Presos Por Um Olhar escrita por Carol McGarrett


Capítulo 26
Jogo de Poder


Notas iniciais do capítulo

Final de Domingo e eu de volta com mais esse capítulo.
Chegou a hora de Katerina mostrar que é que manda!
E temos mais um personagem fazendo estreia.
Boa leitura.



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Tudo estava pronto para a grande reunião, eu tinha cada um dos argumentos mentalizados e decorados, minha cara de desespero foi substituída por uma de confiante e determinada (mesmo que eu estivesse tremendo igual a uma gelatina por dentro!) e agora era só aguardar.

Foram os trinta segundos mais agoniantes da minha vida, até que os rostos de Matti Nieminen e Edward Cavendish apareceram na tela do televisor à minha frente.

— Senhores, boa tarde! – Cumprimentei-os.

Os dois menearam a cabeça e me encararam. Fiz o mesmo. Eu agora não tinha mais medo deles, não. Não vou dizer que eu os odeio, odiar é uma palavra muito forte, mas eu perdi o respeito que tinha, eles não tinham mais aquele fascínio de pessoas poderosas que eu seguiria cegamente. O poder que eles tinham hoje me enojava, porque eles foram sujos ao ponto de tentarem me iludir.

— Katerina, bom dia! – Cavendish falou educado, mas seus olhos cinzentos me estudavam, estudavam a minha postura, o meu rosto. – Espero que tudo tenha dado certo nos portos na sexta-feira. – Eu não perdi o pequeno sorriso cínico que ele tinha ao falar isso.

— Melhor impossível. – Afirmei convicta. Tudo tinha sido uma grande porcaria, eu fora maltratada, riram de mim, mas isso só serviu para me deixar mais forte.

Vi Matti se mexer desconfortavelmente na cadeira, e trocar um olhar com Cavendish. E, para minha surpresa, ouvi uma voz.

— Senhores, desculpem-me pelo atraso. – E logo vi Lucca se sentando à direita de meu avô, no lugar que eu ocupava antes de vir para Los Angeles. – A reunião já começou?

Levantei uma sobrancelha e lancei um olhar para meu ex. Eu realmente, um dia, o achei bonito? Porque tirando os olhos azuis claros, ele não era isso tudo... ou talvez eu o estivesse comparando com o Alex e qualquer homem perdia para Alex.

Lucca olhou para a tela e me viu, ele arregalou os olhos ao ver a minha face e teve que limpar a garganta para me cumprimentar.

— Uhn... Katerina...

— Para você é Senhorita Nieminen, Senhor Dempsey. – Falei em tom profissional.

— Sim, claro.

— Então... – Meu avô tomou as rédeas da reunião. – Quero as atualizações sobre as reuniões de sexta-feira.

— Todas as cargas atrasadas já estão a caminho de seus destinos. Como podem ver nessa atualização em tempo real. – Coloquei na tela a página de rastreio que tinha aberto logo que cheguei. – Os três navios que estavam parados em San Diego, hoje, já passaram as Ilhas Havaianas e estão a meio caminho do Japão e China. Não se preocupem, irei ligar para os nossos clientes e oferecer as devidas desculpas sobre o atraso. Porém, preciso que o fuso horário bata, nem que para isso eu faça hora extra. Quanto as cargas que estavam paradas aqui em Los Angeles, todas já foram despachadas e estão nos caminhões, cada uma em uma interestadual, creio que nossos motoristas poderão tirar muito do atraso, já que a previsão é de tempo bom para toda costa oeste e região central. – Terminei de explicar.

— Isso é alguma coisa, mas não informa o motivo dos atrasos. – Cavendish tentou me pressionar.

— Sr. Cavendish, não é minha culpa o que as pessoas fazem com os computadores da empresa e como elas gastam o seu tempo. Eu criei um sistema interno próprio e unificado, como o senhor sabe, mas tem sempre os que tem a necessidade de fazer outras coisas na frente de um computador. Assim, eu não tenho controle sobre os jailbreak executados nos terminais, isso vai direto para Londres, e muito menos se as pessoas gostam de ficar jogando paciência... esses tipos de ações e comandos são verificados pela divisão de informática que fica no prédio de Londres... portanto, é mais fácil o senhor pedir relatórios semanais diretamente para o pessoal da T.I. do que me cobrar que os funcionários tenham uma conduta online apropriada.

A expressão dele de quem tinha chupado limão foi hilária! Eu quis comemorar muito, mas me mantive composta.

— E qual é o motivo para o pedido de demissão de Murphy?

— Assédio Sexual. – Falei firmemente. – E não só pelo que ele falou e fez comigo na sexta-feira, mas porque existem outras duas queixas dessas e elas não foram processadas. Assim como quero uma advertência para Gomez, isso se ele já não tiver uma, porque se tiver, é outro que deverá ser demitido. Não é porque são homens e trabalham em portos que têm o direito de tratar as mulheres como objetos.

