SPIN OFF - Carta Para Você escrita por Carol McGarrett


Capítulo 9
A Saga de Anthony DiNozzo e Ziva David Até o Altar ¬


Notas iniciais do capítulo

Eu sei, não é quinta-feira, mas tem duas semanas que eu não posto nada e não poderei fazer isso nesta quinta. Assim, adiantei um pouquinho e trouxe um refresco para vocês, mas principalmente, para os Tiva shippers!
Espero que gostem.
Lencinhos são recomendados! E eu não vou me desculpar pelas quase 10 mil palavras!
Outro avisinho básico: Menção aos episódios: Passado, Presente e Futuro (S13E24) e aos episódios Into The Darkness (S17E01); Into The Light (S17E02), North Pole (S17E10) e In The Wind (S17E11), não tem tantos spoilers assim, mas para quem não viu, recomendo fazer essa pequena maratona antes, ou depois... fica ao seu critério.
Boa leitura!



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Meu celular tocou cedo demais. Ou seria melhor dizer, tarde demais? Olhei a tela antes de atender, era uma e meia da manhã de uma terça-feira. E quem que me ligava era meu pai.

— Oi, papai? – Atendi com mais sono do que tudo.

— Levante da cama, se arrume, traga seu material da escola, Melvin vai te pegar em trinta minutos.

— O que aconteceu? – Perguntei, agora totalmente desperta.

— Quando você chegar no Estaleiro eu te atualizo. – Ele falou como se eu fosse parte do time e não a filha dele.

— Tudo bem... – Papai nem me deixou terminar a frase, encerrando logo a chamada.

Sem saber o que tinha acontecido e porque eu era necessária no Estaleiro em uma madrugada estranhamente fria de maio, me levantei, um tanto desorientada e, dando um pulo para não pisar em Jet, que estranhou o fato de eu me levantar tão cedo para algo.

— O que eu faço primeiro? – Perguntei para mim mesma parada no meio do quarto.

Balançando a cabeça, resolvi por trocar de roupa e depois, arrumar o meu uniforme em uma bolsa de mão, com isso pronto, lavei o rosto, escovei os dentes e ao ver o meu reflexo no espelho um calafrio percorreu a minha espinha, algo como gelo se instalou no meu estômago e eu tinha quase que certeza de que as notícias que me esperavam no NCIS não eram boas.

Desci a escada com minha bolsa e mochila, aproveitei que ainda tinha tempo e conferi a água e a comida de Jet... que já estava ficando velhinho, também 14 anos é uma vida e tanto para um doguinho. Ia me sentar no sofá para tentar descobrir o que me aguardava pela frente, quando Melvin ligou para mim, avisando que estava do lado de fora.

Agarrei minhas coisas, me despedi de Jet e depois de trancar a porta, corri para o carro.

— Fazendo hora extra hoje, hein Melvin? Bom dia! – Falei ao entrar no carro.

— Bom dia, Sophie. E eu nem comento sobre a hora extra.

— Sabe de algo?

— Não. Só que a Diretora me pediu para te pegar e depois irei para a Base de Dover esperar a Diretora do Mossad.

— Orli Elbaz?! Aqui?!

— São as ordens que me passaram.

Fiquei curiosa com a informação. Por que a atual Diretora do Mossad viria para D.C. e iria direto para o NCIS? E só uma resposta veio a minha mente.

Tia Ziva.

Eu sabia que as coisas não estavam bem...

Melvin aproveitou a falta de trânsito e acelerou o máximo que podia e antes das duas da manhã eu estava descendo do elevador na Sala do Esquadrão.

Passei os olhos por todos os espaços de trabalho do pessoal que é responsável pelo Oriente Médio, não tinha ninguém ali. Já na área da MCRT a coisa era completamente diferente. Todas as mesas estavam com as lâmpadas acesas. Apesar de que a mesa de Tony estava vazia.

Eu nem precisei entrar na área para poder ver a manchete que estava na televisão. Era a Emissora de Israel, e apesar de que as notícias estavam em hebraico, eu não precisei de tradutor para entender.

Tinha acontecido um incêndio. Na fazenda que pertencera ao finado Diretor do Mossad, Eli David. Não tinha sobreviventes. Um corpo fora encontrado carbonizado, quando os bombeiros apagaram as chamas e fizeram o rescaldo.

Essa era a fazenda onde Tony tinha encontrado a Tia Ziva. Era a Fazenda onde ela tinha dito que ficaria morando. Ela queria procurar uma nova Ziva e resolveu recomeçar do zero, ali, onde ela nascera.

Eu queria gritar, chorar, me jogar no chão e perguntar por que a Tia Ziva tinha que ter sofrido tanto? Por que o fim dela teve que ser tão violento? Por que ela tinha que morrer? Por que ela não pode ter o seu final feliz??

Só que eu não conseguia me mexer, eu não conseguia falar, a minha boca não respondia à minha vontade. O Tio Ducky diria que eu estava em choque. A única reação de meu corpo à notícia da morte da minha tia eram as lágrimas que desciam do meu rosto.

Meus joelhos cederam e eu caí no chão, chorando ao pensar que a vida não é justa. Que o mundo não era justo. Que nem na morte, a temida Ninja do Mossad tinha conseguido ir em paz. Minha tia tive uma morte violenta, como fora toda a sua vida.

— Não... Murmurei. – Não... – Minha voz foi ficando mais alta. – NÃO!! NÃO!! NÃO!!! – Agora eu gritava de vez. Gritei tanto que logo pude ouvir os passos de meu pai descendo as escadas, vindo do Escritório da minha mãe.

— Ruiva! – Ele falou ainda na escada. Ao fundo escutei os saltos de minha mãe, ela parara na grade do quarto andar. – RUIVA! – Papai tentou me chamar, porém tudo o que eu fazia era gritar e chorar.

— A TIA ZIVA NÃO!!! – Tornei a gritar no momento em que papai me abraçava apertado, tentando me segurar no lugar e me fazer parar de chorar. Esse abraço me lembrou muito da noite em que dormi na casa dele, quando mamãe foi para Paris e eu não conseguia dormir com medo do quarto onde estava.

— Calma, Ruiva. Calma!! Eu tô aqui Ruiva. – Ele me ninava como se eu fosse um bebê.

— A tia...

— Sophie...

— Ela morava ali. – Murmurava apontando para a televisão.

— Sim, eu sei, Ruiva.

— Ela... ela....

— O Mossad nos informou que sim.

— E nós acreditamos no Mossad agora? – Me vi perguntando.

— Era a Ziver. – Ele me garantiu.

Papai não precisava dizer mais nada. Minha tia estava morta. Eu nunca mais veria a minha tia. Foi então que outra pessoa passou pela minha mente.

— Cadê o Tony? Onde o Tony está? – Me levantei do chão, procurando pelo meu italiano de Araque Favorito. – TONY! – Chamei por ele.

— Tony não está aqui. – Minha mãe falou.

— Onde ele está? Ele já sabe? – Estava preocupada com ele e em como ele reagiu à notícia.

— Está no apartamento dele, com o Sênior. E sim, ele já sabe. – Papai falou um tanto distante.

— O senhor mandou o Tony pra casa? No meio disso tudo, o senhor mandou o Tony ficar sozinho??

— O pai dele...

— O Sênior não é o melhor exemplo de pai... – Cortei o meu próprio pai. – O senhor bem sabe que o DiNozzo considera o senhor como pai dele, e não o Sênior. Não deveria ter feito isso! O Sênior só vai falar besteiras... e o Tony detesta ficar escutando conselhos bestas do pai dele quando ele quer agir.

