Presos Por Um Olhar escrita por Carol McGarrett


Capítulo 37
Olivia Tem Uma Ideia


Notas iniciais do capítulo

Para quem estava querendo ver Oliva em ação, eis a garota tendo uma ideia nada benta. Não, ela ainda não está em Los Angeles, mas já está aprontando.
Uma boa leitura!



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E a segunda-feira chegou tão mal-humorada quanto o Garfield. O sol e céu azul da Califórnia foram substituídos por raios, trovões e uma chuva forte que impedia a visão a mais do que poucos metros.

Alex, que fez questão de acordar e se levantar comigo, olhava desconfiado para o tempo ruim, da janela da cozinha.

— Fazia tempos que eu não via uma chuva dessas por aqui. Até os cavalos estão agitados. – Ele falou.

— Thor e Stark devem estar com medo, se você for voltar para a cama, o que eu faria se estivesse no seu lugar, por favor, leve os dois.

— Loki não?

— Ele não vai, Alex. Simples assim. – Apontei para o husky ruivo que estava deitado aos meus pés.

— É hoje que você tem uma reunião tarde da noite, né? – Ele trocou de assunto, parando na minha frente, quase que grudado em mim.

— Sim. Às oito da noite.

— Não vou te ver de noite. – Ele disse.

— Provavelmente não.

— Quem vai ser a minha enfermeira?

— Sua mãe.

— Mães não são enfermeiras, são sempre mães.

— Você vai ficar bem, Alex. Amanhã eu vou aparecer.

Ele não gostou do que eu falei.

— Leve Loki com você. Para não ficar sozinha. – Me pediu.

— Não. Por dois motivos: lá ele ficaria sozinho o dia inteiro, e o Ruivo sempre teve Thor como companhia. E segundo, ele se apegou aos seus pais.

Alex apoiou a cabeça em meu ombro, passando o braço bom em minha cintura. Senti que ele virou a cabeça e seu nariz encostava no meu pescoço.

— Fala que está doente. – Me pediu. – Que vai trabalhar daqui.

— Não posso.

— Se pudesse, ficaria?

— Sim, eu ficaria. – E isso não era mentira.

Eu acabei de tomar o meu café de pé, com Alex abraçado a mim. Praticamente me colando a ele.

— Pode me explicar o que isso tudo significa? – Questionei quando ele apertou ainda mais forte o braço bom em torno de mim.

— Não quero que você vá. Você não conhece o caminho, nem a estrada e está chovendo muito.

— Fica tranquilo, eu sei dirigir na chuva. Sou acostumada com ela. Até tempestades assim. – Completei antes que ele trouxesse tópico.

Voltei ao quarto, acabei de me arrumar. O tempo hoje pedia botas, não tinha jeito, então tive que calçar as minhas de montaria e as trocaria quando parasse em casa para trocar de carro. E logo estava debaixo do teto da varanda, me despedindo de Alex.

— Qualquer coisa me liga. – Pedi.

— Você vai vir correndo?

— Sabe que sim.

E ele tirou o telefone do bolso do roupão e ligou para mim.

— Pode vir correndo!

— Seu bobo. A gente se fala. – Beijei-o novamente e andei apressada até a garagem. Quando sai com o carro, Alex ainda estava parado na porta, brincando com o telefone celular.

Me senti como se estivesse fazendo rally. Toda a lama e sujeira que espirravam no para-brisa me lembraram de um final de semana no País de Gales e uma etapa do Campeonato Amador de Rally do Reino Unido. O carro saiu imundo e eu também, já que a janela do piloto deu problema e não fechou.

Levei um tempinho até chegar ao asfalto e quando vi a autoestrada limpinha na minha frente, agradeci que a tempestade que caía iria, ao menos, dar uma lavadinha no Jipão.

Com uma hora e meia cheguei em casa, pulei do Jeep, torcendo para não encostar minha roupa limpa na porta, corri até o quarto, peguei um par de botas mais adequado à vida na cidade do que no campo e, entrei na minha Jamanta, indo para o escritório.

