— Ah, agora o alecrim dourado se tocou. – Rosalie resmungou, e eu quis rir. 

— Como assim, Benjamin? Você não teve... – Bella começou a falar, mas Ben, pela primeira vez na vida, a interrompeu para falar algo com sentido. 

— Não, Bella. Eu tive culpa. – Ele olhou para mim, como se pedisse minha aprovação. Eu apenas dei de ombros. – Eu que pedi ajuda ao Edward. Tudo isso começou comigo. Eu estava a fim de você, e sabia que ele era seu amigo, então pedi ajuda. Ele a princípio não negou ajuda, mas eu notei que um tempo depois ele ficou diferente. Até que chegou o dia que eu te chamei para sair. – Ben falou. – Eu disse que queria muito sair com você, e o Edward falou que você não iria aceitar. Aquilo não entrou na minha cabeça, aí eu liguei os pontos. Mas eu estava decidido, e praticamente obriguei ele a falar com você para sair comigo. Não foi uma atitude legal da minha parte, eu sei. Reconheço isso. Não sabia que isso ia causar essa confusão toda. – Ele deu de ombros. 

Quando Benjamin disse aquelas palavras, um peso pareceu sair de minhas costas. Eu tinha esperança que Bella finalmente entendesse meu lado, mas sabia que mesmo assim minha atitude tinha sido injustificável.

— Bella, eu sei que, mesmo depois de todo o contexto, minha atitude foi… ridícula. Eu poderia muito bem ter negado, resistido, socado a cara do Ben. — Eu disse, com raiva, e Benjamin deu um passo para o lado de Emmett. – Mas eu fui fraco, errei. Eu não sou perfeito, estou longe de ser. Sei que você está com raiva e que não quer nem olhar na minha cara agora, e eu realmente te entendo e respeito isso, mas quero que saiba que… – Eu respirei fundo. A vontade de colocar tudo para fora ali mesmo era grande. De tomá-la em meus braços e gritar que amava ela. Mas eu não podia. – Eu me importo com você. Muito. 

 Eu não sabia mais o que fazer ali. Entreguei a caixa que continha o presente dela para Rosalie, e me dirigi à porta. Voltei meu olhar para Bella. Eu não sabia quando a veria de novo. 

— Bella? Eu vou te esperar. Quando quiser, você sabe onde me achar. – Quando falei isso, ela me olhou bem no fundo dos meus olhos. Senti que ela podia enxergar até minha alma. Ela limpou as lágrimas na manga do seu suéter branco. 

— Espera. Você disse que ligou os pontos. Do que você está falando? – Ela perguntou para Ben. 

— Bella, acho que isso você tem que conversar com o Edward. – Benjamin disse, e de repente senti uma vontade súbita de abraçá-lo. 

— Tudo bem. Acho que eu não posso mais atrasar isso. – Bella disse, e meu coração começou a palpitar. 

— Acho melhor nós sairmos e deixarmos vocês mais à vontade. Eu e o Emmett estaremos lá fora se precisarem. – Rosalie disse, colocando a caixa em cima do aparador ao lado da porta. Ela saiu e puxou o namorado junto. Ben, que não foi mencionado, entendeu bem o recado. 

— Eu vou embora. Bella, Edward. Peço desculpas de novo pelo que causei. Eu não imaginava que iria virar isso. Espero que consigam me perdoar um dia. – Ele disse e saiu, cabisbaixo. Bella apenas acenou com a cabeça para ele. Senti uma leve pena dele. 

— Eu nem sei o que te dizer, Edward. – Bella falou, depois de alguns instantes em silêncio, completamente parada, olhando para mim. Toda nossa intimidade, cumplicidade, parecia ter desaparecido. Era como se nós fossemos dois completos estranhos em frente ao outro. 

— Bella… – Eu comecei. Eu não podia mais esconder. Se eu tivesse que falar, agora era a hora. Ela merecia saber, mesmo que não retribuísse. – Eu já te pedi desculpas, e sinto que preciso te contar uma coisa. 

— Ótimo, porque eu também preciso te falar uma coisa. Algo que não aguento mais segurar comigo. – Ela disse, e o meu coração acelerou. O que poderia ser? Mas eu estava nervoso. Precisava contar logo, se não eu iria estourar, colapsar. 

— Você pode me escutar? Eu preciso falar, se não eu não vou ter mais coragem. – Eu falei, sentindo algumas lágrimas teimosas chegarem em meus olhos. 

— Tudo bem. – Ela disse. 

Comecei. 

— Quando eu decidi terminar com a Tanya, eu sabia exatamente o que eu sentia. Eu tinha completo controle sobre os meus sentimentos, sabia o que acontecia na minha cabeça. Mas aí você chegou, e bagunçou tudo. Minha cabeça ficou de pontapé. Eu não sabia mais o que era real ou o que era ilusão. – Respirei fundo. Era difícil colocar aquilo para fora, quando tudo estava tão bem guardado, enterrado no fundo do meu coração. Bella olhava para mim atenta. Sua expressão era serena: eu não identificava traços de raiva ou decepção, tampouco de alegria. Ela apenas me ouvia. 

— Eu comecei a me sentir diferente no aniversário da Alice. Alguma coisa ali virou uma chave, me mudou. Eu não te via mais só como a Bella minha amiga. Você era A Bella. — Eu ri. – Parece estranho. Eu não sei explicar. – Eu não sabia nem como aquelas palavras estavam saindo da minha boca. Tinha medo de estar apenas balbuciando coisas sem sentido. Bella olhou para mim, e pediu que eu continuasse. 

— Aí aconteceu tudo aquilo no jantar aqui. E a gente quase se beijou. E eu vi que eu tinha cometido a maior burrada da minha vida. – Eu falei e ela arregalou os olhos, assustada. – Não! Calma. – Estendi meus braços para ela, e encostei minhas mãos nas dela. Macias, quentes. Eu sentia falta do seu toque suave, das suas pequenas mãos nas minhas. Elas se encaixavam perfeitamente. – Eu vi que tinha cometido uma burrada de não ter tentado te beijar antes. Mas eu também não sabia se eu podia. – Suspirei, com os olhos fechados. Abri meus olhos e peguei seu rosto com minhas mãos. Seus olhos estavam marejados, vermelhos. Ela não falava nada, e eu via a confusão em seu olhar. Decidi esclarecer tudo de uma vez por todas. Eu já não aguentava mais guardar aquela informação para mim. Queria sair correndo, parar no meio do trânsito, na avenida mais movimentada de Forks e gritar que eu era apaixonado por Isabella Swan. Ela precisava saber disso.

 – Bella, eu te amo.