Dinastia 2: A Coroa de Espinhos escrita por Isabelle Soares


Capítulo 51
Capítulo 51




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Foi um impulso, Renesme sabia. Era bem característico dela fazer isso. Os seus sentimentos se sobressaiam à razão algumas vezes. Porém, não podia negar que estava gostando. Os lábios de William eram tão suaves, tão gentis quanto aqueles lindos olhos verdes cor de avelã. A princesa poderia ter derretido no estofamento de couro. Isso parecia diferente; muito, muito diferente do beijo que ela compartilhou com qualquer outro homem. Foi preciso um grande esforço para se afastar, mas foi preciso por que logo o rosto de Alec apareceu em seu pensamento. Ela não poderia traí-lo. Não era certo.

Renesme se afastou dos lábios de William tão rapidamente quanto quando se aproximou dele. Ela olhou para o homem em sua frente e os olhos dele brilhavam. O jornalista ainda não podia acreditar que aquele momento que tanto esperara acontecera. Tinha sido bom, não, havia sido ótimo! Mas não era o suficiente. Seu coração batia tão rápido no peito. De repente, se sentiu mais jovem. Quase como um adolescente de novo e como naquela época não conseguiu controlar seus impulsos e tomou os lábios de Renesme novamente.

William saboreou a boca de sua princesa como se aquilo fosse o seu remédio para a salvação. O fogo crescia no fundo de suas entranhas. Como era bom beijá-la! Mas ela se afastou e olhou para ele com uma cara assustada.

A princesa se levantou do sofá e saiu do flat sem dar nenhuma explicação. William ficou olhando para a porta e não foi atrás dela por que sabia que ela se sentia culpada. Infelizmente, o momento não era propício para viver aquele romance. Renesme era íntegra demais para trair alguém, mesmo que essa pessoa não significasse nada para ela. Então, ele também se sentiu culpado por arrastá-la para aquela situação. Embora, que no fundo de seu ser tinha amado beijá-la.

Renesme ficou pensando naquilo o tempo inteiro. Tinha se tornado sua ideia fixa. Ao passar dos dias começou a entender que havia sido mais que um beijo. Seria idiota pensar que um gesto simples como aquele lhe causaria tanto furor, mas não era apenas isso. William já lhe despertara um sentimento estranho desde o princípio. Lembrava de seu corpo tremer em sua presença e de ficar com raiva por sentir tudo aquilo.

O homem certo é aquele que além de te dar uma descarga elétrica é também aquele que você sabe que pode contar sempre.”, isso era o que Bella lhe dizia. Renesme tinha plena noção desde a infância que seus pais eram o casal mais amado do país pelo justo fato de amor deles serem tão bonito e com uma química tão perfeita que fez todos se apaixonarem. Ela meio que cresceu com essa esperança que um dia também encontraria alguém que pudesse amá-la. Era até bobo essa ideia romântica, mas seguiu essa frase de sua mãe como um mantra.

William lhe causava essa sensação de segurança. Foi gostando dele aos poucos e foi conseguindo ver o tipo de pessoa que ele era. Amava esse jeito descomprometido dele, assim como sua rebeldia. Gostava da confiança que ele lhe passava e de se sentir acolhida quando ele estava por perto. Tinha lhe uma tremenda admiração e fora as sensações que ele provocava em seu interior. Com William, nada era superficial ou sem sentido, e pela primeira vez em sua vida, ela entendeu o que significava ser adorada por um homem.

Mas ela sabia que aquele trem já havia partido. Era casada e não poderia fazer aquilo com Alec, mesmo não gostando dele da maneira que uma esposa devia gostar de seu marido. Além do que, ela era uma pessoa pública, que escândalo seria se todos soubessem que ela estava tendo um caso extraconjugal. Ninguém seria capaz de entender e por isso decidiu se afastar de William.

Na verdade, ele havia entendido isso e pediu alguns dias fora do palácio para cobrir os acontecimentos da CPI, que agora pegava fogo. William sabia que o momento não era propício para estar perto de Renesme. Não podiam passar dos limites. Renesme estava confusa e ele não queria que tudo ficasse pior para ela. Sabia que aquele beijo tinha sido um primeiro passo e seria difícil se controlar agora ao saber que ela também sentia algo por ele. Se Aro descobrisse seria pior para ela.

