Dinastia 2: A Coroa de Espinhos escrita por Isabelle Soares


Capítulo 38
Capítulo 38




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/799059/chapter/38

Maio de 2045

— É inaceitável! Que bando de covardes são vocês? Vamos mesmo entregar o nosso país para um estrangeiro! – Perguntava Bono Donnalson aos berros em meio a uma sessão do parlamento.

— Ao dizer isso, execelência, você desacredita a sua alteza real. – contradisse Bóris.

— Mas não é o que todos vocês estão fazendo? Estão se vendadendo por uma ambição economica que ainda nem gerou lucros? Quem é Alec Volturi? É um filho de um marqueteiro que quer ser o rei de Volterra e Belgonia!

O som inaudível das vozes dos deputados fez William abaixar o volume da TV. Era sempre assim. As sessões do parlamento mais pareciam uma reunião de gralhas do que um momento importante para discutir coisas sérias.

— Excelência, não há nada contra o jovem princípe. Não temos aqui que discutir o relacionamento dele com a princesa e nem mesmo o que se passa na cabeça dele ou de sua família, até por que não temos o poder de ler pensamentos. – Bóris afirmou enquanto ria. – Temos que acatar as decisões da família real.

— Família real? Que família é essa que despreza os seus próprios membros? Vejam o caso da filha do príncipe Emmett que irá se casar com o nosso nobre colega de parlamento! Somos adversários políticos, mas reconhecço que o impedimento do rei Edward que qualquer membro da família real se faça presente na cerimônia me tocou bastante. Nem mesmo a própria avó dela poderá comparecer a um momento tão importante! Que família é essa que escurraça seus membros?

— Não envolva meu casamento nessa sessão! – Pediu Sean Renard tentando manter a tranquilidade. – Minha noiva e eu entendemos completamente a decisão da família real.

— O bom de tudo é que ao menos vamos ter uma eleição mais justa. – Bono falou em tom de piada para que seus apoiadores concordassem e rissem.

— Que tal falarmos do assasinato de Elton Rust e do ex-membro do movimento feito por seguidores seus, excelência? – falou o outro parlamentar.

William não pôde acreditar quando ouviu tal afirmação em plena reunião de plenário. Ao menos isso estava sendo um ponto positivo em meio a tantos hiatos que se formara no caso da morte da duquesa após o assassinato de Tom na cadeia. Para ele era frustrante demais ter chegado tão perto, mas ser puxado de volta para o início da linha. Ao menos Bono tem a sua imagem manchada a cada dia, o que põe em risco cada vez mais a sua popularidade entre a nação. Ele tentava a todo custo se defender e se safar, mas como poderia ir contra todas as evidências?

Ao ver que a discussão não ia dar em nada no paralamento, o jornalista desligou a TV no mesmo instante que Joel entrou no recinto. William ficou feliz em vê-lo. Com o caso da duquesa reaberto e dessa vez sendo investigado como merecia, estava cada vez mais difícil encontrá-lo.

— Não sei como você ainda tem a paciência de assistir a essas sessões. – falou Joel.

— Temos que estar a par do que acontece em nosso país, caro amigo. Mas confesso que nos últimos tempos todas as sessões parecem uma lavação de roupa suja ou uma fofoca quente de tabloides.

— Triste fim para a nossa itegridade política! – Joel falou rindo.

— Pois é. Ver Bono Donnalson cada vez mais se perdendo é mais do que maravilhoso, na verdade.

— Acha que isso será o suficiente para que ele perca as eleições indiretas do mês que vem?

— Infelizmente não. A oposição não tem um nome tão forte quanto o dele para bater de frente com Sean Renard. Ele vai ser eleito pelo parlamento e deverá disputar as eleições diretas de outubro. Cabe a nós derrubá-lo antes.

— Chega até ser engraçado como essas eleições viraram um verdadeiro jogo de marketing. Bono sempre gastou milhões com a imagem que ele construia nas redes sociais e Renard também não era grande coisa até ficar noivo de Marlowe Cullen. As pessoas compraram mesmo essa história de amor proibido.

— Sim e eu sempre soube disso, caro amigo e o rei Edward também acabou ajudando muito isso ao expulsá-la da família real. Como jornalista sei que quem manipula melhor as notícias que vão ao público ganha melhor vantagem. Bono sempre soube disso. Tanto que pagou hackers para criar robôs capazes de estarem vinte quatro horas por dia vinculando fake news nas redes.

— Verdade e isso é um perigo!

— É algo que a polícia tem que chegar junto. Não está tão difícil assim pegar Bono Donnalson no pulo do gato.

