Dinastia 2: A Coroa de Espinhos escrita por Isabelle Soares


Capítulo 62
Capítulo 62




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/799059/chapter/62

A água descia pelo corpo de Renesme e William abraçados no banheiro. A princesa nunca tinha se sentido à vontade em tomar banho com ninguém. Nem mesmo com Colin que tinha morado junto por um tempo. Mas os beijos intensos de seu amante pelo seu corpo, os braços fortes em torno de sua cintura lhe passando proteção e segurança a fazia se sentir mais à vontade. O jato do chuveiro atingiu seu pescoço e caiu sobre suas costas para deslizar por seus quadris e escorrer por suas pernas. William segurou sua cabeça e a beijou, então a virou de forma que a água escorria pela parte de trás de sua cabeça, encharcando seu cabelo. Ele passou as mãos sobre ela, deleitando-se com a maciez sedosa dela sob o ataque do chuveiro. O corpo molhado de Renesme pressionou contra o de William e imediatamente ele ficou rígido novamente. 

— Pensei que só iria ser um banho. – Renesme falou sorrindo. – Henry está nos aguardando e pela voz dele deve ser alguma de suas surpresas.

— Ele pode esperar mais um pouco. – William falou no ouvido da princesa fazendo-a se arrepiar.

Então, Renesme virou-se de frente para ele com as mãos cheias de sabonete líquido e começou a passar no membro rígido dele. Nunca tinha sido assim tão afoita e muito menos desinibida de tal forma na hora do sexo. Foi mais uma experiência que ela aprendeu com William, deixar os instintos correrem livremente. Ela agora estava experimentando uma liberdade que nunca havia imaginado e queria sentir isso de novo e de novo. Suas mãos trabalhavam em um ritmo intuitivo, para cima e para baixo, puxando o eixo com uma habilidade perfeita. Ela amava ver as expressões no rosto dele e o som dos gemidos que saiam de sua boca. Isso a deixava mais poderosa.

— Você está gostando? – perguntou.

— Você sabe que sim, meu pardal lindo.

— Eu queria te dizer. - ela sussurrou no ouvido dele.  – Você é perfeito para mim. É perfeito dentro de mim.

William estremeceu com aquelas palavras. Mais um pouco e chegaria ao clímax. Ele sentiu as mãos pequenas dela conduzindo- o para o seu lugar mais íntimo e ele voltou os sentidos. Gentilmente, ele pegou as mãos dela e conduziu para longe. Ejaculando no ralo enquanto mordia o ombro de sua amada.

— Estamos sem camisinha por aqui. Nosso bebê não pode vir agora. – Ele disse baixinho e Renesme entendeu. William conhecia seu corpo melhor do que ela. Sabia que ela estava em seu período fértil. Estavam livres para namorarem, mas não tão livres para se assumirem tão deliberadamente. Uma gravidez agora seria um escândalo desnecessário. Então, contentou-se apenas em continuar tomando um banho tranquilo.

Instantes depois, eles saíram do chuveiro, se secaram e foram escolher algumas roupas confortáveis para saírem pelas ruas frias de Paris. Estavam ali por todo o fim de semana, o último de janeiro. O mês tinha sido agitado demais e mereciam um descanso. Renesme então fez questão de tirar uns dias de folga na agenda para se deixar levar nos planos de William para eles. Um fim de semana romântico na capital parisiense era tudo que ela poderia querer.

Após o falecimento de Aro, eles fizeram de tudo para se encontrarem com mais frequência. Porém, sempre às escondidas e de maneira mais discreta possível. Ela ia para a propriedade de seus pais em Seraf um dia antes e William a encontrava lá, ou em Brocken Hall, ou em qualquer lugar que fosse o mais distante possível da corte. Mas mesmo assim, ela sabia que algumas pessoas no palácio desconfiavam. Henry, Tony e Ashley eram os únicos que tinham absoluta certeza do namoro deles, o restante imaginava o que poderia ser as saídas repentinas da princesa. Ela sabia que uma hora isso ia cair no conhecimento geral e estava com uma leve desconfiança que estava bem próximo de isso acontecer, então estava aproveitando o que eles chamavam de “segredo real” deles.

