Dose dupla escrita por SkyForget


Capítulo 2
Jardim das Rosas




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/799076/chapter/2

 

—Ahh, vocês são irmãos? – Digo em um tom que mostra como estou surpresa e desesperada nessa situação.

—Sim, e parece que vocês já se conhecem bem, não é? – Disse Midori olhando daquele jeito que me deixa desconfortável.

—Algum problema? Inclusive, depois você me diz se deu certo copiar o meu trabalho – Disse Rio olhando para mim com um sorriso no rosto.

Eu juro que não to entendendo mais nada. Ele deixa claro que copiei o trabalho dele, mas ao mesmo tempo diz de um jeito fofo. Já o Midori parece estar incomodado de alguma forma com a situação, só não sei como.

Haku acaba me cortando no momento que eu iria abrir a boca e diz:

—O que vocês acham da gente sair agora da aula e matar os últimos tempos? Não tem importância né? Já que a gente está reunido e todo mundo já conheceu a Lauren, vai ser bom pra curtir o resto do dia.

—Pode ser – Diz Midori e Rio ao mesmo tempo.

Nessa hora só fiz uma cara de nervosa com toda essa situação, não estava entendendo mais nada, e sentia que logo situações como essas iriam se repetir. Saímos os quatro do refeitório em direção a saída da escola, quando por algum motivo, até então inesperado, Midori para e fala:

—Vamos realmente de carro? Não curto muito.

Achei um comentário meio aleatório. Como assim não gosta de carro? Prefere transporte público?

—Mais uma vez o seu ego fala mais alto, mas já que você prefere e eu não quero estressar as pessoas, vamos de trem mesmo. – Diz Rio com uma cara fechada, dando a entender que estava cansado dessa situação.

Definitivamente eles são irmãos que não se dão bem, mas agora por quê? Continuamos indo em direção ao trem, sem ninguém abrir a boca por uns 5 minutos. Na ida eu e Haku andávamos juntas, uma do lado da outra, enquanto Rio e Midori andavam na frente, só que afastados. O clima estranho era bem perceptível.

—Você realmente não sabia que eles eram irmãos? Alias, eu nem sabia que você era amiga do Rio. Finalmente uma amizade né? – Diz Haku cochichando no meu ouvido.

—O Rio não comentou nada comigo, não sei muito sobre a vida dele ainda, só disse que os pais são superprotetores, mas não citou nenhum irmão.  – Disse o mais baixo possível no ouvido de Haku. – E sobre a gente ser amigo, acabou acontecendo de forma natural, ele se senta do meu lado na sala, e até que é gente boa. - Completei.

Estamos chegando na estação de trem, e até agora eu não sei para onde a gente vai. Na real, acho que nem eles sabem.

—Já decidiram o caminho? – Disse Rio e Midori ao mesmo tempo em que  se viravam para trás.

Mais uma vez eles falam juntos, só que agora de uma forma inesperada. Parece que os dois querem chamar atenção, um mais do que o outro.

—Alguém já falou que vocês dois parecem gato e rato?

Eu juro, eu juro, eu juro que isso saiu de forma inesperada. Não sei como, mas simplesmente abri a boca e essa frase saiu.

—Como assim? – Respondeu Rio.

—É porque já é a segunda vez que vocês falam juntos. Parece que querem chamar a atenção de alguma coisa. Além disso, por que vocês estão andando tão afastados? Não são irmãos? – Disse com a maior vergonha do mundo estampada na minha cara.

Antes de qualquer um responder, Midori e Rio se encararam com uma cara de espanto, como se nem eles soubessem o que responder para mim. O clima que estava estranho conseguiu ficar pior ainda.

—Depois eu te falo melhor, agora vamos comprar os tickets e entrar no trem? – Respondeu Rio, depois de uns 30 segundos que todos ficaram em silêncio.

Midori olha para Rio com um olhar de raiva e sai em direção a cabine para comprar os tickets.

—Amiga, você entendeu alguma coisa? – Disse no ouvido de Haku.

—Como o Rio disse, é melhor deixar para ele te explicar depois. Esses dois tem história, e agora to percebendo uma coisa que pode gerar um problema no futuro para você. – Haku responde, enquanto a gente caminha para acompanhar Rio e Midori na cabine da estação.

—Como assim gerar um problema para mim? Do Rio eu sou amiga, e o Midori não deve me considerar nem uma conhecida. Que problema isso pode dar? – Respondi Haku.

—Amiga já falei pra deixar pra depois, o Rio não disse que te explicaria? Então, é melhor ouvir ele primeiro. Vamos entrar logo nesse trem e parar em alguma estação que não seja a nossa. – Disse Haku me puxando pelo braço e indo em direção ao trem.

Entramos na estão, que estava vazia. Do meu lado se sentou Haku, enquanto do outro Rio me perguntou se poderia se sentar, e é claro que eu aceitei. Midori ficou sentado no banco da frente sozinho, de cabeça baixa, da mesma forma que eu fiquei quando o encontrei pela primeira vez.

—Que tal a gente parar na estão Jardim das Rosas? O parque lá é lindo, e tem uma cafeteria perto.

Foi a única coisa que pensei pra falar, já que era a única estação que conhecia e eu queria quebrar o silêncio que estava nesse vagão.