Agora, fazia dias que Renesme não via o jornalista. Decidiu que queria esquecê-lo. Seria melhor dessa forma! Não havia escapatória. Ela, como membro de uma monarquia conservadora, não podia pedir divórcio naquele momento. Seria um escâdalo! Estava presa a sua sina. Então, resolveu que iria tentar de novo com Alec. Iria tentar salvar seu casamento. Propôs ao seu marido que tirassem um final de samana para aproveitarem juntos. É claro que ele encarou tudo como uma grande surpresa. Há dias eles não se falavam a não ser para se comprimentarem ou para comparecerem juntos em eventos. Dormiam em quartos separados há quase um mês e eram praticamente dois estranhos dentro da mesma casa. Porém, ele acabou entrando na onda.

Renesme propôs que fossem para Aldovia, um pequeno país próximo a Rússia. Lá estava havendo os jogos de outono e Belgonia iria disputar algumas categorias e seria essa a desculpa perfeita. Talvez o frio intenso de lá provocasse o efeito contrário.

Ela fez questão de dizer a Aro que não os importunasse, que seria um momento que queria ter somente com Alec. Ele aceitou, mas ela sabia que isso não se concretizaria por completo. Ele iria dar um jeito de fazer um fervo por cima daquela viagem.

A primeira coisa que ela garantiu foi criar uma agenda mais romântica possível. Teria que participar de alguns jogos, mas queria poder aproveitar a viagem também. Então incluiu coisas que Alec poderia gostar, algo como visita a museus e jardins, os de Aldovia eram um verdadeiro espetáculo a parte, e obviamente passeios pela cidade como duas pessoas comuns.

— Não acha que estamos perdendo muita coisa, Alec?

— Como o que, por exemplo?

— O que estamos fazendo do nosso casamento? Acho que nunca podemos fazer algo que fosse para o nosso próprio bem.

— O meu pai é um tanto intruso, não é?

— Um tanto?

— Me desculpe por isso. Eu sei que é demais as atitudes dele. Não podemos nunca subestimar o poder que nossos pais podem ter sobre nós.

— Mas acho que podemos ser rebeldes um pouco agora.

— Como assim?

— Vamos seguir os nossos instintos e fazermos o que nós queremos para o nosso próprio bem. Não acha que devemos nos conhecer de verdade para tentar salvar esse marasmo que tem sido o nosso casamento?

Alec olhou sem jeito para Renesme e respondeu com um olhar distante.

— Sim... Acho que sim.

É claro que essa não era a resposta que ela queria. Pela primeira vez desde o príncipio do relacionamento com Alec, ela não viu aquele ar de garoto curioso nele. Ele estava distraído, como se estivesse com a mente em outro lugar.

— Ok... – Ela tentou dizer sorrindo. – Conte seu segredo.

Alec olhou para ela assombrado. Os olhos estavam tão arregalados quanto de um menino sendo pego fazendo travessura. Renesme pôde então imaginar que talvez houvesse mesmo um pouco de fumaça na sua desconfiança com relação ao possível envolvimento de seu marido com Lovelace.

— Não há nenhum segredo. Eu também quero salvar o nosso casamento. Eu só não esperava que você também quisesse.

Renesme tentou deixar passar essa. Ela também tinha os seus segredos. Então, tentou seguir com o roteiro da viagem. Tinha posto em sua cabeça que queria sentir tudo que sentia quando estava com William. Era uma medida desesperada em tentar ao menos esquecê-lo. Foram juntos representar Belgonia na partida de vôlei e riram bastante toda vez que um ponto era marcado em favor de seu país. Foi divertido dividir um saco de pipoca com ele e natural abraçá-lo quando uma brisa fria entrava na quadra. Isso a deixou confiante que esses pequenos momentos pudessem mudar alguma coisa.