— Apenas escolha um lugar no mundo. – pediu William

— Como assim?

— Qualquer lugar. Nós iremos e lá aproveitaremos a nossa última temporada de liberdade.

E Paris foi o escolhido e ali estavam. Embora, eles tenham quebrado algumas tradições de casais e fugiram de lugares muito visitados. Passaram boa parte do tempo no apartamento que William habitara nos seus tempos de nômade, apenas namorando, conversando, assistindo filmes e passando um bom tempo juntos. Agora Henry estava na cidade e nada mais justo do que sair um pouco da toca.

Já tinha se passado vinte e quatro horas do primeiro “eu te amo” dela. Foi depois de uma quantidade tão generosa de amor que ela finalmente disse as três palavras mágicas. Estava um dia particularmente frio e eles estavam abraçados na cama com um punhado de lençóis em cima deles.

— Deixe-me abraçá-la, minhas mãos estão mais quentes. – declarou William enquanto a envolvia em seus braços. – Shhh! Vai passar. - ele acalmou quando ela estremeceu novamente. Ele segurou suas costas nuas aquecendo-a. - Vai se sentir melhor em apenas um momento, querida.

E aconteceu. Ela pôs as mãos nas bochechas dele, analisando todas as suas marcas de expressão. Os grandes olhos verdes dele a observava com ternura. Ela plantou o beijo mais suave no braço dele e disse:

— Eu te amo!

Foi tão fácil porque era ele. William olhou para ela com os olhos arregalados e Renesme sorriu levemente. Tinha ouvido diversas vezes ele expressar com fervor os sentimentos dele, mas para ela era um tanto difícil. Nunca foi uma pessoa completamente a aberta para falar muito sobre assuntos mais profundos, e sofreu tanto nos seus últimos relacionamentos que precisava confiar muito em alguém para enfim dizê-lo.

— Foram as palavras mais lindas que eu ouvi sair de sua boca.

Ela o abraçou fortemente, aspirando o perfume dos cabelos dele. Sabia que ele estava um tanto ressentido por ela custar se desprender das coisas que aconteceram no passado. Ela tinha ficado tão fissurada no caso de sua mãe, no seu próprio lamento com relação a Tom que aquilo acabara ficando marcado nela quase como uma tatuagem. Levou um tempo para cair à ficha que não existia mais Aro Volturi, Bono Donnalson ou outro inferno qualquer. Ela agora estava aos poucos tentando reconstruir a sua vida e pronta para se abrir para William começando com aquelas três palavrinhas tão importantes.

Renesme sentiu algo molhado em sua pele e eram lágrimas. Lá estava William todo emocionando diante de algo tão pequeno, mas ao mesmo tempo tão impactante. Eles se beijaram por tanto tempo que o final da noite se transformou no início da manhã, mas ainda estavam entrelaçados, indistinguíveis.

Agora existia uma cumplicidade ainda maior entre eles. Tudo mudou a partir daquele gesto. William sabia o quão difícil era para ela se abrir daquela forma. Ele esperara tanto por aquele momento e ali estava. A sensação era diferente. Parecia que poderiam enfrentar qualquer coisa agora.

Renesme sempre fora muito discreta em seus relacionamentos. Namorou Colin meses sem nem mesmo o palácio saber da novidade. Ela sempre gostou de aproveitar o momento que tinham antes da mídia descobrir. Era importante manter as coisas escondidas para que o relacionamento crescesse e ganhasse força. A princesa sabia o quanto a imprensa poderia ser intrusiva e prejudicar tudo. Então, ela preferiu revelar no momento que ela considerasse adequado e William respeitou a decisão dela.

Henry os esperava num restaurante de comidas bem populares com uma garota baixinha de cabelos longos acastanhados. Renesme quando a viu mal pôde acreditar no que passou em sua mente. Será que o seu primo tinha finalmente se entregado a paixões?