— E por que as queixas não foram processadas? – Meu avô elevou o tom, ele poderia ter armado para mim, mas não tolerava qualquer tipo de assédio ou discriminação racial, de gênero, sexual, religiosa ou política dentro da empresa.

E aqui eu daria a minha segunda rasteira do dia.

— Pergunte ao Senhor Dempsey, até onde sei, ele é o responsável pelo departamento legal e sobre as queixas de má conduta envolvendo todos os funcionários dos portos.

— Lucca, o que você tem a dizer sobre isso?

Como sempre, Lucca foi escorregadio.

— Não chegou nas minhas mãos.

— Correção, Sr. Dempsey, chegou sim! – Interrompi a sua retórica. - Na pasta pessoal de Murphy consta o arquivamento das duas queixas, todas as duas ordens têm a sua assinatura... ou será que as falsificaram?

Meu avô gritou a secretaria, ordenando que a ficha de Murphy lhe fosse entregue de imediato, o Homem de Gelo mostrava a faceta que ninguém quer ver, a de CEO irado. As coisas serão interessantes nesse final de expediente em Londres.

Mary voltou quase tropeçando na sala de reuniões com a ficha de Murphy em seus braços e a entregou para meu avô.

— Em que página estão as ordens de arquivamento, Katerina?

— 68 e 95.

Meu avô abriu as duas páginas e virou o arquivo para Lucca.

— Sua assinatura?

Ele engoliu em seco.

— Sim.

— Você por acaso pensou em dar prosseguimento nisso, Dempsey?

E Lucca não sabia o que falar.

— Tem ideia do que um processo por assédio sexual contra essa empresa nos custaria? A quantidade de contratos que perderíamos?

— Matti. – Lucca começou e meu avô ficou vermelho Ferrari, e eu me segurei para não gargalhar alto. Lucca vendo a reação de meu avô, se corrigiu. – Sr. Nieminen, vou dar prosseguimento o mais rápido nessas duas...

— Três queixas, Katerina preencheu outra e determinou a demissão de Murphy por justa causa, são TRÊS QUEIXAS. Não deveria ter passado de uma, Dempsey. Faça o seu trabalho! E FAÇA AGORA! E não se esqueça de Gomez! – Meu avô praticamente arremessou a ficha de Murphy na cabeça de Lucca que saiu tropeçando na cadeira. Eu só me ajeitei para ficar mais confortável em minha sala para ver a cena de meu ex-noivo correndo desengonçado até a porta. Internamente comparei a sua corrida com a de Alex e ri.

— Katerina. – Matti me chamava.

— Senhor?

— Como vão os outros setores do escritório?

— Perfeitos, senhor. Tudo aqui funciona como um relógio. Não tenho nenhuma crítica ou solicitação a fazer que não sejam as que mandei por e-mail na semana passada e as que foram discutidas na última reunião.

— Algum novo cliente em vista?

— Sim. Um será fechado hoje á tarde. Um antiquário de San Francisco. Tenho reuniões a semana inteira com os mais diversos clientes, nos mais diversos segmentos. Mandarei o relatório completo na sexta-feira.

— Edward, algo a acrescentar?

— Não, Matti. A Senhorita Nieminen parece que está administrando muito bem o escritório, apesar de ser só a primeira semana. Aguardarei os demais relatórios. – Ele disse. – Tenha uma boa tarde, Katerina. Matti. – Se despediu, se levantou e saiu da sala.

— Não desligue, Katerina. Quero conversar com você.

— Sobre?

— Duas fotos que saíram na mídia hoje.

— Então converse...

— Termine esse relacionamento e eu te dou a cadeira de CEO. – Ele foi direto, esperando jogar com a minha ambição e o meu sonho de criança de me sentar na Sala da Direção.

— Agora irá me dar a cadeira? – Perguntei sarcasticamente.

— Como assim?

— Ora, Sr. Nieminen, nós dois sabemos que o meu relacionamento com Lucca era arranjado. O Senhor e Cavendish queriam que o casamento acontecesse porque era do interesse de vocês e de Lucca que o poder ficasse concentrado na mão de ambas as famílias, e, para isso, prometeram a cadeira de CEO à Lucca, enquanto eu seria jogada para fora da empresa para tomar conta dos herdeiros, como uma boa esposa do início do século XX teria feito.

— Kat...

— Me deixe terminar: só aviso, eu ainda sou a herdeira da empresa. Eu carrego o sobrenome Nieminen, eu, por direito, herdarei tudo o que o senhor tem, e não tenho pressa para voltar à Londres. Um dia tudo isso será meu. Mas quando for a minha vez de me sentar nessa cadeira, saiba que será porque é a hora, porque eu mereço, não porque o senhor quer, porque o senhor acha que ainda vai controlar a empresa me usando como sua porta-voz. Eu chegarei aí por merecimento, não sendo a sua marionete.

— Katerina, meça suas palavras!