— Sophie! – Minha mãe chamou a minha atenção. – Meça bem as suas palavras.

Eu não estava mentindo, todo mundo sabia, toda vez que o Sênior aparecia, Tony era posto à prova, porque o pai dele só sabia encrencá-lo.

— Posso ir ver o Tony? – Pedi.

— Não. – Veio a resposta dupla.

— Então por que me acordaram? Para que eu visse a notícia pela TV? Preferia ter ficado dormindo e na ignorância até depois das minhas aulas. – Recomecei a chorar.

— Nós vamos precisar de você aqui. – Mamãe me falou.

— O que vocês sabem que eu não sei? O que a Tia Ziva contou para vocês?

— Não foi a Ziva quem nos contou. Foi a Orli Elbaz.

Torci o nariz, eu não acreditava no Mossad, em nada que eles falavam.

— Sophie, eu vou precisar de você pela manhã.

— Eu tenho aula... – Comentei. Eu não queria ficar no prédio para recepcionar a Diretora do Mossad, não quando o Mossad tinha machucado tanto a Tia Ziva.

— Todo mundo sabe que as suas aulas já acabaram, que você já fez as provas e passou de ano, Sophie. Uma falta não vai te fazer ser a pior aluna da classe.

— E o que eu vou fazer? – Era impossível ir contra o que o meu pai dizia nesse tom.

— Será a tradutora.

— Mas a senhora fala hebraico, e a Elbaz fala inglês... ninguém vai ficar perdido!

— Vai ser a tradutora do Tony, Sophie. – Mamãe me explicou.

— Por quê?

— Dentro de quatro horas você vai ficar sabendo...

— Isso quer dizer que o Tony.... – Comecei a falar, porém parei, pois o elevador fez barulho e o próprio DiNozzo saiu de lá.

— DiNozzo, eu te falei para ir para casa! – Meu pai começou.

Tony não tinha a melhor das expressões. Ele encarou papai, coisa raríssima de acontecer, e depois de jogar a mochila no chão, com os olhos um tanto marejados soltou.

— Ela era como uma filha para você, Gibbs. Uma irmã para Abby e McGee. Uma amiga para o Palmer. – Ele dizia friamente. – Era a Tia da Sophie. Minha namorada! Quando alguma coisa acontece com algum membro dessa família TODO MUNDO AJUDA!! – Ele gritou, batendo a mão na mesa, e eu dei um pulo para trás. – Eu não vou ficar em casa enquanto eu não sei o que aconteceu com a Ziva. Você querendo ou não, Agente Gibbs, eu vou ficar aqui. Porque de todas as pessoas desse prédio, você é quem menos pode falar algo, pois moveu céus e terras, quando a Jenny foi ferida em Los Angeles. – Se sentou na mesa, ligou os computadores e, antes que eu pudesse processar que Anthony DiNozzo tinha acabado de confrontar o Chefe dele, tinha acabado de por em xeque a liderança de meu pai nesse caso, Tony já estava com o telefone na orelha, pedindo para conversar com Adam Eschel.

Papai olhou para Tony, depois balançou negativamente a cabeça, saindo da sala dos agentes. Mamãe foi até DiNozzo, apertou o ombro dele de maneira a confortá-lo e apenas disse:

— Não tínhamos como ajudá-la daqui, Tony. E, se quer um conselho, a única forma de ajudar a Ziva agora é mantendo a calma, mesmo que a sua intuição diga o contrário. Se precisar de mim, estarei na minha sala, vou ver se consigo outras informações com fontes seguras de Israel. – E assim, saiu, nos deixando sozinhos na Sala do Esquadrão. O único som da sala era o som da TV que em hebraico ainda transmitia as últimas informações sobre o incêndio.

Tony mirou a TV, uma expressão de total desespero estampava o seu rosto. Me senti deslocada ali, como se fosse errado presenciar a dor dele, então, peguei minhas bolsas e ia saindo, achei que ele não tinha notado, mas ele é o Agente Muito Especial não é à toa.

— Fique aqui, Sophie. – Me pediu.

Parei no corredor e não sabia se eu saía de vez ou se eu ficava.

— Só você sente tanta falta da Ziva quanto eu. – Continuou falando.

Senti meus olhos se enchendo de lágrima novamente. Depois de quase quatro anos sem notícias, essa foi a única que chegou até nós.

Larguei minhas coisas no chão e corri para Tony, eu não sei qual de nós dois precisávamos mais desse abraço, ele ou eu.

— Eu vou sentir falta dela, Tony. – Falei.

— Eu também, Peste Ruiva. Eu também.

— Por que isso tinha que acontecer com ela? Justo agora que ela pareceu se encaixar em um mundo de paz...

— Eu não falo hebraico, o que aquela mulher tanto diz na TV?

— Que poderiam estar atrás de papeis secretos de Eli David. – Traduzi as últimas falas da comentarista israelense.

— Nem depois de morto ele deixou de perturbar a filha. Perturbou tanto que acabou matando-a. – Tony disse sombriamente.

— A Tia Ziva merecia algo melhor na vida do que um pai como o Eli David.

— Sim, ela merecia. E ela acabou encontrando um, não foi? – Tony meneou a cabeça em direção à mesa de papai. – De algum jeito ela saiu de sua Tia para sua irmã no passar dos anos.

— E todos aqui não são meus irmãos no fim das contas? – Questionei.

Tony deu um mínimo sorriso.

— É... então você é a caçula mesmo... e, como seu irmão mais velho, é meu dever te proteger de tudo. Até dos namorados inconvenientes. Como aquele garoto da sua escola.

— Calado!! – Dei um tapa no braço dele.

— Uhn... vai namorar escondido, é?

— Não é namoro... e se meu pai descobrir, eu vou ficar para a titia! Então, por favor.

— Por mim tudo bem... eu já mandei o McHacker procurar quem ele é. Tá liberado por enquanto.

— Você o que? - Me engasguei.

— Só tomando conta da minha irmã mais nova... vai que ele é de uma família de psicopatas?

Revirei os meus olhos e antes que DiNozzo continuasse com a piada sobre o meu ficante, papai chegou e trocamos de assunto. Mesmo assim eu tenho quase certeza de que papai ouviu alguma coisa...

— Tony... vou precisar de você aqui pela manhã. Não saia. – Foi o que ele falou.

Tony ficou calado, mas olhou para mim, me perguntando o motivo desse aviso.

Dei de ombros.

As horas passavam devagar enquanto a equipe tentava conseguir alguma nova informação. Abbs e Tim tinham conseguido invadir os servidores do Mossad, contudo não acharam nada sobre a Tia Ziva ou o que poderia estar escondido na tal fazenda que valia à pena matar a única remanescente da família David.

Nossa última esperança vinha, exatamente, de Orli Elbaz e a informação tão secreta que ela tinha sobre a Ziva que a fez voar de Israel até D.C. em caráter de urgência.

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Posso jurar que as portas do elevador se abriram em câmera lenta, eu posso jurar que a Diretora Elbaz e Adam Eschel andavam mais devagar do que o normal quando saíram da caixinha de metal e se encaminharam para o escritório de minha mãe. Eu poderia jurar que escutei as lamúrias de uma criança.

E, para a minha completa surpresa, realmente tinha uma criança de mãos dadas com Elbaz. Uma garotinha com cabelos castanhos claros cacheados, olhos amendoados e assustados, agarrada a um ursinho de pelúcia. Eu tive que piscar algumas vezes, pois a menininha me lembrava ao mesmo tempo Tony e Ziva.

