O autoproclamado filho do Trovão escrita por Jefeth


Capítulo 1
O autoproclamado filho do Trovão


Notas iniciais do capítulo

Primeira fic de Percy Jackson que escrevi logo após ler a primeira saga, criada numa célula de aprendizagem cooperativa de contos. Espero que gostem!



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O autoproclamado filho do Trovão

Essa é uma breve história sobre um jovem rapaz que gosta de se sentir especial, único. Não basta ser um semideus - antes que pergunte, sim, deuses existem, têm proles com mortais, esses são chamados de meio sangue, monstros os perseguem e mais coisas mitológicas que você possa imaginar acontecem, aceite isso, se você não consegue vê-los, logo a Névoa está agindo bem. Então, esse rapaz por ter esse enorme desejo de ser único, ele não aceita ser filho do deus que junto de sua mãe o concebeu, não aceita quem é seu pai, mais do que isso, quer que seu pai seja alguém específico.

Desde criança ele sabe que é um semideus - ele agradece bastante por ser um, pois por causa disso fez amigos valiosos, apesar dos percalços que nascer assim traz, como monstros à espreita para comê-lo, dislexia, incidentes com poderes, a lista é grande, mas ele acha que compensa. Sua mãe sempre foi super sincera sobre tudo com o filho, pois da parte dela ele é filho único, mas ele queria ser único da parte do pai...

Foi na adolescência que sua admiração por aquele que ele quer que seja seu pai começou, ele visitou o famoso Acampamento durante as férias do meio do ano, após um sátiro recrutá-lo. A empolgação por parte dele foi grande, mas não mais do que a do sátiro que tremia de felicidade, pois aquela era a sua primeira missão de recrutamento. Porém, sua empolgação não durou muito, assim como a sua estadia no acampamento... A primeira semana lá foi mágica para o garoto, ele trocava saudações com alguns campistas, se dava bem com seus companheiros de chalé, mas passava boa parte do tempo na Casa Grande junto do Deus do Vinho e um centauro, instrutor de atividades do acampamento, ouvindo histórias de heróis que passaram por lá, suas aventuras, feitos, rotina no acampamento, personalidade, forma de lutar - quem lhe contava isso era o centauro, pois o Deus do Vinho sempre se queixava que ele atrapalhava sua paz e seu jogo de pinochle, mas o jovem semideus gostava dele, principalmente, nos raros momentos onde ele deixava transparecer sua preocupação com os campistas e falava de maneira responsável. Contudo, essas histórias não foram-lhe de todo bem, ele percebeu o quão discrepante era o poder dos deuses maiores comparado aos menores, principalmente dos Três GrandesZeus, Poseidon e Hades -, foi aí que sua admiração se tornou uma obsessão. Ele viu que era muito mais fraco que os outros e estava fadado a nunca ser tão forte por conta de seu pai olimpiano, ele decidiu que queria ser filho de Zeus, queria ser tão forte quanto os heróis das histórias que ouviu, principalmente ser tão badass quanto quem ele mais admirava - uma garota filha de Zeus que se tornara um das Caçadoras de Ártemis. Assim, da segunda semana em diante, ele se “rebelou”, uma atitude infantil, decidiu que seria filho de Zeus à força, retirou suas coisas do chalé em que estava e colocou por conta própria suas coisas no Chalé de Zeus - trovões ribombavam toda vez que ele chegava perto de lá. O instrutor do acampamento foi conversar com ele, saber o porquê dessa atitude abrupta, o garoto não deu rodeios, respondeu de maneira sucinta: Se for para eu ser filho de um deus, que seja do mais forte.  Muitas pessoas no acampamento tentaram conversar com ele várias vezes sobre essa atitude e que isso poderia acabar atraindo a ira de ambos os deuses, tanto seu pai, Apolo, que ele se referia como deus fraco, quanto o próprio Zeus, além de Hera, mulher do Senhor do Céus, que não admitiria um filho que não fosse seu. Explicaram-lhe também que comprar briga com deuses por um motivo chulo não era algo inteligente, muito menos um deles sendo como o mesmo disse: o mais forte.  Porém, essas conversas não adiantaram, sua ambição foi piorada, pois durante aquela mesma semana, ele foi ruim em todas as atividades do acampamento, perdeu em tudo que tinha para perder, até mesmo quando pensou ter vencido em algo, era apenas um sonho acordado... Então, essa sensação de impotência fez com que ele saísse do acampamento mais cedo, retornou para a sua casa consumido pela frustração, decidido de que faria com que o Senhor do Trovão o reconhecesse.

