A Pedra Filosofal - Por Rony W.e Hermione G. escrita por overexposedxx, Popione


Capítulo 1
Capítulo 1 - Carta


Notas iniciais do capítulo

oioi, potterheads! sejam muito bem-vindos à essa nova fanfic - particularmente, a primeira de Harry Potter que posto aqui.

Espero que gostem muito, eu e a @Popione fizemos com muito carinho e foi uma ideia genial dela, então nos deixem saber se gostarem! Boa leitura!



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Mais uma manhã do verão londrino amanhecera perfeitamente ensolarada e normal em Hampstead Garden, onde os Granger moravam há anos. Hermione, a filha única de onze anos do casal de dentistas, cabelos cacheados, olhos castanhos e uma inteligência formidável desde muito cedo, acordara tranquilamente em mais um dia de suas férias escolares e, como de costume, se apressou em arrumar a cama e abrir as cortinas antes de descer para o café da manhã.

 

O cheiro de panquecas chegou até a menina assim que ela abrira a porta do quarto, junto ao ar quente de veraneio, o que a fez antecipar a ideia da presença da mãe no andar de baixo. Não era exatamente difícil para ela saber quem estava pela casa e imaginar o que estavam fazendo, já que sua mãe quem gostava de cozinhar e se aventurar no jardim, enquanto o pai estava quase sempre na sala, lendo o jornal ou assistindo à televisão, quando não estavam - ambos ou um dos dois - no consultório. 

 

O Sr. e a Sra. Granger atuavam no mesmo consultório, não muito longe do bairro onde moravam, geralmente também no mesmo horário - assim podiam levar e buscar a filha na escola onde estudava, em algum lugar próximo dali - e tinham os fins de semana de folga. Além disso, eles também alternavam os horários nos dias da semana das férias de Hermione - assim, embora tivessem certeza de que era obediente e esperta o bastante para não fazer nenhum estrago e se virar sozinha, a menina não ficava sozinha na casa -, então ela quase sempre tinha uma companhia para adivinhar. 

 

Depois de descer as escadas, Hermione mal se deteve no batente da cozinha e adentrou o cômodo com um sorriso leve, esfregando os olhos. Seus cabelos cheios e cacheados ainda estavam bagunçados pela noite de sono e ela ainda vestia o pijama lilás com estampa infantil, quando sua mãe se virou só o suficiente para vê-la entrar, e continuou em frente ao fogão ocupando-se com as panquecas na frigideira. 

 

—Bom dia, mamãe. - a menina disse, se aproximando o bastante e erguendo-se nas pontas dos pés para beijar a bochecha da adulta.

 

—Bom dia, querida! - ela respondeu, se virando um instante depois para a mesa, onde colocou um prato de panquecas servido para a filha, que completou com um copo de suco depois, e anunciou - Essas acabaram de sair. Dormiu bem? 

 

—Sim, mamãe! Muito bem. 

 

A garota assentiu enquanto puxava a cadeira e se sentou no lugar de sempre, de onde se esticou para pegar o frasco de mel no centro da mesa, despejando sobre as panquecas servidas antes de devorá-las. Hermione não costumava ser esfomeada, mas as panquecas da Sra. Granger eram resistíveis a poucas pessoas - ainda menos para a própria filha.

 

A Sra. Granger era excelente na cozinha, embora essa não fosse a coisa que mais gostava de fazer - no que o exercício da profissão e os momentos com a família caminhavam juntos em primeiro lugar. Ela era reservada e, como podia-se presumir pela filha, muitíssimo inteligente e dedicada às tarefas - ou passatempos - que preenchiam sua rotina - como a jardinagem, crochê ou a culinária. 

 

—Papai foi para o consultório? - ela perguntou depois da primeira garfada, estranhando por não tê-lo visto por ali ou ouvido a televisão ligada na sala. A mãe puxou uma cadeira para sentar-se também, servida de chá quente.

 

—Sim, querida. Um dos pacientes teve uma emergência e ele precisou ir até lá. 

 

—Ah, certo. - e assentiu, continuando a comer. 

 

As duas conversaram um pouco mais enquanto a mais nova tomava seu café da manhã, sobre nada em particular, até que Hermione terminara. Quando o fez, lavou sua própria louça - como gostava de fazer para não perder o costume e, é claro, deixar tudo em ordem - e avisou a mãe de que subiria para trocar de roupas. 

 

A garota havia planejado suas férias com antecedência tanto quanto podia, e nisso havia incluído um fim de semana para arrumar seu quarto. Não que o lugar fosse realmente bagunçado - já que para uma criança de onze anos a arrumação que ela promovia era mais eficaz e mantida por mais tempo do que a de seus próprios pais -, mas a considerável quantidade de livros que havia ali, segundo ela, precisava ser organizada há algum tempo. Estavam fora de categoria e, além disso, ela sempre lembrava que precisava abrir espaço para os que viriam no próximo ano letivo. 

 

Pouco depois que havia trocado o pijama por roupas casuais e começado a arrumação, no entanto, ela ouvira a campainha tocar no andar de baixo. Aquilo era realmente estranho: eles nunca recebiam visitas e seu pai tinha as chaves de casa. Será possível que ele a havia esquecido de novo? 

 

—Deixa que eu abro, mamãe! - a menina falou alto para que a outra escutasse, avançando pelas escadas e parando brevemente para espiar pela janela lateral da porta - Quem é? 

 

O que ela pudera ver lhe pareceu ainda mais estranho: uma figura alta, aparentemente de cabelos brancos muito longos e vestes de uma cor forte e peculiar, estava parada em frente à porta de entrada com as mãos cruzadas em frente ao corpo. 

