Dinastia 2: A Coroa de Espinhos escrita por Isabelle Soares


Capítulo 60
Capítulo 60




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É claro que contar para Alec tudo sobre o que havia acontecido nos últimos tempos não foi uma tarefa nada fácil. Renesme quando deixou William na pousada da irmã dele, voltou no taxi apenas pensando em como iria ser. Ainda havia aquela velha desconfiança de poder ou não confiar nele, então à abordagem tinha que ser bem cuidada para não pôr tudo a perder.

Ela resolveu deixar para outro dia. Estava com a mente a mil e certeza que iria fazer alguma besteira. Aro não podia desconfiar de nada, por isso não podia tocar no assunto no castelo. Tentou agir como se nada tivesse acontecendo, como sempre. Até que resolveu convidá-lo para jantar fora de Volterra, por que quanto mais longe melhor. Acabaram os dois numa pizzaria pequena numa cidade vizinha e discreta o suficiente para não serem reconhecidos.

A princesa começou perguntando sobre Sulpícia. Para ela, a sogra ainda era um verdadeiro mistério. Desde o princípio ficou óbvio o quanto Alec a idolatrava. Os dois tinham uma proximidade muito grande, quase que uma cumplicidade. Pelo que pôde entender. Sulpícia não vinhera do nada como Bella. A família dela era uma das mais tradicionais da região, apesar de estar falida no momento em que ela se casou com Aro. Alec dera a entender que o casamento era um meio de salvar a todos e Renesme sabia bem como o príncipe de Volterra poderia cobrar favores. Não tinha como não se lembrar de si mesma.

A princesa ficou ouvindo as histórias de Alec sobre sua mãe e começou a introduzir aos poucos o que realmente queria que ele soubesse. No final, ela o viu completamente paralisado em sua frente, sem palavras e muito pálido. Ela nada disse, esperou pela reação dele. Até que ele falou:

— Isso explica muita coisa.

— Explica?

— Sim. Mamãe andava um tanto estranha nos meses finais de sua vida. Andava dando uns sumiços, falava umas coisas... Pensei que fosse por causa da doença, mas agora... Deus! Tudo se encaixa.

— O que ela falava?

— Ela falava coisas sobre o tio Marcus. Dizia que não era direito do papai estar ali. Que um dia tudo isso iria chegar ao fim. Como eu podia imaginar que papai pudesse estar envolvido no acidente do titio? Isso parecia imaginável! E mamãe nunca se deu bem com o meu pai.

— Acredito que ela precisava deixar isso a limpo, antes de... Você sabe. Seria a última vingança dela.

— Sim. – Alec se reenconstou na cadeira e ficou pensativo por alguns instantes. Renesme sabia o quanto devia ser duro para ele ser jogado em uma realidade tão terrível quanto a aquela. – Eu gostaria que ela tivesse conseguido. Não duvido que papai tenha se envolvido em todas essas barbaridades. Acompanhei de perto todo o sofrimento que minha mãe passou com ele. Ela era agredida e insultada de todas as formas. Queria que ela tivesse dado um fim em toda essa palhaçada e a justiça fosse feita.

— Ainda pode ser feita Alec. Por isso que eu estou aqui te contando tudo isso.

— Qual o nome que você disse mesmo? Do motorista.

— Mattias Boniteli.

O príncipe ficou pensativo por mais alguns momentos. Renesme sabia que ele tentava revirar tudo em sua cabeça. Resolveu comer um pouco e beber mais um gole de vinho para aliviar a tensão enquanto esperava ele falar alguma coisa.

— Eu lembro desse nome. Na verdade, acho que vi algum lugar, mas não estou conseguido lembrar onde.

— Talvez nas coisas de sua mãe.

— Sim... Mas tenho certeza que vi.

— Você tem posse das coisas dela?

— Claro. Fiz questão ao menos das principais.

— Temos que procurar por qualquer evidência pra já.

— Claro. Você já terminou?