Como em toda a cidade onde os congestionamentos já são praxe, basta chover e parece que o trânsito dá um nó impossível de ser desfeito. Era o que estava acontecendo hoje, e olha que não eram oito da manhã!

Estava decidindo entre descer do carro e abandoná-lo no meio congestionamento ou desistir da vida quando uma mensagem chegou no meu celular.

Já chegou? Você não mandou mensagem.

Meu namorado não é nem um pouco neurótico. Fico pensando se chegarmos a nos casar e eu bancar a noiva atrasada o que ele vai fazer...

Provavelmente vai atrás de mim e me buscar a laço.

No escritório, ainda não. Presa no congestionamento. Los Angeles deu nó. Acho que os californianos não sabem dirigir na chuva...— Respondi.   

Pelo menos não usamos óculos de sol à noite. Quando chegar avisa.

Creio que quando (ou se) eu conseguir chegar, já vai ser hora de ir embora.

Exagerada.

Tô aprendendo com você!

Sei... Avisa quando chegar.

Pode deixar.

E Alex se foi, e eu fiquei batendo no volante, esperando o trânsito andar e a hora passar.

Nem dez minutos depois.

TIAAAAAAAAAAAA

SOU EU!!! — Olivia dizia, como se eu tivesse outra sobrinha que me mandasse mensagens aos gritos.

 MCLATA GANHOU ONTEM! o/o/o/o/o/o/o/o/o/o/o/o/

PS.: não fala pro meu pai que eu chamei a McLata de McLata! Ele ficou possesso ontem.

Faltam dezessete dias!!

E veio uma enxurrada de memes e gifs das mais variadas danças. Tinha até um pinguim dançando e na legenda dizia “Ooohh Shakira, Shakira!”

Você não deveria estar na escola?

E estou!

Não deveria estar prestando atenção na aula?

Acabei de fazer prova. E antes que você cornete, não, não estou na sala, estou no pátio, esperando o povão terminar. O que posso fazer se sou rápida como o Flash? Tá ocupada?

Tô no congestionamento...

HIHIHIHIHI! Tem trânsito aí também!

Não vi graça nenhuma!

Mas, voltando, posso te ligar de vídeo?

Que parte do “estou no congestionamento”, você não entendeu, Olivia?

O carro tá parado, e você tem porta celular, não precisa ficar olhando para a tela, além do mais, será mais seguro, já que está me mandando mensagens.

Minha sobrinha mandou essa e logo me ligou.

— OIII!! – Ela disse assim que atendi. – Cadê o meu tio?

— Em Chicago.

Ela tombou a cabeça.

— E você deixou o seu namorado ir para Chicago? Tipo, ele vai encontrar com o Tio Kim lá?

E foi só aí que eu percebi que ela já estava chamando Alex de tio.

— Desde quando você chama o Alex de tio?

Ela fez uma careta.

— Culpe a Elena, ela tá falando do “Tio Alex” sem parar. É “tio Alex” pra lá, pra cá. Fala mais nele do que em você. Não... fala de vocês dois de forma igual! Ele não vai se importar se escapar um tio, vai?

— Não, não vai. – Garanti e era verdade.

— Ufa... achei que ele ia empombar igual à sua irmã. – Ela piscou.

— Sua tia... não conheço aquilo.

Ela riu.

Aquilo, gostei dessa nova forma de chamar... Aquilo.

— O que você quer, Olivia? – Perguntei ao conseguir andar uns poucos metros.

— O tio não tá aí, tá?

— Não, Alex está de molho.

— O que aconteceu?

— Uma cena de luta que deu errado e ele caiu do telhado onde estava.

— TADINHO!!!! Ele tá bem?

— Mais ou menos...

— Meu Deus!! Que medo! Ele é o próprio dublê?

— Também, mas ele é dublê de outros atores também.

— Quem ele já substituiu na tela? – Ela perguntou animada. – Que eu conheça, tá?

— O Chris Evans.

E Olivia deu aquele berro.

— Você está na escola, Desesperada. - Avisei.

— Esqueci. – Fez uma careta. – Mas isso é sério?

