Coincidence Of Love ✖ GSR escrita por Fénix Fanfics


Capítulo 72
Especial ✖ Capítulo 4 (Jubs)


Notas iniciais do capítulo

Desfrutem ♥



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Jubs olhava o instagram incessantemente. E suspiros altos ecoavam pelo quarto. Assim como era possível notar ela rolando os olhos, várias vezes. 

— O que aconteceu? – Ju teve que perguntar, não aguentava mais ver a irmã estressada, parecia que ia explodir a qualquer momento.

— Ahn? Nada. – Disse simples.

— E por que dá pra ouvir seus suspiros?

— É só pedir que eu fico quieta. – Disse mau humorada.

— Quando foi que paramos de contar as coisas uma para a outra? – Perguntou indignada. 

— Como assim? – Jubs largou o celular.

— Eu sinto falta do que a gente era. – Desabafou. – A gente mesmo na adolescência contava tudo uma para outra. E quando não pude te contar de Hank, isso me remoía por dentro. Agora eu não sei mais nada de ti. Você parece que nem gosta mais de ser minha irmã. 

— Nossa. Como tá dramática Júlia. 

— Júlia Um, eu sou a Júlia Um. – Disse enfática. – E você é a Júlia Dois. – Virou os olhos. – Esquece. – Deu os ombros. – Já não é a mesma coisa, não é mesmo. – Deu as costas e foi em direção à porta do quarto.

— Hey, volta aqui. – Viu a irmã se virar. – O que tá acontecendo?

— Primeiro eu tive que descobrir através da mamãe sobre seus exames e agora, bem, você parece tá com mais um problema, mas não me fala mais nada. Você não é obrigada a falar então, sei lá, eu vou sair e te dar espaço. Até porque você já vai estar bem distante quando for pra faculdade. – Falou por fim, e saiu batendo a porta.

— Hey… – Ela gritou.

Ao ver que a irmã já tinha ido, ela se levantou da cama e saiu correndo atrás dela. A encontrou no quintal, sentada no banco balanço. Estava chateada. 

— O problema é que vou embora no próximo semestre, não é?

— Para o outro lado do país. – Completou.

— Você ainda não recebeu os e-mails de aceitação da faculdade? Adoraria que você fosse comigo. 

— E se eu não for. – Ela olhou para a irmã. 

— Eu vou ficar com muito medo. – Admitiu. – Já ficamos longe da mãe, do Gil, mas nunca uma da outra. Eu tenho pensado muito nisso, e é assustador. 

— Eu também acho assustador.

— E sobre os exames, desculpa não ter falado nada. Eu só não queria te assustar e falar deles, faz parecer real. Eu tenho que fazer uma nova maratona de exames, e eu fico pensando: e se a leucemia voltar? Será que eu vou ter medo disso a minha vida toda?

— Ela não vai voltar. Nunca. – Ela pegou a mão da irmã. – Eu posso até suportar alguns anos longe de você, mas te perder, isso nunca. – Ela sorriu. – Eu tenho certeza que os exames darão bons e vai ser só um susto. 

— Espero que sim. – Ela sorriu. – Pelo menos agora você fez o motivo do meu mau humor parecer tão pequeno.

— Você quer me contar?

— Camil, está numa festa com uma tal de Isabella. Faz dias que elas andam grudadas pra cima e pra baixo. Ela me esqueceu totalmente. 

— Elas são namoradas? – Questionou.

— Acho que são, não sei. – Deu os ombros. – Mas eu sou amiga dela a tanto tempo, e tô me sentindo de escanteio. – Resmungou.

— Certeza que é só isso?

— Claro que sim. – Falou na defensiva. – O que mais seria?

— Talvez você esteja com ciúmes. Por que goste da Camil mais do que gostaria de admitir.

— Não. – Negou ferozmente. – Por que diz isso?

— Só intuição. Eu sempre achei que vocês eram bem próximas e sei la, você não combinava nadinha com o Pablo.

— Pablo era um idiota. – Admitiu. – Mas eu… Eu não gosto de mulheres.

— Ok. Não está mais aqui quem falou. 

O silêncio pairou por um tempo. 

— Se eu te contar uma coisa, fica só entre nós? – Jubs falou depois de pensar bastante.

— Quando uma de nossas conversas não ficou só entre nós?

— Quando a mãe e o pai ouvem atrás da porta. – Ela riu e a irmã não pode deixar de rir também.

— Aqui no quintal é impossível eles ouvirem sem a gente perceber.

— Camil me disse que gostava de mim…

— Quando isso?

— Faz uns seis meses. 

— E o que tu disse? – Perguntou curiosa.

— Eu disse para ela que era hetero.

— E ela?

— Ela disse que eu não era hetero. Riu quando falei. Mas disse que respeitaria meu tempo e que poderíamos seguir sendo amigas. Desde então, ela frequenta festas e está cada dia com uma mulher diferente. – Suspirou. – E se eu gostar mesmo dela. Como vai ser as coisas? O que a mãe e o Gil vão pensar de mim? – Comentou temerosa.