Seguiram ambos o mais rápido que puderam para o castelo em Volterra. Renesme não disfarçava a sua ansiedade. Alec agora não parava de disparar perguntas a ela e a princesa tentava lhe atualizar tudo. Chegava a ser irônico aquela cena. Talvez essa tinha sido a conversa mais longa que tinham tido durante todos os meses que permaneceram casados e nunca tinha sentido tanta cumplicidade com ele como naquele momento.

Quando entraram no castelo já encontraram o carcereiro e todos os seus guardas. Renesme segurou a mão de Alec com força, tanto para que ele entrasse no persoangem, quanto para que se acalmasse diante do pai que nada poderia saber o que estava acontecendo. Aro ficou tão satisfeito com a cena e com a possibilidade de seu tão aguardado neto finalmente poder se tornar realidade que aceitou a desculpa que os dois deram para saírem da sala. Logo quando se viram livres, trataram de revirar tudo que Alec tinha em seu quarto que pertencera a Sulpícia. Não estava nada fácil. Tudo que o príncipe possuia parecia banalidades. Vestidos, jóias, fotos... Renesme sentou-se desanimada. Rezando para que Aro não tivesse tomado posse desses fatos tão precisos. Isso poderia explicar a calma dele não?

Ficou pensando e talvez Sulpícia fosse mais esperta do que isso. Em qual lugar ela poderia esconder algo importante sem ser percebido pelos outros. Algumas possibilidades passaram pela cabeça dela até que.

— O que você considera algo de muito valor para a sua mãe e você?

— Bom... Talvez um exemplar velho do “Pequeno Príncipe”. Ela me deu quando eu era mais novo e sempre lia para mim.

— Perfeito!

— Mas, é um lugar improvável, não?

— É um lugar que você teria acesso e seu pai não.

Alec estalou os dedos e foi até o seu guarda roupa. Voltou de lá com uma surrada edição de “O Pequeno Príncipe” encostado no peito e sentou-se ao lado de Renesme.

— Esse livro fez a minha infância mais feliz. Mamãe lia para mim toda noite quando eu estava por aqui. Eram os melhores momentos que passávamos juntos.

— Eu imagino. Lamento que tudo tenha sido tão difícil para você.

O príncipe abaixou a cabeça e deu um louco suspiro. Renesme mais uma vez sentiu pena dele. Ela fora afortunada. Apesar de toda a privação de uma vida na realeza, ela tivera todo o amor possível dos pais. Alec colocou o livro entre o nariz e aspirou aquele cheiro de páginas velhas como se elas remetessem lembranças de sua mãe.

— Eu queria que ela tivesse tido uma vida melhor. Me sinto tão mal por ela ter tido a morte mais horrível, meses e meses definhando naquela cama de hospital, sem ao menos ter sido feliz de verdade. Ela tentou tudo que pôde para cumprir o seu papel e queria que fôsemos diferentes. Mas olha o que eu fiz com você? O ciclo se repetiu.

— Infelizmente as circunstâncias não favoreceram, Alec. Seu pai foi o grande vilão. Entendo a situação toda e não guardo mágoas suas.

— Isso não me faz sentir menos culpado.

— Só quero que sigamos em frente e sua mãe também queria. Espero que ela tenha te dado todas as pistas por aqui. Qual a sua parte favorita?

— Capítulo 5, página 12.

Alec abriu na página e lá estava a caligrafia de Sulpícia bem marcada no pedaço em branco. “Para você descobrir a saída.” A frase vinha acompanhada de um endereço e um telefone. Por sorte, não ficava tão longe dali.

Nem precisou dizer que nenhum dos dois conseguiram dormir direito à noite. Ficaram horas conversando sobre o passado. Alec contara toda a sua história e a princesa entendeu finalmente como o seu marido se tornou o homem que ele é. Ficou extremamente agradecida mais uma vez pela vida que teve.

Quando foram dormir já era um tanto tarde da madrugada e acordaram no horário que não era o comum. O que foi bom. Precisavam estar descansados e fora da vista de Aro. Renesme assim quando pôde ligou para William e avisou para onde iria com Alec. O jornalista não aceitou a ideia de apenas ficar esperando notícias e disse que encontraria com eles no endereço dado por Sulpícia e assim foi.

