Úrsula e Herculano - Flor do Sertão escrita por Lashippadora


Capítulo 7
A chegada do Zepelim




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Flor do Sertão

 ( Passou um mês )

 

Eu tô amolando minha faca quando de repente escuto novamente o ronco daquele bicho estranho que nem é balão nem avião e me lembro da última vez  que ele levantou  voo aqui no céu do sertão, nessa hora o bando corre pra fora, a Duquesa também veio ver o Zepelim passar, então eu desvio os olhos do bicho pra mode reparar no jeito dela e penso comigo mermo se a diaba sente saudade de tá lá em Seráfia no meio daquela gente almofadinha, e nesse devaneio besta ela também baixa a vista e percebe que eu tô lhe observando faz é tempo, então a diaba sorri pra mim só que eu viro a cara ligeiro e continuo meu serviço pra mode esconder que eu sabia da chegada do Conde mais General Baldini pois eu não quero afugentar minha prisioneira.  Chamo Bel e ordeno que ele grude o olho na cidade pra assuntar as visitas  pois antes de receber o Conde no acampamento preciso ter certeza das intenções dele e também do outro, ainda mais com a Duquesa viva  metida no meu bando,  eu não quero confusão  mas também não vou permitir que  ela saia do meu lado sob pretexto de fazer justiça dos crimes que a Dona cometeu, isso eu já sei e sempre soube, eu já tô é farto de saber mas na Duquesa ninguém toca pois eu não deixo, por isso mando Belarmino ir na frente pra não ser surpreendido.  

    Enquanto espero notícias decido trabalhar pra não pensar nesse assunto e me distraio no serviço, nessa hora a Duquesa sai da tenda e ronda por perto como se advinhasse meus pensamentos, eu procuro ignorar a presença dela e caminho pra mais longe. Oxente, será que minha Duquesa tá sabendo de alguma coisa??? Não digo nada e evito chegar perto dela até Bel voltar de Brogodó com as notícias e me inteirar das novidades, então mais pra noite ele volta e a gente entra em minha tenda pra conversar tranquilamente longe dos ouvidos da Duquesa.  Belarmino diz que viu o Conde mais o General se hospedarem na casa do prefeito e a menina também veio.

— A filha da Duquesa tava junto Capitão.

     Eu tô aperriado com essa visita pois ainda não sei o que fazer em relação a Duquesa, eu sempre achei que o amor de mãe é o maior mas a diaba não quer saber da criança. – O Capitão vai contar pra Duquesa??  -   Eu não quero contar mas também sei que mais cedo ou mais tarde ela vai descobrir porque o Conde tá cismando em conhecer meu bando . Aperriado eu coço minha barba e ando pelo tapete , Bel observa minha agitação e conta mais coisas que ele viu quando teve na cidade.  De repente eu penso nos motivos de Baldini ter carregado a filha de volta pro sertão e paro de zanzar pela tenda. Oxente, desconfio que Cecília pediu pra vim junto.

— O Capitão não pode esconder a Duquesa pra sempre, pelo que eu assuntei  o Conde quer passar mais de 3 meses no Brasil!

Mas que diabos esse Conde quer tanto se demorar?? Bel tá certo eu não posso esconder a Duquesa. Então me decido e procuro a diaba para contar o acontecido.

— Minha mãe a senhora me deixe a sós mais a Duquesa! – Entro e peço que Dona Cândida saia, ela vira o beiço mermo assim acata minha ordem.

— Você veio falar sobre o Zepelim, não foi??

— A Dona tá sabendo de alguma coisa? – A diaba bate o ombro e me diz que não sabe de nada mas desconfia que Rei Augusto voltou à Brogodó, só que eu não acredito na jura dela e me aproximo pra olhar bem dentro dos olhos da Duquesa mas ela anda pra trás e foge de mim, eu continuo e insisto: - Tá certo, se a Duquesa tá dizendo eu vou acreditar!