— Ou o que? Irá me despedir? Faça isso e a empresa ruirá! Sabe muito bem que ninguém conhece o funcionamento disso aqui melhor do que eu! O senhor viu o ótimo trabalho de Lucca! Me tire daqui e o senhor sabe que muitas empresas não vão mais negociar conosco. Eu tenho clientes exclusivos, que continuaram meus quando me mudei pra cá. As empresas podem ser europeias, mas me querem à frente de suas preciosas cargas. Me mandar embora é dar um tiro no próprio pé e o senhor sabe. Tanto no quesito de angariar clientes e aumentar a nossa carta, quanto politicamente. Mande-me embora e o Conselho vai querer a sua cadeira. Cavendish vai ser o primeiro, porque ele terá o sobrinho do lado dele... a escolha é sua! Ainda quer o nome Nieminen estampando as fachadas de prédios mundo afora? Se quiser, me deixe trabalhar, se não, me demita, a escolha é sua. – Terminei o meu discurso.

— Você está me desafiando por conta de um ator/surfista?

— Não, isso não tem a ver com Alexander ou com a minha vida pessoal. Isso aqui é sobre a política interna da empresa e sobre mim e o senhor. Acabou a sua manipulação, vovô! Eu não vivo para servir mais ao senhor. Sou uma funcionária da empresa, acato todas as suas ordens, mas o senhor não vai me iludir novamente, me oferecendo um posto que nunca teve a intenção de me dar.

Meu avô ficou lívido do outro lado da tela.

— Como você ficou sabendo... – E parou, vendo que tinha falado demais.

— Vamos dizer que eu precisava de novos ares para perceber o que estava bem na minha frente.

— Katerina... nós temos que conversar, eu quero você no primeiro voo...

— Eu só irei voar para Londres em dezembro. Tenho um trabalho a ser feito aqui, acabei de chegar e não vou deixar o escritório na mão justo agora que as pessoas começaram a se adaptar ao meu ritmo de trabalho. Se for algo sobre o meu trabalho, tem toda a liberdade de falar agora, senhor, não me importo de perder meu horário de almoço. Mas se for sobre a minha vida pessoal, tenho que lhe dizer que estou no horário de trabalho e não é nada profissional discutir assunto pessoal dentro do escritório.

— VOCÊ VAI DEIXAR AQUELE SURFISTA É HOJE!! Por tudo o que há de mais sagrado, Katerina Elizabeth Nieminen, você está se tornando a Mia!

— Não... eu não sou a Mia, não estou olhando para o meu umbigo, e sim para o futuro dessa empresa. Não há ameaças que senhor possa fazer que irão me fazer recuar agora.

— Vou precisar colocar os seus pais nisso?

— Quer fazer isso? Porque eu tenho quase certeza de que minha mãe vai ficar do meu lado.

Meu avô se levantou da cadeira e começou a dar voltas em torno da mesa.

— O que você quer? Voltar para Londres e ser a CEO? Uma casa nova? Um novo cavalo, você adora cavalos! Qual carro você quer agora? Sapatos? Joias? Roupas? Você odeia praia, odeia calor, verão! Te dou o posto que quiser e o que você quiser, se você voltar.

— Sou assim tão fútil para o senhor pensar que pode me comprar com isso? Se o senhor não se lembra, há pouco mais de seis meses eu fui humilhada na frente de muitos ao ser deixada no altar. A cerimônia estava na hora do sim e eu recebi um não bem na minha cara! Acha que bens materiais irão me fazer voltar rastejando para seus pés? Eu não vou ser humilhada por mais ninguém na minha vida!

— Sua família está aqui! – Ele tentou a última cartada.

— Sim, estão todos aí. E eu aprendi com o meu pai que família será sempre família, não importa a distância. Me mandaram fazer um trabalho aqui em Los Angeles, e eu vou fazer, vou ficar aqui pelo tempo que o Conselho-Geral ache necessário. E, quando for a hora, talvez eu volte para Londres, talvez não.

— Londres é tudo o que você ama, Katerina. Você AMA essa cidade.

— Sim, amo, mas não é única coisa que amo na vida.

— Você está cometendo um erro!

— Só porque não estou te seguindo cega e obedientemente? – Perguntei ao me levantar.

— Ele vai te deixar... você vai ver. – Me ameaçou. – Quando ele enjoar de você, quando ele arranjar uma modelo no set de um filme, ele vai te deixar!

— Como eu disse, não estou falando da minha vida pessoal, mas se Alexander me deixar – Eu disse séria, mas meu coração se apertou só com a hipótese de isto acontecer. – Eu saberei dar a volta por cima. Não seria a primeira vez, não é mesmo? Creio que na segunda vez deva doer muito menos.

— Vai jogar a sua carreira no esgoto por ele?

Tive que rir.

