Sonata ao Luar escrita por Agatha_Kuchiki


Capítulo 1
Sonata ao Luar




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Por = Ágatha Kuchiki

Fanfic = Sonata ao Luar

“ FF-Sol 100 Temas - Desafio Miss Sunshine 2010 ”

Tema 54 - Palidez

–----

Momentos como esses eram raros para nós. Onde apenas fazíamos aquilo que mais nos agradava ou acalmava. Momentos em que eu podia me sentar frente à mesinha de meu quarto e escrever. E Rukia ao meu lado, sentada em minha cama lendo seus mangás. Aproveito o momento para observá-la um pouco. Tão forte e tão frágil... Tão mulher e tão criança... Tão pálida... Lentamente ergo meu braço e com a ponta dos dedos toco seu braço. Eu precisava saber se ela estava ali mesmo. Se estava viva... Se era real !

Pálida, tão branca, como se fosse feita

toda de luar,

– um luar humano...

– como se seu corpo fosse o maravilhoso teclado

de um piano

à espera de mãos de artista para o despertar !

Ela se assusta com meu gesto. Me olha com a face levemente corada. Mais não diz nada e nem se afasta. Eu finjo não perceber e continuo a acariciá-la. Sem nem me dar conta real disso, passo a arranhar de leve sua pele com as unhas. Uma corrente elétrica parece percorrer nossos corpos. Ela fecha os olhos e eu prendo a respiração. De repente tocá-la não era o bastante.

Pálida, tão branca, como se seu corpo fosse

feito de espuma do mar,

mar de delicias, mar de meus anseios...

– adivinho a inquietação desse mar de mistérios

quando tremem as ondas vivas dos meus seios !

Eu precisava de mais. Saio de meu lugar e me sento ao seu lado na cama. Retiro o mangá de suas mãos e o arremesso por cima de meus ombros. Ela se assusta com meu gesto e se retrai. Encolhe os ombros tentando se defender. Ela não tem o que temer e eu vou lhe mostrar isso !

Pálida, tão branca, como se fosse feita

da mais fina areia,

dessa areia que é luz embebida de sol

dessa areia que canta ao contato do mar !

Areia de uma praia impossível e desconhecida

numa enseada escondida

onde nenhuma vaga ainda foi se espraiar...

Aproximo minha face do braço que ate pouco acariciava. Beijando-lhe. Sentindo em meus lábios o calor de sua pele. Sua maciez. Posso ouvir seu coração bater. Rápido, descompassado. Num misto de delírio e medo.

Pálida, tão branca, como se seu corpo fosse

uma estátua vestida em mil véus de luar,

– branco luar de camélias e de lírios

que tem forma de mulher em meu olhar -

um morno luar de amor, a viver em meus nervos,

como a lua, sobre os nervos deslumbrados

do mar !

Sinto sua mão em meu ombro me empurrando suavemente. A olho nos olhos. A face tão corada. Seus lábios se abrem e fecham várias vezes querendo dizer algo. Mais nada é dito. Talvez faltem palavras. Talvez falte voz, não sei. Mas há algo que eu quero dizer...

Pálida, tão branca, como se seu corpo fosse

num gesto heráldico e fino

um lírio esbelto no ar !...

– um lírio de alma vermelha de rosa feiticeira

que abre os lábios úmidos, brejeira

para o sol beijar !

Me aproximo de seu rosto sussurrando em seu ouvido. – Eu te amo Rukia. Me deixa mostrar isso. Me deixa cuidar de você. O sentimento é recíproco e ela busca meus lábios com a mesma ânsia com a qual se busca água no deserto. Seus braços circulam meu pescoço me puxando para mais perto. Tão pálida. Tão branca. Minha boneca de porcelana. E eu a protegerei. Mesmo a custo de minha própria vida !

Pálida, tão branca, como se seu corpo fosse

esta folha sem mancha onde escrevo os meus versos

a pensar,

– pensar que hei de compor na alvura do seu corpo,

versos do nosso amor, sem rimas nem palavras,

que ela só há de ler... a viver...

Momentos de calmaria como esse, é algo tão raro que aprendi a respeitá-los. Aprendi a respeitar seu silencio. Sempre mergulhado em pensamentos que parecem não ter fim. Ele fecha seu caderno recostando na cadeira. Os braços pendurados ao lado do corpo. Os lábios entre abertos. A face corada. Os olhos fixos no teto. – Ichigo tudo bem ? – Tudo.

Pálida, tão branca, como o meu pensamento

antes de a encontrar...

É obvio que ele mente, mais vou deixar assim. Se ele quiser conversar ele mesmo vai dizer. Isso foi algo que eu aprendi. Mais tenho que admitir uma coisa... Morro de curiosidade para saber o que ele tanto escreve naquele caderno. Talvez se eu o lesse, eu descobriria o porque dessa expressão de alivio e desse olhar de tristeza que se encerra em seu peito sempre que ele o fecha.

–----

FIM


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Notas finais do capítulo

Sabem aqueles momentos em que a gente escreve um texto e a nossa mente esta lá onde Judas perdeu a meia, que fica a uma légua à frente de onde ele perdeu a bota ?
Foi isso que aconteceu com o Ichigo !

Faz tanto tempo que eu não escrevo que quase não consegui passar a fic pro papel...
Mais olha ela ai num Desafio de Temas sorte pra gente XD
A poesia em sublinhado chama-se Sonata ao Luar e pertence ao autor J.G. de Araujo Jorge.

E só pra constar:
Do 1º verso até a palavra FIM - 774 palavras.
Da palavra Por até o ponto final no final desta frase - 920 palavras.



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