    Eu sei que a Duquesa tá tentando me engabelar, depois de tanto tempo a gente acaba pegando o jeito com esse tipo de mulher ardilosa.

— Se não é Augusto, quem é então? Petrus?? – Senti na voz dela um interesse no ex marido e não gosto. Oxente, pra  mode de que a Duquesa se lembrou do irmão do Rei??

— A Duquesa sente falta do marido é? – Ando pra mais perto dela e encaro a diaba.

— Herculano você tá com ciúmes de mim com Petrus? – O olho dela brilha ao mangar de meu aperreio e acha graça dessa besteira  então me zango e me afasto, vou pra longe pra perto da mesa , mas a Duquesa me abraça pelas costas e passa a mão macia no meu peito, eu fecho os olhos e me entrego como sempre faço quando sinto o cheiro dela.

— Petrus é um passado que eu quero deixar em Seráfia, de preferência bem longe, numa masmorra do castelo. – A diaba tem a fala mansa.

— Quem veio foi um Conde mais General Baldini!

— Baldini! – Ouço ela sussurrar o nome de seu amante então me viro de frente e agarro seus pulsos , percebo que se assusta mas não tem medo de mim.

— Se o General souber que tu tá viva vai querer levar a Duquesa. É isso que tu quer?

— Não, claro que não. Eu quero ficar aqui com você!

— É mentira sua! – Falo alto e empurro a diaba. – A Duquesa quer é viver na riqueza.

— Herculano porque você não consegue me perdoar? É tão dificil assim acreditar que eu te amo?

— Acredito que tu tem amor por mim.

— Então??? – Novamente ela encosta em mim e procura passar as mãos nos pelos de minha barba só que eu não deixo.

— Mas sei que a Duquesa prefere o luxo, vici?

Termino aquela prosa sem deixar ela me responder e saio afobado doido pra enfiar a cabeça no primeiro balde de água fria que tiver pela frente. Diacho de mulher pra acabar comigo!!!!

  No dia seguinte  logo cedo , Ciço chega da cidade e avisa que o Conde pediu pra passar o recado que espera um de meus cabras pra trazer ele mais o General pra meu acampamento, então envio Ciço de volta e peço que traga as visitas pois estou pronto.

— Tu vai se desfazer daquela branquela?

— Minha mãe a Duquesa é assunto meu!

— Meu filho tu ainda é doido por ela? Herculano quando é que tu vai se livrar dessa mulher? – Minha mãe tem gratidão pelo que a Duquesa fez mas não gosta de nosso envolvimento .

— A Duquesa fica e tá acabado.

— Eu sei que vou me arrepender mas se tu gosta mermo dessa branquela  assume logo de uma vez e para com esse seviço de menino que isso tá acabando com teu sossego, Herculano. - Não digo nada porque Dona Cândida tem razão.

   Depois de duas horas Ciço volta trazendo minhas visitas, fico esperando de pé na entrada do acampamento e avisto a carroça puxada pelos cavalos, olho para trás e a Duquesa tá espiando, ela tá com metade do corpo pra fora da tenda então eu aceno pra ela entrar e parar de olhar pra assunto meu. Quando a carroça para eu vejo um homem baixo descer , ele veste uma roupa preta e calça botas engraçadas, então vejo o General também descer, ele veste a roupa oficial pois ele recebeu o perdão real e continua no posto da guarda no reino de Seráfia, a menina não veio, sinto alegria por isso pois é melhor pra Duquesa.

— Conde esse é o Capitão Herculano. -  Minha impressão sobre aquele Conde não é boa pois reconheço um cabra ruim, mermo assim sou educado e convido pra tomar café.  Nessa hora peço que Severina traga o bolo de fubá que foi feito pra ocasião , então a gente se senta na sombra pra mode a prosa começar. Primeiro quero saber notícias de meu filho Jesuíno , fico sabendo que Açucena tá esperando um neto meu e essa notícia me alegra por demais, depois escuto as novidades sobre Rei Augusto e a Flor de Mandacarú que ele tem como esposa, Maria Cesária é a moça mais bondosa que nasceu no sertão, me alegra saber que todo mundo passa bem.  Então eu pergunto o motivo da visita e descubro que o Conde tá mentindo mas me calo pra assuntar na calada sem levantar suspeita, nesse momento o General me pede para  usar o banheiro.