Arfei quando minha mente constatou isso.

Seria possível? Será que... Mas por que a Ziva não contou para o Tony sobre ela?

Elbaz passou por mim, meneando a cabeça.

— Deve ser a Sophie... – Comentou.

— Diretora Elbaz. – Cumprimentei de volta.

Porém, o que chamou a atenção nessa cena foi a reação da menina. Quando Elbaz disse o meu nome, ela olhou na minha direção e soltou, em hebraico as seguintes palavras:

— Peste Ruiva!

E eu não precisei de mais nada para ter a certeza de quem ela era. Eu não sabia o seu nome, mas sabia quem eram os seus pais. Assim, me virei o mais rápido que pude e correndo para o elevador dos fundos, liguei para Tony.

— O que foi Peste Ruiva? – Ele me atendeu no segundo toque.

— Onde você está? – Perguntei.

— Com a Abby e o McGoo, por quê?

Apertei o botão para o penúltimo subsolo.

— Entre no elevador quando ele chegar aí. – Mandei.

O elevador parou e as portas mal tinham se aberto quando eu agarrei a gravata de Tony e o puxei para dentro, depois de soltá-lo, apertei o botão para o quarto andar.

— Sua mãe está me chamando? – Tony quis saber, enquanto arrumava a gravata.

— Ainda não, mas vai chamar...

— Então por que a pressa?

— Porque você tem que ver uma pessoa... – Afirmei.

Nossa viagem não teve nenhuma parada e logo as portas se abriram no quarto andar.

Não vi Elbaz ou a garotinha. Mas vi Adam Eschel, parado na porta da sala de Cynthia.

Tony não gostou de vê-lo ali.

Como eu não o conhecia, só tinha ouvido o seu nome e visto a sua foto e, claro, sabia que Tony não gostava dele, apenas o cumprimentei com um aceno de cabeça e logo estava na frente da mesa da Cynthia.

— Já ia ligar para você, Sophie, sua mãe quer que você encontre o... – Ela parou quando DiNozzo entrou na sala. – Vou avisar à Diretora que estão aqui.

— Ela também quer me ver? – Perguntei.

— Sim, vocês dois. – Cynthia confirmou e foi conversar com a minha mãe. – Podem entrar. – Deu-nos a passagem.

Eu sabia o que esperar, eu já tinha visto a menina. Tony não. Então quando entramos, a garotinha, que estava no colo de minha mãe, nos viu e, logo veio correndo na nossa direção para parar dando um abraço as pernas de Tony.

— Aba! Aba!! Aba!! – Ela dizia.

— Oi para você também. – Tony se abaixou para ver a melhor a menina.

— Você sabe o que Aba significa, Agente DiNozzo? – Orli perguntou.

Tony, que não tinha ficado muito feliz com a pouca hospitalidade que recebera quando esteve em Israel, ignorou a Diretora do Mossad para olhar para mim.

— Peste Ruiva? – Ele perguntou. E a menina sorrindo, gritou “Peste Ruiva” e começou a pular para alcançar a ponta de meu cabelo.

Aba, traduzindo do hebraico, significa “Papai”, Tony.

DiNozzo encarou a menininha, depois levantou a cabeça para me fitar.

— Você tem certeza?

— Sim, Agente DiNozzo, a tradução da Sophie está correta. – Elbaz falou.

Antes que meu pai protestasse quanto ao uso do meu primeiro nome pela Diretora do Mossad, a filha de Tony soltou.

— Sophie... Peste Ruiva.... Madrinha! – Dessa vez em inglês, apontado para mim.

— Ela veio falando “Peste Ruiva” o voo inteiro. É uma espécie de código?

— Não, só meu apelido. – Murmurei. Estava um tanto desorientada por ter sido chamada de madrinha. – O apelido que Tony me deu.

DiNozzo ainda olhava para a garotinha que pulava perto das pernas dele e pedia colo. Como ele não entendia o que ela dizia, ficava só abismado.

— Ela está pedindo colo. – Falei.

Na mesma hora ele tornou a se agachar e se levantou com a filha nos braços.

— O nome dela é Tali. Tem três anos. – Elbaz explicou. – Como você pode ter deduzido, Agente DiNozzo, ela é sua filha e de Ziva. Foi a única sobrevivente do incêndio.

Tali.

O nome da minha afilhada é Tali. O nome da irmã mais nova de Ziva.

Tali agora brincava com a gravata de Tony, murmurando:

— Aba! Aba! Aba!

Tony estava encantado em segurar a filha nos braços, meus pais observavam as reações dele, e eu encarava Elbaz.

— Tali sobreviveu ao incêndio, mas a Ziva não? – Perguntei para ela, completamente desconfiada da história má contada.

E a Diretora Elbaz deu um sorriso.

— Bem que Ziva me avisou que você era esperta.

— A Tia Ziva não gostava de você... – Contra-ataquei.

— Resolvemos as nossas diferenças nos últimos anos. – Agora ela respondia não somente a mim, mas ao olhar afiado de meu pai.

— Você ainda não respondeu à minha pergunta. Como uma garotinha sobrevive a um incêndio e a mãe dela, uma agente treinada, não?

— Às vezes, minha criança, não tem como escapar da fúria da natureza.

— A fazenda foi atacada por um míssil. – Rebati. Era nítido que ela mentia. – Uma explosão por um míssil não é parcial. Tudo em um determinado raio de distância vai para os ares. Seria impossível...

— Sophie, chega! – Minha mãe interveio.

Eu fiquei calada, mas encarava Elbaz, sabia que ela escondia algo. E não era só ela. Eschel também, eu podia sentir isso.

Elbaz se virou para Tony, ficando de costas para mim, e começou a contar algumas curiosidades sobre Tali, e como Ziva lidou com a gravidez e os primeiros anos da filha.

Eu ainda estava desconfiada da maneira como Elbaz se distanciou do assunto da morte da Ziva e tentava não encarar muito a Diretora do Mossad, mas era em vão. Minha vontade era agarrá-la pelo pescoço e levá-la até a sala de interrogatório mais próxima para arrancar a verdade dela, nem que para isso eu precisasse usar meios nada ortodoxos.

Meus pais notaram a minha cara e logo papai, depois de trocar olhares com a minha mãe, se levantou e, muito delicadamente me tirou da sala.

— Vocês falaram que eu serviria de tradutora para alguém. Por acaso já sabiam sobre Tali?

Papai respirou fundo.

— Não. Ficamos sabendo ontem à noite, quando Elbaz entrou em contato com a sua mãe. E nem precisamos saber de onde Ziva tirou essa ideia de esconder Tali, não é mesmo?

— As situações foram completamente distintas. – Murmurei. – Tony e Ziva não estavam brigados quando ela descobriu a gravidez, muito pelo contrário, ele nunca parou de pedir que ela voltasse. Diferente da história do senhor e da mamãe. – Defendi a minha mãe. – Mas essa não é a questão. Elbaz está mentindo.

— Até onde pudemos verificar durante a noite, não.

— Papai... o senhor acreditou que a Ziva realmente a perdoou? E como o senhor explica a Tali ter se salvado e não a Ziva? Papai... a Ziva salvou a Tali, entregou a filha para Eschel trazer até os EUA, e fugiu. A Tia Ziva está viva, e está precisando de ajuda! Temos que ajudá-la!

Meu pai ficou me encarando.

— Eu sei disso, filha. Mas, por enquanto, não podemos simplesmente ir para Israel atrás de Ziva, não enquanto Tony vai precisar de nós aqui.