— Sim, Olivia. É.

— Tuomas vai dar um AVC!! Vou contar pra ele depois. Falando em depois, me manda o número do tio... quero mandar uma mensagem pra ele, de melhoras. – Fez cara de inocente.

— Você quer é falar na cabeça dele, sobre onde ele vai te levar.

— Minto tão mal assim?

— Pra caramba...

— Então eu vou deixar pra lá... não quero incomodar.

— Se for te deixar mais feliz, Alex disse que iria começar a pensar no seu roteiro...

— Mas ele vai poder ir também? A senhora falou que ele tá de molho...

— Não sei ao certo... ele está com tipoia e bota ortopédica. Temos que esperar para ver.

— Não tem problema. Ele tem que melhorar. Se eu conseguir ir só na Calçada da Fama e no Píer de Santa Mônica já vou ficar feliz!

— Só onde tem movimento, né?

Ela riu.

— Olha... eu sou turista. Quero ir aonde turistas vão! Tenho esse direito.

Direito?!

— Tenho essa... essa... Ah, tia, não complica a minha cabeça, acabei de sair de uma prova de matemática!

— E como foi a prova?

— Fácil! Sou neta e filha de engenheiros!! Já vi conta mais doida do que calcular hipotenusa e seno e cosseno.

— Nem me lembre dessas coisas.

— Não sabe mais fazer isso?! – Ela riu de verdade.

Não preciso disso. – Destaquei. - Mas de matemática financeira sim.

— Eu vou precisar disso? – Perguntou apavorada.

— Por enquanto não. Deixa pra se preocupar quando estiver na faculdade.

— É... melhor... ou eu vou ter pesadelos. E tia... sabe o que eu estava pensando? – Só para variar, o raciocínio da minha sobrinha era todo atrapalhado.

— Não faço a menor ideia.

— Por que você não está olhando para a tela?

— O trânsito começou a andar. Então desembucha...

— Então... eu pensei que, talvez, só talvez... fosse possível de ir ao GP dos EUA em Austin... sabe, vai ser no final de semana que eu vou embora... nós podíamos ir, e depois eu vinha com o papai... O que acha?

— Eu estava pensando em ir... – Comentei.

— Vai ser legal, eu tô com saudade da Italiana Louca. Aquela maluca nem para vir me visitar aqui em Londres.

— Pietra acha que chove demais em Londres. – Informei.

— Então vamos?! – Se animou. – A última corrida que vi ao vivo foi na Bélgica. Quase um século atrás!

— Se ainda tiver ingresso... porque eu não vou ficar no paddock.

— Nem eu... quero poder gritar. E levantar a bandeira da Finlândia!

— Justo. Vou procurar os ingressos quando chegar no escritório.

— O tio vai?

Abri um sorriso.

— Ah... ele vai. E vai ser bom. Seu avô vai poder conhecer o Alex.

Olivia arregalou os olhos.

— TADINHO!!! Eu não tinha pensado nesse ponto... Ele vai me odiar agora! Melhor a gente não ir.

— Ah... mas nós vamos. – Garanti. – Agora, Liv, tenho que ir, o trânsito deu uma limpada e eu já estou mais do que atrasada.

— Tudo bem! Mas me liga ou manda mensagem, ou coruja, ou pombo correio ou sinal de telepatia se conseguir os ingressos! Tchau tia!! Beijos! E me manda o número do tio!!

— Tchau, Liv. E pelo amor de Deus, guarda esse telefone ou vão te tomar, e você já ficou sem ele nas últimas semanas.

— Como a senhora sabe disso?! – Perguntou assustada.

— Eu sei de tudo, Olivia. – Falei. – Tchau para você, beijos.

— Mas tia!! – Ouvi o murmurar dela quando encerrei a chamada.

Dez minutos depois, estava parando na minha vaga. Não tinha ninguém ainda. Era quase nove da manhã e a julgar pela bagunça nas ruas, a grande maioria iria se atrasar hoje.

