As palavras que não refletem seu coração escrita por Kogoe Mimiuchi


Capítulo 10
Capítulo 10 - A possibilidade de perdê-la para sempre


Notas iniciais do capítulo

Yasuo e Mei chegam ao hospital e descobrem as outras vítimas do acidente. As amigas de Yuzu chegam atrás de notícias, e Mei só descobre o que aconteceu quando Ume aparece.



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Yasuo e a neta chegam ao hospital para saber o que aconteceu com Mitsuko. Lá encontram a avó das Taniguchi na recepção esperando alguma notícia da neta mais velha. A matriarca dos Taniguchi tem certeza de que Mitsuko está bem, apesar da gravidade do acidente. Ela sabe que sua neta é forte, não faria nenhuma barbeiragem no trânsito ou qualquer tipo de ato inconsequente.

— Ah, Taniguchi-san, lamento muito o ocorrido com sua neta. Vim ao hospital assim que soube  da notícia do acidente com Mitsuko. Ela é uma excelente funcionária, está sempre à disposição da Academia Aihara, não esperávamos que algo tão grave fosse acontecer. Estamos aqui para caso vocês precisem de alguma ajuda. — o avô de Mei se inclina para demonstrar sua solidariedade para com a avô das Taniguchi. Mei faz o mesmo gesto que o avô.

— Aihara-san, agradeço a sua preocupação para com Mitsuko. Conheço minha neta, e tenho certeza de que ela está bem. Minha neta mais nova, Harumi, está conversando com os médicos para ter mais detalhes, saber o que aconteceu. Ela está lá dentro e logo mais deve voltar para dizer a condição em que Mitsuko está.

Yasuo e Mei de repente notam uma garota cujas roupas estão sujas de sangue. Ela está sentada algumas fileiras atrás da avó das Taniguchi, mexendo no celular, esperando por alguém ali no hospital. Eles ficam chocados com a cena, mas devido ao local em que estão, deve ser uma situação considerada até normal para quem trabalha lá dentro.

Três garotas, sendo duas delas com o uniforme da Academia Aihara, chegam correndo à recepção do hospital, desesperadas por notícias de suas amigas. Nene, Himeko e Shiraho vieram no carro da ex-veterana, que buscou as outras duas garotas em suas casas assim que recebeu o telefonema de Harumin falando do acidente. O carro mal havia estacionado e as três garotas já foram abrindo as portas e saindo em disparada, nervosas e ansiosas por informações sobre o estado de saúde das outras quatro que foram hospitalizadas.

— Por favor, viemos aqui porque soubemos de um acidente envolvendo quatro amigas nossas! Elas foram resgatadas há pouco tempo, numa batida entre duas motos e um carro! Os nomes delas são...

— Acalmem-se, por favor. Vou acessar o sistema e logo vocês saberão, já que tivemos outras vítimas de acidentes de trânsito hoje. Pode ser que não tenhamos os nomes de todas, pois algumas vítimas chegam sem qualquer tipo de identificação. — Informa a recepcionista.

Mei reconhece as três garotas e se surpreende com a presença delas no local. A herdeira sai do lado do avô e vai até a melhor amiga para saber o que está acontecendo.

— Himeko! Você ficou sabendo rapidamente do acidente com a Mitsuko-senpai e veio direto para cá? E por que a Nomura e Shiraho-senpai estão aqui também? — Mei pergunta.

— Mei-mei, eu... eu... sinto muito... eu não esperava que isso tivesse acontecido! — Himeko começa a chorar e abraça forte a amiga, que está confusa com a situação. Nene vê Himeko se desmontar toda e começa a chorar também. Shiraho, um pouco mais contida que as outras, consegue falar com Mei, mas ninguém consegue dizer algo sobre Yuzu.

— Mei-san! Viemos para cá assim que soubemos do acidente! Por favor, me digam que não é verdade, que houve um engano! - Shiraho suplica esperando que tudo não tenha passado de um mal entendido. A ex-veterana pensou que Mei já soubesse sobre o acidente com a gyaru.

— Se-Senpai! Eu acabei de chegar ao hospital acompanhada do meu avô. Ele recebeu a notícia do acidente com Mitsuko-senpai, porém não tenho noção do que ocorreu. Eu estava na mansão do meu noivo e só fui saber do ocorrido quando voltei à mansão do meu avô. Por que estão tão abaladas assim? Vocês nem são tão chegadas na irmã da Taniguchi-san... Afinal, alguém pode me dizer o que está acontecendo?