— Eu não acredito nas suas promessas. Creio que para o senhor e para Cavendish aqui era o máximo que eu chegaria, não é mesmo? E, a julgar por tudo o que aconteceu na sexta-feira, posso apostar que vocês esperavam que eu voltasse correndo e chorando para Londres, pedindo proteção das figuras que um dia foram modelos para mim. Vocês só se esqueceram de uma coisa: eu cresci, sei me virar, e palavras duras e insinuações não me assustam mais. Eu estou nesse jogo há bastante tempo e posso jogá-lo contra qualquer um. Pode apostar nisso.

— O que você quer para voltar para Londres e ficar do meu lado, estou comprando a sua aliança, Katerina. O que você quer? Quanto você quer?

— Minha lealdade não tem preço. Minha honra não tem preço. Minha consciência não tem preço. Eu não tenho preço, porque eu jamais me venderia.

— Você ainda... – Ele começou a falar.

— E antes que o senhor fale qualquer coisa, estou de mudança do apartamento da empresa. Ele voltará a ficar vago, para quando qualquer um dos Conselheiros vier a Los Angeles se hospedar lá. Agradeço a ajuda temporária que a empresa me deu e espero que tudo seja descontado devidamente de meu contracheque. Não quero dever nada a ninguém!

Meu avô se sentou pesadamente em sua cadeira na ponta da mesa.

— Você não vai me perdoar, vai?

— Não. O senhor brincou demais comigo. Te respeito como meu chefe e por como conseguiu fazer da empresa a multinacional que é, mas somente por isso. O senhor deixou de ser o meu avô no momento em que eu descobri tudo. Deveria ter pensado direito quando fez aquilo. Toda a humilhação, todos os olhares nos meses subsequentes, encarar Lucca na empresa e saber que tudo foi um jogo? O senhor jamais saberá como eu me senti, como eu me sinto agora. E, esta é a última vez que teremos essa conversa. Eu não sou mais a sua neta boazinha. Carrego o seu sobrenome em honra ao meu pai. Sou apenas a sua funcionária agora. E o fantasma no fundo da sua mente que sempre vai te lembrar que um dia, tudo isso será meu, porque o meu pai é filho único e não vai querer assumir esse negócio. O futuro da Nieminen Trade & Shippment, um dia, será eu. O senhor querendo ou não.

E essa foi a primeira vez que eu vi desespero nos olhos de meu avô.

— O senhor precisa de mais alguma coisa? Preciso continuar com a minha agenda.

— Não. Até a próxima reunião. Quinta-feira.

— Sim, senhor. Até quinta.

— Você ainda está cometendo um erro, Katerina.

— O tempo dirá.

E o vídeo foi encerrado. Quando levantei a minha mão direita para pegar o copo de água, ela tremia, tremia tanto que não consegui levantar o copo.

Minha sorte estava lançada. E mal sabia eu que essa não era a única conversa difícil que eu teria.

Segui a minha agenda normalmente, consegui ligar para nossos clientes no Japão e na China, pedi as devidas desculpas e expliquei os motivos dos atrasos. Graças aos Céus que, como fui eu quem fechou o negócio com eles, todos os três clientes aceitaram as minhas explicações sem maiores questionamentos.

Assim que encerrei a última reunião, fechando o negócio com o Antiquário de San Francisco, o mesmo que tinha salvado a minha vida na última quarta-feira, vi que tinha uma chamada de vídeo em espera na tela do meu computador.

Atendi como atenderia qualquer pessoa. Para quase morrer de susto.

— Boa tarde, filha! Finalmente vejo o seu rosto depois de quase onze dias!

— Mãe?! Oi! Tudo bem com a senhora? Como estão as coisas por aí? – Perguntei assustada. E lancei uma olhada rápida para o relógio na tela do computador, eram quase uma da manhã em Londres. Ela deveria estar chegando da University Of London.

— Eu estou bem, Katerina. Quero saber como você está?

— Conversou com o Matti... – Desconfiei.

— Bem que Ian tinha me avisado que algo tinha mudado. O que foi? – Ela disse com todo carinho e com seu sotaque cadenciado de quem cresceu na área de Westminster.

— Eu sei o que ele fez. Tudo.

Minha mãe se encostou na cadeira de seu escritório e uniu as mãos, apoiando o queixo nelas.

— Tudo mesmo ou só uma parte, filha?

— Além de que ele me vendeu para um casamento arranjado, me iludiu com uma promessa que ele nunca iria cumprir, tem mais?

— Não. Você sabe de tudo.

— A senhora sabia?

— Fiquei sabendo uma semana depois da cena...

— Como?

— Cavendish. Eu o pressionei. Sabia que tinha algo de errado com Lucca. Ninguém pode ser tão perfeito quanto ele era com você... como não pude confrontar Matti, fui no segundo em comando.

— E por que a senhora nunca me contou?

— Porque tudo tinha acabado, KitKat. E, bem, você não estava no seu melhor... te falar tudo isso poderia ser catastrófico para você.

— Mas a senhora pensou em me contar?