— Olha só para vocês! – Henry gritou ao longe ao ver William e Renesme se dirigirem a ele de mãos dadas. – Mal posso acreditar que duas das minhas pessoas favoritas se tornou um casal.

— Pode acreditar! – William disse com satisfação.

— E você, ein? Quem é essa bela moça? – Renesme perguntou.

— Deixem – me apresentar Elinor, minha namorada.

Renesme abriu a boca e fechou com uma surpresa genuína. Henry nunca gostou de coisas tradicionais. Namorou muito, mas nunca usou o termo e nem mesmo assumia compromissos com ninguém. Estar com ele era saber que o relacionamento haveria data de validade. Tudo isso por que Henry, como um bom sargitariano, gostava de aventuras. Trabalhava por diversos lugares no mundo, tirando fotos, escrevendo como era estar em cada lugar e isso lhe deu espaço no The Globe. William o tinha conhecido assim, em uma de suas viagens.

Henry não tinha a habilidade que ele tinha para escrever, mas era bem comunicativo e captava o que as pessoas queriam ler ou assistir. Em qualquer lugar que estivesse no mundo, o The Globe teria matérias interessantes para mostrar, de um casamento real a um conflito civil nos Emirados Árabes ou uma partida de futebol no Brasil, o neto do rei estaria sempre lá para ser a testemunha ocular.

William ouviu falar sobre Henry pela primeira vez como o “mochileiro andante” e os dois tinham se encontrado naquele mesmo restaurante que estavam agora em Paris. Talvez tenha sido esse o motivo para a escolha do lugar para esse anúncio tão importante.

Na época, o jornalista nem tinha ideia da ligação dele com a realeza, nem Henry queria que as pessoas soubessem a princípio. Pode ter sido esse detalhe que uniu ambos. Os dois vinham da aristocracia, queriam a liberdade de poderem ser quem queriam e eram jornalistas ambulantes pelo mundo. Nascia ali uma amizade que acabaria unindo ele a mulher de sua vida. Agora era Henry que se encontrava no amor também.

— Estou feliz por você ter encontrado Elinor. – Renesme falou enquanto jantavam.

Henry sorriu e a princesa percebeu que Elinor era tão tímida como ela própria, a cabeça baixa e as suas bochechas ganhando um tom rosado denunciavam isso.

— Eu mais ainda por ter encontrado alguém pudesse me suportar. – declarou Henry.

— E deixa eu lhe dizer, Elinor. – interrompeu William. – Henry pode ser mesmo insuportavelmente doce.

— Eu sei.

— Como vocês se conheceram?

— Foi em Londres. – responderam juntos.

— Estava cobrindo um jogo de Polo.

— Hum que aristocrático. – Renesme zombou.

— E Elinor era uma das atletas.

— Não acredito! – Renesme quase gritou de surpresa. – Você joga polo?

— Eu sou atleta ainda meio amadora. – Elinor falou com modéstia.

— Ela está sendo apenas tímida. Me apaixonei por ela no minuto que eu vi sua força em campo. Elinor colocou a vitória nas mãos do time.

— Uma mulher jogando polo. Isso é muito interessante! – afirmou William.

— Não é mesmo comum. Nós estamos impulsionando isso. Levando a ideia para diversos lugares do mundo. Temos que desmitificar essa ideia de que alguns esportes precisam ter gênero definido.

— Concordo. – falou William.

— E certamente Henry lhe acompanhou nessas viagens. – Renesme acrescentou.

— Na verdade, nós nos acompanhamos. – Elinor explicou para a princesa. – Ele me segue e eu o sigo. Assim vamos.

— Um namoro mochileiro. Devíamos fazer isso, meu amor. – William afirmou beijando os cabelos de Renesme. Henry olhava encantado para os dois.

— E de imaginar que vocês se odiaram quando eu os apresentei.

Renesme e William se olharam lembrando daquele dia em que se viram pessoalmente pela primeira vez. Ela sempre soube que seu corpo e sua mente reagiam muito bem a William mesmo naquela época. Ninguém tinha mexido com os seus sentimentos e seu coração daquela forma.

