Presos Por Um Olhar escrita por Carol McGarrett


Capítulo 123
As Férias - Parte 01


Notas iniciais do capítulo

Voltei com mais um capítulo no ritmo de férias.
Boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/799284/chapter/123

Eu jamais poderia imaginar que ter mais três pessoas dentro de casa fosse ser, ao mesmo tempo, cansativo e prazeroso.

O primeiro dia das férias de meus sobrinhos foi resumido em praia. Era de se esperar, pois todos os três amam o mar e estavam mais do que cansados de ficarem dentro de casa e na rotina de estudos por conta do ano escolar.

Não fomos para Venice Beach, mas sim, mais para o sul, águas mais quentes e uma praia um tanto menos famosa, mas que nos permitiu aproveitar o sol, a areia e, bem, muitos tombos das pranchas.

Foi difícil admitir que Tuomas leva mais jeito para surfar do que eu, mas, ao final do dia, essa era a realidade. No placar de tombos, eu ganhava dele, já no placar de quem conseguiu chegar à praia em cima de uma prancha, ele levava com folga.

Olivia também tentou a nobre arte do surf, para desistir logo depois do terceiro tombo... não foi culpa dela a desistência, qualquer um com um belo ralado no joelho se recusaria a voltar a subir em uma prancha, ou até mesmo a entrar na água salgada.

Elena surfou dois metros, caiu, bebeu água, voltou para cima da pranchinha de isopor e caiu de novo, sempre rindo, sempre falando muito, para ela o importante era se divertir.

Lógico que nem tudo foi lindo e maravilhoso, e, uma certa hora, tivemos que sair correndo atrás de Elena que corria atrás de Stark, só porque o pitbull resolveu pegar um caranguejo para brincar... quem viu de longe deve ter pensado que se tratava de uma tourada, porque levamos mais de meia hora para segurar o cachorro, e mais uns quinze minutos para acalmar a Baixinha que chorava por conta do caranguejo.

Um pouco depois das duas da tarde, logo que fizemos a pausa para o almoço, Alex cismou de jogar futebol. Como bons europeus, achamos que era o futebol que joga com os pés, mas não era.

Era o tal do futebol americano mesmo.

— Tio... só você sabe jogar essa coisa. – Reclamou Olivia depois que tropeçou nos próprios pés pela segunda vez ao tentar correr atrás da bola e agarrá-la.  – Não dá para se jogar isso!

Mas Alex insistiu e, ao final, estávamos mais rindo do que jogando, porque, sinceramente, somente ele estava intacto de areia, porque os outros quatro eram croquetes humanos.

A situação dele não ficou assim por muito tempo e, depois de trocarmos algumas ideias em finlandês e deixá-lo perdidinho por conta da barreira idiomática, resolvemos correr não atrás da bola, mas dele. O resultado foi todo mundo coberto de areia depois de alguns minutos de perseguição... e quando eu falo todo mundo, digo até os cachorros.

— Como vamos tirar tanta areia da pelagem desses cachorros? – Choraminguei quando estávamos guardando tudo no porta-malas. – Parece que eles estão carregando a praia no couro deles!! – Apontei para Stark que, ao se sacudir, mandou uma nuvem de areia para cima e acertou Elena em cheio.

— Colocando todo mundo para ajudar a dar banho? – Alex me perguntou enquanto dava pequenas batidas no torso de Thor e caía aquele caminhão de areia.

— E depois lavar e aspirar o carro, não? Porque isso aqui vai ficar pura areia também.

Prendemos os cachorros, guardamos as bolsas e mochilas que trouxemos e, depois que as pranchas estavam presas no deck, voltamos para Los Angeles.

— E não se esqueça, não podemos fazer hora, pois vamos jantar na casa de seus pais.

A viagem de volta foi silenciosa, nossos sobrinhos caíram no sono antes mesmo que pegássemos a rodovia que nos levaria para casa, e até os cachorros dormiram o caminho todo.

— Não vale me abandonar agora! Estou tão cansado quanto você! – Alex ficava dando tapinhas na minha perna cada vez que eu fechava os olhos.

— Não estou dormindo. – Reclamei para tentar esconder um bocejo. – Só descansando os olhos. Muita claridade.

— Vou fingir que acredito em você!

— É bom mesmo, porque essa é a verdade. – Retruquei

Alex sacudiu negativamente a cabeça e continuou a dar tapinhas na minha coxa.

Apesar de estar cansada, não dormi, continuei firmemente acordada ao lado de meu noivo, fazendo planos para as próximas semanas, seja de descanso, seja no meu trabalho.

Ao chegarmos em casa, fomos direto dar banho nos cachorros e depois lavar o carro. E, enquanto dávamos duro na limpeza e ficavámos cobertos de pelo de husky, meus sobrinhos resolveram que era uma boa hora para dar um mergulho na piscina.

— Na hora em que eu disser “acabou o divertimento”, acabou, não estou a fim de colocar ninguém de castigo, mas basta uma pirraça, uma revirada de olhos que eu não vou ter pena.