O lugar era um tanto afastado. Demorou cerca de duas horas para encontrarem o endereço correto. Renesme rezou para que ele não tivesse se mudado dali e para a sua frustração parecia que era exatamente isso que havia acontecido. O casabre estava totalmente abandonado. Os vizinhos disseram que fazia alguns anos que o morador e a esposa havia ido embora dali e não sabiam para onde tinham ido.

William não podia deixar barato. Alguma pista poderia haver. Saiu perguntando para todos ao redor sobre qualquer coisa que poderiam saber sobre aquele homem. As poucas informações que souberam serviu para que ele fizesse uma busca mais ativa.

Renesme e Alec não desistiram. Afinal, uma pessoa não poderia sumir assim do mapa. É claro que não foi fácil entrar no escritório de Aro para procurar informações. O príncipe tentava se esgueirar pelos corredores madrugada adentro para ver se o pai escondia alguma coisa. Não encontrou nada demais. A princesa sabia que Aro não era burro em deixar as coisas soltas para ser encontradas facilmente. Foram para os arquivos, mais algumas noites sem dormir. Encontraram informações sobre Mattias. Eram informações que certamente estavam desatualizadas, mas qualquer coisa poderia servir para encontrá-lo. Enviaram tudo que descobriram para Antonius e William. Porém, os dias passavam e nada. Renesme não podia esconder a sua frustração.

— Nós vamos encontrá-lo, meu amor. Acredite, ninguém pode se esconder pela vida inteira. – William disse baixinho no ouvido da princesa.

Renesme se apertou mais nos braços de William, aspirando o cheiro de sua pele. Queria tanto poder passar um dia que fosse despreocupada com qualquer coisa. O jornalista beijou os cabelos dela e acariciou os fios para passar um pouco de tranquilidade para ela.

— É o nosso último dia aqui. É uma pena que não serviu para muita coisa.

— Não menospreze o que descobrimos. Foi muito o que soubemos. Isso mudou muita coisa no caso.

— Eu sei. Mas em Belgonia vai ficar mais difícil de ter acesso a Matias.

— Não vamos desistir de encontrá-lo. Antonius vai ter que agir também.

Renesme assentiu e continuou acariciando o peito nu de William sem desviar o olhar dele. Ele pegou a mão dela e quanto mais eles ficavam assim, mais podia vê-la relaxar.

— O que foi? – ela perguntou.

Ele balançou a cabeça.

— Nada. Estou aqui pensando... Você está aqui comigo. Jamais na vida eu poderia supor essa possibilidade. É como um sonho. Uma ilusão.

Ele acariciou o lado de seu rosto ao longo de seu pescoço até o ombro.

— Eu penso o mesmo. É difícil não se preocupar que tudo isso simplesmente... desapareça.

— Eu não quero que desapareça.

— Você estaria mesmo disposto a ficar comigo caso eu me divorcie? Digo, com todas as consequências que virão pelo simples fato de estar comigo?

— Não seria covarde a tal ponto. Eu sei que é muito cedo para fazermos esse tipo de plano e pelo que aprendi sobre você, tenho certeza que não irá querer embarcar em um compromisso sério logo depois de um divórcio. Mas na sua hora, estarei pronto para estar com você da maneira como me quiser.

— Por que você é tão perfeito?

— Eu não sou, acredite.

— Mas é o que eu andei procurando por muito tempo. Infelizmente, William, eu não estou na posição em que posso escolher muito. Você sabe que terei que cumprir tudo que me é esperado. Não será com Alec, mas terá que ser com alguém.

William sorriu e abraçou mais Renesme. Preocupações tão bobas que ela tinha. Como se ele não soubesse todos os prós e contras de se casar com alguém da realeza. Teria a Instituição, a imprensa e o peso da responsabilidade. Mas ele não queria fugir disso se essa fosse à condição para estar junto dela.

