Traição

Tire um tempo para conversar comigo...

Se não estiver correndo atrás do ônibus,

Ou não for incômodo falar sobre seu dia.

Apenas desabafe um pouco,

O que é que tem te feito tão fria?

Cadê suas mensagens ao meio-dia?

Só me explique...

Por que você está tão estranha?

E por que não te sinto deitada na cama?

Você ainda acredita nas palavras que diz?

Ou se perde em uma linha,

Entre a noite escura e o melancólico dia?

Se imagina fora, está longe, de uma rotina.

Onde a mensagem mais importante,

No seu celular sempre vibra.

Ela diz: “Que tal me encontrar?”,

E faz das suas dúvidas uma certeza sucinta.

Conte-me sobre o seu dia...

Diga que me ama, diga o quanto sente, diga só que,

O seu dia foi corrido,

E sua chefe te prendeu até o último segundo,

E esse roxo no pescoço é um hematoma comum,

Que você arranjou enquanto transportava os equipamentos.

Fale-me sobre tudo...

E em como sente por não ter chegado a tempo,

E como tem estado longe, voando em pensamentos.

Às vezes se esquecendo de certos sentimentos,

Que compartilhamos entre nós dois.

Foi apenas mais uma desculpa,

E eu não sei se quero ouvir...

Eu desgostei do seu cabelo, tão arrumado, ao sair.

Achei teus olhos castanhos perdidos em meio ao celular.

Será que ainda estou como “amor”,

Ou essa situação começou a mudar?

Só converse comigo...

Se estiver sozinha, fala em meu ouvidinho com a voz baixinha e,

Diga sobre o quê...

Bem, sobre o que quer que seja.

Sinto cheiro de cerveja em seu vestido

Vermelho vinho.

Devo perguntar ou é melhor deixar o dito não dito?

Entre os seus lábios frios,

Nem um beijo de despedida?

O que há em sua feição? Parece ferida...

Ou, apenas, introvertida.

Fale o que eu não quero escutar...

Se faça verdadeira, ou vá embora e me deixa especular.

Declare o que quer que queira...

Só me esclareça por que escolheu magoar ao invés de avisar.

Diga, saia, bata a porta...

O que me incomoda agora é o barulho das suas palavras, então,

Só vá embora.

E não precisa falar comigo...

Não mais.

~Gabriel.