    Enquanto General procura o banheiro ele entra na tenda de minha mãe e dá de cara com a Duquesa deitada numa das camas.- Úrsula?? – Ele pasma com a presença da Duquesa . – Então Herculano escondeu você aqui!! – A Duquesa se levanta pra se explicar mas ele fica muito aperriado.

— Herculano é inocente, ninguém sabia que eu não morri!

— Rei Augusto precisa saber disso, imediatamente.

— Não, por favor não faz isso! – A Duquesa agarra os ombros dele e implora pra não ser devolvida à Seráfia, ela chora mas p General tá frio.

— Cecília pensa que a mãe morreu. Pobrezinha da minha filha, achar que é órfã.

— Por favor, Baldini, eu quero ver Cecília, me deixa ver a minha filha.

— Sua filha?

— Eu imploro! – Então a diaba agarra os braços do General pra convencer que tá mudada, só que ele também não acredita pois a Dona já mentiu por demais nessa vida. – Por tudo o que  nós passamos juntos Baldini,  se lembra?

    A Duquesa tenta seduzir o General  pois ele é fraco e ainda gosta , ele se deixa enredar pelos caprichos de uma diaba e ofega perto dos lábios dela, sente o suor frio descer pela testa e fica vesgo de olhar aquela pele branquinha. Nessa hora dou pela demora do General e estranho , peço licença e saio para procurar o cabra. Primeiro bato na madeira do banheiro mas ninguém responde de lá de dentro então me lembro da Duquesa e corro bem rápido pra entrar na tenda. Lá a cena me desconcertou pois eu vi o General agarrado perto  da Duquesa, o sangue ferveu do ódio grande que eu senti , as mãos ficaram tudo dormentes e a boca secou foi ligeiro, e nessa afronta eu quis saber o que tava acontecendo.

— Capitão Herculano!!! – O cabra soltou a cintura daquela diaba e ela perdeu a cor do rosto, mas eu não tô pra enganação e exijo a verdade. Por fora a minha calma tá pra explodir porque por dentro a minha vontade é de quebrar aquela barraca inteira com os dois lá dentro.

— A gente tá conversando Herculano, é sobre Cecília! Ela é minha filha, você sabe.

— Úrsula quer se encontrar com Cecília! – Fecho minha cara e continuo sério, olho nos olhos da Duquesa pra ela saber que eu não acredito nunca mais nas suas engabelações.

— General a gente pode trocar dois dedos de prosa lá fora? – Chamo o cabra pra gente acertar as contas longe de todo mundo só que eu não vou brigar com ele porque esse desfeito eu não faço contra Rei Augusto. Então levo o enxerido pra uma parte do acampamento e a conversa começa com o tom pouco amigável.

— Capitão eu não tenho nada com a Úrsula, para mim foi uma surpresa vê-la porque todo mundo pensa que a Duquesa está morta.

Eu escuto com bastante atenção : - O General teve um caso mais a Duquesa!

— Sim, é verdade. No passado eu a amei muito, eu era louco por ela. – Ouvir essas declarações me deixa afrontado porque não sou homem de sentir ciúmes só que naquela hora eu não sei lidar com meus sentimentos.

—  Eu era tão apaixonado pela Úrsula que trai meu Rei. Ela me enfeitiçou do mesmo modo que enfeitiçou você também. Minha vida quase foi arruinada, por isso não vou permitir que Úrsula se aproxime da nossa filha.

— Basta eu não quero ouvir mais nada, a prosa  se acabou. Tá na hora do General mais o Conde voltarem pra Brogodó.