— Tony e Tali ficarão bem. Tali tem um monte de tios e tias... a Tia Ziva está sozinha... precisando de ajuda. Fugindo de Deus sabe o que! Papai, o senhor TEM que ajudá-la. O que o DiNozzo falou de madrugada é verdade. Ela é praticamente a sua filha... Se fosse a Kells ou eu... aposto que o senhor já teria ido para o Oriente Médio há horas.

Meu pai deu um suspiro.

— Isso é herança da sua mãe? Todo esse poder de convencimento?

— Não sei, papai. A única coisa que sei que a Tia Ziva está viva, e deve ter deixado uma pista que só o senhor pode encontrar.

— O incêndio é a pista, Sophie. – Ele comentou.

— Como assim?!

— Eu queimei a casa da sua mãe para encobrir a morte de quem estava atrás dela. Ziva fez a mesma coisa.

— Mas, quem contou que ela estava lá? Tony levou meses para encontrá-la?

— É nisso que Abby e Tim estão trabalhando... e, só te peço uma coisa, filha...

— Que é?

— Fique longe disso. Não tenho como ajudar a Ziva sabendo que você pode ser um alvo só por estar interessada demais. Se faça de boba, de desentendida. Seja a adolescente chateada com a morte da Ziva e tente ajudar o DiNozzo. Eu, sua mãe e o restante da equipe cuidaremos do que aparecer. Você me promete isso?

— Só se o senhor prometer que vai achar a Tia Ziva...

— Se eu vou achá-la, eu não sei, Ruiva, mas eu vou tentar.

— Eu vou me manter longe da investigação e do Mossad. – Prometi.

— Era o que eu queria ouvir. Agora, volte e vá ajudar o Tony, porque acho que Tali não fala inglês fluente e Tony mal sabe duas palavras em hebraico.

— Tudo bem... mas me promete que vai nos manter atualizados, creio que Tony merece saber o paradeiro da mãe da filha dele...

— Verei o que posso fazer. – Foi a promessa dele.

Elbaz e Eschel foram embora no mesmo dia, deixando Tali com o pai dela. Tony por sua vez tirou uma licença do NCIS, ele agora tinha que se acostumar com a vida de pai.

Dois dias depois que Tali entrou nas nossas vidas, meu pai pegou um voo para o Cairo. Sem falar com ninguém e sem chamar a atenção. Enquanto ele buscava pela filha perdida, eu tinha saído de férias e estava bancando a babá/tradutora de Tony e Tali.

Meu pai ficou sem dar notícias por quase um mês, o que quase levou Kelly à loucura, ela era outra que estava socorrendo Tony no quesito filha, já que minha irmã tinha dois e um deles mais ou menos tinha a mesma idade. E era uma cena bem inusitada ver os dois discutindo como criar uma criança, sendo que, até bem pouco tempo atrás, os dois só sabiam brigar como uma dupla de irmãos.

Em uma dessas noites, em que Kelly e Henry apareceram no apartamento de Tony com Will e Jack, eu fiquei de babá, enquanto os três conversavam sobre a menininha recém-chegada.

Will não dava mais tanto trabalho assim, estando com seis anos, era mais fácil de por ele para ficar quieto, já Jack e Tali... tendo um ano de diferença entre eles era praticamente impossível de controlá-los.

Jack carregava um ursinho azul com ele (sim, o meu ursino azul, o meu Timmy, que ele tinha pegado em uma noite e não tinha me devolvido!), e Tali começou a resmungar querendo o dela. Busquei no meio de sua malinha de viagem – outra prova de que Ziva estava viva, Tali tinha uma bolsa com tudo o que ela poderia precisar! – e, assim que tirei o bichinho cor de creme com um enorme coração vermelho no peito de dentro do bolsão do carrinho, dois envelopes caíram no chão. Um endereçado à Tony e o outro para mim.

Abri o meu para saber quem tinha escrito tal carta, quando me deparei com a assinatura.

Minha tia tinha me escrito uma carta!

Peguei a de Tony e corri para a sala de jantar. Entregando em suas mãos o envelope.

— Que isso, Peste Ruiva?

— Uma carta. Estava no bolsão do carrinho.

Não fiquei para ver a reação dele, voltei para a sala para ficar de olho nos três pilantrinhas, e como eles tinham se aquietado com o desenho que eu tinha colocado, pude ler a carta.

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Israel, 2017

Olá, Pingo de Gente!

Creio que ainda posso chamá-la de Pingo de Gente, apesar de desconfiar que você agora deve estar tão alta quanto o seu pai, isso sem saltos.

Eu sei o que deve estar se passando na sua cabeça. “Por que só agora ela me responde?” Não é isso que está maquinando? Eu sei que é, te conheço, Soph. Então, eu vou te explicar.

Vou começar pela parte mais fácil, eu não respondi aos seus e-mails, mas eu li cada um deles, principalmente o seu último, que me enviou no dia do seu aniversário de 16 anos. Eu não pude respondê-los, Pingo de Gente, porque eu não sabia o que escrever. Eu tentei, Deus é testemunha de que eu parei na frente do computador inúmeras vezes e tentei começar uma resposta para você. Mas eu falhei. E falhei feio... porque eu não conseguia por em palavras o que eu estava sentindo, eu não consegui me expressar da maneira como você sempre conseguiu. Assim, eu fui lendo cada um e os lia em voz alta, para que Tali soubesse de tudo, soubesse que éramos queridas em outro lugar, que tinha pessoas que nos amavam... aqui e agora, eu te agradeço por cada uma das palavras que você me escreveu, mesmo as mais duras. E, se serve de consolo, eu sempre soube que vocês eram a minha família. Nunca duvidei disso... e eu espero que vocês possam aceitar Tali no grupo, assim como me aceitaram tantos anos atrás.

Falando em Tali. Ela é a sua afilhada... sei que você não estava aqui quando ela nasceu ou quando ela foi batizada, mas no fundo, só havia uma pessoa no mundo que poderia ser a madrinha da minha filha... Você, Sophie. A melhor madrinha que já existiu, para uma pessoa muito especial! E eu tenho certeza de que vocês duas vão se dar muito bem, no fim das contas, Tali é a exata mistura entre Tony e eu.

E, não diga nada, mas eu ensinei Tali a falar vovô... então quando ela começar a chamar pelo vovô, só aponte para seu pai... sei que ele vai me matar por isso, mas foi irresistível não mostrar as fotos de vocês todos estes anos para Tali e apontar para cada um, contando a ela quem vocês eram. Você é a Peste Ruiva, a Madrinha. Tony o Aba; Tim o Tio, Abbs a Tia, Kelly é a Tia também! Henry sempre será o Engomadinho. Jenny... eu disse tia, afinal ela me mataria se a minha filha a chamasse de vovó! E o seu pai é o vovô... creio que ele não se importará em ter mais uma criança chamando-o assim. Tali é esperta, ela já reconhece todo mundo. E, fica toda feliz apontando e dando pulinhos indicando cada um de vocês, quando eu ligo o computador e espelho as fotos na televisão. É estranho, mas creio que ela sabe que será amada por todos vocês no exato momento em que todos se conhecerem... mais ou menos como foi com você e a equipe... se você ainda se lembra desse dia...