Andou ao lado dele, beijou-lhe os lábios e tentou sentir o momento. Mas ainda nada podia sentir de diferente de antes. Odiava o fato de William ainda surgir em seus pensamentos. Em sua última noite ali, olhou para a cama onde Alec dormia tranquilamente e começou a chorar. Deu-se conta que tudo aquilo era uma grande bobagem e uma perca de tempo. Ainda mais quando viu o celular dele gemer na cômoda e o nome de Lovelace aparecer na tela.

Entrou no avião com raiva de si mesma por ter tentado essa reconciliação forçada. Ainda mais depois de lembrar de tudo que Aro vinha fazendo. A mesma sensação que tinha antes da viagem era a mesma de agora.

Agora olhava para a sua futura cunhada e sentia uma pontada de inveja. Vê-la ali toda feliz experimentando o seu vestido de casamento, sonhando com a sua felicidade ao lado do homem que ela escolheu, era como um soco no estômago da princesa.

— Estou nervosa! Será que as pessoas vão gostar de mim? – Ashley perguntou.

— Não pense nisso, meu bem. Apenas se preocupe em ser que você é. – Esme falou enquanto acariciava os cabelos de sua futura neta postiça.

— Você é um doce, majestade.

— Não, querida, você que é. – Esme disse enquanto acariciava a bochecha de Ashley. Renesme via que a sua futura cunhada já havia consquistado boa parte da sua nova família.

— Ashley, apenas fique ao lado de Tony e sejam felizes. Isso é que importa. – Renesme acrescentou. – Você não tem obrigações com a monarquia. Siga seus instintos e vamos lhe guiando no que for necessário.

Ashley respirou fundo e sorriu temerosa para Renesme.

— Vou tentar.

— Agora se preocupe em não perder peso. Não quero ter reajustar o seu vestido tantas vezes como foi o de Ness. – Alice falou e Renesme revirou os olhos.

O celular dela gemeu no bolso e a princesa já sabia o que era. Há um tempo vinha tentando contato com Marlowe. Mas como faltava menos de uma semana para a eleição para primeiro ministro, andava difícil ter um tempo para encontrá-la em casa com Sean. Mas aquela mensagem era o sinal verde que precisava.

Estamos em casa. Se quiser nos encontrar.”

Renesme respondeu que já estava a caminho e tentou sair sem ser percebida pela sua família. Esperou profundamente que a prova do vestido de Ashley chamasse mais atenção de que sua ausência. A discrição também deveria estar presente em sua chegada à casa do prefeito de Belgravia. Um dia antes ligou para Henry e pediu o seu carro emprestado. Os paparazzis obviamente estariam de olho em Sean Renard e notariam se alguém da família real chegasse a casa dele. O carro de Henry tinha um vidro fumê e era conhecido pelos fotografos. Ela pôs a peruca, os óculos escuros e um boné e seguiu em frente. Ninguém desconfiaria daquela visita.

Ela nunca tinha ido até a residência que Sean e Marlowe haviam comprado após o casamento. Pôs o GPS, mas ainda assim ficou um tempo rodando pelo quarteirão até encontrar o belo casarão. Renesme pensou que sua prima havia encontrado, finalmente, o modo de vida que sempre sonhou, ou ao menos ela esperava que sim.

Renesme deu um toque para Marlowe e recebeu como resposta o portão abrindo. A princesa seguiu com o carro para dentro da mansão e não ficou espantada com o que viu. É claro que o lugar seria enorme e muito sofisticado. Não era do feitio de Marlowe querer menos do que isso e Sean Renard também gostava de boas aparências. 

A princesa desceu do carro e logo encontrou a prima a sua espera no jardim. Parecia que fazia anos que não havia. Marlowe parecia que era outra pessoa. Tinha uma aparência muito diferente daquela menina patricinha de outra hora. Agora trazia sinais de amdurecimento e cansaço também, o que Renesme entendeu, afinal estavam sendo longos dias de campanha. Ela também não pôde deixar de se preocupar, afinal de contas a sua prima estava grávida e merecia um descanso.

— Oh Ness! Que saudade!

Renesme estendeu os braços e abraçou a prima como pôde. Marlowe estava enorme! O barrigão já anunciava que só poderia estar próximo da chegada do bebê.

— Também estava. Muito! É uma pena que as coisas estejam tão complicadas para nós.

