Seis anos mais tarde…

Na mansão Grissom tudo estava corrido, eram os últimos preparativos para a festa de seis anos da pequena Julia Grissom. Ruth, a governanta, coordenava as empregadas que montavam a sala para a festa, logo começariam chegar os convidados.

Ruth era uma senhora caucasiana que andava com cabelos sempre presos em um coque baixo. Ela era uma senhora beirando os quarenta anos de idade, e trabalhava na casa desde muito jovem, assim como sua mãe. A família Grissom era como sua família, apesar de agora somente a senhora Elizabeth Grissom, o senhor Gilbert Grissom e a pequena Julia morarem lá. Ruth praticamente criara Julia durante esses anos, uma vez que Grissom se enterrava cada vez mais no trabalho.

— Esther. – Ruth, chamou a empregada mais jovem da casa. – Estheeeer. – Gritou.

— Sim senhora...Senhora… Estou aqui. – Esther chegou toda desajeitada, correndo e secando as mãos no uniforme do avental. 

— Por que demora tanto. – Resmungou. –  Onde está a menina Julia?

— Ela deve estar no quarto ainda.

— Suba lá e… – Ruth pensou melhor e mudou de ideia. – Deixem que eu vou vê-la. Tratem de deixar tudo pronto para ontem, logo os convidados irão chegar. – Ordenou saindo.

A mansão contava com uma grande sala, e ao fundo uma escadaria que se dividia em duas e iam para os quartos. A esquerda, por onde Ruth subiu, ia em direção ao quarto de Julia. Chegando lá, a menina estava em frente a uma pequena penteadeira rosa, não parecia estar pronta.

— Ju, você ainda não esta pronta?

Julia olhou para ela, seus olhos estavam marejado, estava chorando. Ruth se aproximou da pequena rapidamente, ficando ajoelhada a sua altura. A tristeza nos olhos da menina era de partir o coração, e era exatamente assim que Ruth se sentia ao vê-la chorar.

— O que foi meu anjo? Por que está chorando?

— O papai disse que viria, ele não está aqui. Ele nunca está. 

Isso era verdade, o senhor Grissom sempre foi de trabalhar muito, porém desde a morte de Laura ele se afundou no trabalho e passava pouco tempo em casa. O tempo que ele passava em casa era sempre com Julia, ele a amava profundamente, mas nem de longe era o tempo ideal de um pai conviver com a filha. Principalmente uma menina que era órfã de mãe.

— Tenho certeza que ele virá. Ele não vai faltar ao seu aniversário. E sua vovó já está pronta, muito animada para a festa. Logo seus amiguinhos também virão. Você tem que se aprontar. Cadê aquele vestidinho rosa que compramos?

— Está no guarda roupa.

Ruth sorriu, acariciou o rosto da menina limpando as lágrimas. Era torturante ver aqueles olhos castanhos tão doces e tão tristes. Levantando-se, Ruth foi até o guarda roupas e achou o vestido, auxiliou ela a se vestir e quando terminaram a menina parecia mais animada.

— Você está linda.

— Uma princesa. – Uma voz rouca disse ao abrir a porta e encarar aquela doce menina girando em cima da cama.

— Papai! – Ela disse feliz e visivelmente surpresa. – Você veio!

— Claro que eu vim minha princesinha. – Ele sorriu, foi até ela e a pegou no colo. – Você acha mesmo que eu não viria na sua festinha de aniversário?

— Você nunca aparece. – Resmungou fazendo bico.

— Papai trabalha muito né? – Ele beijou estalando na bochecha da pequena. – Mas hoje o papai é todo seu. 

Julia abraçou o pai apertado e começou a encher ela de beijinhos. Eles forem interrompidos pela empregada mais jovem, Esther, que entrou no quarto pedindo licença e fitou o chefe com certa luxuria. Gilbert era um homem muito bonito e era difícil não notar isso, porém Esther era a única que não conseguia manter certa discrição sobre isso.

— Senhor Grissom, há uma mulher ao lado de fora da mansão. O segurança da portaria tentou barrar ela, mas ela disse que só sai depois de falar com o senhor. Disseram que ela não vai desistir. 

— Essa mulher tem nome? – Gilbert que ainda tinha a filha no colo estranhou a situação, mas ainda sim não parecia assustado.

— Ela não se identificou senhor. – Esther explicou. – O que eu faço? Chamo a polícia?

— Não. Peça para o segurança escoltar essa senhora até meu escritório, deve ser algo do trabalho. Vamos ver o que ela quer, e depois eu a dispenso. – Gilbert largou Julia no chão e virou-se para Ruth. – Por favor, mantenha Julia no quarto até que eu resolva esse pequeno contratempo. – Ele se abaixou até a pequena que já fazia bico. – Não se preocupe meu amor, papai já volta para a sua comemoração.

— Promete?

— Palavra de Grissom! E você sabe: Palavra de Grissom…

— Nunca se quebra.  – Ela sorriu e abraçou o pai novamente.