— O problema é que as pessoas do movimento do Águias são muito fiéis a ele e fechados demais. Já fizemos de tudo para fazer com que eles abrissem o jogo, mas não rola.

— Tem que partir para um dossiê. Se Sean Renard fosse realmente esperto usaria esses podres de Donnalson para incentivar a abertura de uma investigação de contas.

— O problema é Bono usar isso como uma perseguição política e trazer as pessoas para o lado dele.

— Acho que esse é o temor deles lá dentro. Mas isso não é motivo para que a investigação do caso da duquesa pare. Agora mais do que nunca precisamos descobrir o que aconteceu.

— E vamos. Ao menos agora temos mais força na investigação. O rei Edward está dando tudo de si para que o caso seja solucionado.

Antes que o jornalista respondesse, o mordomo de Brocket Hall bateu de leve na grande porta do escritório. William imediatamente levantou-se e a abriu. O empregado trazia na bandeja de prata um convite. O jornalista nem precisou ler para saber sobre o que se tratava. Agradeceu ao mordomo e pegou o convite da bandeja. Ele tinha vontade de rasgá-lo, queimá-lo ou fazer qualquer outra coisa com ele, menos ter o desprazer de vê-lo ali em sua frente.

— É o convite do casamento da princesa?

William não respondeu, apenas assentiu e jogou o convite na mesa de centro. Joel pegou e o abriu. Não podia negar que Aro Volturi tinha classe. O pedaço de papel era mesmo bem trabalhado e bonito. Remetia a magia que exitia em volta da realeza. Só não o fazia parar de sentir um embrulho no estômago.

— Como se sente sobre isso? – William se surpreendeu com a pergunta.

— Ela me convidou. Não sabia que ela se daria o trabalho.

— Não é disso que eu estou falando.

— O que mais eu poderia pensar? Eu só lamento por ela está se envolvendo com uma família de vermes. Aquele garoto não é o que ela precisa!

— E de quem ela precisa? De você? Eu sempre lhe disse para não criar expectativas.

— Eu não criei expectativas. Está imaginando coisas Joel.

Ele tinha um sentimento por Renesme sim, fato! Ela o atraiu desde o minuto que ele pôs os olhos nela. Mas eles não tiveram um bom começo, na verdade, nem tiveram a chance. Tudo não tinha passado de uma platonisse da sua cabeça. Porém isso não o impedia de desejar que ela fosse feliz, que fosse amada. Ele sabia que esse casamento claramente arranjado não a proporcionaria isso. Por isso que ele não suportava ver ou ouvir todas essas notícias sobre o casamento real. As pessoas não tinham o direito de causar tanto clamor em cima disso.

— Ao menos espero que ela saiba o que está fazendo.

— Algo me diz que ela sabe sim.

Renesme estava quebrada. Os últimos dias fora um processo dolorido. Tudo que ela podia sentir era uma dor profunda que a levava a melancolia e a raiva extrema de tudo a sua volta. Tentou resistir como pôde ao seu eminente casamento. Não deixou que ninguém anunciasse nada como oficial e nem que marcasse a data até que ela mandasse. Porém, as vistas de todos já era algo certo. Então, ela teve que esfriar a cabeça e tentar encontrar um caminho em meio ao caos. O seu noivado com Alec foi inevitável. Uma onda grande que a afundou. Porém, ela tinha parado um pouco e pensado em como seria sua vida a partir daquele acontecimento. Tentou olhar para a metade cheia do copo e diante de todas as circunstâncias ela tinha que tirar algum proveito disso.

Ela olhou para as fotos de tantas ancestrais suas e pensou que todas elas passaram pelo mesmo sacrificio. Ser a princesa e deixar de lado os seus anseios de mulher. Colocaram sempre o dever acima de qualquer coisa. Ela até pensava que diante de seus desastrosos relacionamentos amorosos, talvez sofresse menos em um que fosse completamente por conveniência.

— Vai ficar um lindo vestido, querida.

Renesme levantou a cabeça e viu que sua madrinha estava ao seu lado no recinto. Era tão reconfortante saber que ela não tinha se ofendido com a decisão de seu pai e estava ali ao lado dela, lhe apoiando, lhe dando carinho. A princesa sentia que sua tia Rose era uma das poucas pessoas que podia confiar totalmente.

— Ao menos isso está completamente ao meu controle.