Mei está totalmente alheia ao que ocorre no hospital, já que não calhou a ninguém contar a verdade para a ex-kaichou. De repente, a ojou-sama lembra que no trajeto de volta à mansão do avô o motorista falou sobre a lentidão no trânsito causado por um acidente numa das vias. O carro da família passou ao lado do acidente, e o que Mei e seu avô viram foram um carro destruído e duas motos caídas ao chão, próximas a estilhaços. A polícia e equipes de resgate estavam no local e bloquearam a via, obrigando o motorista dos Aihara a pegar outro trajeto.

Da sala reservada da enfermaria, duas garotas saem, uma delas cheias de bandagens e curativos nas pernas e nos braços, sentada em uma cadeira de rodas e recebendo soro e medicamento nas veias. Matsuri está sem condições de ficar em pé, sendo guiada por Harumin, que empurra a cadeira até a recepção para que a garota mais nova espere pela chegada dos pais.  

Já Mei, junto de Himeko, Shiraho e Nene, percebe que Matsuri está ferida e se surpreende pelo fato da garota de cabelos rosa também estar envolvida no acidente. “Primeiro Mitsuko-senpai, agora a Matsuri... Em que confusão elas se meteram?”,  a herdeira se questiona.

Harumin ajeita a cadeira de Matsuri ao lado das fileiras de poltronas, cumprimenta Yasuo e se dirige à avó. Matsuri olha com raiva para Mei e o avô, mas não diz nada por enquanto.

— Vovó, Mi-chan e Maruta-san estão bem, apesar de tudo. As duas sofreram fraturas nas pernas e estão passando por exames, pelo que os enfermeiros disseram. Mi-chan parece que sofreu um pouco mais com a batida, mas nada de grave. Só que... a Yu... — Harumin  não consegue pronunciar o nome da amiga e desaba no choro, assim como Matsuri.

— Kayo Maruta também esteve no acidente, então... — o avô de Mei fica sabendo da ex-aluna da Academia.

— Kayo-chan e Mitsuko haviam saído de moto, mas elas não me falaram para onde iam. Estou sem entender o que aconteceu até agora, Aihara-san. Quem me avisou do acidente foi minha neta Harumi, e depois disso só me lembro de ter pegado minhas coisas e vir o mais rápido que pude para cá. Estou aqui esperando que alguém me explique a situação real das duas.

Pouco tempo depois, uma mulher surge desesperada e aos prantos na recepção, perguntando pela filha, mas ninguém consegue entender o que ela está dizendo. Devido ao choque do telefonema que havia recebido alguns minutos antes, a mulher não tem condições de terminar uma frase compreensível, ficando parada por um tempo na frente da recepção, até ter a calma necessária para poder falar.

— Alguém... ligou do celular da minha filha... ela está aqui! O nome... Yuzu Aihara... — Ume fala com dificuldade.

Mei percebe a movimentação ao lado, mas seu corpo começa a suar frio quando ela reconhece a mulher que está à sua frente.

— Mãe! O que está fazendo aqui? Não me diga que...

Exceto por Matsuri, as outras garotas nunca haviam visto a mãe de Yuzu e Mei antes. Himeko, Nene, Shiraho e Harumin se viram assim que a ojou-sama chama pela mãe, e lamentam pelo fato de Mei ser a última a saber o que está acontecendo, e ainda por cima através de Ume.

— Mei-chan! Você também veio aqui por Yuzu-chan, não é? Por favor, me diga o que aconteceu com ela! Eu saí correndo de casa... recebi a ligação do hospital, mas não consegui pensar em mais nada depois disso! Como a Yuzu-chan... diga... que não é verdade...  — Ume agarra Mei e a abraça forte, sem saber que a garota não havia sido informada sobre Yuzu.

Assim que recebe a notícia de Ume, Mei começa a tremer e sente suas pernas fraquejarem, ao ponto de quase desabar. Ela só não despenca no chão pois a mãe percebe sua reação.

— Mei-chan? Mei-chan, você me ouviu? O que houve com você? Fale alguma coisa! — Ume chacoalha a garota.

— Espere... eu não sabia que... Yuzu... Ninguém havia dito...— A garota deixa a cabeça cair nos ombros de Ume, e as lágrimas rolam enquanto o choro sai silencioso.