A chuva não deu trégua em hora nenhuma e, como previsto, a grande maioria chegou atrasada ou nem conseguiu chegar, o que resultou no diretor do RH aparecendo na minha sala bem quando eu estava pensando em parar para comer algo.

Além de me perguntar o que faríamos com os atrasados e os que não vieram, tinha uma pasta na mão.

— Sobre os atrasados, creio que há justificativa. – Esclareci. - Não vejo motivos para advertência.

— E os que se atrasam sempre?

— Anote o atraso de hoje, mas apenas notifique sobre os dos demais dias.

— Os que faltaram? – Eli Cook quis saber, e eu vi que ele não era um homem que gostava de dar uma pequena ajuda.

— Todos se justificaram?

— Não.

— Os sem justificativas terão o dia cortado. Os que justificaram anote a falta, mas sem sanção. Situações excepcionais não são motivo para corte no salário, mas se acontecer novamente, é caso de advertência.

— Sim, senhora. E isso aqui é o relatório que me pediu sobre os funcionários e os salários que são pagos. – Me disse sério.

— As diferenças já foram regularizadas? – Perguntei de uma vez, porque eu sabia que isso existia.

— Sim. Lançamos no sistema, o financeiro vai fazer o devido pagamento. E Fátima Fuentes, como ela fica? Ainda não voltou.

— Eu dei a ela o prazo que precisasse. Sei que ela não irá abusar do direito. – Respondi. – Mais algum problema?

— Não senhora. Eram estes.

— Entendo. E, por favor, sem discriminação com os futuros empregados, não é essa a política da empresa.

— Era assim que trabalhávamos com o outro diretor.

— Deve ser esse o motivo dele ter sido despedido, não é mesmo?

— Deve ter sido. – Respondeu sério. – Era só isso, senhora. Uma boa tarde!

— Boa tarde e uma ótima semana, Cook. – Respondi e esperei que ele saísse para abrir o relatório de salários.

— Haluan kuolla[1]! Como puderam deixar isso acontecer! – Murmurei ao ver a disparidade que havia entre os que eram considerados cidadãos americanos e os que eram imigrantes.

Anotei mais essa na minha planilha, sei que teria que me explicar para o Sr. CEO, sobre o aumento na folha de pagamento no próximo mês. Porém, tinha certeza de que Matti não iria ficar furioso por eu igualar as coisas, ele ficaria possesso sobre isso ter acontecido por tanto tempo dentro da empresa que ele comandava. O único lapso de caráter dele foi com a própria neta.

Aproveitei que Milena tinha saído para almoçar – ou se afogar, mas ela foi corajosa em querer sair. – E dei uma olhadinha nos ingressos para o GP dos EUA. Ainda tinha ingresso e era bem na linha da largada e primeira curva. Não pensei nem por um minuto e mandei mensagem para Kim:

GP dos EUA, em três semanas, sim ou claro?

Hahahahahahaha vai jogar no namorado na fogueira?

Vou.

Claro! E...

Eu vou me lembrar da Vic, Kim! E só para avisar, Liv vai.

A coisa vai ser interessante! Nos vemos em Austin!

Até lá, e por favor, não apronte com Alex.

Eu não prometo nada! – Ele mandou e tenho certeza, já estava falando com Vic que ia contar para Pietra e Mel.

Pensando melhor depois dessa rápida conversa, acabei por ligar para Tanya.

— Vai ser rápido, prometo! – Disse assim que ela atendeu.

— Então diga, estou na pausa do lanche.

— Tem como você vir aos EUA para o Grande Prêmio?

— Para te visitar ou assistir à corrida?

— As duas coisas.

— Precisa de resposta agora? – Me perguntou comendo algo.

— Sim, estou adicionando os ingressos no carrinho.

— Tem. Eu tô precisando de uma folga e aproveito e trago a minha filha de volta.

— Obrigada, nos vemos em Austin.

— Reserve um bom hotel para nós! Você vai ser a nossa agente de viagens! – Ela disse rindo.

— E não sou sempre? Bom trabalho no turno da noite para você! Tchau Tanya! – Encerrei a chamada.