— Eu fui um patife naquela época. – Afirmou William. – Mas para me justificar, bom... Não sei se isso justifica, eu estava agindo dessa forma por que estava desconcertado. Os homens são assim, agem como idiotas quando se veem encantados por uma mulher.

Renesme sorriu envergonhada e William continuou.

— Eu não a vi pela primeira vez naquela festa, apesar de tê-la conhecido pessoalmente lá.

— Acho que me lembro quando foi. Você tinha acabado de chegar novamente em Belgonia.

— Sim e abri a TV e lá estava você em um compromisso. – William falou olhando para Renesme. - Naquele momento a achei a mulher mais encantadora do mundo! Isso depois de anos fora do país, é claro. A memória que eu possa ter antes disso não interessa.

Os dois ficaram se olhando por alguns instantes. Renesme via o brilho que tanto amava ver nos olhos de William. Queria tanto gritar o quanto o amava para todos. Gostaria de abraçá-lo, aspirar o seu cheiro gostoso e viver eternamente nessa bolha que eles criaram. Contentou-se em apenas beijar o ombro dele.

— Eu sabia que vocês dois acabariam juntos. Estou muito feliz por ter ajudado para que isso acontecesse.

— Obrigada Henry. Estou também muito satisfeita por Elinor ter entrado na sua vida.

— Espero que você não tenha sido um idiota como eu fui.

— Ele não foi. – Elinor respondeu sorrindo. – Na verdade, queremos as mesmas coisas e isso ajuda a fluir as coisas entre a gente.

Renesme percebia isso claramente nas expressões dos dois. Elinor parecia mesmo o tipo de mulher que Henry queria encontrar, que estava sempre pronta para embarcar com ele nas mais diversas aventuras e que nunca se cansava de estar em um lugar diferente a cada vez. Ela desejava muito que seu primo fosse tão feliz como ela estava sendo, ele merecia muito.

Além das histórias de aventura de Henry e Elinor pelo mundo. Renesme e o primo também puderam conversar um pouco sobre os seus projetos no “Youngs Together”. Agora que tudo havia sido solucionado, ela, Henry, quando podia, e Antony embarcaram de vez na realização das ideias que tinham tido antes e tudo estava correndo bem.

Renesme estava muito empenhada na sua escola de dança para crianças e adolescentes carentes. Tinha conseguido com Sean a reforma do velho Teatro municipal de forma que abrigasse mais espaços para as aulas. As obras já estavam prestes a começar e ela planejava uma apresentação coletiva, aberta ao público e transmitida pela internet quando o espaço fosse inaugurado. Estava feliz por fazer a diferença.

Na manhã seguinte ao jantar com Henry e Elinor. Ela acordou nos braços de William e ele já estava acordado olhando-a. Esse momento que tinham a cada amanhecer que passavam juntos, onde estavam enroscados um no outro, se olhando, trocando pequenos selinhos tinha se tornando um de seus preferidos do seu dia a dia.

William deu um beijo em sua testa e ela ficou observando-o levantar, vestir uma “samba canção” e seguir direto para a cozinha. Renesme virou-se na cama e sorriu. Como amava cada pequeno momento de coisas amenas que podiam existir em sua nova rotina.

Mas no fundo de seu ser, ela imaginava que coisas boas, momentos felizes eram apenas temporários. A vida era dura demais para ser apenas um mar de rosas. Sempre esperava que alguma coisa ruim tivesse prestes a acontecer para atrapalhar tudo e confirmou isso no momento que seu celular começou a tocar. Quando isso acontecia logo pela manhã era por que algo desagradável tinha acontecido.

— Sim?

— Alteza, bom dia! Tenho uma notícia importante para lhe dar. Está circulando entre os tabloides algumas fotos suas e de William Lamb juntos num restaurante em Paris. Não conseguimos interceptá-las, alteza. Alguém postou no Twitter e ai ficou impossível.

Renesme respirou fundo e colocou as mãos entre os seus cabelos. Que inferno!

— As fotos são comprometedoras? – Ela não lembrava de ter beijado William em Público.