Yasuo vê a cena e logo fica sabendo sobre Yuzu. Ele vai até a nora prestar solidariedade.

— Ume-san, eu e minha neta fomos informados apenas de que Mitsuko-san havia se envolvido no acidente. Só estamos sabendo agora que sua filha está entre as vítimas.  Lamentamos muito. — O avô de Mei se pronuncia.

—________________

 

Piiiiii... Piiiiiiii... Piiiii... Piiiii...

Dentro da sala de cirurgia, a equipe de cirurgiões está fazendo o possível para salvar Yuzu, mas as condições em que a garota foi trazida dificultam a tarefa dos médicos. Ao chegar à mesa onde será operada, a gyaru recebe uma anestesia e apaga de vez, deixando cair no chão o anel que estava segurando em uma das mãos. Ao ouvir o barulho do metal caindo, um dos enfermeiros pensa que alguma ferramenta caiu da bandeja, mas vê o anel dourado sujo de sangue e o guarda para entregar para a família.

Após descartarem as roupas da garota e ligarem ao corpo todos fios dos aparelhos necessários para iniciar a cirurgia, os médicos veem um ferimento sério no abdômen e costelas quebradas, além de muita perda de sangue. Os procedimentos começam assim um dos médicos autoriza e a gyaru é ligada ao maquinário que a ajudará a manter seu corpo estável.

— Vamos precisar de várias bolsas de sangue e do neurocirurgião aqui!

— Parece que as costelas quebradas perfuraram o pulmão em vários locais...

— E ainda tem uma hemorragia aqui na parte de baixo do abdômen, parece que algum objeto afiado a atingiu.

— É bem complicado, ela corre o risco de morrer a qualquer momento.

— Sim, se ela tivesse perdido mais um pouco de sangue e demorado a chegar aqui nem teria chegado viva.

— Estejam prontos, porque essa cirurgia vai durar mais tempo do que o previsto. E depois disso, ela ainda terá os dois braços e uma das pernas imobilizados, já que estão fraturados. Mas isso se ela conseguir sobreviver.

Piiiii... Piiiii... Piiiiii... Piiii...

—________________

 

— E a Megumi, já chegou?

— Ih, parece que ainda não, mãe. Não ouvi ela subindo.

— Pronto! Era só o que faltava! Eu avisei que não era para demorar muito. Acabou de passar no jornal um acidente de trânsito agora pouco, quatro pessoas foram levadas para o hospital e uma pessoa morreu no local. Só falta ser algum bêbado que pegou o carro depois de tomar umas.

— Mas onde foi esse acidente?

— Num bairro de gente rica, ao que parece.

— Bem, o que a Megumi iria fazer num bairro de gente rica? Caçar um marido?

— Pare de fazer piada numa hora dessas, Koichi. Se ela não voltar, você vai pegar o carro e procurar ela!

— Calma, experimenta ligar para ela daqui a uns cinco minutos, quem sabe ela atende e avisa onde foi parar.

— Já havia ligado antes de saber desse acidente, mas dava ocupado. Vou tentar de novo daqui a pouco, antes que eu perca a cabeça e vá visitar hospital por hospital.

Foi só a mãe de Megumi falar que o telefone começou a tocar na sala. A mulher vai correndo atender, esperando que seja a garota.

— Alô? Mãe?

— Megumi?! Cadê você? Eu já tinha falado para não sair por aí à noite! Acabaram de noticiar um acidente com cinco vítimas aqui na capital, já fiquei desesperada pensando no pior!

— Eu estou aqui no hospital...

— O QUÊ? Você está bem? O que houve?

— Calma, não aconteceu nada comigo. É que eu acabei indo um pouco mais longe e parei num bairro de alto padrão, e de repente eu vi algumas garotas que haviam sido atropeladas por um carro em alta velocidade. Eu ouvi o barulho da batida e fui a primeira a chegar ao local, daí chamei o resgate e vim parar aqui porque me falaram para acompanhar uma das vítimas. Depois me disseram que a polícia virá colher meu depoimento, pois uma pessoa morreu no local e não conseguiram identificá-la ainda.

— Será que é o mesmo acidente da TV?

— Eu não sei, desde que me trouxeram aqui só fiquei esperando a polícia aqui na recepção. Mas assim que eu for liberada, chamo pelo Koichi e volto para casa. Afinal, tive que abandonar minha bicicleta no local para embarcar na ambulância...