Rosalie sentou-se ao lado da afilhada e acariciou os cabelos dela. Achava um verdadeiro absurdo a obrigarem a se casar com Alec Volturi, alguém que ela tinha certeza ser o total oposto de sua afilhada. E ainda mais ao fato de que todos no palácio parecerem ter se rendido as vontades de Aro. Praticamente todo o casamento estava sendo organizado por ele.

— O casamento é seu. Você tem o direito de opinar como quiser.

Renesme deu de ombros.

— Esse casamento pouco me importa. Mas o que virá a seguir sim.

— É mesmo? – Rosalie perguntou curiosa.

— Eu ando lendo muito os diários da rainha Mary esses dias. Ela me ajudou muito a entender certas coisas e a enxergar mais longe. Se eu não posso vencer o inimigo, que me una a ele.

— Isso chega até a ser maquiavélico. – Rose afirmou com um sorriso.

— E é. Aro pensa que vai mandar em tudo por aqui, mas eu não vou deixar. Ele é um importante aliado para que possamos destruir Bono e principalemnte, usar o poder dele no parlamento para incitar os deputados a bater de frente contra ele. A família real diretamente não pode fazer isso, mas ele pode com os meios dele. Quem sabe não descobrimos mais coisas podres sobre esse cretino?

— É muito bobo quem substima a sua inteligencia, Ness.

— Não posso me deixar mais levar por sentimentalismo, madrinha. A nossa imagem está em jogo, a nossa posição também. Eu darei ao povo o que eles querem e em troca farei Aro me dar o que eu quero também.

— Acho que realmente é o certo a se fazer e espero que consiga. Mas sinceramente, eu tenho medo de como essa história pode terminar.

— Eu confesso que também, mas eu não posso esmorecer. É a minha vida que está em jogo e a de todo o país. Imagina se Bono Donnalson é eleito? Vai ser o verdadeiro caos! Eu sei que Aro é uma cobra pronta para nos picar, mas ao menos é o melhor marqueteiro que eu já conheci. É a nossa chance de virar o jogo.

— Apenas tenha cuidado, querida.

— Eu terei. – ela respondeu se sentindo mais forte e mais determinada. Ao menos as experiencias negativas a fez encontrar de volta um lado que ela tinha perdido. Era hora de contra atacar.

— Com licença, altezas. – pediu o empregado na porta. – Sua majestade real e sua alteza serenissima estão a sua espera, princesa.

— Obrigada. Já estou indo.

— Boa sorte, meu bem. – desejou-lhe Rose.

— Muito grata, madrinha. É bom ter você por aqui comigo.

Rose apenas sorriu ao ver aquela que era quase sua filha sair pelos corredores do palácio. Renesme respirou fundo e tentou pensar nas melhores respostas que daria. Logo mais seria a reunião para o acerto do contrato nupcial, essencial para todo casamento real. Certeza que Aro devia estar contando vantagens e já separando tudo que iria exigir em troca do casamento de seu filho. Ele bem sabia que o rei estava em desvantagem em Belgonia e precisando da ajuda dele. Mas Renesme estava disposta a prová-lo que ele estava errado. Não iria ceder tão fácil.

Todos já a esperavam dentro da sala de reunião. A princesa viu todos imediatamente redirecionarem os seus olhares para ela no momento em que ela entrou no recinto. Especialmente seu pai. Era desagradável estar diante dele. A raiva dela não diminuira nesses dias que se passaram desde o fadidigo momento em que ele confessara que tinha aceitado o pedido de casamento pelas costas dela. Renesme não o perdoara por isso e preferia evitá-lo a todo custo, assim como Anthony que não pisara mais em Belgonia desde a Páscoa.

— Eu não vou participar dessa palhaçada! – ele dissera a ela quando foi convidado ao casamento.

— Eu quero que esteja presente, meu irmão. Você é uma das poucas pessoas de minha família com quem ainda posso contar.

E era verdade. A princesa se sentia só. Enclausurada numa gaiola de ouro a mercê das decisões alheias. Ela se sentia traída. Tentava manter a sua sanidade apenas com o pensamento que ao menos tentaria resolver o problema da sua família e de seu país. Era notório o quão felizes estevam todos com o casamento. Só era duro ter que estar com Alec nos eventos oficiais e vender uma história mentirosa. O seu povo não merecia isso.

— Bom dia! Desculpe-me por fazê-los esperar.

— Está mais bela hoje, querida! – falou Aro com os seus costumeiros elogios rasgados. – Alec, você tem muita sorte de ter uma noiva tão bonita.

Alec apenas corou com o comentário do pai. Renesme estivera pouco com ele nesses últimos dias, na verdade, mais do que estivera em anos. Mas já tinha dado para ela perceber que ele era muito tímido e não tinha lá muita experiência com relacionamentos.

