Acordei naquela terça feira extremamente ansiosa. Eu não conseguia ficar parada por muito tempo, nem fazendo alguma coisa monótona. Eu só pensava no jantar. Durante o café da manhã, minha mãe questionou meu nervosismo. 

— Bella, você está bem? 

— Aham. Tudo normal, mãe. Por que? – Perguntei. 

— Nada. Você está estranha. É por causa do jantar, né? – Renée rebateu. 

— Ah. – Suspirei, salva por meu pai, que chegava à cozinha na hora. 

— Bom dia, queridas. Que jantar? Nós temos um jantar? – Charlie questionou minha mãe. 

— Ah, sim, querido. Os Cullen virão jantar conosco esta noite. – Renée explicou. 

— Ah, aliás, sobre isso. Vão ser só o Edward e a mãe dele. O pai vai estar de plantão e Alice tem que terminar um trabalho. – Falei, levando a xícara de café à minha boca. 

— Ah, que pena. O Dr. Cullen parece ser uma boa pessoa. – Meu pai falou, colocando um pedaço de bolo na boca. – Ei. – Ele parou de repente. – Bella, você e esse Edwin… Vocês estão tendo alguma coisa? 

— Charlie! – Minha mãe protestou. 

— Pai, o nome dele é Edward. – Eu o corrigi, rindo. 

— Os Cullen são aquelas pessoas que nós encontramos na maternidade quando a Bella nasceu, eu te contei isso semana passada. – Minha mãe explicou. – E além disso, ele e a Bella são apenas amigos, não é, querida? – Ela perguntou para mim, jogando a realidade bem na minha cara. 

— É, mãe. – Falei, desanimada. 

— Bella, pelo amor de Deus, pare de bater esse pé no chão. – Meu pai disse. 

— Desculpe. Eu estou… ansiosa. – Falei, me levantando. – Preciso ir. – Mandei um beijo no ar para meus pais, que permaneceram sentados à mesa da cozinha. 

— Bella, querida! – Minha mãe gritou, quando eu já estava quase do lado de fora. Dei meia volta. 

— Oi, mãe? 

— Eu vou precisar da sua ajuda hoje. Você pode chegar mais cedo? – Renée perguntou. 

— Claro. – Disse e coloquei um sorriso no meu rosto. Eu adorava cozinhar. 

— Tudo bem. Boa aula. – Mamãe falou e me mandou um beijo. 

Chegando na faculdade, senti alguns pingos de chuva na minha cabeça. Algo tinha que dar errado, pelo visto. Ao entrar no corredor em que era minha sala de didática, encontrei Edward vindo na direção oposta. 

— Oi! – Eu disse, e ele me puxou para um abraço. Durou exatamente cinco segundos, mas foi o suficiente para que seu perfume ficasse em minha blusa. 

— E aí, tudo pronto para hoje? – Ele perguntou. 

— Tudo. – Eu sorri. 

— Vai ser um prazer conhecer sua família. – Ele disse e sorriu. Meu coração se derreteu um pouquinho. 

— Obrigada. Eles vão ficar felizes em te conhecer. – Completei. 

Continuamos a falar sobre o jantar, até quando Benjamin se aproximou de nós. 

— Posso te mostrar hoje… – Eu ia falando, quando Ben nos interrompeu. 

— Oi, Edward. – Ele deu dois tapinhas nas costas de Ed. – Bella. – Ele me abraçou, e fiquei meio espantada com o gesto. – Você está linda. Quer dizer, você é linda, mas hoje está mais. 

— Ah. Haha. Obrigada. – Falei, sem graça, enquanto Edward coçava a cabeça, parecendo desconfortável com a situação. 

— O que tem hoje? – Benjamin perguntou, animado. Eu dei uma olhada para Edward, que balançou a cabeça em negativa discretamente. 

— Eu estava comentando com o Edward sobre o box de Os Miseráveis novo que eu comprei. Ele é lindo, dividido em dois tomos, perfeito… Estava falando que ia mandar uma foto para ele quando eu chegasse em casa. – Menti e, mesmo que eu não me orgulhasse disso, achei que foi uma mentira muito convincente. – Você já leu? 

— Ah sim. Não, nunca li. Não gosto muito de ler. – Ele deu uma risadinha sem graça. Olhei para Edward, que piscou para mim. Minhas pernas tremeram um pouco. 

— Entendi. – Falei, e não sabia mais como continuar a conversa. 