— Eu sei que a impressa vai me odiar, algumas pessoas vão me considerar o próprio “sapo” para a bela princesa. Os paparazzis vão me perseguir como moscas no mel e seu pai não vai me aceitar tão bem na “firma”. Tô ciente de tudo, meu bem. Mas saiba que se for para ficarmos juntos. Ficaremos. Estou disposto a enfrentar qualquer coisa.

— Até ser pai dos meus filhos? Você sabe que isso também está no pacote.

— É com isso que se preocupa? Que eu não queira ter filhos?

Renesme não respondeu, apenas apoiou o queixo no pescoço dele.

— Meu amor, não é por que eu estou com quase 50 anos que queira “fechar a fábrica”. Perdi muito tempo da minha vida só pensando em trabalho. Muita coisa eu me arrependo por conta disso e certamente, agora que eu encontrei a pessoa certa, quero ter uma família e viver o que deixei de viver.

A princesa não pôde disfarçar a satisfação em ouvir isso. Não podia fazer planos com William no momento, mas saber que poderia tê-lo ao seu lado em qualquer circunstância era acalentador. Ela se inclinou para beijá-lo e ele aprofundou o ato até sentirem que não poderiam continuar somente nisso.

— Já podemos até praticar... – ele afirmou sorrindo.

— Somente praticar no momento. Me mandariam para a forca se eu engravidasse de alguém que não fosse Alec. Imagina?

William gargalhou e pegou uma camisinha. O coração de Renesme deu um pulo de antecipação quando ele se inclinou diante dela. Ela se permitiu alimentar-se dos sentimentos e sensações que ele criou dentro dela; os incitou. A mão dele desceu pelo seu corpo, seus dedos enrolando o fino algodão de sua calcinha e ela gemeu em sua boca enquanto ele acariciava as dobras lisas de seu sexom esfregando, acariciou, explorando.

Ele pressionou seus lábios em seu pescoço, seu ombro, sua grande mão movendo-se para agarrar seu quadril. Ela passou os dedos pelos grossos cachos castanhos dele e apreciou as cócegas quentes de seus cuidados por alguns instantes antes de levantar a mão para o peito dele para empurrá-lo gentilmente de volta à sua posição sentada anterior. Ele observou o rosto dela com curiosidade - sempre estudando, sempre calculando. 

Renesme adorava a maneira como ele a olhava, com adoração, como se ele tivesse se colocado à mercê de uma deusa. Ela não se imaginava dessa maneira e se perguntou por que ele parecia considerá-la assim. Independentemente disso, sua clara devoção só à fez querer agradá-lo tanto quanto ela queria ser satisfeita. Massageou o mmembro dele e colocou a camisinha, unindo os seus sexos de forma que cada centímetro dele se esticasse e a enchesse até que ele não pudesse ir mais longe.

Ela envolveu os braços dele ao redor de seu pescoço enquanto girava seu quadril, para cima e ao redor e para baixo até encontrar o movimento que precisava. Ela plantou um beijo quente nos lábios dele e ele apenas o quebrou para fazer o mesmo com a curva de seus seios.

William agarrou o traseiro dela, puxando-a com força contra ele a cada mergulho para baixo. Ela podia sentir o corpo dele ficando mais rígido em seus braços, perdendo o controle a cada movimento provocante. Ela embalou sua cabeça contra seu peito e ele foi fechando seus braços ao redor dela e logo assumiu, segurando-a com tanta força que ela não conseguia se mover enquanto ele a penetrava. Renesme gozou forte apenas para permanecer surpreendentemente sensível a cada um de seus golpes longos e profundos. Seu segundo clímax veio de repente, parando-o. Ele deu mais uma, duas, três estocadas esporádicas antes que ela sentisse o desmanchar dele dentro dela.

Ficaram abraçados por alguns instantes. Renesme lamentou tanto o fato de ter que deixá-lo. Triste fim esse que não podia estar com que ela realmente queria. Tomou um banho e William a acompanhou até a porta da pousada. Emma observava tudo.

