Sacrifício escrita por Mariana Maia


Capítulo 3
Capítulo 3




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Sentou-se em um local isolado do hospital. Agora não dependia mais dele. Fez o possível, mas temia pelo resultado. Um misto de desespero e tristeza invadiu seu coração, sufocando-o até que rompeu em lágrimas. Sentia também grande dor causada pelo remorso de ter continuado a batalha contra os Dairangers, levando àquele fim. As últimas palavras dela ecoavam em sua mente. Teria sacrificado a própria vida por ele? Um Gorma não entendia bem essa realidade.

De tempos em tempos, ele olhava o relógio do local, ansioso, preocupado com o tempo que a cirurgia já estava durando. A operação levou uma hora e meia, e foram necessárias quatro bolsas de sangue.

“Sr. Shoichi! Sr. Shoichi!” Um enfermeiro chamou-o. O coração bateu mais rápido. Shadam seguiu o funcionário e acabou por passar à frente dele, tendo de ser contido.

Entraram no quarto. Gara estava descansando, sob efeito da anestesia. Ele caminhou até ficar ao lado da cama.

“Então, como ela está?”

“A cirurgia foi um sucesso. Ela está em repouso agora. O senhor vai acompanhá-la durante esta noite?”

“Claro...Eu fico aqui.”

“Para seu conforto, temos uma poltrona-cama ao lado da cama da paciente. Qualquer coisa, chame-nos pela campainha. Desejamos uma boa recuperação para a sua...amiga.”

Shadam ouviu com atenção e observou a poltrona-cama. Balançou a cabeça afirmativamente, demonstrando ter entendido.

O enfermeiro saiu da sala, murmurando. “Amiga, hm... sei...”

Shadam sentou-se na poltrona. Olhou para a cama por alguns instantes, depois se levantou e ficou perto da cama, a fitar sua parceira. Acariciou seu rosto por um momento. Pensou em muitas coisas, especialmente em como seria a relação entre os dois dali em diante, o que faria depois que ela acordasse. Teve dificuldade para dormir.

No dia seguinte, após acordar, dirigiu-se imediatamente para a cama de Gara. Tocou seu rosto, seus braços, aproximou-se para ouvir seus batimentos cardíacos.

“Gara! Gara!”

“O que foi, Shadam?” Ela acordou.

“Você...”

“Eu tinha acordado há um tempo.” Pausou. “Eu te vi dormir.” Ela sorriu levemente.

Num impulso, ele a abraçou, tomando cuidado com a região afetada pela cirurgia. Permaneceram assim por uns minutos, até que ouviram alguém bater à porta.

“Pode entrar.” Shadam voltou à poltrona.

O enfermeiro adentrou o recinto. “Espero que a senhora esteja bem.” Ela sorriu. Ele retomou. “Então, eu sei que o senhor entrou aqui numa emergência, mas precisamos regularizar sua situação.”

O coronel olhou espantado. Pouco sabia das exigências do mundo dos humanos.

“O senhor tem seguro?”

“Seguro?”

“As pessoas recebem um seguro de saúde do governo ou dos empregadores.”

Pausa.

“Pelo visto, o senhor não é muito bem informado.”

“Não sei o que é esse tal seguro.”

“O senhor trabalha?”

“Não...”

“Não se preocupe, para o senhor, tem o Seguro Nacional de Saúde.”

“Eu preciso fazer alguma coisa?”

“O senhor não tem registro lá?”

“Não...”

Ele estranhou, mas prosseguiu. “Bem, precisa fazer o registro. Seu nome?”

“Shoichi.”

“Digo, sobrenome.”

Demorou, mas respondeu. “Nakayama.”

“E ela?”

Demorou um pouco mais, mas respondeu. “Yoko Takeda.”

“Por que eu tenho a impressão de que o senhor está inventando nomes?”

“É só impressão. O choque foi grande, afetou minha memória.”

“Ok então.” O enfermeiro saiu do quarto.

Ele virou para ela e disse: “Já sabe qual é seu nome agora.” Eles riram.


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