Play with Fate escrita por Lilium Longiflorum


Capítulo 18
Queda




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Ver amigos e conhecidos na luta contra guerra me traz mais consolo, mas nada comparado ao ver aquela garota que me convenceu entrar naquela fenda. E o curioso é que ela estava com praticamente a mesma roupa de quando eu a vi pela primeira vez,  e aquele colar com uma pedra verde também estava em seu pescoço.

Endireitei-me, olhei para os lados e perguntei:

— Nos uniremos a eles certo?

— Sim — ela foi em direção a Nightwolf — só estamos checando se está tudo ok.

Nightwolf olhou para mim e perguntou ainda com as mãos frenéticas no teclado do computador:

— Está melhor, Cage?

— Estou tentando ver uma luz no fim do túnel.

Nightwolf deu mais uma olhada na tela do computador, recostou-se na poltrona em que estava sentado, olhou para mim e disse:

— Eu sinto muito pelo que aconteceu de manhã.

Suspirei e respondi:

— Uma hora isso ia acontecer. Mas eu não imaginava que Bi-han faria isso.

— Você ainda está chateado?

— Não vou negar. Mas estou com esperança que vamos poder consertar tudo isso.

Nightwolf se levantou e disse a Jacqui:

— Vou comer alguma coisa.

— Vai jantar com ele Johnny — falou Jacqui mexendo no celular — aposto que você não jantou.

Ela não mentiu e devido o alvoroço que foi, desde quando Jacqui ligou para mim até aquele momento, acabei me esquecendo de jantar.

— Vamos Johnny — falou Nightwolf me chamando e fazendo gesto com as mãos — aqui no quartel tem uma lanchonete.

Não neguei convite e o acompanhei. No caminho, vi Sonya ainda conversando com seu marido, mas eu percebi em sua feição que ela não estava confortável falando com ele. Era como se ele estivesse dando uma bronca ou algo parecido. A vontade que tive era de ir até lá e perguntar o que estava acontecendo, mas eu sabia que seria insensatez na minha parte. Trocamos olhares por breves segundos, mas logo fingi que nada estava acontecendo. Nightwolf olhou para mim e perguntou se estava tudo bem:

— Só estou com fome.

Nightwolf deu uma olhada pra trás e disse:

— Agora eu sei.

Dei um suspiro, mas não falei nada sobre o que Sonya havia me confidenciado. Chegamos na lanchonete, que mais parecia uma cantina, aproveitei que tinha kebab e pedi um para mim e outro para Nightwolf.

— Eu queria ter feito algo por você hoje de manhã— falou Nightwolf — eu não pude fazer nada.

— Tranquilo. Mas sinto que está muito perto de conseguimos acabar com isso.

— Como? — perguntou Nightwolf curioso.

— A menina que me guiou até a fenda... Eu a vi em um vídeo que Jacqui havia me mostrado. A general acha que Shang Tsung é essa menina. Não acreditei de pronto, mas ao vê-la do mesmo jeito que estava quando entrei na fenda... Creio que possa ser Shang Tsung mesmo. O que me deixa pasmo é que ele tem o controle sobre o tempo também.

— Bem, Shang Tsung sempre foi um mistério.

Em seguida, os kebabs chegaram. Enquanto mastigava primeiro pedaço, vi Stryker saindo, estava conversando com outro soldado. Logo imaginei que Sonya estaria sozinha ou com a general. Continuei comendo o kebab em silêncio. Nightwolf terminou primeiro que eu e disse:

— Vou ver o que preciso fazer ainda para podermos partir.

Apenas anui com a cabeça e fiquei ali só. Terminei de comer, limpei minhas mãos em guardanapo e fui em direção ao banheiro. Antes de eu entrar no banheiro vi Sonya em um dos bancos próximos da entrada do hangar. Ela olhava para o celular e às vezes para movimentação do hangar.  Vestia trajes que eu costumava ve-la na outra linha temporal, algo mais militar, mais rústico. Fui ao seu encontro e meio sem jeito a saudei:

— Oi Sonya!