Marlowe abaixou a cabeça e tocou levemente a barriga. Renesme notou um ressentimento sincero da prima.

— Eu também lamento. Mas tenho fé que a sua visita hoje e a conversa que terá com Sean venha a resolver as coisas.

— Eu também espero. Você entende que as coisas não podem ser exatamente como queremos, não é? Papai não agiu de má fé. Ele queria apenas garantir a neutralidade da monarquia.

— Sim, eu entendo. – Marlowe balançou a cabeça como se quisesse afastar um pensamento e também seguia cansada demais desse assunto.

— Com Sean no ministério as coisas vão voltar a ser ao menos mais amistosas.

— Sim, tomara. Estamos confiantes em sua vitória. Agora com o impedimento da candidatura de Bono a aceitação de Sean cresceu muito.

Agora foi a vez de Renesme ficar incomodada. Tudo partiu do assassinato de sua mãe e lamentava muito que tanta dor se tornasse um trunfo político. Porém, diante de todo o cenário implantado, Sean era o melhor candidato que tinham para administrar o país, mesmo à princesa tendo lá suas ressalvas quanto a ele.

— Quero levantar a bandeira da paz a partir de agora. – Renesme declarou enquanto entragava o convite de casamento de Tony e Ashley nas mãos de Marlowe. – Tinha que entregá-lo pessoalmente a você.

Marlowe olhou para a prima com surpresa.

— Seu pai autorizou mesmo a nossa ida ao casamento.

— Não seja boba, Lowe! Você continua sendo da família e agora, Sean também, é claro!

A filha do meio do príncipe Emmett deu um sorriso sincero e correu para os braços de Renesme novamente. A princesa ficou feliz por ter proporcionado aquilo.

— Sean me contou que está esperando uma menina. Fiquei bastante tocada. Vovó tinha me dito que havia sonhado com isso.

— É mesmo? Bom, sim. Eu achava que seria um menino, mas estamos bem satisfeitos com a nossa pequena também.

— Claro que sim. Um filho é uma grande benção!

— Certamente. Eu já imagino enfeitando ela toda. Sean já está morrendo de ciúmes dela com os futuros rapazes, pode imaginar? – Marlowe falou entre gargalhadas.

— Vai ser com certeza uma menina muito disputada. Se ela puxar a beleza de vocês dois dará muito trabalho para Sean.

— Não quero que ela pense em namoro. Quero que ela seja como você ou Melany, muito estudiosa e inteligente.

— Ela será especial como vier.

Marlowe assentiu e pegou a prima pela mão para levá-la para dentro da casa. Renesme a seguiu ansiosa. O que Sean estaria fazendo que não viera recebê-la imediatamente?

— Eu sei que veio conversar com Sean, mas ele está ao telefone com o líder do partido. Mas logo virá até nós. Quero aproveitar para lhe mostrar o quarto que estamos aprontando para a nossa filha.

Renesme seguiu atrás da prima observando tudo ao redor. Certeza que cada detalhe do lugar havia sido planejado por Marlowe e o bom gosto dela estava em todo lugar. Tudo parecia bem acolhedor apesar do luxo ali estampado e pelas histórias que Marlowe contava, dava para perceber que os dois tinham uma boa relação. A princesa desconfiava que tudo poderia ser uma grande conveniência, como o seu casamento com Alec, mas aparentemente não era.

A princesa não pôde deixar de sentir o impacto ao entrar no quarto do bebê. Era tudo lindo, mas a expressão acolhedora que ele passava, a expectativa no rosto de Marlowe causava uma sensação dolorida em Renesme como sentira ao ver Ashley de noiva nessa manhã. Será que sua vida se resumiria a isso? Ter inveja dos outros pela vida que ela não teve e não teria?

— É um bonito quarto, Lowe, parabéns!

— Obrigada! Ainda não está terminado. Espero que eu consiga antes de Diana nascer. Acho que terei mais tempo quando a eleição passar.

— O nome dela será Diana? Um nome tão lindo!

— Sim. Foi Sean quem escolheu.

— Ele tem um bom gosto.