— Sim... não nesse ano, ou no próximo, eu te contaria, quando visse que você estava preparada para lidar com isso e com tudo o que acarretaria. Porém, você descobriu e confrontou o seu avô...

— Não posso considerá-lo um avô, não quando ele me manipulou daquele jeito.

— Não foi certo o que ele fez com você, Kat. Você não merecia isso, não quando sempre foi tão devota à essa empresa. O que eu quero saber é: o que você vai fazer?

— Ficar aqui. Comandar esse escritório. Ser a pedra no sapato deles. Provar que eu o posso fazer e que faço melhor do que eles. Eu comprei a briga, mamãe. Vou até o fim.

— Tem certeza? Seu avô é poderoso.

— Tenho, mãe. Ele precisa manter as aparências. E me mandar embora será um sinal de que nem tudo está perfeito no Reino do Homem de Gelo.

Minha mãe abriu um sorriso.

— Que foi? – Perguntei.

— Só vendo como essa mudança foi boa para você. Creio que Pietra estava certa, você não combina com o cinza de Londres.

— A senhora dando ouvidos para o que a Pietra diz?

Ela riu.

— Mais ou menos, filha. Sair da sombra de seu avô te fez bem. Te mostrou o que você pode fazer e quem você pode ser.

— Saber algumas verdades também.

— É caindo que se aprende a andar filha.

— Bela analogia! Mas, tem algo mais que a senhora queira me falar, porque tenho certeza de que não está atrasando o seu sono só para ouvir o que a senhora já desconfiava.

— Sempre perspicaz a minha caçula. Tem sim. Seu avô estava gritando ao telefone com seu pai, para que ele colocasse juízo a sua cabeça. E isso envolvia um certo namorado...

— Sim... o Matti quer que eu termine um relacionamento que mal começou. Me ofereceu várias coisas para acabar com tudo e ser a marionete dele em Londres.

— E você só não voltou por conta... qual é o nome dele?

— Mãe, a senhora finge muito mal. Eu sei que a senhora já viu a foto dele e sabe o nome.

— Ele é muito bonito. E o seu pai o odiou. Reclamou de todas aquelas tatuagens... sabe como ele é. – Minha mãe deu um sorriso e revirou os olhos.

— Eu já previa isso. Mas voltando à sua pergunta, não, eu não estou ficando por conta de Alexander. Eu estou ficando porque é o melhor para mim. Voltar a Londres agora vai parecer que eu estou com medo, que eu não posso viver sem a benção do Homem do Gelo. Mas eu posso.

E Dona Diana balançou a cabeça.

— Decisão arriscada, mas certa. E você vai se mudar do apartamento da empresa?

— Sim. Vou comprar uma casa aqui. – Essa não era a verdade, mas minha mãe não precisava saber dos detalhes, não agora. – Não vou dever nada para Matti, nem um centavo, nem um clipe de papel. Ele é meu chefe, e a influência dele acaba aí.

— Estou orgulhosa de você, filha. Há sete meses eu não acreditaria que você fosse sair das sombras onde tinha entrado, e agora... – Ela abriu um sorriso gigantesco. – Vendo que, finalmente, você se libertou das amarras de querer ser a perfeita, de ser aquela que todos adoram, que não causa atritos e se transformou na mulher forte que eu sempre soube que você era, que comanda a sua vida, isso me enche de orgulho filha. Você, Katerina, não tem ideia da alegria que me traz te ver, finalmente, sendo dona da própria vida.

— Obrigada, mamãe. Eu acho...

— E sobre a casa... pode ser sincera. Alexander te convidou para morar com ele, não foi?

Eu quase caí da cadeira.

— Mas como? Mãe?!!

Ela riu alto.

— Não é o que eu queria para você, juro que esperava que você fosse se casar antes... mas o casamento que eu achei que era perfeito para você não era perfeito coisa nenhuma, KitKat. Era uma armação. E, bem... Kim e Vic me mandaram alguns prints de você e Alexander na chamada do último sábado... Eu gostei da carinha dele. Gostei da forma como vocês dois se completam quando estão juntos. E gostei mais ainda de saber que ele simplesmente te adora, é fácil de ver isso nos olhos dele. Do mesmo modo que eu apoiei Kim e Vic quando resolveram morar juntos, apoio você, Katerina, afinal, você não tomou essa decisão levianamente, sei que você pensou. E digo mais, confio na sua intuição. E quero ver mais disso. – E aqui minha mãe me enviou uma foto, na verdade era um print da chamada pelo FaceTime de sábado. Eu e Alex, ele com o braço na minha cintura, me olhando como se me adorasse e eu sorria abertamente. – Eu senti falta de ver esse autêntico sorriso em seu rosto filha. Tudo o que uma mãe quer é a felicidade de um filho. E ele é a sua felicidade.

Eu não sabia o que falar, ainda olhava da foto para a minha mãe.

— É claro que eu quero conhecê-lo, se for possível, pessoalmente, mas aceito ser apresentada a ele virtualmente, só para ver como ele vai reagir.