Os três concordaram comigo e se voltaram para a brincadeira de antes. Claro que eu não tive paz, pois a cada minuto eu tinha que conferir se todos estavam bem, se tudo estava em ordem, afinal, quando se tem uma criança na equação, sempre deve se esperar pelo pior acidente possível. Ainda mais com Elena por perto.

Alguns minutos se passaram, o trio peludo estava limpo e o jipão lavado e livre de toda a areia, era hora de encerrar a brincadeira dos três e colocá-los para tomar banho e se arrumarem para o jantar.

Pedi uma, pedi duas, estava a ponto de decretar o castigo quando Thomas teve um estalo e disse que estava indo. Olívia começou a rir do “medo” do irmão, mas deve ter se lembrado do que eu havia falado e também saiu da piscina, restando só Elena.

— E você, Elena, pode ir saindo também. – Avisei para a emburrada. – E nada de fazer hora.

Ela ainda deu mais uma volta para depois parar na minha frente e esticar os bracinhos como que me pedindo para tirá-la de dentro d’água.

— Nem pensar. Te enrolo na toalha aqui fora, mas não vou me molhar e jogar todo esse pelo nessa água limpa. Anda, saia pela escada.

Minha sobrinha fez o que lhe pedi e logo estava pulando do meu lado, dizendo que estava com frio.

— Agora vamos para o banho. – Guiei-a pela casa até o quarto.

— Mas, tia, para onde vamos? Por que não podemos ficar mais na piscina? Ainda tem sol lá fora. – Ela apontou para a parede de vidro e o sol ainda longe de se pôr.

— Porque vamos jantar na casa da Dona Amélia e do Sr. Jonathan.

— Do vovô e da vovó? Por que a senhora não falou antes? – Falou toda esbaforida e saiu me puxando escada acima.

Dei banho na pequena, apressei Liv e me arrumei, quando desci, um tanto atrasada, os quatro bonitos que já estavam prontos, estavam muito bem jogando UNO.

— Não sei quem está ganhando, mas Dona Amélia já me mandou mensagem perguntando se estamos chegando e eu falei que sim.

— Isso não foi nada bom, agora minha mãe vai contar os minutos no relógio… - Alex comentou quando jogou sua última carta e, pela cara que ele fez, não deve ter sido uma jogada muito boa.

— Isso! – Disse Liv. – Sabia que essa rodada era minha!! – Saiu dando pulinhos perto da mesa.

— Mas não é mesmo. – Tuomas acabou com a alegria da irmã ao jogar uma outra carta e como eu não entendo nada de UNO, fiquei sem entender a jogada.

— Ih, Liv, não foi dessa vez que você ganhou… - Disse Elena conferindo a mesa e as cartas. – Na verdade, quando foi que você ganhou do Tuomas mesmo?

Olívia fuzilou Tuomas e Elena com o olhar e depois, vendo que isso não iria mudar o jogo, cruzou os braços e saiu marchando em direção à garagem. Tuomas não perdeu tempo e foi falando na cabeça da irmã, deixando Alex e Elena sem entender nada.

— Tudo isso por conta de um jogo? - Meu noivo perguntou um tanto abismado.

— Você nunca brigou com o Will por conta de um jogo de cartas?

— Não. Porque, bem… a gente era mais de competir em esportes, não em jogo de cartas. Isso veio com a idade.

— Por acaso você está nos chamando de um bando de velhos?

— Longe disso, só que eu e o Will tínhamos outro tipo de divertimento…

Só de brincadeira, fiquei encarando Alex por um tempo, ele, como de costume, ficou desconfortável com a minha encarada e já começou a se desculpar por algo que ele nem tinha feito.

— Alex, eu só estou brincando! Você não pode comparar duas culturas tão diferentes!

Ele concordou com a cabeça e depois pegou Elena no colo seguindo para a garagem. Fiquei por último para trancar a casa.

Ao lado do carro, Tuomas e Liv ainda se bicavam, agora discutindo as regras do jogo e misturando com vários assuntos diferentes, inclusive com as torcidas de ambos nos diferentes esportes que eles acompanhavam.

— E os dois, podem ir parando com a briga. O jogo já acabou e eu não quero ouvir mais nenhum pio sobre regras, cartas ou se teve trapaça ou não. Vocês têm que aprender a deixar o jogo no jogo. Agora entrem. – Avisei e eles só balançaram a cabeça e se calaram, contudo, só pela olhada que um lançou em direção ao outro, eu sabia que eles não deixariam esse assunto morrer nem tão cedo.

Como já estávamos atrasados, só nos restou pedir milhares de desculpas para Dona Amélia que nos esperava no alto das escadas e com uma carranca. A expressão fechada foi dirigida a Alex e a mim, para nossos sobrinhos sobrou sorrisos e abraços, e ela nem se importou com a timidez de Tuomas com o carinho.

— Acostume-se. – Foi tudo o que ela disse diante do encabulado garoto, para logo em seguida já levá-los para dentro da casa.