Falando sério agora, Sophie, eu preciso que você aceite o encargo de ser a madrinha de Tali, ela precisa de você, não só porque ela não fala inglês, mas para que ela jamais se esqueça de onde veio. E eu tenho certeza de que você jamais deixará de lembrar à minha filha quem ela é! Jamais deixará que ela esqueça como se conversa ou se escreve em hebraico. Eu sei que Tony vai fazer de tudo para aprender a falar hebraico e assim ajudar a Tali, mas eu conto mais com você para isso. As responsabilidades de ser um pai solteiro vão cair nos ombros dele, e, talvez, ele não queria muito ouvir o meu nome nos próximos meses... sei que o que fiz foi errado, mas eu sempre soube que, no momento em que contasse que estava grávida, ou que Tali estava neste mundo, vocês, todos vocês, viriam para Israel, viriam vê-la, me ver.... e eu não conseguiria deixa-los ir. Não mesmo. Eu iria com vocês, mas, naqueles anos, eu precisava ficar sozinha. Um dia eu espero que vocês me perdoem por isso.

Pingo de Gente... eu te peço desculpas. Desculpas pelo modo como eu fui embora, pelo modo como eu te ignorei nestes anos. Pode parecer estranho, mas eu ainda sou a sua tia ou a sua irmã... a essa altura as duas funções se misturam, tendo em vista que vejo Jenny como minha irmã mais velha e Gibbs como meu pai... é estranho e fica muito pior quando se escreve, porém é a verdade.

Eu te agradeço por tudo o que eu sei que você irá fazer por Tali e por Tony, sei que não será fácil, mas também sei que você tem um coração enorme e vai ajudar a minha bebê a se adaptar à família e aos EUA.

Saiba que eu também senti a sua falta, Pingo de Gente, senti falta de nossas conversas, de nossas aulas de autodefesa, das vezes que você me ajudou com todas as expressões idiomáticas que eu errei. Sinto saudades das nossas sessões de cinema, e espero que você possa assistir com Tali todos aqueles desenhos que assistimos juntas, contando para ela com toda a paciência do mundo o que ela não entenderá, assim como fez comigo. E, quem sabe um dia, se tudo der certo no final, nós três não poderemos ir ao cinema, ver um desenho de princesa naquela tela gigante que você e o Tony sempre amaram.

Tome conta da minha pequena e do amor da minha vida por mim, Pingo de Gente. E saiba, de todas as pessoas de nossa família, é em você quem eu mais confio que jamais irá me abandonar, pois você sempre, sempre, viu além da Ninja do Mossad. E eu serei eternamente grata por isso.

Espero te ver novamente Sophie e poder te agradecer pessoalmente.

Beijos da sua tia mais do emprestada.

Ziva.

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 Eu só percebi que estava chorando quando Jack se sentou no meu colo e colocou a sua mãozinha no meu rosto.

— Que foi, Jack? – Perguntei ao meu afilhado.

Chola não. – Ele falou.

Tentei sorrir para ele. Mas não consegui.

Po que tiste?

— Deixa quieto, Gibbszinho! – Falei e dei um beijo na ponta do nariz dele. Tali ficou parada no chão, me olhando, até que falou, em hebraico.

— Colo!

Troquei Jack de perna e ajudei Tali a se ajeitar no meu colo, ela logo se debruçou no carrinho e achou uma outra coisa. Uma foto. E me entregou. Jack, curioso como só ele pode ser, quis ver também, assim, abaixei a foto e perguntei a Tali.

— Quem são?

Will ficou de pé no sofá ao meu lado e prestou atenção, já querendo falar quem eram as pessoas.

— Deixa-a falar, Will.

Tali colocou um dedo na boca e com a outra mão apontou.

— Tia Abbs!

— Sim, é a Abby.

— Tio McGoo!

— É McGee! – Corrigi.

Ela me olhou afetada, igualzinha à Ziva.

— McGoo! Novato! Tio!! – Disse de uma vez.

— Tudo bem, você venceu, é o McGoo. E quem são os outros? – Perguntei e pelo canto dos olhos vi que Kelly, Henry e Tony tinham saído da sala de jantar e estavam parados na porta, vendo a cena.

Tali não se intimidou com a presença deles e continuou.

— Tia Kells.

Minha irmã deu uma risada.

— Engomadinho.

Tony teve que sair da sala para não rir alto e, do meu lado, Will olhou feio para a nova amiga. Tali nem se incomodou.

— Vovô Ducky!

Meu tio iria amar isso!

— Tia Jenny!!!  - Apontou para minha mãe! – E o vovô Gibbs!!! – Disse feliz e sorriu para mim.

— Ela chamou o papai de vovô? – Kelly me perguntou.

— Ziva me disse que a ensinou a fazer isso. - Respondi à minha irmã, mas tive que voltar a prestar atenção em Tali que queria me dizer algo. – Que foi, Talinha?

— Aba!! – Apontou para Tony. – E você, Peste Ruiva!! – Disse. Na foto eu estava nos ombros de Tony, já que fora tirada na Noite de Ano Novo que passamos em Nova York.

— Muito bem! Acertou todo mundo! Agora, onde está o Aba?

Ela levantou a cabeça e procurou por Tony, ao vê-lo parado atrás de Kelly, saiu correndo e quando chegou perto dele, deu um pulo.

— Aba! Aba! – Dizia feliz. E quando se virou, deu de cara com Henry. – Engomadinho.

— Acho que papai tem outra pessoa para ajudá-lo no bullying à Henry. – Kelly suspirou dramaticamente.

— Pense pelo lado positivo, Kells, ela não deu um tapa no alto da cabeça dele... – Segurei a risada.

Minha irmã revirou os olhos e veio tentar pegar o filho mais novo.

— Anda, Jack... vamos para casa.

Mas meu sobrinho não queria ir de jeito nenhum, e para provar o seu ponto, acabou se agarrando no meu pescoço.

— Vou com a tia! Quelo o vovô e a vovó... – Ele falava ao se esconder atrás do meu cabelo.

— Não, Jackson, vai para casa.

E ele, claro, bateu o pé, um autêntico Gibbs. Se meu pai estivesse aqui, teria morrido de orgulho.

— Não! Com a Tia.

Kelly me olhou.

— Eu posso levá-lo, você sabe que nem a mamãe nem o papai vão ligar.

Jack agarrou o meu cabelo com mais força, embolando-o em suas mãozinhas.

— Tem certeza? – Henry perguntou. Will já estava se despedindo de Tony e de Tali.

— Tranquilo.

— Tem cadeirinha naquele foguete que você insiste em dizer que é um carro? - Kelly continuou, era a minha irmã entrando no modo Mamãe-Ursa.

— Não.

— Pelo amor de Deus, Sophie!! Cheia de sobrinhos igual a você e nem para ter uma cadeirinha já fixada naquele carro?

— Ei! Espera, eu tenho sobrinhos, não filhos! Não confunda as coisas. – Xinguei minha irmã.

Tony, por incrível que pareça, concordou com Kelly.

— É Peste Ruiva, já passou da hora de ter uma cadeirinha no seu carro, ainda mais agora com a Tali.

E eu, oficialmente, virei a titia da turma, que beleza!

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O NCIS, minha mãe e meu pai reviraram o Globo atrás de Ziva, tinha, é verdade, uma pista dela no Cairo, no mesmo complexo de apartamentos onde ela e mamãe foram emboscadas em 2003, porém, a pista não levou a nada e tememos pelo pior.

Enquanto esperávamos por Ziva aparecer, ou, pelo menos, por uma nova pista dela, íamos tentando seguir a vida. Agora já tinham seis meses que Tali estava conosco, sim, na primeira pessoa do plural, afinal, ela era filha de Tony, o que a tornava parte da família. E tudo parecia se encaixar perfeitamente bem.

