A Song of Kyber and Beskar escrita por Gabi Biggargio


Capítulo 16
Capítulo XV - Vinganças


Notas iniciais do capítulo

Olá, meus amoressssssss!

Eu só ia postar esse capítulo na semana que vem, mas ai eu acordei e recebi a notificação de UMA RECOMENDAÇÃO MARAVILHOSA DO AMAURI e eu não resisti. Arranjei um tempinho para terminar de escrever e postar ainda hoje!

Amauri, meu querido, esse capítulo é dedicado a você. Não é o mais longo, tampouco o melhor capítulo da fic, mas é dedicado a você porque eu não tenho palavras para agradecer a sua recomendação. Muito obrigada, do fundo do meu coração!



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O bar estava lotado. Lotado de clientes, lotado de garçons. Clientes falando alto, embriagados, e garços correndo de um lado para o outro, equilibrando os mais variados tipos de bebidas em suas bandejas, torcendo para que essas não caíssem no meio do caminho. Tudo isso abençoado pela música de uma banda que, em um dos cantos do bar, parecia não conseguir vencer o barulho das conversas, mesmo com seus auto-falantes. Apesar de terrivelmente caótico, um ambiente de muita alegria.

Mas havia uma pessoa que não compartilhava dessa alegria.

O homem estava sentado no balcão, curvado sobre ele. Um anônimo silencioso em meio a todo aquele caos e agitação. Mas sua cabeça não estava naquele bar. Estava em milhares de lugares ao mesmo tempo, mexida por centenas de sentimentos que ele mesmo não conseguia organizar. Raiva, frustração, decepção, fúria... E um desejo de vingança que ele mesmo não conseguia processar. Um sentimento de vingança que era alimentado a cada nova dose de bebida, como a lenha alimenta as chamas.

— Achei que te encontraria aqui, Yarsek – uma voz masculina chegou aos ouvidos do homem e ele sentiu um tapa nas costas.

Imediatamente, uma pessoa se sentou no banco ao seu lado e estendeu o dedo para o barman, que prontamente o atendeu. Enquanto o homem fazia o seu pedido, Yarsek olhou para o lado e reconheceu Pre Vizsla. Apenas quando o barman se afastou, foi que o governador de Concórdia se virou para encarar o bêbado deplorável ao seu lado.

Yarsek tinha o rosto avermelhado devido a quantidade absurda de bebida que já havia ingerido naquela noite. Ele transpirava e não parecia nada bem, com olheiras e um pouco mais emagrecido do que Vizsla se lembrava, após vários dias desde a sua demissão.

— Você está deprimente – foi o comentário que Vizla conseguiu soltar.

— Obrigado – Yarsek respondeu com escárnio.

— Mas eu imagino como você deve estar se sent...

— Por favor, pare – o ex-chefe da Guarda Real o interrompeu. – Você não precisa fazer isso. Nós não precisamos tornar tudo isso mais humilhante do que está sendo pra mim.

Nesse momento, o barman entregou uma dose de bebida para Vizsla. Os dois homens ficaram em silêncio por alguns instante, antes que o próprio Vizsla interviesse.

— O que você acha que eu estou fazendo? – ele perguntou.

— Você quer me consolar – Yarsek explicou. – Me deixar melhor. Eu agradeço, mas não é isso que eu quero. Agora, eu só quero me afogar em bebida até entrar em coma alcóolico e, com sorte, não precisar acordar amanhã. Me dá licença?

— Mas isso é exatamente o contrário do que eu vim fazer.

Apenas nesse momento foi que Vizsla conseguiu realmente conquistar a atenção de Yarsek. O homem virou a cabeça lentamente para olhar o seu companheiro, curioso.

— Continue.

— Eu vim aqui reconhecer o seu valor – Vizsla se aproximou de Yarsek, falando quase aos sussurros. – E você é tudo o que a nossa antiga e gloriosa Mandalore já foi. Sua demissão é muito mais do que uma ingratidão aos seus anos de serviço e à sua lealdade. Sua demissão tem um valor simbólico. Ela é o marco-zero da morte da nossa civilização. O começo do fim da glória que esse planeta um dia já teve. E eu não vou deixar a minha Mandalore ser morta e enterrada dessa forma.

Havia fúria no discurso de Vizsla. Havia um sentimento inflamado que Yarsek já vira algumas vezes. Em revoltosos, em revolucionários. Ele conhecia muito bem aquele tom. O tom de quem estava disposto a ir até as últimas consequências para conseguir o que queria.

