Levou anos para que Patrick Jane aprendesse a apreciar as pequenas coisas da vida, pois, estando boa parte de sua vida cercado por fama, dinheiro e toda sorte de futilidades que se possa imaginar, era improvável que conseguisse olhar para algo que não fosse um item de luxo com valor exorbitante ─ e que ele não pensaria duas vezes antes de comprar.  

No entanto, a vida tem os seus mistérios e, após toda sorte de provação, angústia e dor pelo qual passou nos últimos anos, viu-se amadurecer de uma forma que não imaginou ser capaz. Afinal, sequer enxergava-se como o homem fútil que era. Indo do luxo ao lixo, ainda que não fosse necessariamente pobre, aprendeu a viver com cada vez menos ─ e, em muitas ocasiões, entregou o próprio dinheiro em prol de pessoas que sequer conhecia. Não era sobre o dinheiro, não mais; era sobre quem ele era verdadeiramente, era sobre o homem que havia se tornado. 

Observar a natureza sempre foi um de seus passatempos preferidos. Sua casa luxuosa em Malibu, próxima à praia, era a prova disso. Ainda assim, apenas agora conseguia apreciar de fato o significado do que via ao seu redor. Mesmo havendo maldade no mundo, o céu azul acima dele ou a grama verde que fazia cócegas em seus pés descalços eram a prova de que havia muito, muito mais na vida além de perseguir psicopatas e prender bandidos. O vento que balançava a copa das árvores emitindo um canto único e sublime, assim como a brisa que tocava levemente o seu rosto faziam com que se sentisse leve como não sentia há muito tempo. 

E boa parte disso, não podia negar, era graças a uma certa agente durona que, com pulso firme e gentileza, roubou seu coração. Teresa Lisbon tinha o dom de tornar tudo ao seu redor mais bonito e significativo, por mais singelo que fosse. Seus olhos verdes como esmeralda brilhavam divertidos, seus cabelos balançando suavemente enquanto caminhava entre as árvores. Sua figura era sublime, quase etérea, como se Lisbon e a floresta fossem um só. Pássaros cantavam seu canto suave, conduzindo uma dança que a morena parecia conhecer todos os passos. Se Jane fosse dado a crendices, diria que não era humana, mas sim uma representação de tudo que havia de bom e gentil no mundo. Andando graciosamente, parecia dançar junto ao vento, em um compasso ritmado e que não parecia ter fim. 

Sentir ─ e não apenas observar ─ a natureza ao lado de Teresa fazia a vida ficar muito mais suave.