DiNozzo tinha a guarda oficial da filha e seu nome na certidão de nascimento. Tali era uma cidadã com dupla nacionalidade, assim como a mãe. E, claro, Abbs deu uma festa de boas-vindas para a pequena, que, lógico, foi lá em casa, para desespero do meu pobre cachorro que só queria ficar o mais longe possível de crianças e sua agitação.

Foram quase doze meses seguindo as pistas de Ziva depois da festinha de Tali, passou Natal, Ano-Novo, meu aniversário de 18 anos e nada de Ziva aparecer.

Meu pai a encontrou na América do Sul, estava atrás de uma mulher de quem ela só tinha um nome, Sahar. A mulher era um fantasma e ninguém sabia de onde ela era ou o motivo de estar atrás de Ziva. Com muito custo, convenceram Ziva a voltar para EUA e que daqui nós poderíamos protegê-la e ajudá-la.

A chegada dela foi uma festa, como eu havia prometido dois anos atrás, estávamos todos no saguão do aeroporto, praticamente impedindo as pessoas de saírem da área de desembarque internacional, mas bastou que as portas se abrissem – com um pequeno atraso de seis horas – para que Tali começasse a gritar pela mãe, para que tivéssemos que segurar Abbs, para que, depois de um longo tempo, a família estivesse completa novamente.

Foi ainda no aeroporto que Ziva foi apresentada à Ellie e à Nick, ela conheceu Jack e Victória. Foi no aeroporto que ela agradeceu a cada de um nós por nunca termos desistido dela e foi no aeroporto que Tony fez o mais inusitado dos pedidos de casamento da história.

Ziva nem pensou muito. Foi logo dizendo Sim. E, eu tenho certeza, foi a maneira de um dizer ao outro que jamais se abandonariam novamente.

Sahar se provou ser uma pedra no sapato, Tony e Tim a compararam à Ari, o meio irmão de Ziva. Mas, depois de enganar o time uma vez, mandando uma farsante, finalmente papai a pegou.

Sahar, ou Sarah como eu a fiquei conhecendo, se mudou para o outro lado de nossa rua, fez com que seu filho, Phineas, ficasse amigo de meus sobrinhos, aceitamos o menino dentro de casa, porque ele ficava sozinho quase o tempo inteiro, sem saber que, na verdade, ele era um Cavalo de Troia...

E quando a farsa foi descoberta, quando Sahar conseguiu atrair Ziva para uma armadilha depois de matar Adam Eschel, meu pai não teve saída. Era Ziva ou Sahar, e, claro, ele não perderia uma filha jamais. A dívida por Ziva ter matado Ari no porão da casa dele em Alexandria estava paga, Ziva estava à salvo, assim como toda a família.

Phineas voltou a morar com os pais adotivos e sempre que pode, conversa com meu pai e minha mãe, no fim das contas, ele é um doce de menino que realmente fez amizade com meu pai.

E, depois de todas essas reviravoltas dignas de séries de TV, chegamos ao grande dia... ou quase.

Falta uma semana para o casamento de Ziva e Tony. Tudo está pronto, bem... Só falta uma coisinha.

O discurso da madrinha.

E adivinha quem vai ser a madrinha?

Sim. Eu.

Eu já falei que Tiva só me coloca em encrenca?!

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— E então, filha, como anda o discurso?

— Para falar a verdade, mamãe, nada bem... eu... é tanta coisa para falar desses dois que eu estou completamente perdida!

Minha mãe me deu um beijo na cabeça e me deixou mastigando a tampa da caneta enquanto eu tentava colocar no papel o que precisava.

Comecei a rodar na minha cadeira enquanto eu pensava, deixando o pobre do Jet um tanto nauseado de tanto que eu rodava.

— Quer saber, eu tenho que começar do início, mas do início mesmo. E nada de "era uma vez"! – Murmurei.

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E o grande dia de Tony e Ziva estava há horas de acontecer. A festa e a cerimônia foram concentradas em um único lugar, minha casa, eles quiseram aproveitar a ideia do casamento de meus pais, e, assim, nosso quintal, mais uma vez, foi transformado em igreja, o altar feito por meu pai e todos os enfeites providenciados por mamãe, Kelly, Abby, Ellie e eu.

— Esse é o terceiro casamento da família. – Abby comentou ajeitando um arranjo. – Eu adoro casamentos.

— Para quem gosta tanto, se casou escondido... – Kelly comentou.

— Las Vegas... eu e Tim não deveríamos ter ido para lá naquela convenção.

— Convenção... – Ellie riu. – Sabemos que convenção foi essa.

Revirei os meus olhos... esse casamento da McAbby deu o que falar, porque simplesmente os dois saíram noivos em uma sexta do NCIS e voltaram casadíssimos na segunda-feira de manhã...

— Papai já se decidiu se vai ou não levar Ziva ao altar? – Perguntei para mamãe.

— Bem... depois de dez anos que ele levou a Kelly, acho que Jethro pode repetir a dose... se você prometer que só vai se casar dentro de dez anos. – Ela piscou para mim.

— Se o papai não correr com mais nenhum namorado meu, quem sabe, né? Mas devido ao excessivo número de crianças que me chama de tia, eu tenho quase certeza de que vou ficar para a titia mesmo. – Murmurei.

— Se ele fugiu do seu pai, não era um namorado certo para você. Você tem que entender, Sophie, que para aturar essa família, a primeira qualidade que um menino deve ter é Coragem... – Minha mãe me deu um tapinha na coxa. – Agora vá atrás de seu pai, precisamos da certeza dele.

Antes de me levantar, olhei para a minha mãe e soltei.

— Eu vou ter que encontrar um Capitão América, né? Para não fugir ao primeiro sinal do Marine Mal-Humorado...

Minha mãe riu.

— Você nem gostava tanto assim dele... Só estava com ele porque ele se parecia com o Louis Tomlinson, se gostasse, tinha chorado semanas, e tudo o que você fez foi ficar com raiva por conta da covardice dele.

Mamãe estava certa. Eu fiquei com mais raiva do que com o coração partido quando Daniel me ligou dizendo que não queria mais me ver porque tinha medo do meu pai. Se ele tivesse dito isso na minha frente, eu juro, teria batido nele com a primeira coisa que eu encontrasse. Mas voltando à conversa inicial... eu tinha que achar o culpado pela minha solteirice.

Rodei a casa toda, e não o encontrei, nem no porão.

— Algo de errado não está certo. – Sibilei subindo a escada do porão, só por garantia, abri a porta da garagem e lá estava meu pai, mexendo na pick up dele.

— Achei o senhor! – Falei.

— Me passa a chave de roda. – Ele falou sem tirar a cabeça de baixo do capô e estendeu o braço para trás.

— Para que o senhor quer a chave de roda se está mexendo no motor? – Perguntei ao entregar a ferramenta. Meu pai se levantou e antes que eu pudesse perguntar de novo, deu uma cacetada no cabeçote do motor. – Tudo bem... não está mais aqui quem perguntou.

— Vira a chave para mim.

E lá fui eu virar a ajudante de mecânico.

Entrei na pick up e virei a chave, nada do negócio ligar.

Meu pai foi lá e deu outra marretada com a chave de roda no cabeçote.

— Pai... eu acho que isso não vai se consertar na base da força.

— Vire a chave, Sophie!

Tentei de novo e nada.

E pela terceira vez meu pai desceu o braço. Dessa vez até a minha mãe apareceu.

— Mas o que você está fazendo, Jethro?

— Consertando o carro. – Ele disse como se fosse a coisa mais óbvia do mundo dar cacetadas com uma chave de roda no motor de um carro.