— E o que você quer de mim? – ele perguntou, incapaz de acreditar no que ouvia, mas, por algum motivo, achando que era uma excelente idéia.

Afinal, o que ele tinha a perder? Toda a sua honra fora jogada no lixo por alguém que agia em nome da Duquesa. E, se a Duquesa de Mandalore não era capaz de reconhecer e admirar Yarsek por seus serviços, ela não os merecia. Mandalore não a merecia.

— Um rosto – Vizsla respondeu, sorrindo.

 

Um dia.

Foi o tempo necessário para que a fortaleza de Hoovar em Veruna fosse completamente invadida pelo Conselho Jedi e a sede da tão poderosa e temida Guilda de caçadores de recompensas fosse destruída. Ao final, quase não restava nada dela: o ataque fora certeiro e eficaz, conforme o próprio Hoovar havia previsto quando viu os Jedi fugindo com a Duquesa para o hiperespaço.

Com seu sabre de luz ativado em suas mãos, o mestre Mace Windu coordenava a movimentação dos prisioneiros. Acorrentados, dezenas de caçadores de recompensas prometiam informações em troca de redução de suas penas. Seria uma questão de tempo até que o próprio Hoovar fosse capturado. Toda a operação havia sido muito mais eficiente do que o próprio mestre Windu havia pensado que seria.

— Você foi certeiro em suas investigações, mestre Vos – ele comentou, caminhando pelo átrio de pedra em frente à fortaleza tomada e destruída.

— Fico grato pelo reconhecimento – foi a resposta de Quinlan Vos, muito mais formal do que ele geralmente era.

— Gostaria de um relatório sobre suas investigações – Windu continuou, caminhando por entre alguns prisioneiros acorrentados, com as mãos na cabeça enquanto estavam sob a ameaça dos sabres de luz de outros Jedi.

— É claro, mestre – Vos respondeu. – Fico feliz que meus contatos no submundo tenham sido úteis mais uma vez. Mas gostaria de informar a importância da participação da mestra Bilaba. Sem ela, toda essa operação poderia ter sido um fracasso.

— Fique tranquilo, ela também será reconhecida pelos seus feitos.

Sem mais uma palavra sequer, mestre Windu se afastou. Instantes depois, Aayla Secura estava ao lado de Quinlan. Os dois observando mestre Windu se afastar.

— O que contou ao Conselho, mestre?

— A verdade – Vos respondeu. Uma seriedade que apenas mostrava o como a sua resposta era, tecnicamente, uma mentira travestida e como toda essa situação o deixava desconfortável. – Eu fui convocado para investigar a Guilda enquanto Qui-Gon e o Padawan protegiam a Duquesa. Eu apenas manipulei alguns fatos quando contei a eles sobre como descobri a fortaleza de Hoovar em Veruna. Não iria contar a verdade sobre o sequestro de Qui-Gon, não é?

— Claro que não mestre – Aayla concordou. – Mas você não teme que tudo isso seja mencionado nos interrogatórios pelos prisioneiros.

Mordendo a unha de um dos dedos, nervoso como nunca esteve, Quinlan respondeu:

— Sim. E é exatamente por isso que todos os interrogatórios serão feitos por eu, você e mestra Bilaba. Vamos ter um bom trabalho nos próximos dias.

Imediatamente, o queixo de Aayla caiu.

— Mestre... o senhor está sugerido que... que mintamos nos nossos relatórios sobre os interrogatórios?

— Mentir? Nunca! – Quinlan respondeu, forçando uma risada mas sem conseguir esconder seus verdadeiros sentimentos de preocupação e ansiedade enquanto ainda roía as unhas. – Vamos omitir. Obi-Wan nos chamou quando precisou porque confiava em nós. E eu não sou o tipo de pessoa que desaponta os outros. Se depender de mim, o Conselho não vai saber nunca sobre o sequestro de Qui-Gon.

 

Talvez, o quarto de Bo-Katan Kryze jamais havia experenciado tanto silêncio como nos últimos dias. Um silêncio profundo e interminável, noite e dia. Muitos no palácio, à luz dos últimos ventos, acreditavam que a princesa havia caído em depressão: privada de sua armadura e sem o contato com aqueles que, nos últimos anos, foram os primeiros a acreditarem que ela muito mais do que a lady de Mandalore. Ursa havia sido banida do palácio e Yarsek, demitido. A única companhia que Bo-Katan ainda podia ter era Vizsla. O único que parecia entende-la. Mas mesmo ele estava ausente.