— Ele foi super de boa com Kim e Vic. Está falando pelos cotovelos sobre a vinda de Liv e, pode acreditar, já me cobrou ser apresentado formalmente à senhora e ao papai.

— É, eu gostei dele. Agora, antes que eu desligue para ir dormir e te deixar trabalhar. Você ganhou uma prancha de surf?

— Para a senhora ver... – Comecei a rir.

— E conseguiu não se afogar?

— Eu sei nadar!! – Me defendi. – Mas fui um fiasco.

— Katerina... eu pagava para ver você de pé em uma prancha de surf. Diga a Alexander que ele está realizando um verdadeiro milagre ao te fazer entrar dentro do mar, te por de pé em cima de uma prancha então... não tem descrição no dicionário que diga o que ele fez.

— Por Deus... a senhora gostou dele sem o conhecer!!

— Eu te disse, filha. Se ele te deixa feliz, eu estou feliz.

— E quanto a papai?

— Disse que ele tem tatuagens demais. E... bem, ele tem que conversar com o "moleque" primeiro. E quando isso vai ser?

— Sei lá... tenho que ir à Londres na primeira quinzena de dezembro.

— Se ele puder, traga-o.

— Mãe...

— Filha, seu pai vai ter tempo de se acostumar com a ideia até lá. São quase dois meses.

— Vou conversar com Alex. E posso pedir uma coisinha para a senhora?

— Claro, filha.

— Só não fale para o papai que estou pensando em ir morar com o Alex... ele daria um infarto.

— Pode deixar. Como ele não quer ver o genro nem tão cedo, duvido que apareça em LA... seu segredo está bem guardado comigo, filha.

Kiitos äiti[1].

— Agora, vá trabalhar, afinal, você tem que provar que é a melhor desse lugar. Só provar, porque nós duas sabemos que é a melhor.

Äiti rakastan sinua![2]— Falei em finlandês.

Minäkin, pikkuinen.[3]— Ela me respondeu, mandou um beijo pela tela e desligou a chamada.

Quando dei por mim, estava chorando.

Me levantei para tentar salvar a minha maquiagem de um desastre iminente, assim, corri para o banheiro. Nos poucos minutos em que me permiti respirar e refletir sobre as três conversas que tive hoje, percebi uma coisa: as mulheres da minha família são muito, mas muito unidas. E eu tinha que agradecer à Vic por ter mandado os prints da tela para minha mãe.

Ainda chorando, peguei o celular e escrevi uma mensagem para minha cunhada e melhor amiga:

Eu devia te matar por passar para frente uma foto minha com Alex quando nós nem tiramos uma foto juntos oficialmente, mas não vou fazer isso, Vic. Muito obrigada por deixar a minha mãe a par de tudo. Eu não sabia que precisava ouvir a opinião dela até que eu ouvi. Paljon kiitoksia, anoppi[4]!

A resposta veio quase que automaticamente:

Anoppi, eu só queria ver tudo pegando fogo... mas Dona Diana é muito boa para xingar a filha deslumbrada por um par de olhos azuis. Brincadeira, sempre que precisar, Kat!

P.S.: Eu mandei a propaganda do perfume para sua mãe... fiz bem ou mal?

Até a minha mãe tinha visto a bendita da propaganda... tomara que ela não tenha mostrado para o meu pai!

Eram quase dezesseis horas e eu estômago roncava alto, pedindo por algo sólido. Já que eu tinha parado tudo para atender à mamãe e dar uma respirada, resolvi por comer o sanduíche que trouxe e foi justo aqui que Milena entrou.

— Oh! Me desculpe! Eu não sabia que estava lanchando.

— Está mais para almoço mesmo. Aceita um pedaço?

— Não, eu almocei. Obrigada! Só vim trazer os relatórios do fim da tarde!

— Como sempre eles só aparecem no final do dia... – Murmurei.

— É que eles gostam de dormir aqui. – Ela mostrou a mesa de reuniões. – Devem pensar que é um hotel cinco estrelas.

— E eu odeio a visão deles pela manhã. Mas obrigada.

— Tem mais... umas quatro pilhas. Seu método alucinado de trabalho já se espalhou por todo o escritório. Principalmente para o pessoal da Pesquisa e Checagem.

— Que ótimo. Significa que não ficaremos parados.

— E que eu entro em forma sem precisar de academia! – Minha secretaria brincou.

— Eu vou te ajudar.

— Não, você come. Afinal, todo mundo tem que saber que você não é um robô... que precisa comer... agora só precisamos saber se você dorme!

— Eu já ouvi essa piada!

— Pois é... as pessoas se perguntam de que você vive...

— De resolver problemas. – Comentei.

Milena entrou e saiu da sala por mais três vezes, na última disse que agora só queria entrar ali pela manhã.