— Bella, você curte esportes? Sabe, eu jogo no time de futebol americano, e tal.. – Ele aprumou as costas, como um pavão interessado na fêmea. – Se quiser ver um jogo, ou um treino… – Ben se apoiou na parede ao meu lado, aproximando sua cabeça da minha. Me afastei um pouco, sem que ele notasse. Edward deu um sorriso de canto. 

— Não. Detesto futebol, pra ser mais precisa. Mas obrigada. Muito gentil da sua parte fazer esse convite. – Dei um sorriso amarelo, mas ele não desistiu. 

Ben começou a falar dos lançamentos do cinema, mas eu apenas ouvia. Edward comentava uma ou duas coisas com ele, mas eu não prestava mais atenção. Só quando ele dizia um “você não acha, Bella?” que eu assentia. Cansada da monotonia da conversa com Ben, suspirei aliviada quando o professor apontou no corredor. Salva pelo gongo. Entramos na sala e me dirigi ao meu lugar de sempre, ao lado de Edward. Mas Ben, por um motivo desconhecido por mim, sentou-se no lugar de Edward, que teve que se sentar atrás de mim e não ao meu lado, como em todos os dias. Não gostei nada daquela mudança, principalmente porque Benjamin simplesmente não parava de falar na minha cabeça. 

No almoço, foi a mesma coisa. Benjamin simplesmente não parava de falar. Nem quando eu queria conversar com Angela e Rosalie. Edward apenas ficou sentado, escutando o falatório. De vez em quando, olhava para mim e sorria. Eu sabia que ele não estava aguentando mais. 

— Hoje o Benjamin acordou com a corda toda, hein, Ben? – Rosalie falou, depois de tentar engatar um assunto. Angela quase engasgou com o pedaço de frango que tinha comido, rindo. 

— Eu estou empolgado, pessoal. Desculpem. É que eu tenho um jogo importante hoje. – Ele olhou o relógio no pulso. – Falando em jogo, preciso ir treinar. Até mais pessoal. – Ele deu um beijo em minha bochecha e saiu. 

— Ah! Um momento de paz, graças à Deusa. – Rosalie falou quando o garoto já estava do outro lado do salão. Edward gargalhou e eu apenas balancei a cabeça em negativa. 

— Bella, e os preparativos para o jantar? – Rose perguntou. 

— Hoje vou mais cedo pra casa. Vou ajudar minha mãe. Mas está tudo certo. Não é, Ed? – Olhei para Edward.

— Sim. – Ele deu um sorriso. 

— Eu gostaria de estar lá, mas eu já prometi para o Emmett que ia ver um jogo dele hoje, então não vai dar, mas mande um beijo para a Renée por mim. Estou com saudades dela. – Rose explicou. 

— Poxa, que pena. – Edward falou. – Vão ter outras oportunidades, Rose. – Ele completou. 

— Com certeza! Você vai adorar o Emmett. – Ela falou. 

— Espero que você desconsidere tudo o que ele falar sobre mim. Ele com certeza vai tentar me envergonhar. – Falei para Edward. 

— Pode deixar. – Edward assentiu. 

Quando olhei meu celular, me assustei ao ver como o tempo tinha passado rápido. Eu precisaria estar em casa em trinta minutos. 

— Gente, eu preciso ir. – Falei, juntando minhas coisas. 

— Eu também vou. – Edward falou. – Te acompanho. 

— Tudo bem. Tchau, meninas, nos vemos amanhã. 

— Tchau. – Rosalie e Angela falaram, em uníssono, e acenaram animadas para nós. 

— Você não tem aula agora, Ed? – Perguntei, quando notei que Edward estava indo para o estacionamento junto comigo. Ele pegara a chave do carro no bolso. 

— Tenho, mas eu preciso ir ao shopping. – Ele riu. 

— O que foi? 

— Eu falei igual à Alice. 

— Ah. – Eu ri. – Mas você vai faltar de aula, assim, sem mais nem menos? – Perguntei. 

— Bella, às vezes matar aula é saudável. – Ele piscou para mim, e, pela segunda vez naquele dia, minhas pernas pareceram gelatinas. – E eu realmente preciso comprar uma coisa no shopping. 

— Entendi. Bem, nos vemos mais tarde, então? – Perguntei a ele. 

— Sim. – Ele deu um beijo na mesma bochecha que Ben havia beijado. A única diferença foi que o beijo que Edward deu ficou formigando nela até a hora em que cheguei em casa. – Ah, Bella. Obrigado por não ter falado nada com o Ben sobre o jantar. É melhor ter isso só entre a gente. 

— Claro. – Eu sorri e ele entrou no carro. Acenei quando ele saiu da vaga e fui até meu carro, correndo dos poucos pingos de chuva que começaram a cair em mim.