Marlowe sorriu e começou a mexer nos ursos que estava no berço. Genuinamente ela queria ser mãe. Dessa vez não era um jogo para ela. Sean colocou a cabeça na porta do quarto e Renesme imediatamente se voltou para ele.

— Você está aqui, alteza. Seja bem – vinda a nossa casa!

— Obrigada Sean.

— Me desculpe por não ter te recebido antes. Você sabe como é... No fim da campanha somos sempre solicitados.

— Eu entendo.

— Você deseja tomar alguma coisa? Acho que poderemos conversar melhor no meu escritório.

— Bom, então vamos.

Renesme voltou-se para a prima novamente e tocou em seu braço.

— Por favor, me dê notícias suas e de Diana. Não quero ficar incomunicável com você.

Marlowe assentiu e a princesa seguiu o prefeito até o seu escritório. Esperava encontrar tudo uma grande bagunça, com muitos planfetos de campanha, bandeiras ou adesivos, mas não. Tudo estava completamente arrumado e com a mesma elegância de todo o resto da casa. Sean sentou-se em sua cadeira e a olhou com uma expressão preocupada. Renesme começou a sentir um frio chato na barriga.

— Sean, primeiro eu gostaria muito de agradecer por ter me recebido para essa conversa, mas eu gostaria de ir logo direto ao ponto. Eu sei que você conversou com a minha mãe antes dela morrer e eu preciso muito saber o que vocês conversaram.

Sean engoliu em seco e se ajeitou na cadeira. Renesme tinha uma personalidade semelhante à de sua mãe. Estar com ela ali em sua frente, olhando para ele com a mesma firmeza, era como voltar no tempo. Um dejavú que ele não gostaria de ter tido.

— Eu gostava de sua mãe. Ela me parecia uma pessoa muito boa e se não fosse por isso, eu não a tinha procurado.

— Então, foi você que a procurou.

— Bom... Sim. Entenda. Eu estava preocupado com Bono Donnalson e pedi para que uma pessoa de confiança minha começasse a sondar algumas coisas. Eu queria estar preparado para qualquer coisa que pudesse vir a acontecer.

— Sim, eu entendo.

— Só que nesse meio tempo eu acabei descobrindo algumas coisas... – Sean coçou a testa e mostrou um nervosismo bem evidente. Renesme respirou fundo. – Primeiro que Bono tinha planos contra a sua mãe. Todos nós sabiamos que ele andava com muita raiva da duquesa por que ele achava que ela o desafiava. Isso não era nenhuma novidade, o próprio espalhava isso aos quatro ventos.

— Eu imagino. Bono é insano!

— Porém, o que chegou até aqui foi uma notícia ainda pior. Eu quase não acreditei que fosse verdade, mas eu tinha que avisar a sua mãe. Bono procurava dar um susto nela. Um tiroteio que nem houve no dia do National Day.

Renesme já sentia um bolo se formar em sua garganta e as lágrimas queimarem em seus olhos.

— Eu só acreditei por que eu tinha um espião dentro do gabinete dele por que se não...

Sean voltou-se imediatamente para aquela tarde com Bella no flat. Ela estava ali de novo em sua frente. Tudo parecia tão real que se ele estendesse a mão podia tocá-la. Lembrava de se aproximar do ouvido dela para lhe revelar o que ele sabia, como se tivesse medo que as paredes pudessem escutar.

— Bono planeja um ataque para você. Ao que parece, ele quer dar um susto em você para que pare de fazer os seus trabalhos com a multircores. Não sei quando será, mas é certo que hoje foi apenas um aviso.

Bella olhou para Sean com uma expressão neutra. O que ele lhe contara era sério demais, mas ela não parecia nada surpresa. Aquilo provava o que ele vinha pensando. Bella queria mesmo uma guerra contra Bono Donnalson e ele poderia entrar em carona nisso. A duquesa poderia ser uma excelente aliada e ela sabendo o que o inimigo faria, com certeza estaria bem protegida. Nada aconteceria com ela. O palácio não deixaria, ele não deixaria. Ficaria de olho no gabinete de seu concorrente.

— Diante disso, preciso de sua ajuda, alteza.

Ela apenas assentiu sem pensar nas consequências.

— O que eu posso fazer para lhe ajudar?