Mas não era uma depressão que caíra sobre Bo-Katan. Era a amargura. Uma amargura que lhe tirava as palavras e a vontade de fazer qualquer coisa. Uma amargura que, por vezes, era convertida em um desejo quase incontrolável de vingança. Só ela sabia como ela precisava se controlar para não invadir o cofre do palácio, roubar sua armadura e sair daquele lugar para nunca mais voltar.

E, no centro de toda essa amargura e dessa raiva, estava Zaar. Seu algoz. O homem que a condenara a uma eterna vida na corte, paparicando a nobreza mandaloriana e sendo a mulher que ela não nasceu para ser. A mulher que ela não era e jamais seria. Ali, em seu quarto, Zaar a fizera prisioneira em sua própria casa. Obviamente, ela tinha liberdade para sair. Mas não tinha vontade. Não quando todo o ambiente fora de seu quarto era uma constante lembrança da vida a que fora condenada.

Por vezes, ela sonhou que matava Zaar. Jamais teria coragem disso, é claro. Por mais que, naquele momento, ela o odiasse, a jovem reconhecia a importância dele para Mandalore, o que apenas a deixava com raiva de si mesma. Mas, nos sonhos, matá-lo era simples. O gatilho do blaster era muito mais leve do que aquele que utilizou em Botajef. Era tão mais fácil, tão mais rápido...

E, assim, imersa em seus desejos de vingança, Bo-Katan passou uma quantidade considerável de dias. Com raiva demais para conseguir organizar seus pensamentos e traçar um plano para seja lá o que surgisse em sua cabeça, mas crente de que precisava fazer alguma coisa. Crente de que não poderia ficar eternamente em uma posição de auto-piedade, lamentando-se de como a vida havia sido injusta com ela.

Em meio a tudo isso, sabe-se lá quantos dias após ter tido sua armadura roubada, ele ouviu.

Foi durante a noite. Bo-Katan acordou assustada com o barulho, ainda perdida entre o sono e a vigília, crente de que seu despertar havia acontecido por algum susto durante seus sonhos, mas do qual ela não conseguia se lembrar. O coração acelerado em um estado de alerta incomum.

Mas, então, já desperta, ela ouviu novamente.

Um som alto, forte e que fez o palácio de Sundari vibrar. E, simultaneamente, houve um clarão, uma luz alaranjada intensa que adentrou pela janela de seu quarto e, mesmo com as cortinas fechadas, conseguiu iluminar todo o ambiente, a ponto de, mesmo de madrugada, Bo-Katan conseguir identificar com clareza cada detalhe do lugar.

Assustada, ela se levantou da cama e avançou até a porta de vidro que separava o quarto de sua varanda pessoal. Ela abriu a porta de vidro no exato instante em que alguém abriu a porta do seu quarto. Ao longe, muito longe, o mais longe que a sua vista alcançava, ela viu fogo. Mas, apesar da distância, ela conseguia ouvir o grito das pessoas.

— Milady, precisamos ir a um local seguro – disse a voz de um dos soldados da Guarda Real, logo atrás dela.

Mas isso não fora um convite: no instante seguinte, antes que pudesse sequer processar o que estava acontecendo, o soldado a agarrou pelo braço e a puxou com força para fora do quarto. Inerte e tentando entender o que acabara de ver, Bo-Katan foi conduzida pelos corredores do palácio de Sundari, descendo escadas até chegar a um nível abaixo do solo, onde não mais haviam janelas.

Antes que conseguisse chegar a uma conclusão, Bo-Katan estava em uma sala. Muito parecida com a sala de reuniões do palácio. Mas, diferentemente dessa, as paredes eram feitas de uma grossa camada de beskar e concreto, tornando o local um cofre impenetrável. Mas não era um cofre. Era muito mais do que isso. Era um local para abrigar a família real e os políticos mais importantes de Mandalore em momento de crise e ameaça direta a integridade desses.

Era um bunker de segurança.

Zaar estava ali. Almec estava ali. Eldar estava ali. Vizsla estava ali. Todos rodeados por soldados da guarda real. E todos ao redor de um imenso holograma, eu projetava imagens de câmeras de segurança.

— O que está acontecendo? – Bo-Katan quis saber.