  Eu tô cansado de ouvir todo mundo meter o dedo na minha história mais a Duquesa, eu sei que aquela diaba não é flor que se cheire mas também sei que nenhum homem se deixa ser levado por uma Dona sem vontade própria, a Duquesa errou, tá certo, mas General também não é nenhum santo. Quando o Conde deixou meu acampamento eu fui ter mais a Duquesa pra uma conversa séria, dessa vez nada de truque pois eu só me contento com a verdade e é a verdade que vou arrancar da boca dela de uma vez por todas.

— Vá Duquesa, conte tudo, mas sem me engabelar, vici?

— Herculano eu quis beijar Baldini. – Oxente, eu escuto a confidência da Duquesa com o coração agitado, latejando dentro do peito de tanto ciúmes. - Eu quis fazer ele ceder pra me deixar ver a minha filha.

— Oxente, o que tu tá me dizendo?? – A sinceridade dela me deixou desmantelado. Nesse momento ela vem pra perto e chora com a cabeça encostada no meu ombro. Nunca vi a Duquesa chorar desse jeito, ela tá sem consolo então me parece que fala a verdade que eu fui atrás de saber, nesse momento eu não resisto e afago seus cabelos ruivos não tão penteados como antes, mermo assim se mantem viçoso e bonito.

— A Duquesa quer ver a filha? – Procuro falar mais tranquilo, então ela me olha com o rosto molhado de lágrimas.

— Preciso pedir perdão à Cecilia!

— Então a Duquesa vai ver a menina!

— Como?? Baldini não permite!

Nessa hora ponho a cabeça dela entre as palmas de minhas mãos e lhe faço uma jura: - Eu sou Capitão Herculano, se digo que a Dona vai ver a Filha é porque vai!

— Obrigado, Capitão! – A diaba me beija e eu já tô perdido mermo beijo ela de volta e a gente não se desgruda, sinto o ar quente de sua boca dentro da minha e o meu desejo explode pra fora feito arapuca armada pra pegar passarinho. Não deixo os lábios dela largar o meu e abraço seu corpo em seguida empurro com a força do meu para se encostar no tronco que costumo amarrar a diaba para não fugir. Dou um segundo para a gente respirar e devolvo minha boca pra pele dela só que dessa vez estou passando meus lábios pelo pescoço e vejo que seus pelos se arrepiam, então nessa hora ouço o pequeno gemido que ela deixa escapar e sinto sua mão puxar meu jibão e eu ajudo ela a fazer isso. Prendo os cachos de minha Duquesa nos dedos de minha mão e ela alisa minha barba, agora nosso ar tá bem mais ofegante e a gente tá quase variando de tanta paixão. - Diaba! – Sussurro quase sem voz  ao passar os lábios perto da orelha dela, em seguida faço a Duquesa se virar e começo a remover seu cinturão de cangaceira, então beijo a pele de suas costas.

— Meu  Capitão!  - Ela me chama dengosa então não aguento mais e puxo nossos corpos pra gente cair na cama de solteiro que quase não cabe nós dois,  eu fico sobre ela e lambuço com minha língua o meio de seus seios apertados por conta do espartilho. Eu sei que a gente não tem mais tempo , por isso a gente tira apenas as roupas que mais atrapalham, pois eu tenho pressa pra me perder dentro de minha Duquesa, estou eu sedento de amor.  Nesse momento derradeiro antes de me unir ao corpo dela, a Duquesa fecha os olhos e se entrega pra mode ser minha mulher outra vez, então eu entro nela devagar e vou me entregando também, depois disso minha Duquesa empurra meu corpo e se senta no meu colo e me abraça, a gente tá unido pela carne, pelo ódio e pelo amor, não quero parar, ela se entrega mais e me alucina ser dominado por ela até à exaustão então sinto o suor dela grudar no meu e não dá mais e a gente se satisfaz  e fica deitado no colchão de palha vendo a hora passar.  Com ela deitada no meu peito agarro no sono.


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