Úrsula e Herculano - Flor do Sertão escrita por Lashippadora


Capítulo 9
O Rei e a Rainha




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/798797/chapter/9

 

 

Flor do Sertão

O tempo que eu vivo  parece cordel encantado, aquelas histórias que  agente escuta quando é menino, que o rei sempre fica mais a rainha e tudo acaba bem, então deve ser mermo verdade porque eu que sou Rei  e nunca fui mais feliz, vici? Até pensei que tanta felicidade nem existisse principalmente quando pensei que minha branca tava morta, mas graça ao Padim Ciço que ela tá é muito da viva e agora é a Rainha do Cangaço ao meu lado que é o lugar que minha Duquesa sempre vai ocupar. Só que eu falei foi cedo demais porque não imaginava que ela ainda me esconde um segredo, e esse segredo eu to prestes a descobrir. Mas por hora basta dizer que enquanto ignoro o que tá por acontecer no futuro eu passo meu presente amando tanto essa mulher que chega doi o coração. Aprecio voltar pra casa depois de pelejar pela mata, assaltando quem merece e pregando justiça com minhas prórpias mãos, sempre quando volto da lida ela tá lá me esperando pra mode me receber com aquele beijo que só a Dona tem.

— O  Capitão demorou! – Ela me diz e me abraça quando entro na tenda e tiro meu chapéu.

— A Duquesa sentiu minha falta?

— Sempre, meu amor.

— Pois não se aperrei não que seu Rei já tá de volta e trago boas notícias.

— É mesmo?? Me conta, o que foi que o Capitão descobriu?

— Oxente, descobri?? E tem alguma coisa pra mode eu ficar sabendo? – Noto que a Duquesa ficou nervosa e quis me engabelar como um cabra faz quando tá mentindo.

— Ah não, claro que não, Herculano. Eu só falei por falar, só isso! – ela passa as mãos pelos meus cabelos e esfrega o rosto na minha barba. – Qual é a boa notícia que você tem pra me contar?

— Jesuíno vai voltar, acabei de receber a carta dele. Meu filho vai vim simbora mais Açucena!

— Ah que notícia maravilhosa! – a voz  entrega a Duquesa, eu percebo que a volta de Jesuíno não foi muito apreciada.

— A Duquesa não gostou?

— Herculano acho que posso dizer que seu filho não vai muito com a minha cara, e quanto à princesa você tá cansado de saber que Aurora e eu nunca fomos grandes amigas.

— Agora é diferente porque a Duquesa é minha mulher e já provou que tá mudada!

— Seu amor me trasformou, Herculano, nunca se esqueça disso! – parece que a Duquesa tá se despedindo de mim, oxente eu não tô gostando de nada dissso, então faço minha Duquesa olhar bem dentro de minha pupila pra assuntar a verdade nos olhos dela.

— Tu tá falando isso pra mode que?

— A gente nunca sabe o dia de amanhã!

— Eu não tô gostando dessa prosa besta.

— Esquece  Herculano, esquece o que eu falei, você tá certo eu só estou insegura com a volta de Jesuíno e Aurora. – a Duquesa me beija pra abafar meus pensamentos só que eu não tiro as palavras dela da cabeça e decido dali pra frente reparar nela sem levantar suspeita. Então vou tomar meu banho e ela se senta no banco quando olho pra trás eu vejo a Duquesa preocupada espiando pra um só lugar. Eu queria tá dentro da cabeça dela pra ouvir o que tanto minha Duquesa fica matutando. Então o tempo passa e enquanto eu mais minha Duquesa a gente toca a vida pra frente,espero pela volta de Jesuíno agoniado, riscando com a ponta da faca os troncos das árvores pra mode o tempo passar mais ligeiro. 3 vezes por semana mando um cabra ou então eu mermo vou buscar a filha da Duquesa pra mode conviver com a mãe até o dia que ela for simbora mais o pai e leve junto a pessoa do Conde que nesses dias mandou me pedir permissão pra fazer outra visita. Naquela dia Lá na casa do prefeito Lady Cecília  fugiu do pai outra vez pra se encontrar com a mãe no acampamento, eu mermo fui buscar a menina em Brogodó, mas dessa vez não tive sorte pois não consegui escapar das vistas do Conde, o cabra aparece no meio da rua feito um fantasma e dar o flagra em nós dois. Oxente, e agora qual história eu ia inventar pra afastar a desconfiança do Conde?

— Capitão Herculano, não sabia que o senhor conhece a filha do General Baldini!

— A menina?? – Procuro inventar uma mentira mas já tô afobado por demais pel sol quente queimando a cabeça e torço pra não ser metralhado por uma tira de perguntas à respeito de meu envolvimento mais lady Cecília. – Achei que a criança tava perdida.

— Ele foi bonzinho!

— Acho que a senhorita precisa entrar em casa, me deixe a sós com o Capitão! – Oxente, eu ia voltar pro acampamento de mãos abanando? Nesse hora Lady Cecília fica triste mas obedece a ordem do Conde. – O Capitão tem recebido meus recados?

— De certo que sim, só não lhe respondi porque tive alguns problemas mas nada que lhe impeça de ir me visitar d enovo.

— Execelente, podemos ir agora mesmo, pois tenho toda a tarde disponível.

