Grissom e Sara começaram a fazer os exames imediatamente no outro dia. Ela faria um acompanhamento para saber quando seria o melhor dia para realizar a inseminação do óvulo fertilizado, Grissom também estava fazendo exames, contagem de esperma e coletas. Os óvulos de Laura também seriam selecionados. A reprodução assistida daria quase cem por cento de certeza que gerariam um bebê compatível com Julia Sidle.

Quanto a guarda da criança que viria, eles também haviam decidido, seria da mesma maneira que as das Julias. Enquanto morassem juntos não seria um problema, porém quando Sara voltasse a morar na sua casa eles realizariam uma guarda compartilhada de forma que não ficasse pesado para as meninas e que fosse saudável para todos.

Estava sendo uma semana cansativa para todos, principalmente para Sara. Ela já nem pensava, se não fosse o apoio de Roberto que estava com ela quase todo o tempo ela nem saberia se tudo daria certo. Ela nem havia voltado para o emprego ainda, mas agora sua única motivação era salvar Julia. Logo ela estaria grávida novamente, e isso nem fazia parte dos seus planos. Tudo parecia surreal.

— Se alguém me dissesse que há uma mês atrás minha vida estaria assim eu juro que não acreditaria. 

Sara disse a Roberto, enquanto estavam em uma cafeteria. Ela recém havia terminado de realizar os últimos exames para a reprodução assistida. Ele a acompanhava sempre que podia, Grissom quando não estava fazendo exames, estava trabalhando, ficava pouco em casa.

— Eu era mãe de uma menina saudável que brincava, ia a escola, corrida e era feliz. Quando as febres começaram e os exames começaram a aparecer eu não acreditei. – Ela estava emocionada. – E agora, se os exames estiverem bons, segunda feira eu vou estar grávida de novo.

— Ei, Sar… – Roberto colocou a mão dele sob a de Sara e apertou de leve. – Vai dar tudo certo. E você precisa saber de mais uma coisa.

— O que?

— Julia é feliz, ela pode estar debilitada agora, mas ela é feliz. – Ele sorriu para ela, e ela sorriu de volta. – Julia Sidle, Julia Grissom, e esse bebê que logo vai estar a caminho, todos eles tem sorte de ter uma mãe como você. Elas tem sorte de ter uma mãe como Laura. O único problema deles é ter o Grissom como pai. – Ele disse como deboche, tentando amenizar o clima.

— Você é um idiota. – Ela riu.

— Mas eu te fiz rir. Então vale a pena ser um idiota. – Ele deu os ombros.

Eles tomaram um café com calma. Mas Sara estava visivelmente cansada. Roberto já havia pagado e estavam saindo da cafeteria.

— Vou chamar um Uber. Te levo para casa. 

— O cansaço está estampado na minha cara?

— Nas tuas olheiras principalmente. Você vai gerar uma criança Sara, precisa se alimentar e dormir. Se você quer que meu sobrinho nasça bem e ajude a Julia, você terá que começar a se cuidar.

Eles já saiam pela cafeteria e seguiam caminhando pela rua em direção a casa de Grissom.

— Eu sei. Estou tentando, mas sinceramente não consigo pregar os olhos a noite. Parece que se eu dormir alguma coisa vai acontecer. Não confio na enfermeira. Vejo ela cochilar de madrugada.

— Bom eu posso passar a noite contigo.

Sara arregalou os olhos.

— Desculpa, não me interprete mal. Mas eu posso ficar com você e fico de olho na Julia, assim você pode dormir tranquila sabendo que vou estar velando pelo sono das duas. – Ele sorriu para ela.

— Muito obrigada por tudo que faz por nós. Por mim, pela Julia, eu sei que ela é sua sobrinha, mas de verdade, seu apoio é muito importante.

Roberto parou de caminhar, assim como Sara, ele parou na frente dela. Eles ficaram se olhando fixo por alguns segundos, sem falar nada ou se mover. Naquele momento parecia que não havia mais ninguém na rua. Ele levou as duas mão para o rosto de Sara e aproximou mais seu corpo do dela, exatamente naquele momento ele tomou coragem e aproximou os lábios até que se beijassem. Foi um beijo intenso, profundo, mas rápido. Tão logo quanto se beijaram, eles se separaram.

— Mil desculpas. – Roberto disse em seguida. – Eu… Você está tão sensível, eu não devia ter… Desculpe.

— Não se desculpe. – Ela sorriu como uma adolescente.

Então ela o abraçou pelo pescoço e puxou novamente em um beijo, dessa vez mais lento e romântico, enquanto ele a abraçava pela cintura. Esse beijo demorou um pouco mais, e pararam ao perceber que chamava atenção do publico em volta. Sara ficou visivelmente envergonhada, enquanto Roberto estava surpreso.

— Acho melhor você chamar um uber.

— É, eu também acho.

Eles foram então para casa de Grissom, e de lá Roberto pegaria seu carro e iria para sua empresa, infelizmente, para Sara, ele não poderia ficar. Grissom foi surpreendido ao chegar em casa, e ainda dentro do carro ver os dois se despedindo com um beijo, na realidade eles mal encostaram os lábios, porém foi o suficiente para ele sentir algo novamente. Ele não sabia direito como entender os seus sentimentos, ou por que sentia essas reações. Raiva, inveja, medo. Ele não sabia lidar e nem compreender o significavam. Mas vê-los juntos o fazia sentir-se infeliz, ainda mais com tanta intimidade.