— Um ataque terrorista, milady – foi Almec quem respondeu, quando nem mesmo Zaar ou Vizsla retiraram seus olhos das imagens projetadas. – Próximo ao domo. Cinco mortos já foram registrados.

— Civis? – Bo-Katan perguntou horrorizada, ao que Almec fez que sim com a cabeça.

A princesa rodeou a mesa central, juntando-se aos homens para poder observar as imagens do melhor ângulo possível.

Era uma praça na periferia de Sundari. Mas estava destruída. Todos os canteiros de flor, todas as lajotas de pedra, a fonte em seu centro, tudo havia se transformado em uma imensa cratera que se estendia para os prédios mais próximos, resultando em uma pilha de entulho e chamas que dava ao lugar o aspecto de ter sido um campo de batalha.

Nesse instante, a imagem mudou, mostrando um segundo local com características muito semelhantes. Bo-Katan demorou alguns segundos para entender que uma segunda bomba havia explodido. Quase que imediatamente, diversos pontos de Sundari começaram a ser mostrados, todos igualmente destruídos. O queixo de Bo-Katan caiu quando ela percebeu que a cidade inteira estava em chamas. Cada grande localidade da capital havia sido destruída por uma bomba. Praças, avenidas, prédios, delegacias de polícia, hospitais...

Pouco a pouco, as imagens começavam a se modificar: invadindo os locais bombardeados, droides de combate atiravam contra as pessoas, civis que ainda estavam por lá. Uma a uma, essas pessoas caiam mortas. Era, realmente, um campo de batalha. Muito mais violento e mortal do que Bo-Katan havia visto em Botajef. Porque, em Botajef, seus adversários ainda tinham a chance de se defenderem. Mas não ali. Ali, o que se desenvolvia era um completo massacre.

Mas algo mudou.

Descendo do céu com suas jetpacks, pessoas trajando autênticas armaduras mandalorianas ofereceram resistência aos droides. Esses eram incapazes de perfurar o beskar, restando-lhe aguardar que um tiro os destroçassem completamente. Mas Bo-Katan logo reconheceu que nenhuma das armaduras continha o logo da polícia de Sundari. Nem mesmo eram membros da guarda real.

Quando, finalmente, o último droide caiu, um deles se adiantou para o centro de uma das praças destruídas. Onde ele sabia que teria visibilidade. E lá, ele retirou o capacete.

Bo-Katan soltou um pequeno guincho quando, imediatamente, reconheceu Yarsek.

“Mandalore”, ele começou. “Era certo que algo assim aconteceria mais cedo ou mais tarde! Momentos como o que vivemos foram os responsáveis por criar os maiores inimigos que Mandalore já teve. Sempre fomos temido e respeitado, mas, sempre que baixamos as armas, alguém acredita ter poder suficiente para nos subjulgar! Usurpadores e traidores! E, por mais que eu admire e respeite o progresso que momentos como esse podem nos trazer, é justamente assim que surgem líderes omissos. Quantos soldados a Duquesa enviou para salvar o seu povo hoje? Nenhum. Porque a Casa Real de Mandalore está mais preocupada em criar um mundo idílico e utópico do que proteger a sua população, mesmo quando é isso que é o mais necessário no momento. Por isso, em momentos como esse, apenas um líder forte pode proteger o seu povo. E, infelizmente, nossa amada Duquesa negligenciou esse dever quando resolveu fugir de Mandalore com dois Jedi para se proteger. E é por isso que eu lhes ofereço proteção. No que a Casa Real falhar, eu e meus soldados vamos triunfar. Nós somos o Olho da Morte!”

— Desligue isso – Bo-Katan ouviu a voz furiosa de Zaar. – Desligue agora!

Almec não ousou questionar.

 

Fracasso.

Era tudo o que Hoovar conseguia ver ao olhar para as ruínas do que um dia fora a sua fortaleza. A sede da sua Guilda. E, mais do que fracasso, ele via vergonha. A vergonha de ter acreditado que atrair o Padawan até ali era um bom plano. De pensar que ele seria ingênuo o suficiente para não pedir por ajuda. De achar que conseguiria capturá-lo e matar dois Jedi e a Duquesa em um movimento só.

Mas o ingênuo fora ele. Uma ingenuidade que havia perdido muito anos antes, quando ainda estava sendo iniciado naquele ramo. Quando a Guilda ainda era apenas um sonho. E, seguro demais de suas habilidades, ele fracassou. Um erro seu e o trabalho de toda uma vida foi destruído pelo Conselho Jedi. E, por isso, ele tinha raiva. Raiva de Qui-Gon, raiva de Obi-Wan, da Duquesa, de Maz e de toda a Ordem Jedi. Uma raiva tão grande quanto a sua vergonha.