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De volta ao seu lar, ele mudou totalmente sua rotina e começou a treinar por conta própria para se tornar um grande guerreiro, o que era algo complicado, pois uma das funções do acampamento era justamente essa, mas seu orgulho estava ferido demais para poder aceitar qualquer ajuda, mesmo de sua mãe - que ficara preocupada pela tamanha frustração que seu filho transparecia no rosto ao voltar do acampamento. Durante o resto do ano o jovem semideus entrou em diversas brigas, tanto com monstros quanto com mortais, pelo fato de que ele além querer treinar e demonstrar suas habilidades de “grande guerreiro” na maior parte do tempo, ele queria fazer o que os filhos de Zeus das histórias que ouvira faziam, mas, obviamente, não conseguia. Parecia injusto para ele, pois ele tinha qualidades semelhantes àqueles heróis. Apesar disso tudo, aquele ano foi de paz para o garoto, pois estava fazendo o que bem entendia, sempre esperando o chamado de seu pretendido pai, Zeus - que fizera questão de o deixar em paz para ver se o jovem semideus perdia essa vontade, o que não aconteceu. Devido a isso, no ano seguinte, o Senhor dos Céus entrou em ação de maneira assídua. 

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Um anos após frequentar o acampamento e renegar o Chalé de Apolo, o filho do Deus do Sol começou a enfrentar a ira de Zeus, o seu deus favorito irritou-se ao saber que um semideus estava por aí clamando por ele, atraindo monstros em seu nome arbitrariamente e indiretamente colocando a vida de semideuses e mortais que não tinham nada a ver com isso em risco. Zeus tentou matá-lo ou pelo menos feri-lo gravemente inúmeras vezes através de seus raios, mas algo parecia estar protegendo o garoto. Então, não demorou muito para que o semideus recebesse uma visita divina - apesar de não ser aquele quem ele queria.

Apolo visitou seu filho na casa dele na manhã de um fim de semana, o Deus do Sol simplesmente apareceu dentro do quarto do garoto, que acordou ao perceber que todo seu quarto estava iluminado demais, como se trezentas luzes de led estivessem ligadas em potência máxima, ele mal pôde enxergar quando abriu os olhos lentamente... Até que a luz foi cessando e ele pôde ver a silhueta de um rapaz mais velho que ele, mas não tão mais velho - se os dois estivessem caminhando juntos na rua seriam como irmãos de idade parecida. Ao se aproximar, o garoto conseguiu ver melhor seu pai, ele vestia uma toga branca - tão limpa que parecia resplandecer -, sandálias e óculos escuros, estava de braços cruzados no meio do quarto com um semblante totalmente sério. O jovem semideus acordou um pouco atônito, mas na agressiva, e indagou logo o porquê de seu progenitor estar ali, mas ao perceber a aparente irritação de Apolo, ele se deteve e perguntou se estava tudo bem com o deus em tom de deboche. O Deus do Sol manteve-se em pé e começou a falar de maneira séria, sem esboçar nenhum sorriso, que foi como se Apolo tivesse batendo no garoto, pois ele foi sempre tratado como uma criança pelo deus, sempre tinha músicas cantadas para ele, sempre sorria para ele - mesmo que suas visitas não demorassem mais do que vinte minutos, uma ou duas vezes por ano. Apolo sentou-se após quinze minutos apenas de críticas ao garoto, esboçou um sorriso após começar a dar conselhos e revelar que foi ele que estava protegendo-o indiretamente dos ataques de Zeus, mas que isso não duraria para sempre, o semideus precisava parar de fazer  coisas tão imprudentes, o garoto tentou retrucar, mas parecia que Apolo estava com um roteiro pronto para refutar tudo e qualquer coisa que fosse dita por seu filho. Por fim, Apolo disse algo que seria repetido para o garoto e que reverbera na mente dele até os dias de hoje: Você não precisa ser único para ser forte, não precisa ser filho de um deus grande ou o mais forte para ser alguém digno, pare de depender de outrem para ser alguma coisa. O deus do Sol desapareceu sibilando algo que o garoto entendeu como: Se comporte e eu deixo você dirigir minha carruagem da próxima vez.

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As palavras ditas por seu pai deixaram o rapaz furioso no primeiro momento, mas tiveram um efeito menos destrutivo do que sua mãe pensou que teria. Ele continuou servindo como chamariz de monstros e os enfrentando, apesar de que a frequência com que clamava por Zeus diminuiu, ele usava os poderes de filho do deus do Sol mais vezes agora, porém, não tinha perdoado seu pai, ainda se sentia fraco, clamava por mais poder, queria poderes relacionados ao Senhor do Trovão. Sua amargura ainda não tinha cessado completamente, mesmo tendo passado por experiências que transformam a visão de mundo das pessoas, muito mais a de um semideus. Então, sua mãe pediu ajuda ao Acampamento, de alguma forma o sátiro que tinha recrutado o semideus foi capaz de falar com ela sem seu filho saber e informou a Quíron, o centauro instrutor de atividades do acampamento, que prontamente quis ajudar e fez um pedido para uma certa pessoa. Por causa disso, o semideus amargurado recebeu uma visita no fim daquele ano.                                          