E de Tanya, chamei minha mãe pelo FaceTime.

— KitKat... está tudo bem? – Ela me atendeu com ar preocupado.

— Claro! Só na pausa do almoço e fazendo uma pequena estripulia.

— Comprando mais o que?

— Ingressos para o GP dos EUA... a família inteira vai... a senhora anima?

— No fim da folga de outono?

— Exatamente.

— Eu vou aos EUA, estou com saudades da minha caçula, mas não vou ficar em uma arquibancada lotada.

— Aí, Doutora Diana Nieminen, a senhora conversa com o seu marido... ele que te arranje um passe para o paddock. – Falei rindo.

— O que a KitKat está aprontando agora? – Escutei a voz de meu pai.

— Fale com ele, Katerina, ele acabou de chegar de Cingapura. – Minha mãe me mandou e passou o telefone para meu pai.

— Primeiramente, parabéns pela vitória da McLata! Tinha anos que eu não via um piloto da equipe em 1º... a última vez foi no GP do Brasil em 2012... Agora, o assunto mais importante. - Frisei e meu pai levantou uma sobrancelha. O senhor que lute e arrume passe para o paddock para sua esposa, pois ela não quer passar um tempo de qualidade com a família na arquibancada da reta dos boxes do Circuito das Américas...

— Com a família?

— Pai... vai todo mundo! Até a Tanya!

E ele deu uma gargalhada gostosa.

— Se o seu namorado não sair correndo ao ver a família inteira assistindo a um GP, Kat, ele realmente gosta de você!

— Vai ser o teste de fogo dele. – Falei.

— Minha filha, nunca achei que você seria má a esse ponto com o Tatuado.

Tive que morder o lábio para não rir.

— Vamos dizer que ele merece. Então, o senhor consegue um passe VIP para a sua esposa.

— Consigo.

— Vamos por Austin abaixo! – Falei rindo.

— Eu sei que vão. – Ele riu.

— Já avisou para o Alexander? – Minha mãe quis saber.

— Não. Vou comprar os ingressos primeiro. Depois aviso.

— É... boa sorte para o meu genro. – Ela disse.

— Também não somos filhotes de lobo... ele vai sobreviver. – Garanti.

— Vai... ele vai. Só não sei se o seu namoro sobrevive. – Meu pai fez piada. – Então eu vou te ver em Austin?

— Vai pai. E vai ver o Kim também.

— Aquele desgarrado...

— Kim vai amar saber disso.

— Ele já sabe. – Meu pai fez pouco caso. – Vou te deixar conversar com a sua mãe, tenho que acabar de chegar. – Ele se despediu e saiu. E logo minha mãe me olhava com a sobrancelha levantada.

— De onde veio essa ideia maluca?

— De Liv... mas eu já estava querendo ir.

— E Alex vai?

— Vou confirmar com ele. Vai que ele desiste...

— Filha... você e Liv quando juntam... são o terror de qualquer um.

— Acho que não... mas faz tempo que não juntamos a família inteira em um final de semana. Vai ser bom.

— É, vai sim. Agora me deixe trabalhar e vai você trabalhar também.

— Tudo bem, Senhora Responsabilidade. Näkemiin, äiti[2]!

Näkemiin.

E ela desligou. Só faltava uma pessoa.

Pelo horário, achei que Alex poderia estar almoçando, então mandei uma mensagem.

Estou a segundos de comprar ingressos para o GP dos EUA. Você quer ir?

Ele não me respondeu por mensagem, mas me ligou, em vídeo.

— Você realmente vai fazer isso? – Ele tinha um sorriso imenso.

— Sim, vai ser o último fim de semana da Olivia aqui e ela quer ver o GP, nunca esteve no Circuito das Américas. – Expliquei.

— Eu, você e a Olivia?

— E Kim, Vic, Tuomas, Elena, Tanya, na arquibancada... minha mãe vai para o paddock.

— E Melissa e Pietra também?

— Você quer conhecer a família e as amigas, essa é a chance! – Joguei verde.

Alex riu.

— Se não gostarem de mim, me arremessam na pista! – Fez piada.