Acabei de comer, dei uma alongada no meu pescoço travado e voltei ao trabalho, estudando as empresas com quem teria uma reunião amanhã e a hora passou voando. Milena veio se despedir e deixar a última leva de pastas e eu continuei sentada, lendo as pesquisas das nossas futuras clientes – porque eu vou conseguir fechar estes contratos! – comendo um chocolate que eu encontrei na minha bolsa, quando meu celular tocou.

Atendi no automático.

— Nieminen.

— Ou você ama o seu sobrenome ou está longe do celular. – Alex falou do outro lado.

Esfreguei os olhos enquanto pensava na resposta.

— A segunda opção.

— A proposta de mais cedo ainda está de pé?

Tive que pensar até que me lembrei.

— Claro! Me passa a placa do carro.

— Só isso?

— Sei seu nome completo, a marca e o modelo do carro.

— Convencida.

— Uma de minhas muitas qualidades. Agora, pode falar!

Alex sendo o rei das fotos, me passou a cópia do documento do carro dele.

— E agora? Faço o que?

— Você já está aqui?

— Não, saindo do estúdio.

— Você vai parar no portão da garagem e o segurança irá checar a placa do carro. Depois é só parar no segundo subsolo, vaga 308, pegar o elevador até o 30º andar. Pode virar à esquerda quando sair do elevador, minha sala é a última porta do corredor.

— Essa vaga 308, é a sua vaga?

— Sim.

— Eu vou me sentir poderoso parando na vaga da Diretora do Escritório!

— Boa sorte com isso.

— Até daqui a pouco, Kat. – Ele falou e desligou.

Mandei os dados para a segurança e pedi que autorizassem a entrada do carro de Alex, não só hoje, mas todas as vezes que ele viesse.

— E qual categoria ele se encaixa, senhora?

— Pode colocar visitante pessoal.

— Sempre?

— Sim.

— Tudo bem, já está autorizado.

— Muito obrigada. – Encerrei a chamada interna e voltei ao trabalho, me concentrando no relatório de uma das Gigantes do Vale do Silício e do seu respectivo CEO com quem eu teria uma reunião amanhã. Estava anotando alguns pontos importantes das descobertas de nossos pesquisadores quando...

— Mas aqui tem uma vista e tanto! – A voz de Alex me assustou e quase caí da cadeira pela segunda vez no dia.

— Desde quando você está aqui?! Por Deus! Quer me matar do coração???

Ele riu.

— Tem uns dez minutos que eu entrei... queria ver se você me via, mas isso aí deve estar muito interessante, afinal, até murmurando sozinha você está. – Ele estava sentado no sofá que tem do outro lado da sala, perto das estantes.

— Alex!! – Abaixei a cabeça para poder acalmar os meus batimentos cardíacos.

Ele continuava a rir.

— Agora a vista não está muito boa. – Escutei que ele se levantava do sofá e vinha na minha direção.

Levantei a cabeça.

— Mais calma agora? – Ele já estava do meu lado e me estendia um copo d’água.

— Sim. – Me virei para ele que tinha resolvido ver Los Angeles pela parede de vidro de minha sala.

— Você tem Los Angeles aos seus pés, hein? – Brincou e apontou para a cidade.

— Tem prédios mais altos por aqui. – Comentei.

— E o que você está fazendo? – Parou curioso atrás de mim e começou a ler o relatório que estava aberto em minha mesa por cima de meus ombros.

— Preparação para a reunião de amanhã.

— Interessante. Tem uma dessas com o meu nome por aqui? – Questionou olhando para a gaveta que tinha uma chave.

— Não, não tenho.

— Mas você disse que tinha um arquivo. Não mandou um Detetive Particular atrás de mim?

— Claro que não! Que história é essa? Por que eu faria isso?

— Mas é isso que você fez aqui.

— Procedimento padrão da Empresa. Cada contrato desse aqui gera milhões.

— Uhn... e ainda vai ler quantos? – Apontou para a minha mesa.

— Só esse. Aqueles são relatórios diários do prédio e de como estão os transportes. Tudo que eu posso deixar para amanhã.

Enquanto eu explicava, ele andava pelo escritório, parando nas estantes, lendo as lombadas dos livros, vendo os enfeites. As fotos. O quadro que eu tenho em uma das paredes.

— Não sabia que você gostava de arte.

— Bem... foi um presente. É uma réplica de Van Gogh.

— E tinha que ser esse?

— O que eu posso fazer... Noite estrelada sob o Ródano[5] é a minha cara.

—  Quem te deu?

— O meu avô.

— O dono? – Ele fez um gesto indicando o prédio.

— Não, o meu copiloto. Ele brincou que eu tinha que ter direito a olhar as estrelas, mesmo durante o dia.

— Vou te deixar trabalhar, já tá acabando, né?

— Sim... só mais uns trinta minutos. – Respondi e Alex continuou a andar pela sala, olhando tudo, depois voltou para o sofá e se deitou ali, ficando em silêncio e brincando com uma bolinha.