— Não muito, alteza. Vocês trocam carinhos apenas. Porém, como bem sabe, tudo serve para criar fofocas na imprensa.

— Claro que sim.

— O que diremos?

— Não digam nada por enquanto. Eu vou olhar as fotos e as notícias que saírem e decido como será. Entrarei em contato e por favor... Não deixe ninguém por ai fazer nada pelas minhas costas.

Ainda estava sem equipe. Depois do interrogatório de Emily e James, tinha despedido todos os funcionários do seu escritório e agora tentava formar uma base sólida, competente e principalmente segura. Enquanto isso não acontecia, ela contava com os funcionários de seu pai e tudo podia acontecer. Abriu o celular e pesquisou o seu nome no “Google” e lá estavam suas fotos da noite de ontem em todos os tabloides belgãos, suecos e nas redes sociais. Eles foram rápidos!

As fotos nem chegavam perto das que tinham saído sobre Alec e Lovelace. Flagravam William beijando seus cabelos e ela fazendo o mesmo no ombro dele. Momentos carinhosos apenas, mas que mostravam uma intimidade. O pior eram as manchetes. Todos a acusavam de traição. Enquanto há alguns meses ela era a pobre esposa enganada virou a traidora por muito pouco. Mas sempre era assim. A imprensa era machista e quem levava a pior na maioria das vezes eram as mulheres.

Bufou de raiva e seguiu até a cozinha onde William preparava o café bastante absorto no que fazia. Ela sentou na bancada e ele se deu conta da presença dela. Pela a expressão de seu rosto, ele percebeu que algo ruim tinha acontecido.

— Formos descobertos. – anunciou.

William arregalou os olhos e se encostou na pia.

— Como? Nós temos sido bem cuidadosos.

— Ontem no restaurante. Não percebemos mais tinha alguns paparazzis escondidos. Como eles souberam que estávamos lá, eu não sei.

— Como souberam não importa, mas o contexto da coisa.

— Veja você mesmo.

Renesme estendeu o celular para William e viu sua expressão preocupada mudar para raiva em segundos. Ela esperou ele olhar todas as manchetes dos tabloides e jogar o celular no bar.

— Às vezes eu odeio os meus colegas de profissão, sério! Como podem escrever essas palavras tão escrotas contra você?! Eu estou com vontade de... de não sei o que!

— Nós sabíamos que isso poderia acontecer. Eu não vejo Alec há semanas, mas ainda estou casada com ele e é isso que interessa. Eles vão me massacrar por traí-lo e vão puxar toda a família comigo.

— Eles criam uma narrativa que nem existe! É ridículo!

— E o pior que nem processar podemos. Eles sabem que precisamos deles mais do que eles de nós. Você bem sabe que nunca faltarão notícias para a imprensa, mas nós temos que depender deles para divulgar as nossas ações. É um jogo sujo!

— Muito sujo! E o que você o que pretende fazer?

— Não sei ainda. Minha vontade era de dizer logo para todo mundo, mas eu temo as consequências que virão disso. Nossa vida vai virar um inferno!

William revirou os olhos e acariciou os braços de Renesme. Sim, ele sabia que seria um verdadeiro furacão. Ia manchar a imagem da família real por que a hipocrisia dominava a sociedade belgã. Todo mundo sabia o que era um divórcio, mas ninguém queria ver a sua imaculada realeza, detentora dos bons costumes, passando por coisas triviais. Renesme iria ser acusada, como já estava sendo, das piores coisas e ele iria ser perseguido por todos os lados não só por paparazzis, mas também por jornalistas sensacionalistas que fariam de tudo para tirá-lo do sério.

— Quero que saiba, meu amor, que eu vou estar com você independente da sua escolha. Vamos enfrentar isso juntos.

Renesme assentiu e levantou-se da bancada para abraçá-lo. William colou os lábios nos dela, fechando os seus braços em torno do seu corpo.

Ambos voltaram para Belgonia separados. Quando Renesme chegou ao palácio encontrou uma crise só. Ela não sabia bem o que fazer, se permanecia em silêncio até o divórcio sair ou se liberava logo toda a verdade. A princesa nunca esqueceria a conversa que teve com a pessoa mais improvável de todas, o seu tio Emmett, e foi ele que lhe deu o melhor dos conselhos.