— Quero apenas que trabalhemos juntos contra Bono. Sei que não pode demonstrar seu apoio a mim... Mas

— É claro! Não se preocupe. Prefiro você a ele. Basta que estejamos juntos em um evento e ele entenderá.

— Eu lhe agradeço. Precisamos defender o nosso país daquele louco!

— Claro que sim e farei isso mesmo que seja a última coisa que eu faça.

Renesme escutava a história com um misto de emoções. Se aquilo era mesmo verdade, sua mãe tinha arriscado muito. Sua coragem havia sido tremenda. Como alguém que estava na beira de um grande risco se envolvia a esse ponto. Aliar-se ao inimigo de seu próprio inimigo. Era inacreditável!

— Eu não duvido de que ela tenha tido coragem de se aliar a você. Minha mãe era exatamente assim, quando decidia algo ia até o fim.

— Eu não tenho por que mentir pra você.

— E você mesmo sabendo do risco que a minha mãe corria ainda teve coragem de propor a ela uma aliança que poderia deixar a situação dela ainda pior.

— Ei! Eu não sou o errado da história. Sua mãe sabia bem o que estava fazendo.

— Como vocês souberam que o ataque seria especificamente naquele dia?

— Passamos um mês pensando como iriamos agir a partir dali. Eu estava cauteloso e pedi para o meu espião continuasse tentando descobrir qualquer coisa que fosse útil. Deixei que a duquesa planejasse tudo. Era para que todos pensassem que o nosso encontro era algo natural, como um de nossos muitos compromissos. Porém, eu soube dos planos de Bono um dia antes de tudo acontecer e informei a sua mãe:

—Vai ser amanhã. Ao que parece ele soube que você intenciona ir ao Bairro de Santa Graça e armou tudo. Eu irei colocar toda a polícia lá e irei lhe receber na entrada. Duvido que ele vá tentar alguma coisa comigo lá.

— Não duvido de nada. Mas gostei da ideia. Assim será. Apereceremos juntos amanhã. Vou confirmar na minha agenda esse compromisso.

— Acredite. Bono não será idiota de atacar o seu próprio concorrente. Todos vão associar que foi ele o mandante.

— Eu estou pronta para qualquer coisa. Esteja também.”

Sean ainda podia lembrar do tom de Bella ao telefone. De ficar impressionado com a força que ela tinha e sua imensa coragem. Ela havia sido uma verdadeira mártir ao se sacrificar daquela forma.

— Enfim, Bono não teve coragem de fazer nada naquele momento. Eu não sabia que ele planejava pegá-la de tocaia depois.

— No depoimento daquele garoto, o Caan, ele disse que Tom havia os convencido de que não seria uma boa e eles mudaram de ideia.

— Bom, tem mais uma coisa... Não cheguei a dizer a Bella sobre isso, mas confesso que fiquei um tanto temeroso.

— Sobre o que? – Agora o coração de Renesme martelava no peito.

— Aro vinha sondando muito o parlamento já nessa época. Eu sei que você deve saber a influência que ele tem lá dentro.

— Eu sei. Mas não podemos dizer que ele esteve envolvido com essa lama toda. Pelo que você está me contando, confirma o depoimento de Caan. Foi Bono Donnolson o mandate do assassinato de minha mãe.

— É, mas eu tenho como provar que ele se encontrou com Bono.

Sean abriu a gaveta e tirou um envelope de dentro. Renesme o pegou das mãos do prefeito e tirou de dentro algumas fotos impressas. Elas mostravam claramente o seu sogro tendo uma conversa bem amistosa com Bono Donnalson. Suas mãos gelaram. Seria muito interessante para Aro que o deputado fosse acusado pela morte da duquesa.

— Aro é um homem ambicioso e eu não duvidaria que ele quisesse ter relações com quem quer que fosse para conseguir o que quer. Eu ficaria em alerta se fosse você.

Renesme sabia bem disso. Sentiu uns esparmos no corpo e principalmente uma grande revolta surgir dentro de si. Essas fotos só comprovavam o que ela desconfiava e agora teria que fazer alguma coisa para fazer com que todos pagassem pela morte de sua mãe. COMENTE BASTANTE!


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