—Eu adoro o cappuccino de lá – Respondeu Rio com um sorriso no rosto.

—Eu também, e é o preferido da Lauren. – Disse Haku, também com um sorriso no rosto.

Midori não respondeu e continuou na mesma posição, então Haku se levantou e se sentou ao lado dele, no banco da frente. Não estava ouvindo sobre o que os dois estavam conversando por conta do barulho do trem, mas Haku parecia estar dando uma animada nele.

—Você já foi nessa cafeteria muitas vezes? É um dos meus lugares preferidos para passar o tempo. – Disse Rio.

—Sim. Foi um dos primeiros lugares que Haku me levou desde que cheguei no Japão. É lindo lá né? Parece que quando chego no parque todos os meus problemas vão embora. – Respondi com um sorriso de lado.

Enquanto a gente conversava sozinhos no banco, pela situação, Midori parecia estar melhor.

—Ah sim! A gente pode ir mais vezes nos próximos dias. Se você quiser, é claro. – Disse Rio com uma cara de envergonhado.

A gente ainda nem chegou na cafeteria e ele já pergunta se podemos ir mais vezes? Estranho. Mas óbvio que concordo, já que adoro aquele lugar.

A estação “Jardim das Flores” chegou e nós quatro descemos do trem em direção ao parque. Como é primavera, tudo está bem florido, com diversas cores lindas no parque. Uma das coisas que mais gosto é andar pela rua sentindo o cheiro agradável da região.

Quanto mais perto a gente chega do parque, mais a minha cara fica alegre, e Rio percebe isso, dando um sorriso para mim de volta. Parece que ele sabe que eu me sinto feliz nesse lugar. Na verdade, não parece, ele sabe né, falei não tem nem 10 minutos.

O clima agradável começa a pairar pelo ar, e de uma hora para outra esqueço da vibe estranha que estava sentindo entre Midori e Rio, e começo a levantar a cabeça pra sentir o cheiro das árvores.

Olhando pra Midori eu consegui perceber que ele não está se sentindo tão bem como nos três. Sério que nem aqui o humor dele melhora?

Enquanto a gente passeia pelo parque, Rio começa a tirar algumas fotos minhas com Haku, e Midori sempre fica na nossa frente andando em direção a cafeteria. Ignorando a situação que Midori está, até agora esse passeio com Rio e Haku está ótimo, e tenho a impressão de que eles também estão achando a mesma coisa.

Entramos na cafeteria e logo nos sentamos na mesa com espaço para quatro pessoas. Pela ordem em que nós nos sentamos eu acabo ficando do lado de Midori, e enquanto sento ele me olha e chega um pouco para o lado, me dando espaço. Sinto que apesar de ele estar meio pra baixo, ele está educado e parece querer que o clima fique normal, mas algo o está impedindo. Não vou perguntar para não soar como mal educada e inconveniente, mas queria que ele estivesse se divertindo com a gente.

Como na cafeteria o ar estava ligado, Midori começou a sentir frio. Haku e Rio já estavam de casaco, então não demonstraram estar com frio, mas Midori não parava de tremer o queixo.

—Toma, pode usar o meu casaco. – Disse pra Midori enquanto tirava meu casaco das minhas costas e colocava sobre a dele.

—Não precisa tentar me ajudar, se não você vai começar a sentir frio. – Ele responde com os lábios tremendo e uma voz suave.

—Não tem problema – Eu respondo – Eu vim da Australia. Lá eu costumava sair com a temperatura abaixo de zero, 16 graus pra mim é normal. – Digo isso sorrindo e deixando meu casaco sobre Midori.

Ele agradece e começa a parar de tremer depois de tomar seu café. Parece que o clima na mesa está começando a ficar melhor. Até agora.

Enquanto todos tomam seus cafés a gente começa a conversar sobre assuntos do cotidiano, como a escola e os trabalhos que já foram passados nos primeiros dias, que como já disse, eu não fiz, então não tenho muito o que falar a não ser rir da situação.

Rio e Midori parecem estar conversando melhor, apesar de nenhum olhar diretamente para o outro enquanto fala, o que ainda deixa uma vibe um pouco estranha no ambiente.

A gente nem percebe como o tempo passou rápido demais, mas o céu começa a escurecer, e percebemos que já estamos há 1 hora na cafeteria. Então decidimos pagar a conta e ir para outro lugar, já que o frio ali dentro começou a incomodar Haku e Rio. Enquanto Haku ia pagar a conta na recepção da cafeteria, eu Rio e Midori continuamos na mesa, mas agora em silêncio, como se o assunto tivesse acabado assim que Haku se levantou.

Sabe aquela vibe estranha? Então, voltou. De repente, meu celular começa a tocar. Mas como eu estava distraída olhando as árvores do lado de fora, Midori pega o meu telefone e me dá na minha mão perguntando:

—Quem é Spencer? Seu irmão? – Pergunta Midori enquanto põe o telefone que ainda estava vibrando em minha mão.

—Ele? Não. Spencer é meu namorado. – Digo dando um leve sorriso.

O clima na mesa foi de mal para pior, já que quando respondo, Rio e Midori se levantam de forma inesperada, como se tivessem levado um susto. Eu realmente não entendi a surpresa.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Dose dupla" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.