— Lembrou da gente, não? - Perguntou Alex.

— Melhor nem falar nada. Deixe como está que está muito bom.

Seguimos os quatro pela porta e logo vimos Pepper e Will que tinham um sorriso de deboche no rosto.

— Nem chegamos e vocês já vão começar? - Alex encarou o irmão mais novo. 

— Sabe o que é, mano, ver você sendo ignorado só porque chegou tarde, isso depois que ficou quase dez dias sem vir aqui, é muito engraçado.

— Só estamos um pouco atrasados, controlar três crianças é um tanto difícil. – Disse Alex assim que se sentou no sofá.

— É um treinamento e tanto esse. - Will continuou com a provocação.

Deixei de prestar atenção no que os irmãos estavam dizendo e fui cumprimentar Pepper, e nosso assunto não foi outro, senão Vic e o recém-nascido.

Dei a ela todas as atualizações que tinha, contando os primeiros dias do bebê.

— Tenho que dar um jeito de ir à Londres para visitá-la. Difícil é arrumar tempo.

— Quando quiser ir, me avise, que eu peço o jato para vocês. Ninguém vai se importar.

Ela agradeceu e começamos a fazer planos para a estadia de meus sobrinhos por aqui. Assim como Alex, ela também tinha algumas ideias de lugares que eles poderiam ir, logo Will entrou na conversa e planos para uma viagem para o Colorado surgiu. O roteiro incluía alguns lugares famosos, como Vegas, que eu vetei na hora, afinal lá nunca seria o lugar de dois adolescentes e uma criança, visitar o Grand Canyon e outros lugares famosos, assim como um passeio por um trecho da Rota 66 e, ideia de Alex, finalizaríamos tudo pulando no bungee jumping mais alto do mundo.

— Só não podemos falar muito alto essa parte final, senão os avós babões que nem avós de verdade são, vão ser contra na hora. - Alex falou olhando ao redor para se certificar de que seus pais não estivessem por perto.

— Eles só vão ver as fotos quando chegarmos. - Garantiu Pepper.

Minha sogra reapareceu na sala não muito depois, dizendo que os três estavam com o Sr. Pierce perto da churrasqueira e nos mandou segui-la.

E como toda mãe, bastou que olhasse para a nossa direção que logo percebeu que estávamos bolando alguma coisa.

— E eu posso saber o que vocês tanto conversavam lá dentro? – Perguntou nos olhando seriamente.

— A estadia do trio aqui no país. Pensando onde podemos levá-los. – Alex respondeu por todos

Contudo, ela nos ficou nada satisfeita com a reposta um tanto vaga demais e instigou por mais respostas.

— Pensamos em lugares que eles só viram em filmes ou fotos, tipo Grand Canyon e Malibu e talvez alguns pontos da Rota 66.

— Um bom roteiro, mas acho que a Costa Oeste tem mais a oferecer…

— Calma, Dona Amélia, são só planos iniciais, nada foi confirmado ainda. Nem sabemos se vai agradar a turma toda… - Pepper falou.

Graças a Deus que ela não ouviu nada sobre o bungee jumping.

Nem precisamos efetivamente chegar perto do Sr. Pierce para escutar a falação de Olívia e Tuomas, uma vez que o assunto da partida de UNO tinha voltado e meu sogro estava tentando ser o juiz da disputa.

— Vovô Jonathan, não liga pra eles não… toda vez que a gente joga UNO é assim, o Tuomas sempre ganha e a Liv fica uma fera…

Eu não precisei avisar novamente, os dois mais velhos pararam a discussão e Liv voltou a ficar com uma carranca.

— E a mocinha pode se comportar melhor… era só um jogo bobo de cartas. – Ralhei com ela em finlandês.

— Tudo bem… - Falou emburrada.

— E peça desculpas pelo seu comportamento.

Olívia, um tanto a contragosto se desculpou e o assunto do jogo não apareceu mais, porém, o assunto viagem chamou a atenção de todos.

À medida em que os nomes dos lugares foram sendo mencionados, Liv e Tuomas iam dizendo se já tinham ouvido falar, ou se tinham visto alguma matéria em algum canal de televisão.

A única que não entendia nada, mas que estava ansiosa para entender, era Elena que para cada lugar mencionado, olhava para os adultos esperando por uma explicação.

Ao final da noite, ficou decido que nas três semanas em que eu estaria efetivamente de férias, iríamos sair em uma viagem de carro por alguns estados americanos, para terminamos no Colorado.

E, até lá, os próximos quinze dias seriam de passeios a lugares próximos a Los Angeles, desde que eu desse eu um jeito de poder ou sair cedo, ou trabalhar remotamente.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Ficou pequeno porque é só a introdução à viagem. Vou tentar não me alongar muito nos lugares para não ficar cansativo, mas prometo alguma confusão, afinal, Elena está por perto, não?
Muito obrigada a você que leu até aqui, espero que tenha gostado.
Muito obrigada.
xoxo



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Presos Por Um Olhar" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.