— Você realmente não tem medo do perigo, meu irmão.

William olhou para ela ainda entorpecido e se encostou no balcão.

— Eu já estou no fogo.

— Estou vendo e aparentemente o nível de entrosamento está alto.

— Eu a amo, Emma. Nenhum de nós tem... planos. Estamos apenas levando isso dia após dia. Planejar... bem, não parece certo. Estou gostando apenas... de viver o momento.

— Estou feliz por te ver bem, na verdade, não te via assim há muito tempo. Nem nos melhores dias com Helen.

— Nenhum amor é igual, mas acredito que todos são igualmente únicos. Porém, Renesme desperta o melhor de mim.

— Mas ela, além de ser a princesa herdeira de Belgonia, também é casada.

William olhou com desdém.

— Quanto ao fato dela ser princesa, isso nada posso fazer, mas quanto ao casamento... Esse já acabou faz tempo.

Emma respirou fundo e acarinhou o ombro do irmão mais velho.

— Só não se machuque, ok?

— As coisas são o que são por enquanto. Eu nem sei como será o meu próprio futuro. Fazer um plano não parece possível e, pelo menos para mim, estragaria o que temos, o quão especial é.

Emma apenas assentiu e seguiu para atender os hóspedes que chegavam, enquanto William apenas observava a porta por onde Renesme saiu.

Os dias passaram voando. O mês de dezembro chegou rápido demais na opinião da princesa. Antigamente todos aguardavam ansiosamente pelas festas de fim de ano. Talvez fosse por isso que o tempo passava mais devagar. Mas naquele ano seria diferente. Era o primeiro natal sem Carlisle. Então, não poderia deixar de haver um aperto no coração e algumas lágrimas.

Em meados de novembro todos os seis netos do antigo rei se uniram para participarem de um documentário que iria ao ar no dia do aniversário dele. Foi um convite improvável, nunca havia tido essa iniciativa antes, unir amigos e familiares para relatarem memórias que tinham desse homem que foi especial para tantas pessoas.

Renesme no início ficou meio receossa. Tinha recusado fazer um sobre a sua própria mãe, mas no final acabou sendo divertido estar ao lado de seus primos, e irmão, tendo boas memórias. Faziam um tempo que não se encontravam para fazer isso. Não haveria nada que Carlisle mais gostaria de ver do que a união de sua família. A princesa também estava ansiosa para ver o resultado final.

No início de dezembro nasceu a primeira bisneta do antigo casal de majestades. A primeira filha de Marlowe e Renard veio ao mundo como Diana Claire e foi celebrada como um bebê real pelo público e principalmente pela imprensa que ficou a posta na frente do Princeton Hospital, o mais renomado de Belgravia, certamente.

Edward permitiu a celebração do nascimento nas redes sociais oficiais com uma nota de felicitação. Esme, que não tinha ido para o casamento por impedimento do filho, fez questão de visitar a neta e conhecer a sua pequena bisneta. Renesme foi ao lado dela e ficou agradecida por ter tido a oportunidade de ver esse encontro de gerações com muita emoção.

Mas a união familiar não estava assim tão sólida, ao menos para uma parte da família. Nem Antony e nem a sua irmã estava tão amistosos assim com o pai. Havia muita mágoa envolvida. Ambos se recusaram a tirarem fotos juntos para o cartão oficial de Natal, como faziam todos os anos. Não havia clima para tal coisa e principalmente por que Renesme não queria dar o gostinho a Aro de ter seu filho ali em destaque. Então, acabou que os súditos receberam uma foto de Edward sozinho com dois porta – retratos dos filhos em seus casamentos ao fundo. Alec e a princesa resolveram mandar uma foto antiga dos dois em Aldovia. Antony, como sempre, decidiu que não iam participar dessa tradição.

Mas ainda assim todos foram convidados para se fazerem presentes ao Natal no palácio de Clarence. Porém, nada era como antes. Todos sentiam falta daquele que os uniam. Nem mesmo a troca de presentes divertidos, o jantar juntos e as outras tradições que faziam sempre naquela data teve tanta graça sem Carlisle e Bella ali.