— Aceite, Jethro. Essa lata velha morreu. Teve uma longa e feliz vida e agora está no céu dos carros velhos. E você tem que seguir em frente. – Mamãe falou. – E pare com isso, pelo amor de Deus. Sophie tem algo para te perguntar. – Terminou e saiu.

Papai só para contrariar o que minha mãe havia dito, deu outra cacetada no carro e me mandou girar a chave, sabe-se lá Deus como a coisa velha voltou à vida e nós dois pudemos ouvir o gemido desesperado de minha mãe.

— Se a sua mãe entendesse de mecânica, já tinha dado um jeito de estropiar a minha caminhonete. – Papai comentou comigo com um sorriso.

— Isso ela teria feito mesmo.

— Agora, o que você tem para me perguntar.

— A Ziva está querendo a confirmação se o senhor vai ou não levá-la até o altar.

Papai me olhou com a sobrancelha levantada.

— É o casamento dela, pai. Me incumbiram de ser a madrinha e do discurso, quer trocar?

— Eu levo a Ziver até o altar. E você que se vire para fazer um discurso que não me faça dormir.

— Estou trabalhando nisso, Chefe! – Falei fazendo uma continência.

— Está trabalhando? O casamento é amanhã...

— O senhor consegue resumir em palavras o que são aqueles dois? Por tudo o que eles passaram?

—Não.

— Pois é pai, nem eu! Olha a encrenca! – Falei e nós dois fomos deixando a garagem.

Mamãe estava na cozinha, cara de poucos amigos quando chegamos lá.

— Então, aquela coisa não morreu? – Ela perguntou descrente.

— Não, Jen. Consegui trazê-la de volta. Isso não é bom?

— Bem... não podemos todos esperar que ela viva por muito mais tempo... esse foi o infarto número 10 se me recordo...

— Ela é forte igual a você, Jen, vai me aguentar por muito mais tempo. – Papai disse, deu um beijo na bochecha de minha mãe e saiu assobiando para a sala de TV, deixando a Poderosa Jennifer Shepard sem palavras e eu quase morta por ter me engasgado com a água.

— Seu pai me comparou com aquela caminhonete velha? – Ela disse quase que em um guincho...

Eu tossia sem parar. E minha situação piorou, pois papai só gritou:

— Você é mais nova que a caminhonete, Jen, pode ficar tranquila!

Eu levei quase quinze minutos para superar essa conversa e a cara de minha mãe de estupefata. Era raro que ela perdesse a capacidade de responder à altura as provocações de papai.

E mais raro ainda, meu pai estar em um humor tal que não ligou para os olhares zangados que mamãe lançou a ele durante o resto do dia, só parando quando a Ziva chegou, ela passaria a noite aqui para que pudesse ter um pouco de sossego, enquanto Tony e os meninos iam para a despedida de solteiro e Tali era paparicada por Abby.

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Tudo estava pronto. O quintal estava perfeito. Todos os poucos convidados já tinham chegado. Tali era a daminha de honra, Victória a florista, Will e Jack estavam correndo atrás de Nemo, já que Jet tinha se deitado no pé da minha cama e se recusado a sair enquanto houvesse crianças na casa.

Meu pai estava pronto, sentado no sofá da sala, olhando o relógio a cada dez segundos. Minha mãe já o tinha mandado parar de fazer isso, mas ele não lhe dava ouvidos.

— Como você vai ficar quando for a Sophie? – Ela perguntou, mas era só para atazanar mesmo.

— Ruiva, você só vai se casar depois dos 40 anos.

A cada ano que passava papai aumentava um ano na idade mínima para o meu casamento e eu desconfiava que um dia chegaria a 100 e ele não pararia por aí.

Minha mãe riu. Eu me sentei ao lado dele, tentando fazê-lo parar de bater os pés.

— Pai, é só o casamento de Tony e Ziva. Não é como se ninguém não tivesse previsto isso. Fica tranquilo, nada pode dar errado hoje. A quota de desgraças que cabia aos dois já acabou!

Papai me deu um beijo na cabeça e relaxou no sofá, e foi a vez de Tony entrar na sala e começar a andar de um lado para outro.

— Você parece um frango que está prestes a perder a cabeça, Tony... – Falei.

— Por que a Ziva está demorando? Será que ela desistiu? Será que ela vai querer voltar para Israel? Peste Ruiva, cadê a sua irmã?

Encarei Tony. Meu pai apoiou a cabeça no encosto do sofá e murmurou que DiNozzo estava com medo. Já minha mãe, que tinha ido conferir se tudo estava certo com Ziva, passou atrás de Tony e deu um sonoro e dolorido tapa na cabeça dele.

— Dá para se acalmar, DiNozzo. Tudo está dentro do horário. Volte para seu lugar lá fora que logo a Ziva vai descer. Pare de ser tão parecido com Jethro.

— Mas o Chefe tá até dormindo! – Tony protestou.

Minha mãe encarou Tony e depois olhou para o meu pai.

— Tão calmo quanto a Sophie no dia do show da One Direction.

— Jen... nem me lembre desse dia! – Ele alertou.

Mamãe nem deu confiança e saiu arrastando DiNozzo pelo braço. E eu tive que rir.

— Tá rindo do que, Ruiva?

— Da bagunça que essa família vira toda vez que tem um casamento. Ninguém, ninguém fica normal, nem o pobre do Tio Ducky!!

— É... pode apostar que é daqui para pior.

— Vindo dessa família eu não duvido de nada! – Disse e dei um cutucão na barriga de papai. – A noiva do dia chegou! – Apontei para Ziva que descia com cuidado os degraus.

— Bem.... – Ela falou ficando vermelha. – Acho que estou pronta. – Mostrou o vestido.

— Ziva, você está linda! – Falei e dei um abraço levinho nela. – Acho que teremos a primeira cena de um noivo desmaiando ao ver a noiva!! – Brinquei.

Papai encarou Ziva da mesma forma que fez com Kelly, e ela abaixou o olhar.

— Muito obrigada, Gibbs, por fazer isso por mim! – Escutei-a dizer. – Você não tem ideia do que esse gesto significa para mim, pai.

Sai da sala e deixei os dois se entendendo por lá, mas a última imagem que tive foi de papai dando um beijo na testa da noiva e pedindo a permissão para pegar o braço dela.

— E então? – Mamãe me perguntou na porta dupla da sala de balé.

— Ela está se controlando o máximo que pode e ele está mantendo a pose de Fuzileiro Corajoso, no fundo, no fundo, os dois estão por um tris de começarem a chorar. – Falei.

— Eu imaginei isso. Agora vá você ocupar o seu lugar, Madrinha.

Com a troca da música, era a minha deixa para passar pelo corredor. Fiz isso e assumi meu lugar no altar. Como era a única madrinha – não tinha padrinhos. – Fiquei ao lado de Ducky.

— E a Ziva? – Tony quis saber.

Eu não perdi a oportunidade.

— Fugiu. Saiu correndo em seu vestido de noiva pela rua afora, arremessando os sapatos de salto no primeiro que via.

Tony arregalou os olhos e me encarou, a carinha dele me deu vontade de rir.

— Ela está na sala, meu pai já está com ela. Será que dá para manter a sanidade mais um minuto, por favor?

Tony esfregou as mãos e trocou o peso do pé... o pobre estava tão nervoso quando a Ziva.

Houve um murmúrio no fim do tapete que estava sob o gramado, vi minha mãe ajeitar o vestido de Tali e o de Victória, logo as duas garotinhas atravessaram o jardim e pararam ao lado de Tony. Levantamos nossos olhos e vimos que alguém vinha andando atrás da árvore. E logo um pedaço de renda branca se fez visível e Tony prendeu a respiração.

