorizada e com lágrimas em seus olhos. — Eu estou desejando a morte de minha melhor amiga… — Murmurou, assustada. Alguns minutos se passaram em silêncio, enquanto Nathalie se recompunha.

Nathale… — O Agreste a chamou. — Está tudo bem, você falou da boca para fora. Vamos esquecer isso tudo-. — Novamente fora interrompido, quando ela voltou a olhá-lo com determinação.

— A questão é… — A mulher encarava o peito do homem a sua frente, que era mais alto que si. — Desde que Emilie desapareceu e eu venho te ajudando, esses… Sentimentos, estão cada vez mais fortes e mais presentes em minha vida. E, eu quero que saiba.

Saiba… Sobre o quê? — Gabriel Agreste estava um tanto quanto desconfortável com toda aquela situação. Amava a esposa, não a melhor amiga dela e sua assistente.

E sem nenhum aviso prévio, Nathalie colou os lábios dos dois. A assistente pessoal de Gabriel havia lhe roubado um beijo e ele nem sequer sabia como deveria agir diante aquilo tudo. Deveria afastar? Gritar? Aceitar? Beijar de volta? De repente, Nathalie parou e olhou para o chão.

— Gabriel Agreste, eu quero que saiba que eu te amo. Amo tanto a ponto de me entregar completamente aos seus planos para trazer minha querida Emilie de volta, para que traga a sua felicidade e a de Adrien mais uma vez. Mesmo que isso signifique que não serei feliz ou não terei você. — Nathalie o olhou profundamente. — Amo a ponto de por minha saúde em risco pela mesma doença, causada pelo Miraculous do Pavão que está defeituoso, que levou minha melhor amiga. Colocaria minha vida em risco por você e sua família, mesmo sabendo que você nunca faria algo do tipo por mim. — Sentenciou.

Nathalie… Eu… — Gabriel Agreste estava atônito. Não fazia a mínima ideia do que deveria fazer ou dizer para a mulher que estava em sua frente. Uma mulher extremamente inteligente e ambiciosa, mas ainda bela e que poderia ser muito doce.

— Senhor Agreste, por favor, está tarde. — O homem foi pego de surpresa pela formalidade com que Nathalie voltou a tratá-lo. — Peço que o senhor esqueça tudo o que aconteceu aqui dentro e fique tranquilo, pois não voltará mais a acontecer. — Gabriel sentiu uma pontada no coração. — Amanhã cedo o senhor tem uma reunião com os acionistas sobre a nova coleção que virá diretamente do Brasil.

R-reunião — repetiu confuso —, certo. Uma reunião.

— Boa noite, senhor. — Nathalie disse e encerrou o assunto. Gabriel Agreste seguiu vagarosamente até a porta para se retirar, mas antes olhou para trás. Nathalie olhava a parede a sua frente, sem se mover. Agindo como uma boa assistente.

Boa noite, Nathalie. — E saiu.

            Nathalie se deixou cair no chão e desabar em lágrimas. Estava tão aliviada que havia se aberto e confessado o que sentia em voz alta que risadas eram dadas em meio ao choro. Um verdadeiro alívio. Olhou, então, para uma fotografia na cabeceira da cama. Uma foto sua e de Emilie, no Ensino Médio.

— Nunca mais, Emi. — Disse sorrindo, enquanto chorava. — Nunca mais eu vou me reprimir e deixar o seu fantasma me assombrar por conta de um sentimento. Eu vou lutar por você e por sua vida, querida. Mas, se prepare, lutarei também por Gabriel desta vez. — Nathalie suspirou fundo. — Eu sinto muito, querida. Eu te amo muito, mas você corre sérios riscos de perder seu marido. — Disse logo abaixando seu rosto e sentindo as lágrimas rolarem, com um sorriso de felicidade que invadia seu peito.

— — —


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado da ideia de um romance por parte de Nathalie em relação a Gabriel. ♥

Cá estão as imagens que inspiraram a fic:


Emilie e Gabriel:

[https://pm1.narvii.com/6855/83c372150173f4f6075ca12e2c6737b9b892e49av2_hq.jpg]

Estilo do quarto da Emilie:

[http://cinexcellence.com/wp-content/uploads/2020/09/french-style-bedroom-decorating-ideas-french-style-bedrooms-ideas-modern-french-style-bedrooms-ideas-1024x706.jpg]

Baile de Formatura:

[ https://static.zerochan.net/Miraculous.Ladybug.full.2384576.jpg ]

Emilie:

[https://i.pinimg.com/originals/2f/ea/0c/2fea0cc8b589cd4bb8985dc432d302d9.png]

[http://pm1.narvii.com/6995/d70d23685e0da07827e4f08fe0ce4b3ca9cc8ac1r1-2048-2048v2_uhq.jpg]



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