Vinte e cinco minutos depois eu terminava o meu estudo do relatório.

— Dormiu? – Perguntei para o meu visitante.

— Não... meio difícil... você murmura e dá a sua opinião o tempo inteiro.

— Sério?! Nunca percebi.

— Sim. Você pode ler em silêncio, mas de vez em quando começa a murmurar, não entendi muito, porque, creio, que estava falando em finlandês, mas é divertido, porque você bate a caneta na mesa, morde a ponta da unha, depois volta a murmurar.

E temos aqui uma coisa que nunca percebi.

— Não sei se gostei de saber disso. - Falei.

Alex se levantou do sofá, guardando a bolinha no bolso e veio para perto de mim, virando a minha cadeira na sua direção.

— Eu poderia falar de como você dorme, mas acho que aqui não é o lugar.

— Espero que eu fale menos dormindo.

— Não mesmo! – Ele sorriu como se fosse o maior tesouro da terra saber o que eu fazia e falava enquanto dormia. - Mas me chamou algumas vezes. E reclamou de Los Angeles...

— E você, não dorme?

— Durmo, mas você dorme mais do que eu! – Se defendeu. – Acabou?

— Sim.

— Vai me levar para conhecer o prédio? – Perguntou empolgado.

— Se você quiser... – Ele não me deixou falar mais nada, pegou minhas duas mãos e me levantou da cadeira. – Espera! Eu tenho que calçar os sapatos!!

Alex me esperou do meu lado, depois pegou a minha mão na dele e abriu a porta.

— Começamos por onde? É um prédio bem grande.

Guiei-o pelos andares, explicando o que fazíamos em cada um. Até que quase uma hora depois, voltamos à minha sala.

— Você anda isso tudo, todos os dias?

— Não. Quase não saio da minha sala. Sem tempo por enquanto. Mas minha agenda vai se acalmar ao ponto de que poderei andar, por hora, quem faz a ligação entre essa sala e o restante do prédio é Milena, minha secretária.

— Entendo. – Ele fez questão de se sentar na minha cadeira.

— Se sentindo poderoso? – Brinquei parando ao seu lado.

— Me sentindo perdido vendo essa agenda de amanhã. – Ele levantou a minha agenda aberta. – Como você consegue dar conta disso?

— Sinceramente, não sei. Hoje foi o primeiro dia em que consegui comer alguma coisa no horário de expediente.

— Falando em expediente. Como foi a reunião?

— Vamos embora? – Perguntei já desligando o computador.

— Está fugindo do assunto ou aqui não é lugar para essa conversa? – Ele perguntou me puxando para o seu colo.

— As duas opções e por favor, aqui não. As faxineiras estão no prédio. – Pedi com jeitinho e me levantei.

— Tudo bem. – Ele se levantou e olhou para as pilhas na mesa de conferência. – Vai levar o que para casa?

— Nada. Não vou trabalhar em casa. Quero começar a encaixotar tudo, de novo...

Alex me olhou sério.

— As coisas foram tão ruins assim?

— Alex... eu não sei descrever tudo o que aconteceu durante esse dia em uma única palavra. Teve de tudo. – Respondi quando acabei de guardar os documentos importantes no cofre.

Ele se escorou na porta e tentou me ler.

— O que você quer dizer com isso?

— Um spoiler do que foi o meu dia: depois da foto e de uma longa conversa com Vic, tive a reunião com Matti e Cavendish. Lucca participou dela. – Aqui a expressão de meu namorado se fechou ainda mais. – Trabalhei muito até que minha mãe me ligou.

— Sua mãe? Então ela já superou a sua mudança?

— Ela queria saber como eu estava. Mas não vou passar o carro na frente dos bois, vamos embora que eu te conto tudo em casa. Você vai dormir lá, não vai?

— Quer que eu durma lá?

— Sim. Não quero ficar sozinha.

Alex abriu um sorriso imenso.

— Seu pedido é uma ordem. Só preciso passar em casa para pegar mais algumas roupas.

— Tudo bem. Não estou com pressa.

Fechei o meu escritório, cumprimentamos o pessoal da faxina e a reação de algumas faxineiras ao verem Alex foi hilária, elas simplesmente congelaram. Já na garagem, meu namorado abriu a porta do carro para mim e depois assumiu o volante.

— Pronta para pegar um engarrafamento?

— Não tem atalhos agora?

— Às sete e quinze da noite até os atalhos estão congestionados. O que é bom, temos tempo para conversar.

 

[1] Obrigada, mãe.

[2] Mamãe, eu te amo.

[3] Eu também, minha pequena.

[4] Muito obrigada, Cunhadinha!

[5] Para quem quiser ver o quadro: https://images.app.goo.gl/RTey2jJswqQN7JzE8


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Notas finais do capítulo

E é só!
Espero que tenham gostado!
Mais para o meio da semana posto mais um capítulo.
Obrigada a você que leu!
xoxo



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