— Ok, assim que você tiver terminado ligue e seu irmão irá correndo até aí. Nos avise caso precise de alguma coisa.

— Não se preocupem. Até!

— Até mais.

Koichi vem até a sala para saber com quem a mãe estava falando.

— Era a Megumi. E adivinha? Ela está no hospital, mas como testemunha de um acidente. E pelo que parece, é aquele mesmo que acabaram de noticiar. Ela foi a primeira a chegar ao local e teve que chamar o resgate, mas embarcaram ela na ambulância junto com as vítimas. Agora vai ter que esperar a polícia chegar para colher o depoimento dela.

— Já entendi. Vou ter que ficar de plantão para buscar essa garota, não é?

— Exatamente. Pelo menos agora sabemos onde ela foi parar. Agora estou mais aliviada, sabendo que ela não sofreu nada, mas ajudou a chamar por socorro.

—________________

 

Dois investigadores chegam ao hospital, após terem sido avisados de que a única testemunha havia sido levada ao local.

— Boa noite, nós somos da polícia. Estamos procurando pela testemunha do acidente de agora à noite, me parece que é uma garota...

— Ah, sim! É a garota sentada logo atrás daquela senhora. O nome dela é Megumi Sakamoto.

Os dois homens vão até ela e se identificam através de suas carteiras.

— Senhorita Megumi?

— Sim, sou Megumi Sakamoto.

— Somos os investigadores da polícia responsáveis por colher seu relato. Eu sou Ogawa e este é meu colega Ishihara. Se puder nos dar o maior número de detalhes possível, por favor, não hesite. Infelizmente, uma das pessoas envolvidas no acidente morreu no local, e suspeitamos que seja o responsável pela batida.

— Bem, eu estava andando de bicicleta à noite. Não lembrava mais de como andava o trânsito na região onde minha família mora, mas ainda assim resolvi pedalar um pouco e pegar um pouco de ar. Parei num bairro chique sem querer, e pela impressão que tive do local, parecia ser um local tranquilo, sem muito movimento nas ruas. Porém, de repente, notei que um carro velho saiu em alta velocidade, e o motorista parecia não ter controle do veículo. Achei estranho aquela lata velha correndo em meio a um monte de mansões, mas pensei que ele pudesse estar fugindo de alguém. Não demorou muito até que ouvi um estrondo. Pedalei no mesmo caminho que o carro tomou, e de repente vejo duas motos caídas no asfalto e o carro capotado, praticamente destruído, um pouco mais distante do local da batida. Vi quatro pessoas caídas no chão, provavelmente as pessoas que estavam nas motos. Uma delas estava ferida gravemente, com muita perda de sangue, enquanto as outras estavam feridas com menor gravidade. Liguei no mesmo instante para chamar uma ambulância. Tentei estancar o sangue da que estava em piores condições até o socorro chegar.

— Notou alguma coisa estranha no local, em algum dos veículos envolvidos no acidente? Você conhece alguma das vítimas?

— Não, não notei nada assim que cheguei ao local. E não, não conheço nenhuma das meninas que foram socorridas. Mas a garota que estava sangrando muito começou a me dizer algo assim que cheguei perto dela. Não sei se ajuda em algo nas investigações...

— O que ela disse a você? Algo a ver com a pessoa que estava dirigindo o carro? — O investigador Ishihara pergunta.

— Não acho que seja... Ela abriu os olhos por um instante, e começou a me chamar por um nome. Ela disse “Mei... você veio atrás de mim?”, acho que era isso. De repente, segurou meu pulso, dizendo “Mei... não me deixe sozinha...”, ou algo do tipo, não me recordo bem. E logo que a ambulância chegou, os socorristas pediram para que eu viesse junto, pois a garota queria minha companhia. Os médicos deram permissão, então subi na ambulância. Era por esse nome, Mei, que ela me chamava o tempo todo... E antes de ir para a sala de cirurgia, a garota segurou firme em mim, dizendo para eu não abandoná-la, até que eu consegui convencê-la a seguir para a operação.

— Entendemos, vamos checar todas as informações e colher o relato das outras vítimas. Se necessário, entraremos em contato com você novamente. Será que você pode nos passar seu endereço, nome completo e dados para contato?

— Claro, o que for preciso.

