Primeiras impressões escrita por mjrooxy


Capítulo 1
Olha só quem chegou




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— Amiga, você não sabe da última! - Sakura dá pulinhos de euforia e eu só reviro os olhos em resposta. - Ok, vou ignorar essa sua falta de interesse, porque a novidade que eu tenho é bombástica. - ela gesticula com as mãos de maneira desordenada, me dando até uma certa tontura.

 

— Você venceu, o que tem de tão fantástico acontecendo? - nem me dou ao trabalho de tirar os olhos do meu notebook.

 

Meu prazo está apertado, preciso entregar a matéria o quanto antes, ou adeus a minha tão sonhada coluna semanal.

 

— Fiquei sabendo que dois mega empresários estão se mudando para a cidade, carne nova amiga. Olha, pelo que pesquisei, eles são os maiores gatos! - Saky mal consegue se conter, parece a ponto de explodir.

 

— Não me diga, que bom para você amiga, os caras daqui já são artigos de museu mesmo. - finjo entusiasmo, porém a verdade é que eu não ligo.

 

— Certo, vou te mostrar a foto deles e daí quero ver se essa sua opinião não muda. - ela pega meu notebook abruptamente, ignorando meus murmúrios de contrariedade.

 

Respiro fundo, contando até dez mentalmente para não enforcar minha melhor amiga e cruzo os braços. Não dá para discutir com Sakura agora, quando se trata de homem bonito, ela fica enlouquecida.

 

— Olha só. - entrega o note para mim e eu encaro a foto que está estampada na tela.

 

Um dos caras tem os cabelos muito escuros, contrastando com a pele incrivelmente pálida. Os olhos, por sinal, são intensos e eu diria que um pouco frios. Mas não deixam de serem bonitos. Ele não esboça sorriso algum nos lábios finos, mas parece elegante e altivo, vestindo um terno que, muito provavelmente, deve custar bem mais do que o meu salário mensal. Já o outro, em contrapartida, é totalmente o oposto, como água e vinho, impossíveis de se misturar. As diferenças começam pelo tom dos cabelos, pois os fios meio desalinhados possuem uma coloração dourada, como o entardecer de um dia de verão. A pele bronzeada realça ainda mais os olhos profundamente azuis, como dois oceanos agitados. Apesar de que, pelo sorriso gigante que ele ofereceu para a câmera que os fotografou, estes mal aparecem, o loiro deve ser daqueles que estreitam os olhos quando sorri. Adorável, eu ousaria afirmar. As bochechas, por sua vez, possuem alguns risquinhos peculiares, também em evidência devido ao sorriso expansivo dele. E, como tal, o desconhecido veste um terno que deixaria qualquer jornalista do meu trabalho no chinelo.

 

— Atraentes. - fecho a tela, retomando as atividades que pagam minhas contas no final do mês.

 

— Atraentes? Eu te mostro a foto de dois deuses do Olimpo, e tudo o que você me diz é atraentes, Hina? - Sakura parece inconformada.

 

— O que quer que eu diga, Saky? Que lamba a tela do meu notebook, embriagada por tanta beleza sem-par? - ironizo e ganho um sorriso resignado da minha melhor amiga.

 

— Você é impossível, sempre trancafiada nesse apê. Sempre trabalhando, mal vive, não sai, não conhece ninguém. - ela começa a caminhar pela nossa pequena sala, parecendo decidida.

 

A que, já não sei dizer.

 

— Minha vida está boa assim, Sakura. Eu almejo uma coluna semanal, trabalhar duro é tudo o que me resta no momento. - pondero taxativa.

 

Só disse verdades.

 

— Mas nem só de trabalho viverá o homem. - rebate Saky, indo para o quarto.

 

— A frase é: Nem só de pão viverá o homem. - corrijo-na, curiosa para saber o que irá aprontar.

 

— Que seja, da no mesmo!

 

Resolvo ignorar minha amiga e voltar ao que interessa, algum tempo depois, ela retorna vestida para matar. Sakura realmente é uma beldade, alta, magra, cabelos coloridos, puxados para um rosa bebê, olhos esmeraldinos, muito brilhantes e personalidade expansiva. Totalmente ao contrário de mim, que sou mais retraída, centrada, cabelos escuros e olhos muito claros. Ah, fora que tenho 1,60 de altura, abafa. Também faço mais o tipo curvilínea. Não que isso seja ruim, estou bem satisfeita com a imagem que vejo no espelho. Já internamente; bem, devo confessar que às vezes sou meio rabugenta, mas não consigo ser extrovertida e animada como a Saky, fazer o que.

 

A vida é assim.

 

— Já que você não vai me dar atenção, eu vou sair com a Ino. - Sakura joga os cabelos sedosos antes de pegar as chaves do carro.

 

— E aonde a senhorita vai a essa hora?

 

Ok, quando eu virei a mãe da minha amiga mesmo?

 

— Se vier comigo você descobrirá. - ela me dá uma piscadinha travessa e segue rebolando os quadris até mim novamente. - Vem, você precisa sair da frente desse computador, olha só, já está até com cabelos brancos de tanta preocupação!

 

Dou um pulo num ímpeto e corro para a frente do espelho, me sentindo uma anciã. Cabelo branco? Eu? Só tenho vinte e quatro anos! De qualquer forma, fico procurando pelos fios destoantes, mas nada encontro. Até que observo Sakura rir descaradamente da cena que eu lhe ofertei de bom grado.

 

— Sua cobrinha! - corro até ela, disposta a enche-lá de cócegas.

 

Entretanto, Sakura é mais rápida, graças as suas pernas compridas, por isso foge de mim com facilidade.

 

— Eu só queria te causar alguma reação, ver se ainda está viva. E você está. Portanto, vista algo decente e vamos nos divertir hoje, é uma ordem! - Sakura começa a me empurrar para o quarto, enquanto eu murmuro palavras não muito amigáveis à ela.

 

Saky faz cara de anjo pra mim e eu não consigo deixar de sorrir, minha amiga realmente é uma figura. Acho que é por isso que nós damos tão bem, ela é sensibilidade e eu razão, uma complementa a outra como água quente e café e isso é inteiramente bom.

 

Meia hora depois, por saber que já fui vencida, sigo com Sakura e Ino em direção a um pub no centro da cidade. Como fui convencida a deixar meu trabalho, me enfiar em uma roupa justa, marcando todo meu corpictho', eu não sei. Melhor nem pensar nisso, não deve ser tão ruim, não é? Só uma noite entre amigas, nada de mais. Todavia, eu estava enganada.

 

Mal sabia que aquela noite seria tudo, menos normal. 


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