— Sobre isso não posso opinar.

— Sim. Eu vou.

— Ainda dá tempo de desistir... sabe como é, para não ficar feio depois que eu falar para a família inteira que você vai.

Minha sogra, que passou atrás de Alex quando falei isso, só perguntou:

— Vai aonde, Alexander?

GP dos EUA.

— A senhora quer ir, Dona Amelia? Em três semanas... – Perguntei a ela.

— Vai ser a oportunidade perfeita para a senhora conhecer a família da Kat. Todos vão vir. – Alex completou a informação.

Ela se sentou ao lado do filho e só soltou:

— Mas eu nunca assisti a uma corrida!

— Não tem problema. – Falei.

— E a senhora não precisa ir ao autódromo se não quiser... – Alex completou.

— Mas, e o seu pai?

E foi ela falar, e o marido aparecer.

— O que tem eu?

— Kat está nos convidando para ir ao Grande Prêmio dos EUA.

— Eu vou! – Ele se animou.

— A família Nieminen vai estar toda lá. – Alex explicou.

— Não vejo problema algum. – Ele disse de uma vez.

— Então eu também vou, não vou ficar sozinha na Califórnia, enquanto vocês se divertem no Texas.

— Você escutou, Loira. Vai todo mundo.

— É... – Abri um sorriso.

— Ou dá tudo certo, ou dá tudo errado. – Alex brincou.

— Vai dar tudo certo! – Garanti.

Meus sogros se despediram, eles estavam para vir em Los Angeles para fazer alguma coisa, e alertaram a Alex que Loki estava tomando conta dele.

—  Tomem cuidado! Está chovendo cântaros por aqui! – Alertei. Nós não precisávamos de mais nenhum susto na família.

— Vamos tomar, Kat! – Responderam juntos.

Voltei minha atenção para Alex.

— E você, como está?

— Agora? – Alex perguntou.

— Claro!

— Nervoso de encontrar com toda a sua família e falar alguma besteira sem querer.

— Bem-vindo! Me sinto assim toda vez que me encontro com a sua turma! – Ri dele.

— Belo payback, esse seu.

— Pior que a ideia nem foi minha. Mas vou assumir a autoria de chamar a família inteira.

— Olivia? – Alex perguntou.

— Foi. E eu achei interessante, pois assim ela não volta sozinha para a Inglaterra.

— Tudo pelos sobrinhos, não é mesmo?

Eu ri.

— Bem... sobre isso, já vou avisando para você não estranhar...

— O que? – Questionou curioso.

— Olivia está te chamando de tio.

— Agora sim, eu sou oficialmente tio! – Disse feliz. – Mais alguma coisa?

— Sim, ela me pediu o seu número...

— E por que você ainda não passou? – Me perguntou injuriado.

— Queria saber se a falação dela na sua cabeça não iria te atrapalhar, antes de encaminhar o contato.

— Não vai, Kat. Pode passar.

— Depois não diga que eu não avisei.

— Vai logo comprar esses ingressos antes que esgotem. – Me mandou.

— Você não faz ideia de onde está se metendo! – Alertei.

Alex riu.

— Mais tarde ainda converso com você?

—  Claro. Quando eu chegar em casa, te ligo.

— Só quero ver. Nem me avisou que chegou no escritório...

Fiz cara de desentendida e fingi que tinha chegado um e-mail.

— Mas mente mal... Porém, sou um namorado compreensivo e vou te deixar trabalhar. Rakastan sinua, Kat.

— Também te amo, Surfista.

Desliguei a chamada e fiz as contas de quantos ingressos seriam.

Dez. Dez pessoas!

Haja falação.

Comprei os ingressos, para os três dias de evento. Creio que eu teria que inventar uma desculpa bem plausível para faltar ao trabalho na quinta e na sexta-feira.

Com a compra confirmada, mandei uma mensagem para Liv.

Arrume minha bandeira da Finlândia. Nós vamos ao GP.

E lá veio figurinhas e mais figurinhas.

O tio vai?

Vai. E a sua mãe, seu irmão... a família inteira.