— Eu sei bem como funciona a mídia Belgã, Ness. Eles escolhem alguém para fazer a caveira e ganhar rios de dinheiro inventando um personagem que não existe.

— Sei como é. O pior de tudo é que é um jogo tão sujo por que eles conseguem que todos comprem a história deles por muito pouco.

— Até a gente acredita um pouco também de tanto que a versão que eles criam se repete. Não importa o que você venha fazer de bom, sempre as notícias ruins é que vão ganhar a vez. Eles podem destruir alguém se quiserem.

— Você acredita que o nosso sistema aqui dentro usou os tabloides para favorecer o meu pai?

Emmett respirou fundo. Era um assunto delicado ainda. Sua saída da linha de sucessão tinha sido uma soma de fatores. Ele queria sair, mas também queriam que ele saísse. Passou anos achando que alguma coisa muito errada estava havendo dentro do palácio. Depois que foi para o exército, começou a se perguntar por que ninguém tinha sido capaz de desmentir muitas histórias tão facilmente como quando foi para decidir afastá-lo? Ao mesmo tempo que, do nada, pintavam o seu irmão como o seu oposto, o “príncipe maravilhoso” diante do “rebelde”. Criando uma rivalidade que nunca existiu, mas que acabou culminando na opinião pública na hora da troca de herdeiros na sucessão ao trono.

— Imagine um aquário, onde todos os peixes são iguais. Ai de repente colocam dentro um peixe diferente. Todos olham para ele assustados e se afastam sem saber como agirem diante dele. Você espera que eles se acostumem, mas...

— Não se acostumam. Eu sei o que quer dizer. Era mais fácil manter o papai no controle do que você.

— Sim. Eles escolhem quem será o vilão e o mocinho. Eu fui o bote espiatório para muitas situações e pode ter certeza que o palácio e a mídia belgã funcionam juntas. Acredite, não será difícil eles transformarem William no próprio capeta e estragarem a sua reputação como princesa herdeira se eles quiserem dar o seu lugar a outro. Ninguém é inatingível!

— O diferente nunca é bem aceito, não é? O sistema se auto canibaliza. Foi o que aconteceu com você, com a mamãe.

— Mas, olha, eu não me arrependo das escolhas que eu fiz no passado, porém eu estou te pedindo, não deixe a história se repetir. Proteja William da maneira como puder e o principal, não hesite em mudar as coisas por aqui. Só você pode fazer isso. Não deixem que ninguém roube a sua vida e o direito que você tem de ser feliz.

Toda essa conversa deixou Renesme pensativa, mas ajudou que ela tomasse a decisão de assumir de vez a sua relação com William e explicar tudo através de uma nota ao público:

31 de janeiro de 2046

 

Diante dos últimos acontecimentos que se tornaram público, o palácio de Belgravia, em nome de sua majestade, o rei Edward, vem esclarecer que as suas altezas reais, a princesa Renesme e o duque de Seraf encontram-se separados desde de outubro do ano passado e chegaram em comum acordo que o divórcio deverá ser oficializado muito em breve. Ambos seguem em outros relacionamentos.

Essa difícil decisão foi tomada depois de reconhecerem a incompatibilidade de ambos e por assim ser, suas altezas concluíram que para o bem de todos não deveriam seguir juntos. Essa atitude inédita na realeza belgã não foi tomada por impulso e nem os atos refletem irresponsabilidade como se tem divulgado na mídia. A monarquia continua e sempre continuará prezando pelos bons valores morais e seguindo pela continuidade do bem, mas a infelicidade não deve ser a base sólida a ser construída em nome destes.

O divórcio não alterará a linha de sucessão. Alec Volturi voltará a ser conhecido como “Príncipe de Volterra”, seu título de nobreza de origem, e não mais como “duque de Seraf”, após a oficialização da separação no tribunal. Os detalhes das decisões a cerca da divisão de bens e outras mais que envolvem o divórcio deverão permanecer em privado.