— Obrigada Aro. Você sempre é muito gentil!

Aro sorriu de volta e Edward pegou os papéis do contrato e distribuiu ele mesmo para todos os presentes com certa pressa. Renesme deu uma olhada rápida pelo documento e viu que muita coisa ali estavam bem dentro dos padrões, mas que com certeza Aro iria constestar.

— Primeiro quero ressaltar que esse contrato ainda não é oficial. Ele foi redigido pelos nossos advogados e está passivo a mudanças. – Declarou Edward dando início a reunião.

— Ótimo! Por que eu tenho algumas mudanças para fazer.

— Tais como?

— Quero que meu filho permaneça com o título de príncipe.

— Impossível! Pela lei real, todo estrangeiro que se casar com um membro da realeza belgã deve adotar um título nacional. Essa regra não pode ser descumprida. Sugiro que ele adote o título de Duque de Richmond.

— Ele não será o duque de Richmond. – Renesme afirmou em bom tom. – Nada contra você, Alec, mas não quero que um título de tamanha importância, que pertenceu a minha mãe, fique com um homem que eu não amo.

Alec supreendeu Renesme e deu um sorriso discreto. Era óbvio que ele também não queria esse casamento e que pouco importava todas as exigências que seu pai queria fazer. Porém, a princesa podia ouvia Aro rosnar.

— Ele pode ficar com qualquer outro ducado. Menos o de Richmond.

— Que tal de Seraf? – sugeriu Edward. - É uma cidade muito querida por todos nós e que merece receber uma homenagem.

— Eu concordo. – Alec falou pela primeira vez. – Não quero me indispor com as regras locais e nem desejo mais do que me é direito.

— Pois eu quero que você seja reconhecido como tal. – retruncou Aro. – Convém lembrar que a princesa está se casando com um príncipe real de alto calibre. Não se encontra tal partido tão facilmente. Quero ao menos um título de tamanha importancia para o meu filho.

— Bom, o que ele pode receber agora é um título de duque. Depois de minha morte e quando Renesme se tornar a rainha deste país ai sim, Alec será coroado principe consorte.

— Por mim está ótimo! – concordou Alec.

— Se não há outra maneira... Quero ao menos que isso seja garantido já no contrato para que não haja nenhuma dúvida.

— Assim será. Já que estamos falando de futuro. Devemos falar sobre os herdeiros vindos desse casamento.

— Quero que eles tenham dupla cidadania. – Aro pediu com veermencia.

— Terão com certeza. Mas que fique também claro que a lei real me garante a guarda dos meus netos até que eles completem 18 anos.

— Sim estou ciente dessa cláusula. Porém quero que eles também sejam áptos a ocuparem a fila do trono de Volterra também.

— Você sabe que não é possível que o primogênito venha ascender a dois tronos. Ele será, a princípio, o segundo na nossa linha de sucessão. Mas a partir do segundo em diante nada impedirá que eles também ocupem a fila do trono de Volterra.

— Isso caso o seu sobrinho realmente não leve a melhor, não é? – debochou Renesme.

Aro deu um sorriso amarelo, mas nada disse e Alec controlou-se para não gargalhar. A situação em Volterra não estava nada boa. Antonius já estava em boa maré legalmente. Aro ao menos esperava que o povo não tivesse a favor de um “bastardo” assumir o trono. Por isso não economizou esforços para espalhar “fake news” nos tabloides locais para degrenir a imagem do sobrinho diante a população do principado para ao menos garantir o apoio deles num eventual plebiscito.

Alec discordava em tudo na tática do pai. Bom seria se desde o princípio tudo tivesse acontecido de forma amigável. Aro poderia ter acolhido o sobrinho e o convecido a não querer o trono e lhe garantise todos os direitos que lhe cabiam. Mas Alec sabia que o pai era cabeça dura demais! Ele ao menos iria plantar a semente mandando o convite de seu próprio casamento para o primo.

— Quero também garantir que meu filho ganhe uma pensão de 50 mil mensalmente.

— Pai...

— Ele terá direito a uma porcentagem que lhe convém no fundo real.

— Quero garantir que seja um valor adequado.

— Ele receberá um valor equivalente ao de Renesme. Você sabe que esses valores são estabelecidos pelo parlamento. Há uma verba destinada ao palácio e o quanto de dinheiro será distribuido entre nós e para as despesas não são de decisão do rei. – Edward disse calmamente.

— Vocês tem pouco poder aqui, ein?