EVENTO DE FAMÍLIA!! NÃO ACREDITO!! Em qual setor?

Reta dos Boxes com visão para a primeira curva.

UAU!!! Tenho que procurar a minha camisa da McLaren!! A sua tá aí, né tia?

Sim, está. E mais uma coisinha...

Enviei o contato de Alex.

Surfista?! É assim que você identifica quando o tio te liga?

Sim.

Que fofo! Pra mim é só Tio Alex mesmo, porque tio, tio, é o Tio Kim! Já vou mandar mensagem pra ele!!

Só não o perturbe demais!— Alertei minha sobrinha.

Ah, tá! Pode deixar! Tia, quer que leve algo para a senhora?

Chá. Chocolate, os biscoitos que eu amo. Minha violeta. Bandeira da Finlândia...

Listinha nada pequena, hein?

E pode aumentar até o dia do seu embarque!— Avisei.

Credo!

Só isso?

Nada tia... Obrigada por me receber aí e ainda por me levar ao GP!!! Melhor recesso EVER!!!

Sei...

Eu tô falando sério. Nem fui e já sei que vou amar!

Então se prepare, pois você vai conhecer os pais do Alex.

Preciso de roupa chique? Sei que eles são famosos. Vi uma comédia romântica com a mãe do tio outro dia... adorei ela!

Não, eles são pessoas simples, apesar da fama. E depois me passa o nome do filme. Tenho que ir, Olivia, e por favor, não perturbe o Alex demais.

Tá bom. Tchauzinho tia!! Beijos

Beijos.

Voltei ao trabalho, comendo uma barra de chocolate, mas teria que procurar algo mais forte um pouco mais tarde, se eu fosse encarar o escritório até altas horas.

Eram quase cinco horas e eu estava revisando os relatórios financeiros e supervisionando o navio avariado em Valparaíso, quando meu celular começou a apitar freneticamente.

— Mais problemas! – Falei ao pegar o aparelho.

Não era um problema, não no trabalho pelo menos.

Era só um caminhão de notificações de um grupo recém-criado por Olivia. O “Fim de Semana Muito Louco”. E logo na primeira mensagem era possível ler.

Estava conversando com o Tio e resolvemos criar esse grupo para darmos dicas para ele de como é ir a um Grande Prêmio. E, lógico, vou encher isso aqui de fotos do final de semana porque tem muito tempo que a gente não vai, como uma família enorme, à Fórmula 1.

Eu tinha criado um monstro!!

Eu não conversei com você, Olivia! — Era mensagem que Kim mandou na hora.

O tio Alex... vou ter que especificar?

Perdi o status de tio favorito?!

Meu irmão era um chorão!

Que porcaria é essa Liv?— Tuomas reclamou. – Eu não vou a GP nenhum!

A tia comprou ingressos para todo mundo para o GP de Austin.

Comprou?!

Sim, sua anta!

Agora sim! Valeu tia! Apesar de saber que ela nunca conversa em grupos, mas vou deixar registrado aqui, pelo menos ela faz algo para os sobrinhos! Porque se depender do Jogador de Hockey...

A conversa continuava. Uma bagunça. E tudo o que fiz foi silenciar o grupo e antes de fechar a conversa, vi que tinham mandado um vídeo.

Abri o bendito e era um vídeo de Elena, já com a camisa da McLaren e ela falava assim:

Tio, você tem que ir com uma camisa igual a essa! Se você não tiver, pede a tia para comprar para você!!

Não fiquei para ver as respostas a esse vídeo. Eu ainda tinha muito o que fazer! Mas vi, sem querer, quem estava no grupo. Tinham colocado até a minha sogra e o meu sogro.

Que Deus tenha piedade de mim!

 

[1] Meu Deus!!

[2] Adeus, mãe!


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Notas finais do capítulo

Coitada da Kat... não tem um minuto de paz! Ehehe
E sim, o nome do grupo é uma referência ao filme "Sexta-feira Muito louca"!
Muito obrigada a você que leu!
Até o próximo capítulo!
xoxo



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