Para a princesa era ainda pior por que Aro estava presente com os seus dois filhotes de cobra. Ela que tinha feito planos de dar uma escapada para ficar com William, não pôde por que era vigiada o tempo inteiro. Alec também estava desconfortável. Depois de tudo que foi descoberto, realmente não poderia haver pior do que estar ao lado daquela pessoa tão vil.

Entretanto, cumpriram com todas as formalidades e com sorrisos em público. Foram à missa de Natal como um casal reconciliado e apertaram diversas mãos na saída da capela de São Jorge. Não conversavam sobre assuntos importantes quando estavam em família. Edward estava agoniado com a prepotência do príncipe de Volterra e Renesme mais ansiosa por até o presente momento não ter se quer notícias sobre Mattias. Já estava perdendo a paciência.

— Antonius me ligou agora. – Alec comunicou a Renesme na noite pós- natal quando estavam juntos em seu quarto. – Marcaram a última audiência do caso da sucessão do trono para o dia 6 de janeiro.

— Seu pai não pode ganhar Alec.

— Eu sei. Mas o que podemos fazer? Mattias parece ter realmente sumido. É a única prova que temos contra papai.

Renesme tamborilou os dedos na mesa de canto com mil pensamentos na mente. Estava cansada desse caso se arrastar mais do que necessário. Estava exausta de tanta obscuridade e de tantas coisas ruins acontecerem. O clima já estava pesado o suficiente e a dor não diminuia enquanto o caso da sua mãe não fosse solucionado. Era hora de arriscar e agir com as mesmas armas que usavam contra eles. Não é possível que não conseguiriam pôr um fim em todo essse pesadelo.

— Estou pensando em algumas coisas aqui...

Alec olhou para a esposa com curiosidade.

— Umas coisas bem loucas, na verdade.

— Como o que?

— Não precisamos de Mattias para botar o terror em Aro. Só a desconfiança sobre o crime envolvendo o seu tio já basta para que haja um burburinho contra e uma abertura de uma investigação.

— Meu pai vai ter que rebolar para provar o contrário.

— Vai e ele irá conseguir provar a inocência dele. Porém, até que isso ocorra nos dá mais tempo e quem sabe Mattias não venha a aparecer depois que tudo sair em público.

— Vai ser um verdadeiro tormento em Volterra.

— Eu quero que realmente seja. Chega de apenas perdemos. Agora vamos jogar sujo também.

Renesme sorriu maliciosamente para Alec, com todos os planos quase formados em sua mente.

Logo após a virada do ano saiu à notícia que a prisão de Bono Donnalson e alguns apoiadores dele havia sido decretada. Já era esperado, pois a partir do dia primeiro de janeiro, ele deixaria de ser deputado e perderia sua proteção. A princesa viu tudo pela TV ao lado de toda a família em Clarence. Parecia que havia tido outra comemoração de ano novo. Todos se levantaram de suas cadeiras e celebraram com abraços e sorrisos. Renesme respirou aliviada. O seu celular tremeu, era uma mensagem de William: “A verdade prevalecerá e a justiça já está sendo feita.”.

E estava mesmo. Finalmente! Ver Bono Donnalson sendo levado pela polícia era como se tivesse podendo enfim dizer adeus a sua mãe de verdade. Por que agora, podia dizer que ela estava sendo vingada. Antes era como se Bella tivesse presente o tempo inteiro sem poder ter descanço, cobrando um acerto de contas e que o mal não prevalecesse. O adeus ainda não era definitivo e quando tudo se resolvesse todos poderiam ficar em paz.

Bono tinha sido preso por tudo que tinha sido levantado contra ele, porém, o caso não havia sido concluído e enquanto isso não acontecesse não haveria julgamento. Não pelo assasinato de sua mãe ao menos. Por isso, Renesme começou a agir. Escreveu uma carta anônima e enviou para alguns tablóides e jornais sérios que William já havia se correspondido antes. Na carta, que ela fez questão de enviar de um endereço aleatório para que não descobrissem quem era o remetente, escreveu sobre todo o caso do acidente de Marcus, deixando claro que Aro havia contratado o motorista Matias para fazer o serviço sujo.