— Se for pelo nossos pais, você não precisa ter medo. – Ju falou simples. – Eles são muito legais e você sabe disso. Eles nunca te julgariam. Mas você precisa saber primeiro o que você sente, sem medo de ser julgada e sem pressão. Até por que o problema não é você gostar de mulheres, é gostar da Camil. – Ela ergueu a sobrancelha.

— Como assim? – Se fez de desentendida.

— Cara, é a Camil. – Disse como se fosse óbvio. – Existem quantas mulheres no mundo? Por que logo ela? – Sacudiu a cabeça.

— Ah, para. Ela é legal. – Defendeu.

— Ah, sim. Claro. Muito legal. – Rolou os olhos. – Ela é tipo a pior escolha para um relacionamento. – Ela disse rindo.

— Tu fala como se tivesse um dedo maravilhoso para namorados, né? Começo por onde. Eric, Rodrigo, Lucas… – Ela começou a enumerar contando nos dedos. – Meu Deus, foram tantos que eu já até perdi a conta. 

— Puxei a mãe. – Piscou.

— Que ela não escute isso. – Falou rindo. – Mas sim, puxou. O único problema é que o único cara mais ou menos descente que tu gostou, era quando tinha doze anos e descobriu que era nosso irmão. – Disse rindo. – Depois disso, foi só ladeira a baixo.

— Ok, eu sou rodada e com péssimo gosto. – Deu os ombros. – Mas pelo menos eu sei do que eu gosto. – Falou com malícia. – E tu?

— Vamos supor que hipoteticamente eu goste da Camil. Do que adiantaria agora? Eu disse na cara dela que eu só queria ser amiga dela. E sinceramente, ao contrário dela e de ti, eu penso em um relacionamento sério e duradouro. Hipoteticamente claro. – Ela deu os ombros. – Eu não sei se ela tá pronta pra isso.

— Acho que hipoteticamente, tu deveria ser sincera com ela. É o único jeito de saber.

— E tem mais uma coisa.

— O que?

— Eu sou… Eu nunca fiz… Você sabe. 

— Sexo? – Ju falou em um riso contido. – Ai Julia Dois. Você acha que eu não sei disso. Você ainda se troca no banheiro. E não usa biquini. A mãe me disse que você não tinha muita privacidade quando estava no hospital, quando você tinha leucemia. 

— Você já fez?

— É claro. Já faz algum tempo.

— Quanto tempo. – Estranhou.

— Uns três anos. A mãe quase ficou louca quando contei pra ela. – Deu os ombros. – Eric, Lucas, Rodrigo, e uns mais.

— Meu Deus, você é uma vadia. – Ela disse rindo.

— Tem algumas como você que não aproveitam nada, e outras como eu, que aproveitam mais do que deveria. É assim que a gente mantém o equilíbrio e a sanidade mental dos nossos pais. – Ela riu, mas o riso deu um lugar a um suspiro, que ela usou para voltar ao assunto anterior. – Olha mana, eu sei que tu tá confusa, eu entendo. Só que sei que independente da sua escolha, hipotética ou não, tu vai fazer a escolha certa. E se for a Camil, bom, ela vai ter sorte e azar ao mesmo tempo.

— Sorte e azar?

— A sorte de estar com uma pessoa incrível como você e azar de ter uma cunhada como eu, por que se ela te magoar, ah, coitada.

— E como você acha a mãe e o Gil iam reagir se eu por acaso chegasse e falasse pra eles? – Perguntou com receio. – O lado bom é que já vou sair de casa de qualquer forma. – Riu.

— Nossos pais são incríveis. – Ela falou de cara. – Só não fala que eu falei isso. Mas eu tenho certeza que eles vão achar super normal, afinal, é normal. Não existe nada de errado em você gostar de mulheres.

— Obrigada Júlia Um. – Sorriu.

— Eu tô sempre aqui, Júlia Dois. – Piscou.

— O que cê queria falar comigo, que não podia falar pelo whatsapp. Tinha que ser pessoalmente? – Camil mascava chiclete e tinha as mãos na cintura.

Jubs, após a conversa com a irmã, mandou uma mensagem para Camil. Sem nem pensar direito. Chamou ela para ir a sua casa, e na realidade só começou a pensar, pois teve que esperar até o outro dia pela resposta e até a tarde pela visita. Pareceu um século. 

Quando chegou, foram diretamente para o escritório do seu pai. Não queria ser interrompida. Nem sabia se teria coragem de falar o que falaria, mas se alguém aparecesse ali, tinha certeza que travaria e nunca mais voltaria ao assunto.

— Ontem eu conversei com a minha irmã, sobre a gente. Eu fiquei muito confusa desde que você disse que gosta de mim.

— Gata, isso faz mais de seis meses. – Falou sem importância.