Estende-se os agradecimentos pela compreensão,

Sua Majestade Real, o rei Edward.

A tomada de decisão a cerca do que iria sair em público não veio sem a agonia de horas de reuniões com Edward, Esme e um punhado de funcionários que queriam meter “o bedelho” em tudo. Renesme tinha se sentido desgastada, mas ficou aliviada por tudo ter sido esclarecido.

Depois da nota oficial ela também ficou contente por não ter que passar por um outro punhado de conversas com o seu pai para lhe explicar em que pé estava a relação dela com William. Não queria ter que falar com ele e pelo visto era de comum acordo. Renesme apenas o observou passar por ela no fim de tudo com uma cara emburrada e apenas disse: “Ao menos mantenha o seu namorico longe de fofoca.”. Ela ficou abismada com que ouviu. O que ela tinha com William não era um namorico, mas manteve-se calada. Não queria imaginar a possibilidade dele acreditar que o melhor era ela se manter casada apenas pelas aparências. Não queria acreditar nisso para não aumentar a sua raiva.

Ela pensava que iria passar por outros momentos desgastantes nas reuniões para acertar os termos da separação, mas foi pega de surpresa. Alec pessoalmente lhe disse que não queria nada que não fosse de seu direito. Então, em poucos dias eles puderam assinar os papéis na sessão de divórcio.

É claro que tudo estava um verdadeiro inferno na porta do fórum. Muitos fotógrafos, repórteres querendo capturar o melhor lance. Renesme apenas desceu do carro com um grande óculos escuros, deu um pequeno sorriso amarelo e entrou. Sua vontade era de gritar coisas horríveis para eles. Há dias ela tinha sido rechaçada na imprensa por ser a primeira pessoa de alto escalão a se divorciar em toda a História da realeza belgã. Falavam como se ela fosse uma “vadia” suja de um beco qualquer e não um ser humano que estava infeliz num casamento armado que nunca deveria ter existido.

Quando assinou os papéis que a tornava solteira novamente foi um tremendo alívio. Era como se tivessem tirando-lhe os grilhões que a mantiveram presa por quase oito meses. Ela até respirou fundo e amaciou os punhos em um gesto involuntário. Estava finalmente livre! Alec também sorria para ela com alívio. Era um fim de um capítulo grotesco em sua vida.

— Lhe desejo sorte. – Ele falou para ela depois que saíram da sessão.

— Obrigada. Desejo o mesmo para você. Como foi tudo na Itália?

— Difícil! Mas eu já esperava que iria ser. Estou feliz que tudo tenha entrado nos eixos.

— Eu também. O que vai fazer agora?

— Eu ainda não sei, confesso. É horrível ter que dizer isso. Como alguém pode não saber o que fazer de sua vida, não é?

— Imagino que deve procurar ser feliz. Já conversou com Lovelace?

— Já. Ela esteve comigo na Itália esses dias. Eu soube que está com William Lamb. Eu meio que desconfiava que vocês pudessem ter tido alguma coisa quando ele trabalhava no palácio.

— Eu nunca trai você, Alec. Não quando tudo estava realmente irrevogável entre nós.

— Eu sei. Não quero entrar nesse mérito, pelo contrário, se ele é o homem que te faz feliz, desejo que fique tudo bem entre vocês dois.

— Obrigada. Desejo o mesmo com Lovelace e você.

Alec assentiu e estendeu a mão. Renesme apertou e mais uma vez estenderam um sorriso um para o outro.

— Fique bem! – desejou.

— Idem!

E ela o viu sair no meio da multidão para escrever um novo capítulo de sua vida.

NA NOSSA PRÓXIMA HISTÓRIA TEREMOS ESME CONTANDO SUA PRÓPRIA VERSÃO DOS FATOS ACONTECIDOS EM UM LIVRO BIOGRÁFICO. QUERO QUE COMENTEM DEIXANDO ALGUMAS PERGUNTAS QUE GOSTARIA QUE ELA RESPONDESSE. ESTAREI AGUARDANDO!


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!