Nesse momento percebo que não tenho saida , mermo contrariado levo o homem pra meu acampamento, o problema é que a Duquesa não tá sabendo de nada e espera outro visitante e não aquele almofadinha com cara de quem comeu e não gostou. Então a gente chega em meu território e minha mãe é a primeira pessoa a vim cheirar nossa chegada, Dona Cândida se achega desconfiada que só e olha pro meu lado pra assuntar o querer do Conde, só que eu também não sei o porque de sua cisma comigo. Peço pra ele se sentar e lhe sirvo uma água fresca da jarra de barro e pergunto se a visita também aceita uma bebida mais quente pra molhar a garganta, ele diz que não e nesse momento percebo que ele olha feito quem tá caçando no mato, mas minha investigação vai ter que esperar porque a Duquesa aparece da tenda perguntando pela filha e o Conde fica assombrado pela visão dela.

— Úrsula!! – A Duquesa olha pra mim com cara de surpresa, mas isso não é nada comparado ao que eu ia descobrir mais pra frente, por hora eu só fico observando a reação daqueles dois. Então ele se levanta e se aproxima de minha mulher que tá parada feito estátua sem se mover pra canto nenhum, penso que tudo isso é muito estranho.

— Conde? Não esperava vê-lo no Brasil!

— Capitão Herculano é seu cúmplice, Duquesa?

— Oxe, o que o senhor quis dizer?

— Nada, Herculano. O conde também achava que eu estava morta.

— Meu filho, Belarmino tá lhe chamando, ele manda dizer que é da maior urgência. –Dona Cândida se mete naquela prosa que eu começo achar interessante, mas vou ver o que tanto Bel quer e deixo o Conde mais a Duquesa sozinhos porque minha mãe também vai cuidar na lida. Nesse momento antes de entrar na tenda de Belarmino eu olho pra trás e vejo a Duquesa movimentar a mão só que não dá pra entender o que ela quer dizer com aquele gesto, então decido espiar e me escondo atrás da lona.

— Você não deveria está aqui!

— A Duquesa sabe os motivos que me trouxeram ao Brasil. – Agora a conversa tá mais nervosa eu percebo que a Duquesa se aperreia com o que o Conde tá dizendo pois ela olha pra todos os lados do acampamento pra mode ver se alguma pessoa tá escutando aquela prosa, então escondo mais o meu corpo pra Duquesa não me ver mas continuo ali espiando tudo. – Ou a Duquesa já esquecer do nosso acordo?

— Claro que não esqueci.

— Perdão, mas finge que sim.

— Eu não posso largar tudo assim sem mais nem menos, não posso fazer isso com Herculano.

— Úrsula, minha cara, quando eu ia imaginar que seu pedido para voltar à esse fim de mundo era por causa desse cangaceiro?

    Vejo que a  Duquesa baixa a cabeça e colaca as mãos na cintura então nessa hora ela fala alguma coisa que eu não consigo entender mas enfurece o Conde, meu coração tá aperriado com a ideia de todo mundo tá certo, aquela diaba não muda é nunca, eu tenho medo de tá sendo engabelado, mas meu maior medo é passar o resto dos meus dias apartado daquela Dona.

— Você tem até amanhã para deixar esse lugar e honrar nosso acordo, senão Duquesa a gente sabe que um de nós vai se arrepender. – Nesse momento Belarmino me assusta pois aperece por trás e chama meu nome bem no pé do ouvido e meu corpo pula.

— Oxente meu Capitão, não carece se assustar não, sou eu Belarmino.

— É que tu tem essa mania de aparecer feito alma penada tirando a gente dos pensamentos.

— O Capitão tá ai pensando em que?

— Largue a mão de ser besta, Homem, e eu lá sou de ficar contando meus pensamentos pra tu?

— Impaciência Capitão! - Eu tô é curioso pra descobrir os segredinhos que a Duquesa tanto trocou mais aquele Conde, eu fico tão acabrunhado que nem presto atenção na prosa mais Bel, então quando volto pra perto do Conde a Duquesa sai sem me olhar na cara e entra na tenda, e parece afrontada, vici?? Viro o rosto e com o rabo do olho reparo por alguns instantes na reação de minha visita.

— Úrsula sempre foi uma mulher muito bonita.

— Por que o Conde tá me dizendo isso?

— É apenas um elogio Capitão, mas lhe dou um conselho, tenha cuidado com a Duquesa!

Nesse momento tem um sorriso na cara dele e um brilho do cão naquele olho avermelhado, eu não sei o que ele quer mais minha mulher só que eu vou descobrir, nem que eu tenha que arrancar de faca da boca da Duquesa, então sinto alívio quando o Conde me pede para ir simbora, mando Garnizé levar o nobre pra cidade, então quando a carroça sai eu vou atrás da Duquesa, eu entro com tudo e pego ela mexendo no bau.

— O Conde já voltou pra Brogodó. – Falo pra assuntar a reação dela mas a diaba não fala nada e fecha a tampa do bau, então eu insisto e vou mais além. – A Duquesa conhece bem a nobreza de Seráfia?

— Eu nasci em Seráfia, Herculano, sempre freguentei os melhores lugares, conheço a realeza como a palma de minha mão.

     Então nessa hora eu me aproximo e ela não faz nada apenas espera pra ver minha próxima reação, então eu passa minhas mãos nos braços dela e vou correndo os dedos até passar por cima dos ombros dela, nessa hora a diaba fecha os olhos só que eu não continuo fazendo carinho pois prendo o queixo dela com a firmeza de meus dedos e dou uma prensa nela, a Duquesa abre os olhos sem entender os tratos que lhe dou, então eu chego minha boca perto da sua pra lhe falar: - Se tu pensa que eu sou besta, eu não sou não, vici? Pois tu pode ser Duquesa e pode até conhecer a realeza de trás pra frente de frente pra trás, mas não se esqueça que aqui no sertão quem manda é o Rei do Cangaço, aqui a lei é a minha, tá certo?


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Úrsula e Herculano - Flor do Sertão" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.