Era noite de lua cheia, temperatura amena e ventava moderadamente, um dos climas que o jovem semideus mais gostava, ele estava completando sua décima volta de sua rotina diárias de exercícios no calçadão perto de sua casa quando alguém tocou seu ombro levemente e chamou seu nome, ele não precisava nem ter olhado para saber quem era, apenas por sua presença ele sabia, diante dele - quase fazendo-o derrubar outras pessoas que caminhavam ali - estava a Tenente das Caçadoras de Ártemis, Thalia. Ela transmitia uma aura nívea, elegante, com o arco nos ombros. Pediu para que fossem conversar, o garoto apenas assentiu com a cabeça e a seguiu em direção a faixa central de grama que havia no calçadão, lá eles sentaram-se no chão e começaram a conversar…

No primeiro momento, apenas o semideus falou, rasgou elogios para ela: como ele a admirava, o que mais gostava em sua personalidade, da sua forma de lutar, principalmente seu escudo Aegis e seus poderes elétricos. Depois de elogiá-la bastante, ele pediu desculpas, abaixou a cabeça e perguntou o motivo dela estar ali para conversar com ele - ele a chamava de Senhorita Thalia, com tanta educação que até mesmo ela ficou um pouco sem jeito. Thalia então começou a explicar porque estava ali, o garoto franziu a testa, pois de acordo com o que ele ouvira dela, de suas histórias, ele esperava que ela fosse mais ríspida, grosseira, mas Thalia falava num tom soturno, tranquilo, como se estivesse falando com alguém doente, mas apesar do tom, seu discurso era mais como um sermão, muitas críticas, e ela contou coisas que tinha vivido e como isso a afetou. Depois de explicar que estava ali a pedido de Quíron, o que fez o sangue do rapaz subir um pouco, ela repetiu o que Apolo havia dito para o garoto meses atrás: Você não precisa ser único para ser forte, não precisa ser filho de um deus grande ou o mais forte para ser alguém digno. Além disso, a semideusa o confidenciou que estava tudo bem ir contra os deuses, ele realmente não são perfeitos, mas que ele precisa entender o limite de suas ações para não afetar gente que sequer tem ideia do que ele está passando. Thalia ainda disse que se ele fosse uma garota o convidaria para fazer parte das Caçadoras, mas aquilo soou mais como uma piada para amenizar o clima - ela pensara que o garoto iria rir, porém, ele já estava de pé e fez um pedido inesperado: Senhorita Thalia, seria uma honra duelar contra a senhorita, me concederia este desejo? Ela relutou, mas concedeu. Foi um duelo sem armas, apenas punhos, e não durou mais do que dois minutos, o garoto sequer encostou na caçadora, mas ele desabou no chão com um belo sorriso no rosto. Então, depois de contemplar a lua cheia, ele se levantou e ela já não estava mais lá…

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O efeito de Thalia foi positivo até demais, pois o garoto ficou apaixonado pela caçadora por três longos meses até se encantar por uma filha de uma deusa menor. Ele foi mudando aos poucos, no ritmo que suas experiências foram lhe permitindo, ele não quis forçar uma mudança, não gostava de ser obrigado a nada. Ele se foi colocando no seu próprio lugar no mundo, sendo um bom garoto, um bom filho. Começou a ir para o Acampamento mais frequentemente, seu companheiro sátiro sempre ia lhe buscar em casa. Pediu desculpas para seus meios-irmãos do Chalé de Apolo e foi tentando fazer as pazes com tudo e todos. Porém, ele não concorda com todas as regras do acampamento, muito menos com todas as regras dos deuses - apesar de só ir assiduamente contra elas se tivesse sólidos argumentos e que suas decisões não fossem afetar ninguém além dele. O semideus deu um descanso para seu pai, evitando ao máximo falar o nome de Zeus em vão.

Hoje em dia, o rapaz aceitou o fato que mais lhe desagradava, ele aceitava seu pai, aceita de quem é filho sem hesitar, isso se tornou literalmente sua prece e gatilho de poder, por isso ele fica repetindo para si, orgulhosamente, toda vez que enfrenta um desafio: Eu sou filho de Apolo, não importa o desafio, eu sempre vou vencer. 


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham curtido a história, não tenho a intenção de continuá-la, mas talvez com o a vinda da série live-action de PJO eu lance mais alguma fic focando em alguma coisa pouco vista do universo.



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