Era uma aposta alta, sabia disso. A imprensa tradicional poderia não dar muito crédito a uma carta anônima, mas ela esperava que os tablóides vissem isso como uma oportunidade de vender muitas revistas e muitos cliquês nas notícias online. Rezava muito para isso, mesmo sabendo que eles eram bem respeitosos a família real de Volterra.

A sua intenção era fazer barulho mesmo. Fazer com que todos falassem a respeito e a dúvida fosse plantada. É claro que isso iria fazer alguma diferença nos tribunais e Aro teria trabalho para se explicar. Renesme também queria impulsionar a aparição de Mattias. É claro que o seu sogro talvez fosse averiguar se o seu cumplice estava mesmo fora do alcance e ai ele seria pego no pulo. Alec e Antonius estavam vigiando os passos dele. Não tinha como dar errado, mas a notícia tinha que ser publicada e logo, pois a data do julgamento estava se aproximando.

Renesme andava abraçada a William nos primeiros dias de 2046 pelos campos da propriedade dos pais em Seraf e respirava um ar mais limpo. Tentava se concentrar na sensação de paz que o novo ano tinha trazido depois de dois anos muito difíceis.

Os dois continuaram andando até começar a frio demais. Entraram na casa e Renesme se jogou no sofá já sentindo a tensão lhe aflorar, enem mesmo o seu tempo ali sozinha com o seu adorado amante a estava fazendo esquecer de seus problemas. William voltou com duas xícaras de chá para  aquecê-los e acalmá-la, já sentindo o quanto ela estava aflita.

No fundo achava o plano dela arriscado demais. Tinha tudo para dar errado até mesmo para os muros da monarquia Belgã. Não seria só um escândalo em Volterra. Ele sabia como notícias bombásticas podiam se alastrar como gripe. Todos comentariam negativamente a respeito. Além de outros fatores.

— Não ouse a tomar os calmantes. – ele a recriminou enquanto ela colocava a mão em sua bolsa.

— Como você sabe?

— Eu vi sem querer os remédios em sua bolsa outro dia.

— Eu não costumava tomar, sabe... Foi um hábito adquirido depois...

— Eu sei. Mas não quero que fique imaginando que pode controlar a sua ansiedade com esses remédios. Não quero o pior pra você.

Renesme deu um leve sorriso e tomou um gole de seu chá. William tirou os sapatos dela e começou a massagear os seus pés. A princesa fechou os olhos apenas apreciando o momento.

— Eu sempre fui assim... agitada. Se acostume. Às vezes vai me ver feliz depois meio recolhida.

— E você pensa que eu não já percebi, meu pardal? Eu sei o quanto você se importa com as coisas. Não é o tipo de pessoa que só da duro quando é conveniente, é por que quer que tudo seja absolutamente perfeito. Você não quer só o melhor para você, mas para todos ao seu redor. Minha pequena perfeccionista que desmonta coisas e descobre como elas funcionam, em vez de simplesmente aceitá-las.

— Olha só quem fala. O tipo que procura a razão pra tudo. A pessoa que prefere a verdade a uma mentira conveniente. Que relê o que escreveu três vezes obedecendo uma ordem de cima abaixo e do final para o início só para garantir que não há nada menos perfeito.

— Verdade... Que destino cruel esse, não? Uniu o “a mulher atípica” com o “tipo errado de homem”.

— Que destino sensato.

William se inclinou e uniu o seu lábio ao dela. Renesme sentia o seu corpo pulsar com apenas um selinho, como podia ser isso? Era o melhor calmante que existia.

— Você tinha me dito que tinha “Síndrome do Impostor”.

— Sim, fui diagnosticado pouco depois da minha separação. Não se preocupe. Tudo já está bem resolvido na minha mente.