Ela voltou seu olhar para mim e um sorriso formou-se em seus lábios.

— Johnny! — ela disse se levantando — como você está? 

Eu percebi que ela queria me abraçar, mas por precaução, decidiu apenas apertar minha mão.

— Estou bem e você?  — perguntei instintivamente.

Ela olhou para a direita deu um suspiro e me respondeu:

— Parece que está cada vez mais difícil suportar… — ela passa a mão na testa — toda essa situação. Como se não bastasse essa guerra, tem a guerra que eu tenho que travar dentro de casa.

— Vocês brigaram?

— Deixei claro a ele que quero ajudar, mas ele não quer que eu vá com vocês.

— Bem, então ele estava brigando com você algumas horas atrás.

— Não teve como não notar não é?

Sem me importar com os olhares dos outros, eu segurei suas mãos e falei:

—Você não sabe como me dói saber disso.

Sonya olhou para os lados e, soltou minhas mãos dizendo:

— Obrigada pela preocupação, mas acho que eu tenho que arcar com as consequências de ter casado com ele.

— Sonya — a segurei pelos ombros — você não pode estar num relacionamento assim.

Ela deu um sorriso de medo, meneou a cabeça, deu uma olhada para o hangar e disse:

— Acho que o único jeito de sair desse pesadelo é morrendo nessa guerra. Eu... — a voz embargou — não tenho nada a perder.

Naquele momento senti um peso em meus braços, soltando os ombros de Sonya. Em seguida ela se afastou de mim, indo em direção ao banheiro. Também fui ao banheiro. Cheguei a pia, abri a torneira e lavei o rosto. Senti o choque da água gelada com o meu rosto. Acho que perdi as contas de quantas vezes eu desejei acordar daquele pesadelo. A vontade de chorar me veio, mas tive medo de aparecer alguém me ver chorar e perguntar o motivo. Eu não ia conseguir me calar. Tudo o que eu queria naquele momento era paz, não estava pronto para participar de uma briga, principalmente se o rival era justo o general do exército norte americano.

(...)

Já estávamos sobrevoando a área afetada pelo conflito. Só conseguíamos ver pontos de fumaça e ruínas de grandes prédios que estavam ali antes. Eu estava no jato das FE junto com a general Briggs e Nightwolf. Sonya foi com o marido no jato da Força Aérea Americana . Íamos nos juntar ao grupo de Fujin para tentar parar Sindel e Raiden.

Percebi que o avião da FA estava baixando a altitude uma pouco mais rápido que o normal, tirei o cinto e fui até Briggs:

— Você está vendo o mesmo que eu?

— Estou tentando contato, mas está com muito chiado. — ela respondeu ainda olhando para o jato caindo.

— Vamos tentar pousar próximo a eles — disse Nightwolf com certo desespero na voz.

O avião deles caiu, mas uma queda suavizada se é isso que posso dizer. Pousamos próximos a eles. Descemos do jato e fui à frente. Eu podia ouvir o choro desesperado de Sonya e Stryker gritando com ela.

— Desde quando você está com ele? Fala Sonya!

Engoli seco e lembrei-me do beijo que demos na varanda da minha casa. Como ele descobriu? Alguém conseguiu tirar foto? Filmou? Uma angústia invadiu o meu peito só de pensar no que ele poderia fazer com ela.

— Não tenho... nada com ele, Kurtis — eu podia ouvi-la entrecortando o choro.

Sem olhar para trás, fui a entrada do avião. Pude ouvir Jacqui sussurrar meu nome. Olhei para trás e ela disse:

— Tome cuidado.

Anui com a cabeça e prossegui o caminho. A madrugada estava fria e um vento gelado batia em meu rosto. Um arrepio se alastrou pelo meu corpo e fui tomado por um sentimento de pânico, que até então, eu nunca havia sentido. Entrei no jato e vi o piloto com a cabeça pendida para o painel de controle, todo ensanguentado. Toquei-lhe o pescoço, próximo a jugular e estava sem pulsação. Olhei para a esquerda e Stryker estava apontando a arma para mim.


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