Mas ele não fora o único a perceber que o culpado daquilo era ele. No caos do ataque, seus próprios funcionários se voltaram contra ele. Todos sabiam muito bem que havia um responsável pelos Jedi terem localizado a sede da Guilda e todos pretendiam entregar Hoovar em troca de redução de suas penas, que, claramente, seriam interminavelmente longa. Ele, um rei de caçadores de recompensas em toda a galáxia, líder de um exército incontável de mercenários, seria usado como moeda de troca.

A morte era um destino melhor.

Sozinho, Hoovar precisou sair da fortaleza, desviando-se de Jedi e de seus antigos seguidores (e matando alguns, claro, quando seu caminho era bloqueado em meio a todo o caos do ataque). Apenas Greef mantinha-se fiel a ele. Greef, a quem Hoovar pretendia confiar a liderança da Guilda em um futuro no qual ele já não estaria mais vivo. E a lealdado do adolescente se fez provar mais uma vez, quando ele foi o único a não lhe dar as costas nesse momento de maior necessidade. O único a não lhe apontar o dedo.

— O que pretende fazer agora, mestre? – Greef perguntou.

Caminhando pela praça em frente às ruínas da fortaleza (onde, poucas horas antes, ele assistira, de longe, os Jedi algemando seus antigos seguidores e colocando-os e naves), Hoovar pesou. Não havia muitas opções para ele. Sua carreira havia chegado ao fim. Ele jamais conseguiria recuperar o seu poder. Seu império havia desmoronado por culpa própria e não havia como voltar atrás.

Mas havia como vingar aquelas ruínas.

— Nós vamos continuar a caçar a Duquesa – disse Hoovar, sem se voltar para trás. – Mas não vamos entrega-la a Vizsla. Eu vou matá-la. Pessoalmente. E vou matar dois Jedi também. Guarde minhas palavras.

 

Havia uma certa nostalgia naquela despedida. De um lado, Qui-Gon, pronto para embarcar em sua nave, sem saber ao certo para onde estava indo. Do outro, Obi-Wan e Satine, rumando para Draboon mas sem fazer a menor idéia de onde ou quando encontrariam o mestre Jedi novamente.

— Cuide-se – pediu Qui-Gon com ternura, direcionando-se ao seu aprendiz da mesma forma que um pai se dirigiria ao seu filho.

— Pode ficar tranquilo, mestre – rebateu Satine, antes que Obi-Wan pudesse fazer qualquer menção a responder. – Eu vou manter ele em segurança.

—Sabe disso já me deixa bem mais aliviado – brincou o Jedi, em resposta.

Os três sorriram por um rápido instante. Mas foram sorrisos que morreram em seus rostos rapidamente. No fundo, todos estavam preocupados com o amanhã. Uma amanhã muito recente e imprevisível que se colocava diante deles.

— Que a Força esteja com você, mestre – Obi-Wan fez uma reverência, por fim.

Mas Qui-Gon não repetiu o gesto. Pelo contrário... Quando Obi-Wan voltou a assumir a posição ereta, Qui-Gon avançou e o abraçou. Na reta final de seu treinamento e com tantas dúvidas e inseguranças assolando o coração de seu sempre tão seguro e leal Padawan, doía imensamente o coração de Qui-Gon ter que deixá-lo a sós em uma missão tão importante e delicada. Mas era necessário, e os dois entendiam isso muito bem.

Por um instante, Obi-Wan se espantou com o gesto de Qui-Gon, mas, logo em seguida, retribuiu o abraço. Um gesto simples de afeição, mas que, para ele, era a prova de que todos os desentendimentos entre os dois, por piores que tenham sido, haviam ficado no passado.

Sem mais uma palavra, Qui-Gon desfez o abraço, avançado até a sua nova nave, entrando no apertado cockpit e fechando a comporta de vidro sob a sua cabeça. Do solo esverdeado de Naboo, Obi-Wan e Satine observaram, lado a lado, a nave de Qui-Gon ganhar os céus antes de, por fim, desaparecer em meios as nuvens.


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Notas finais do capítulo

Comentem, meus amores! Quero saber o que estão achando da história ♥

Beijinhos!



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