— Não estou te condenando.

— Eu sei. Na época, eu criei uma obsessão na minha cabeça que Helen havia me deixado por que eu era uma completa fráude como pessoa. Comecei a ter crises horríveis de ansiedade, a beber demais, a fumar um cigarro atrás do outro. Ai minha irmã interviu. Me convidou para passar um tempo com ela em Pisa na pousada. Lá eu pude me sentir um pouco melhor.

— E isso só começou a surgir depois da sua separação?

— Não, eu sempre fui um tanto deslocado. Acho que toda essa pressão social que as pessoas tinham pelo fato de eu ser um nobre, um futuro Visconde e ter que seguir todos os protocolos... Eu não queria isso. Eu sempre fui muito selvagem para um cavalheiro de armadura, sabe? Quando resolvi ser jornalista eu queria provar que eu poderia ser mais do que um cara rico de merda.

— Você é mais do que um cara rico de merda. É tão talentoso! Sabe que um dia desses eu estava remexendo umas coisas antigas e encontrei uns jornais velhos que me ajudaram a entender um pouco do país em que eu reinaria um dia. Eu tinha 15 anos e tinha que fazer um discusso perfeito no parlamento e precisava de inspiração. Adivinha que escreveu uma das matérias que eu li?

— Eu não acredito!

— Sim. Você mesmo! Só que não me dei conta disso antes. Só foi ver agora.

— Eu era recém-contratado do “The Globe” na época. Deus foi há um milhão de anos! Não tem vergonha de estar com alguém tão velho?

Renesme riu e deitou-se ao lado de William no sofá, unindo os seus corpos e seus lábios num breve beijo.

— Claro que não. Ele beija bem e faz um sexo incrível!

William não pôde deixar de soltar uma gargalhada estridente. Não esperava essa resposta de sua recatada princesa, mas tinha que confessar que foi algo maravilhoso de se ouvir. Apertou-a mais em seu corpo e acariciou os seus cabelos.

— Na época eu comecei a me tornar um viciado em trabalho. Mas não era bem pela profissão, depois eu entendi que era por que eu queria que as pessoas me vissem como alguém diferente. Nunca me senti muito normal e eu queria parecer uma pessoa comum. A sensação era de que eu estava usando uma máscara que podia escorregar a qualquer momento.

— Às vezes eu me sinto meio assim.

— Mas você não é uma fraude e nem eu. Comecei a fazer as pazes com isso depois da terapia e é por isso que eu quero você longe desses remédios e dessas ideias malucas de sua cabeça. Você é perfeita do jeito que você.

Renesme ficou olhando para aquele homem em sua frente. Seus olhos tão intensos, tão sinceros e carinhosos. Deus! Como ele era especial e ela não podia estar inteiramente com ele como merecia.

— Você também é o meu homem perfeito!

— Meu pardal maravilhoso, eu quero ser tudo menos perfeito!

— Você vai ter que aceitar que para mim você é.

— Deus como eu te amo!

William colocou as mãos em cada lado do rosto de Renesme e a beijou com força. A princesa sentiu aquele calor por dentro e aquela sensação de que tudo ao redor estava sumindo. Queria apenas absorver o homem ao seu lado a ponto de nunca ter que se separar dele. Mas o seu celular começou a tocar os separando. Renesme pegou o aparelho a contra gosto, mas quando viu que era Alec, logo atendeu.

— Oi Alec.

— Resnesme, um dos tablóides publicou a matéria sobre o papai. Ele está enlouquecendo aqui e já se prepara para voltar para Volterra. Estou indo com ele.

— Alec não tire os olhos dele. Tudo que ele fizer agora é crucial para descobrirmos qualquer coisa.

— Pode deixar. Vou ficar mantendo contato.

— Certo.

Renesme deixou o celular em cima da mesa de centro e olhou para William, que esperava uma resposta dela.

— Agora o jogo começou!

RETA FINAL ATIVADA, PESSOAL. COMENTEM BASTANTE!


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