Draco

Entrei em desespero quando Ast desmaiou e logo eu estava tremendo e chorando, mas não de emoção como antes. A enfermeira levou Bella para os cuidados e primeiros exames, e para tirar ela desse clima em que estávamos.

A médica quis me tirar do quarto, mas gritei com ela e peguei o frasco com a poção que havíamos preparado meses antes e minha varinha. Falando um feitiço, dei a poção para Ast e, mesmo desmaiada, ela bebeu. 

Expliquei rápido demais o que era aquilo e a doutora ficou em silêncio. Segurei a mão de Ast com força, pedindo para que a levassem de volta para o quarto. Não soltei sua mão um segundo sequer, apenas para colocá-la na cama, mas voltei a segurar logo em seguida.

Ainda estava chorando, mas consegui me controlar. A doutora deu soro à Ast, com uma poção que ela disse que poderia ajudar, e saiu do quarto, me deixando à sós com minha esposa. Minha Tori. Sua respiração era baixa, mas estava firme. Ela estava lutando, eu sentia isso, e tentava lhe dar forças apertando sua mão, mas sem muita força para não machucá-la. 

— Volta para mim, meu amor… volta para a nossa família, por favor… - sussurrei com a voz falhando e dei um beijinho demorado em sua testa.

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Astória

Seria essa a sensação de morrer? Uma paz inexplicável. Mas então veio a agonia. Eu estava deitada e sentia cada centímetro do meu corpo ardendo e queimando por dentro. Me mexi em desespero, mas meus braços e pernas estavam presos na cama. Gritei, mas não havia voz, era em vão. Chorei muito, desesperadamente, soluçando e ficando com falta de ar, me debatendo na cama em vão, sem conseguir me soltar… mas a sensação de estar queimando por dentro e não poder fazer nada era pior. 

Aquela sensação só foi aumentando e logo vi chamas ao meu redor, se aproximando cada vez mais, prontas para me queimar por fora também. Mas então senti como se um balde de água fria fosse jogado nas chamas, tanto de dentro, como de fora, e tudo se esvaiu. Nada, era o que eu sentia. Mas literalmente nada, nem mesmo um músculo do meu corpo. Tentei me mexer, mas nada aconteceu. Após algumas tentativas falhas e a sensação de vazio aumentando, desmaiei. 

Não sei quanto tempo se passou, mas quando abri os olhos, estava de volta ao quarto do hospital, com Draco segurando minha mão e com a cabeça apoiada na cama.

— A-amor… - gaguejei num sussurro, era como se minha garganta estivesse seca.

Ele levantou a cabeça, os olhos inchados e vermelhos de tanto chorar. - Minha vida… - sussurrou e me abraçou delicadamente, chorando novamente. 

E então entendi o que isso significava. Eu morri e voltei. Draco me salvou. Draco salvou minha vida! Comecei a chorar também, abraçando-o o mais forte que eu conseguia.

Ele me olhou e me deu um selinho, segurando meu rosto entre suas mãos, me olhando tão emocionado. - Como você se sente? Eu tive tanto medo, Ast…

— Eu… - parei para pensar e eu realmente estava me sentindo melhor. Mais viva, apesar de estar cansada. - Eu estou bem agora… graças a você, amor. Você salvou a minha vida…

— Você é minha vida, eu não poderia viver sem você, Tori… - ele sussurrou e voltou a me abraçar. 

Depois de alguns minutos, ele se recompôs um pouquinho e se sentou na beiradinha da cama, me acariciando. Suspirei e sorri.

— Eu quero conhecer ela, amor… - sussurrei. 

— Eu também quero… vou pedir para a enfermeira trazê-la. - ele deu um beijinho em minha testa e se levantou, secando as lágrimas e indo para a porta. 

Suspirei me lembrando do que havia acontecido e respirei fundo tentando pensar em outras coisas. Draco voltou a se sentar perto de mim e me ajudou a sentar encostada na cabeceira da cama. Eu já me sentia bem melhor do que há meses, mas ainda estava bem cansada. 

A enfermeira trouxe Bella e peguei ela com cuidado, voltando a chorar de emoção. Ela era tão pequena e tão linda. 

— Linda como você… - Draco sussurrou. Olhei para ele e dei um beijinho em seu rosto, voltando a olhá-la e ajudando ela a mamar pela primeira vez, me deixando ainda mais emocionada.

— Ela é perfeita, amor… 

— Perfeitinha… 

E ficamos assim por algum tempo. Esqueci completamente qualquer coisa que não fosse nós nesse momento tão especial.

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Quatro meses depois

Bella dormia como um anjinho durante a noite, não dava trabalho nenhum nem mesmo quando estava acordada, era muito quietinha. Scorp ficou apaixonado pela irmã e tratava ela como uma bonequinha frágil. Eu ficava boba sempre que ele vinha vê-la.

Eu estava muito melhor, melhor do que me sentia há anos. A poção de Draco teve um efeito melhor que o esperado. Após o período de resguardo, melhorei ainda mais e estava ainda mais bem disposta. Voltei a mimar meu marido e filho, também cozinhando para eles, e muitas vezes Draco me ajudava, mais para passar um tempo comigo e roubar uns beijinhos. 

Com muita dificuldade em nos separar, deixamos Bella no quarto ao lado do nosso, precisávamos nos acostumar. 

Certa noite, Draco estava meio tenso, sentindo que algo iria acontecer.

— Amor, vai ficar tudo bem… - falei baixinho enquanto massageava seus ombros. Ele estava na poltrona bebendo vinho, mas estava relaxando aos poucos. 

— Eu vou ver se está tudo bem com Bella e Scorp… - ele disse e se levantou. Me deu um selinho e saiu do quarto.

Suspirei e peguei sua taça sobre a mesinha, servindo mais um pouco de vinho e me sentando na poltrona, pensando. Eu sentia algo estranho desde aquele dia. Algo escuro, sombrio, dentro de mim. 

— Onde isso vai chegar…? - sussurrei para mim mesma e suspirei, pensando em muitas coisas e tentando entender o que estava acontecendo comigo. Não queria contar para Draco e preocupá-lo mais.