Todo o grupo esperando por notícias de Yuzu ouviu o relato de Megumi, que até então não havia se dado conta de que a maioria das pessoas na recepção tinha alguma relação com a gyaru. Era tanta coisa acontecendo que a recém-chegada do Canadá nem ouviu o que se passava ao seu redor, como as amigas e a mãe da gyaru desesperadas por notícias.

Ume e Mei se levantam de onde estavam e abordam os policiais, se identificando como familiares de Yuzu. Ishihara pergunta às duas se sabem algo a respeito do acidente ou se suspeitam de que alguém tenha planejado algo contra alguma das garotas.

— Não, a minha filha não tinha inimigos. Até onde eu saiba, ninguém tinha inimizade com ela a ponto de causar um acidente. A Yuzu sempre fez amizade muito fácil, não consigo imaginar ela despertando o ódio de alguém. E eu nem sabia que ela havia ido parar num lugar tão longe de casa, estou sabendo disso agora.

— Eu e a Yuzu estudamos no mesmo colégio, e nunca vi ninguém agir de modo suspeito contra ela. E mesmo Mitsuko-senpai, Maruta e Matsuri nunca demonstraram nenhum tipo de problemas, pelo menos não nos domínios da Academia Aihara. Vocês desconfiam de que alguém tenha causado esse acidente de propósito?

— Temos muitas possibilidades no momento, mas seria útil se soubéssemos se as vítimas ou seus familiares pudessem passar informações a respeito de algum desentendimento ou rixa com outras pessoas. Ainda não sabemos quem era o condutor do carro, mas logo saberemos de quem era o veículo, e assim poderemos rastrear os possíveis envolvidos.

— Entendo... mas talvez apenas as meninas poderão dizer com mais certeza sobre possíveis suspeitos. — Ume diz ao policial.

— Tudo bem. Agora precisamos dos dados e dos nomes de vocês para entrarmos em contato em caso de alguma pista. Por favor, escrevam neste papel aqui. Vamos ver com aquela garota de cabelos rosa se ela sabe de algo, ou se ela tem condições de nos dizer o que aconteceu.

Assim que terminam de repassar os dados aos policiais, Ume e Mei vão até onde está Megumi e se apresentam para a garota, querendo saber mais sobre como se deu o acidente.

— Oi, eu sou Ume Aihara, a mãe da Yuzu Aihara, a garota de quem você falou. E esta é a irmã dela, Mei. Foi você quem ajudou as meninas até o resgate chegar? Qual é seu nome?

— Oh! Sim, sou eu, meu nome é Megumi Sakamoto. Sinto muito pelo que aconteceu com  sua filha! Eu não consegui fazer muito pelas garotas, só pude ajudar a estancar o sangue da sua filha, que estava em uma situação mais grave do que as outras. Acho que elas estavam nas duas motos quando o motorista doido colidiu contra o grupo. Eu não presenciei o exato momento da batida, mas ouvi o estrondo causado pelos veículos e fui ver o que tinha acontecido. Infelizmente me deparei com as quatro garotas jogadas ao chão... Por sorte, estava com o celular e pude chamar o resgate e colaborar um pouco com os policiais.

Ume e Mei se emocionam ao ver o sangue de Yuzu nas roupas de Megumi. Em seguida, mãe e filha se inclinam para agradecer.

— Muito obrigada! Agradecemos muito por ter prestado socorro! E nos perdoe por esta situação ter causado inconvenientes para você!

— Imagina, não precisam agradecer e ter essa formalidade toda, só fiz o que deveria ser feito! E... você é a Mei? — A garota se dirige à herdeira dos Aihara.

— Sim, Mei Aihara. Muito obrigada por ter ajudado minha irmã e nossas amigas.

— A Yuzu... é esse o nome dela, não é? Durante o tempo em que estive ao lado dela, ela só chamava pelo seu nome. Acho que ela deve ter me confundido, pois a todo momento ela só dizia “Mei, Mei”... Acho que ela estava sentindo muito sua falta, pois ela dizia que não queria ficar sozinha. Talvez o impacto do acidente tenha causado algum tipo de confusão, já que ela estava sem capacete e com a cabeça sangrando... Até antes de entrar na sala de cirurgia, ela segurou na minha blusa e pediu para não deixá-la, mas eu disse que estaria aqui até ter notícias dela.

Mei, ao saber que a gyaru havia chamado por ela mesmo gravemente ferida, sentiu um enorme remorso por ter feito tanto mal a Yuzu. O resultado desastroso do reencontro das duas não impediu que a loira ainda tivesse esperanças de que a ojou-sama desistisse do casamento.