— Respire Tony! É só respirar! - Falei para ele e quando levantei minha cabeça, vi que papai falava a mesma coisa com Ziva.

Ah, esses dois!! Tão diferentes, mas tão iguais!!

Ziva respirou fundo, no mesmo instante que Tony fez o movimento e então os olhares dos dois se encontraram. E ambos sorriram. Eles sorriram e todos nós acompanhamos, era o final feliz deles, finalmente.

Meu pai trouxe Ziva até o altar e assim que Tony desceu os três degraus para receber Ziva, papai olhou para os dois e disse:

— Agora vocês têm a obrigação de serem felizes. – E com isso deu um beijo na testa de Ziva e um tapa na cabeça de Tony. E quando ele se sentou ao lado de minha mãe, ela brigou com ele por isso.

Ducky começou o seu discurso, e duvido que os dois tenham escutado, e digo isso porque precisei chutar a canela de Tony para que ele pegasse as alianças e as entregasse ao Bom Doutor.

Quando foi a hora dos votos, Ziva não aguentou e chorou. Sim, a Ninja do NCIS chorou e Tony chorou junto, eu chorei, melhor dizer, que todo mundo chorou, menos meu pai, que manteve a fachada estoica.

E, depois do beijo, que foi diferente, pois os dois levantaram Tali no colo e beijaram as bochechas dela, foi a vez de Abby assumir o comando da festa.

Não éramos muitos, mas fizemos barulho. Era mais do que justo celebrar esses dois!

E, com a festa, veio o meu momento. Era hora do discurso da Madrinha.

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“Eu não vou começar esse discurso com o clichê: duas almas que se amaram à primeira vista, porque, bem... a primeira reação de um com o outro foi totalmente o oposto, e talvez seja por isso que Ziva David e Anthony DiNozzo estejam juntos hoje. São poucas as pessoas que podem dizer que se casaram com o grande amor de sua vida, e muito menos depois de tantas idas e vindas e obstáculos como esses dois... Se contarmos desde o início foram 13 anos até aqui, uma saga e tanto, digna de um bom filme de romance que eu sei que o noivo tanto gosta.”

Aqui toda a plateia começou a rir.

— Ô Peste Ruiva, romance não é o meu gênero favorito!

— Fica quieto, Tony! Deixa o Pingo de Gente continuar. – A noiva deu um soco no braço do noivo.

“Bem, voltando... essa cena que todos acabaram de presenciar é bem comum e só prova o que eu tenho que dizer... – Continuei o meu discurso. – Como eu disse não foi fácil, para ser bem sincera, complicado é a palavra que define como foi esse relacionamento desde o início. O que não é de tudo estranho se levarmos em conta que esse casal é formado por uma Ninja do Mossad e um Italiano de Araque. Começaram se bicando, com ameaças bem reais de morte para se entenderem quase dois anos depois. Admito que euzinha aqui, - Apontei para mim. – fui uma pedra no sapato dos dois, sim, eu fui chata, insisti e acabei como o cupido dos dois, porque desde sempre, eu sabia que eles dariam certo. Uma maneira um tanto torta de dar certo, mas sim, eu sabia que eles se dariam bem, até porque eu sou expert em casais complicados...”

Não teve um nessa hora que não lançou um olhar para meus pais. E eu aproveitei a deixa e pisquei na direção deles

“Acontece que Tony e Ziva foram o ápice das reviravoltas... até uma falsa morte eles superaram, o que só prova o quanto eles se amam, mesmo que esse amor tenha superado tudo, às vezes é divertido ver como eles divergem sobre tudo. Sim, tudo. Eu juro, nos treze anos que presencio esses dois, eu não escutei nenhuma vez que eles concordassem com algo.”

— Pingo de Gente! Não é assim, teve aquela vez... – Ziva me interrompeu e começou a rodar a mão, tentando se lembrar. - Não é Tony? – Ela buscou por ajuda.

— Sim! Quando... – E os dois se encararam, sem se lembrar de um motivo.

“Então, hoje foi a primeira vez que isso aconteceu, então, presenciamos um milagre. – Continuei enquanto os dois começaram a rir. – Eu poderia continuar por horas, dias, meses... poderia contar a história de vocês todinha, mas não vou fazer isso. E não vou fazer por um motivo, quem vive de passado é museu e o futuro a gente faz agora!”

Tony riu.

— Deixe a Edna Moda longe daqui, Peste Ruiva!

“Então tá, voltando e consertando, não irei contar a história de vocês, porque apesar do final do feliz, vocês não merecem passar por toda a dor, por todo sofrimento novamente. Sim, todos estes momentos os trouxeram até aqui, até essa festa, esse casamento, essa união, moldaram quem vocês são e, tenho certeza, justificaram o pedido que Tony fez ao te ver novamente, Ziva e o seu sim, dentro daquele aeroporto. Contudo, temos que celebrar os bons momentos, os sorrisos, as raríssimas vezes em que vocês concordam um com outro. Temos que celebrar que hoje vocês são uma família de três, dentro dessa família que é a nossa. Temos que comemorar o finalmente.

Finalmente vocês estão juntos.

Finalmente vocês podem ser felizes.

Finalmente a pequena bailarina israelense e garoto esquisito que gostava de filmes encontraram uma pessoa que os entenda e com quem possam dividir seus passados, seus sonhos e seu futuro. Um único futuro.

Anthony DiNozzo, Ziva David – Me virei para os dois. – Desejo a vocês toda a felicidade da galáxia. Que vocês sempre possam encontrar no outro o motivo para sorrir, para continuar, para viver e, também, para serem vocês mesmos, para fazerem os seus desejos serem realidade. Vivam! Aproveitem cada segundo da companhia do outro e da filha de vocês. Vocês merecem isso. Isso e muito mais! Eu amo vocês!!”

— Isso foi desnecessário, Peste Ruiva, eu não queria chorar no meu casamento!

— Você já tinha chorado, Tony! - Ziva falou.

— E você está chorando, Ziva!

— E que comece o casamento de verdade! – Falei ao abraçar os dois.

— Diz aí, Peste Ruiva, somos o seu casal favorito, não somos?

— Papai, eu faço as honras ou o senhor...

 - Ok, Chefe, entendi. Estamos em segundo lugar! - Tony se encolheu depois que meu pai deu aquele tapa na cabeça dele.

— Hei, Pingo de Gente... Muito obrigada! Por tudo!! Não poderia ter uma madrinha melhor do que você, seja para o meu casamento, seja para a minha filha. Obrigada, irmãzinha!! – Ziva me abraçou.

— De nada, irmãzona!! – Eu ri.

Tony abraçou a nós duas, e depois veio Tali.

— Eu ordeno a vocês que sejam felizes! – Falei.

— Seremos, Sophie. Pode ter certeza de que seremos. – Os dois prometeram juntos.

E, ao ver como eles se olhavam, como os dois olhavam para Tali, eu tinha certeza.

Eles seriam felizes sim. Nada, ninguém ou força alguma era capaz de separar aqueles dois.

E ai de alguém que tentasse. Eles são meus protegidos e eu pegarei em armas para defendê-los. Afinal, a história de Tiva só está começando.

E não tem previsão nenhuma para acabar!


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Notas finais do capítulo

Que soltem os fogos de artifício! Tiva se casou! Se a série não nos deu o momento, eu tratei de escrever, demorei, sim! Mas escrevi!
Muito obrigada a você que leu!
Até o próximo capítulo
e não se esqueçam: TIVA FOREVER!!
xoxo



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