— E assim pode saber o quanto pensei nisso. – Falou como se fosse obvio. 

— Bom, cê me disse que era hetero. – Ela conteve o riso de deboche. – E eu mesmo não acreditando, não toquei mais no assunto.

— Mas eu sim, várias noites antes de dormir eu pensava nisso. Aliás, quase todas. E você tem ficado distante, e conhecendo outras mulheres e eu tenho me sentido de lado. – Suspirou. – De lado como amiga, inclusive.

— Você sempre será minha melhor amiga. – Disse simples. – Mas eu preciso socializar também, e cê não parece fazer o estilo dos lugares que eu frequento.

— E se eu não quiser ficar só na friendzone?

— Aí gata, cê precisa sair desse armário. – Piscou. – Armário que nós duas sabemos que tu tá!

— É difícil pra mim. 

— Sair do armário?

— Pensar em ser íntima de alguém.

— Foi por isso que o Pablo não durou? – Seu tom ainda era de sarcasmo. 

— Ele não durou por que era um idiota. E eu nem gostava dele. – Deu os ombros. – Eu acho que eu gosto de você. – Ela ainda tinha muitas ressalvas.

— Isso é meio caminho andado.

— E você, ainda gosta de mim?

— Isso já faz seis meses, e eu nem devia ter falado. – Suspirou. 

— Você gosta das festas, noitadas e pegação? – Rolou os olhos. 

— Não sou uma pessoa séria.

— Eu sou.

— Então já deu a entender não é? Independente de qualquer coisa a gente não é compatível. Eu confesso que adoraria algo casual, mas não tem por que ninguém se apaixonar. – Camil se aproximou, ficando bem próxima, e piscou. – Até sua irmã sabe aproveitar a vida. – Disse com os lábios bem próximos dos dela.

Jubs sentiu seu corpo todo tremer, podia sentir o hálito dela bem próximo de si. Ainda sim, não deixou transparecer. 

— Eu não sou a minha irmã. – Disse séria, porém sem se afastar. – Eu gosto de você, mas eu gosto mais de mim. 

— O que quer dizer com isso?

— Que minha mãe me ensinou amor próprio. Eu não vou correr atrás de ti. Não vou implorar que me ame ou que queira ficar comigo. Que eu não posso obrigar outra pessoa a gostar de mim da mesma forma que eu gosto.

Jubs acabou com o espaço que havia entre as duas, e a beijou. Levou a mão à nuca de Camil, e puxou-a contra si, seguindo o beijo intenso e quente. Seus corpos se colaram e seus seios tocaram um no outro, a única barreira entre eles era o tecido das blusas. O beijo não durou muito tempo, mas intenso. 

Logo elas se separaram e Camil não sabia o que fizer, mas Jubs ainda tinha muito o que falar. 

— Se tu quer seguir sendo minha amiga, continuaremos sendo melhores amigas, mas de verdade, sem esquecer que eu existo. Se nem isso quiser mais, confesso que precisarei de uns dois dias de choro, mas eu sobrevivo. Camil, não esquece que eu te conheço há muito tempo, seu jeito marrento não me assusta. – Piscou. 

— E porque você me beijou? – Perguntou desafiadora, mas ainda sim, estava desarmada agora, e Jubs podia perceber isso.

— Ainda não chegaram o resultado dos meus exames de leucemia, então, por via das dúvidas, estou cortando alguns itens da lista. – Piscou.

— E me beijar estava na sua lista? – Ergueu a sobrancelha e abandonou o ar de deboche.

— Ué, junto com essa conversa. E transar com você. Mas esse último item eu vou pular no momento. – Agora ela quem debochou.

— Logo o item mais interessante? – Disse sem graça. 

— Pra tu ver como as coisas são. – Deu os ombros. – Se quiser ir junto comigo pra escola, pode esperar na sala, só vou subir para pegar meus materiais.

— E a gente finge que esse beijo nunca ocorreu? 

— Ué, você diz que gosta de pegação, eu prefiro algo sério e estável. Tenho certeza que cada uma de nós vai encontrar o que precisa. – Ela sorriu de canto. – Bem, eu vou lá pegar minhas coisas.

Jubs saiu do escritório e foi correndo para o seu quarto. Chegando lá nem conseguiu ir até a cama, sentou-se no chão ali mesmo, do lado de dentro, encostada na parede. O que ela havia acabado de fazer? Tinha beijado uma garota? Não deveria parecer estranho, mas parecia. Ela estava ansiosa, e ao mesmo tempo que sabia que tinha um sorriso bobo na cara, ela também tremia.

Por um lado estava triste por ter demorado demais a descobrir o que sentia por Camil, mas sabia que não queria perder a amizade dela, mais que qualquer outra coisa que pudesse acontecer. Por outro lado, se sentia leve, como se finalmente entendesse algo sobre si mesma. Não que antes ela não soubesse, ou não sentisse, mas pelo fato de aceitar. Aceitar a si mesma como era. 


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