Renesme revirou os olhos e podia sentir o estômago se embrulhar ainda mais à medida que a reunião ia avançando. Sua paciência também estava no limite.

— Que saber? – iniciou ela. – Acho que Aro e eu precisamos ter uma conversa a sós.

— Isso não pode acontecer, minha filha.

— Claro que pode. Ele está claramente incomodado com algumas cláusulas e eu também. Temos que chegar a um acordo e para isso precisamos conversar sozinhos.

— Renesme essa é uma reunião séria.

— Eu sei e eu estou levando a sério. Por favor, me deixem sozinha com ele.

Ninguém mexeu nem um músculo na sala e todos a observavam com perplexidade.

— O casamento é meu e eu acho que eu tenho esse direito. – Renesme falou olhando para o pai diretamente pela primeira vez.

Edward entendeu o que ela queria. Resolveu não discutir mais e levantou-se primeiro com todos o seguindo e deixaram a sala. Aro não pode deixar de rir com o gesto de sua futura nora. Ela era mesmo uma mulher de personalidade.

— Ora vejam! A Borboleta resolveu sair do casulo.

Renesme apenas sorriu, grudou as mãos e aproximou-se do futuro sogro como se quisesse revelar um grande segredo.

— Vamos deixar de meias conversas agora. Eu sei bem o que você quer e eu posso garantir que algumas coisas sejam atendidas.

Aro inclinou a cabeça como se duvidasse que ela poderia mesmo estar falando sério. Ainda não acreditava que aquela menina acanhada podesse fazer grandes mudanças, mas resolveu ouvi-la.

— Porém, eu também tenho alguns pedidos a ser feito.

— Então estamos diante de uma troca de acordos.

— Esse casamento já é uma troca de acordos. Por que não garantir que seja bom para ambas as partes?

— Vocês não estão bem em uma posição para pedir algo. Veja só, Bono Donnalson pode ser eleito e acabar com a monarquia, o país está em colapso e praticamente todos os políticos do parlamento estão a meu favor. O que você acha dessa situação?

— O que você acha dessa situação? Você, sem nós, só é um empresário visionário que pode achar que tem algum poder. Mas se os deputados estão seduzidos pelo seu dinheiro podem também ser seduzidos por qualquer outro com melhor proposta. Donnalson, por exemplo. Seu sobrinho está prestes a conseguir por direito a ser o príncipe regente de Volterra e ops! Onde você vai tirar dinheiro para continuar com a sua empreitada turistica em New Visby? Nem título terá mais se isso acontecer. Então, eu acho que precisamos sim conversar por que essa balança está bem equilibrada.

Aro mais uma vez não pôde deixar de se surpreender com as palavras da princesa em sua frente. Elas conseguiram contar-lhe a carne com força. Estava óbvio que controlar os Cullens não seria tão fácil como ele acreditava.

— O que quer de mim?

— Algo não muito grande. Eu sei que você vem criando laços com alguns deputados do parlamento. Isso é muito favorável, haja vista que Bono Donnalson tem foro privilegiado, porém não terá mais caso sopre ainda mais na imprensa que ele pode estar envolvido no caso de Elton Rust. Sua amizade com a imprensa pode ajudar a forçar que os seus amigos deputados abram um inquérito contra ele.

— E assim descobrirá o que aconteceu com a sua mãe.

— Exato. No momento é só isso que me interessa. O caso dela não está muito longe de ser descoberto. Está muito claro que Bono Donnalson esteve envolvido até o pescoço nisso, mas só posso descobrir caso haja como chegar nele com mais propriedade.

Aro se ajeitou na cadeira. O que a princesa lhe pedia não era algo pequeno. Muitas coisas poderiam ser desenterradas caso houvesse uma investigação mais profunda no caso. Mas ele estaria satisfeito caso Bono fosse responsabilizado por tudo e essa história toda chegasse ao fim.

— E o que eu ganho com isso?

— Me dê a sua lista de pedidos. Garanto que conseguirei pôr no contrato a maior parte deles e ajustar aqueles mais difíceis.

Aro ainda duvidava que ela pudesse, mas ao mesmo tempo desconfiava que a princesa poderia ser um grande calo dolorido para os planos dele. Era melhor dar o doce a criança do que vê-la fazendo pirraça. Depois ela ficaria cançada e quietinha, isso era tudo que ele precisava no momento.

— Acho que temos um acordo.

— Perfeito!

Ambos apertaram as mãos e Renesme sabia que estava entrando num caminho sem volta, porém tentaria tirar o maior proveito que tivesse disso. COMENTEM BASTANTE! ISSO ME MOTIVA!


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!