— Yuzu... Mesmo eu tendo feito tudo o que fiz hoje, e em todas as outras vezes, você ainda... chamou por mim esse tempo todo... Eu sou desprezível... — Mei se lamenta.

— Espere, Mei-chan... você e a Yuzu se encontraram hoje? — Pergunta Ume, surpresa por saber que as duas garotas haviam se encontrado depois de tanto tempo.

— Sim... mesmo eu tendo feito de tudo para não me encontrar com ela, de alguma forma a Yuzu deu um jeito de me achar num lugar onde eu menos esperava. Eu estava na mansão do meu noivo decidindo alguns detalhes do casamento... não havia contado isso a outras pessoas. E, de repente, lá estava a Yuzu na minha frente, querendo a todo custo falar comigo. Não faço ideia de como ela conseguiu descobrir tudo.

— Mas o que ela foi fazer indo atrás de você? Ela já sabia que você tinha decidido se afastar por conta do casamento! Eu sei que ela estava triste com toda a situação, vocês duas criaram uma ligação forte apesar do pouco tempo como irmãs. Será que ela estava tão preocupada e desesperada por você ter deixado nossa casa e a escola por conta da decisão do seu avô?

— Eu... não vou conseguir explicar, é algo complicado... mas acabou que discutimos feio e ela saiu correndo da mansão. E depois teve esse acidente... Argh, não sei se vou aguentar se algo pior acontecer com ela, e acho que ela também não irá me perdoar depois de tudo o que houve hoje. Ela deve ter pensado que eu havia mudado de ideia e ido atrás dela, mas a verdade é que ela saiu da mansão do meu noivo o mais rápido que pôde, e não vi quem de fato estava junto com a Yuzu. Só agora, aqui no hospital, descobri que Matsuri, Maruta e Mitsuko-senpai estavam no mesmo acidente. Acho que ela vai me odiar pelo resto da vida depois de tudo o que aconteceu hoje.

 — Não diga isso, Mei-chan, você não tem culpa pelo acidente, não tínhamos como saber que isso iria acontecer. A Yuzu é cabeça-dura, mas ela não te odeia! Talvez ela tenha um pouco de mágoa por você ter saído de casa sem dar satisfações, mas pode ser que vocês conversando consigam se entender. — Ume diz em meio às lágrimas.

 — Mas eu deixei apenas uma carta de despedida, nem pessoalmente eu tive coragem de falar com a Yuzu. Ela não vai querer ficar perto de uma covarde como eu.

— Desculpe se estou me intrometendo demais num assunto particular, mas a maneira como ela chamou por você diversas vezes, mesmo estando gravemente ferida, talvez prove que ela não esteja com raiva de você. Você deve ser mesmo uma irmã muito querida, pois seu nome foi o único pelo qual ela chamou antes de entrar  na sala de cirurgia. — Megumi tenta consolar a ojou-sama.

Mei se emociona com as palavras de Ume e Megumi, mas ainda assim teme pelo que pode acontecer com Yuzu. E se as duas não conseguirem mais se entender? E se a ojou-sama não conseguir o perdão de Yuzu no caso de algo pior acontecer? Quem disse que não queria que as duas tivessem mais contato foi Mei; depois do acidente, a herdeira dos Aihara não conseguirá se manter distante da gyaru, ainda mais que a possibilidade de perder a amada para sempre se tornou real.  

—________________

Yuzu desperta e só vê uma imensidão branca pela frente.

— Onde estou? Por que está tudo branco?

Ela tenta sentir e ver as próprias mãos, mas nada aparece diante de seus olhos.

— Meu corpo, minhas roupas... eu não estou entendendo nada! Só tem esse maldito branco na minha frente! Cadê todo mundo? Mama?

Yuzu pensa em poder correr para longe dali, mas o fato de não sentir e nem ver o próprio corpo não permitem a ela se locomover normalmente.

— Droga, que lugar é esse? E como eu vim parar aqui? Oi, alguém?

Uma voz então responde.

— Yuzu?


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Notas finais do capítulo

Capítulo refeito, depois do que eu escrevi no capítulo 9.

Agradeço a tod@s que estejam acompanhando esta fic sobre Citrus. A cada semana, eu tento pensar em várias possibilidades para deixar a história mais dramática, mas acho que preciso ler mais livros para me inspirar melhor.



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