 

—Sou Alvo Dumbledore. - respondeu sua voz serena, mas potente, do outro lado - Vim falar com a Senhorita Granger, por gentileza. 

 

A menina hesitou antes de abrir a porta, mas o fez quase na mesma hora, com um ar de curiosidade maior do que o de estranheza.

 

Um homem alto, de óculos meia-lua sobre um nariz comprido e torto, cabelos esvoaçantes, barba e bigode cor de prata estava parado bem à sua frente. Ele vestia um traje comprido cor de púrpura com estrelas salpicando-o em prata, que (estranhamente) pareciam se mover.

 

—”Senhorita” Granger? Não seria “Senhora” Granger? - Hermione perguntou, certa de que ele se confundira. Como aquele senhor poderia estar ali para falar com ela

 

—Não, querida, creio que não me enganei dessa vez. É com a Senhorita mesmo. - ele sorriu levemente e estendeu a mão para ela num cumprimento, que aceitou sem tirar os olhos dele - É um prazer finalmente conhecê-la. Mas, tem razão, precisarei falar com seus pais também. A mamãe está? - e espiou discretamente por detrás da menina, que assentiu na mesma hora.

 

—Está, sim, senhor. - afirmou, dando espaço para que ele passasse, sem tirar os olhos de sua figura curiosa - Fique à vontade, por favor. Vou chamá-la. 

 

O homem chamado Dumbledore assentiu, ainda com aquele pequeno sorriso no rosto, e acomodou-se num sofá da sala de estar enquanto a garota corria para chamar a mãe. 

 

—Mamãe, mamãe! - chamou, entrando correndo na cozinha. Sra. Granger a olhou na mesma hora, com os olhos de susto pelo tom da menina - Tem um senhor vestido estranho na sala, que quer falar comigo na presença da senhora! 

 

—Na sala? Você o deixou entrar sem conhecê-lo, Hermione? - ela retrucou com repreensão, mas se apressando a secar as mãos no pano de prato e largá-lo de volta na cadeira.

 

—Desculpe, mamãe, mas senti que não havia perigo nenhum. Ele pareceu muito simpático, você vai ver. - garantiu ela, e arrastou a mais velha pela mão até a sala, com ansiedade.

 

Quando chegaram na sala, o senhor de óculos meia-lua estava folheando uma das revistas de crochê da Sra. Granger, antes dispostas na mesa de centro, com suave interesse e os óculos na ponta do nariz. Não demorou para que notasse a presença das anfitriãs e levantou-se com calma na mesma hora, dispensando a revista de volta aonde estava antes de estender a mão para a mulher.

 

—Sra. Granger, muito prazer. Professor Alvo Dumbledore. 

 

Hermione esforçou-se para disfarçar o fluxo de pensamentos em sua cabeça, franzindo o cenho com interesse e confusão ao mesmo tempo. Professor? E que tipo de professor tinha uma aparência excepcional como aquela?

 

—Diretor da Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts. - ele completou, voltando a juntar as mãos em frente ao corpo.

 

—Magia e Bruxaria? - Sra. Granger perguntou exatamente o que se passava pela cabeça da filha, e aceitou o cumprimento com um ar desconfiado, de um quê amedrontado também. 

 

—Ah, sim. Vamos nos sentar para que eu possa explicar melhor. - ele mesmo sugeriu e virou-se para Hermione, ao seu lado em frente a outro sofá, num sussurro - Porque, convenhamos, um senhor da minha idade não deve se dar ao luxo de ficar de pé por tempo demais. 

 

A garota de olhos castanhos sorriu para ele, achando graça em meio à curiosidade, e todos se sentaram enquanto Sra. Granger educadamente se desculpava pelo esquecimento e fazia o mesmo, se acomodando ao lado da filha. Para Hermione, Dumbledore estava parecendo realmente simpático e ela até podia dizer que estava gostando dele, mas certamente a palavra que o descrevia melhor era “peculiar”.

 

Antes que ele pudesse começar a dizer, no entanto, ouviu-se a porta do carro batendo do lado de fora e o molho de chaves retinindo na porta, quando Sr. Granger apareceu na soleira sob os olhares atentos de todos - e de expectativa da filha, que estava muito ansiosa, embora sem muita certeza do por quê, para aquela conversa começar de fato. 

 

—Bom dia..? - o homem franziu o cenho com confusão, e não moveu mais do que os olhos enquanto tentava entender qual era a ocasião estranha na sala de estar.

 

—Bom dia, Sr. Granger. Que bom que pôde juntar-se a nós a tempo. - Dumbledore se levantou novamente, adiantando-se calmamente até o pai de Hermione, para o qual estendeu a mão direita - Estava começando agora mesmo a explicar o motivo de minha visita. Muito prazer, Professor Alvo Dumbledore.

 

O Sr. Granger era reservado e inteligente, assim como sua esposa, exceto pelos momentos em família e sobretudo com a filha em particular, quando se dedicava às brincadeiras dela com gosto e, quando era ainda menor, a ensinava coisas novas com criatividade e disposição singulares. Ele também estava sempre antenado às notícias - porque ficava na companhia do jornal e do noticiário na televisão -, mas Hermione tinha certeza de que aquilo não era o tipo de coisa para a qual ele estivera preparado. 

 

—O prazer é meu. - ele respondeu com certa estranheza, mas cumprimentou-o mesmo assim e sentou-se ao lado da esposa, afagando a cabeça da filha por detrás de suas costas, como um cumprimento silencioso. 

 

—Muito bem. - Dumbledore acenou com a cabeça, sentando-se novamente - Agora que estamos todos aqui reunidos, como estava dizendo, sou Diretor da Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts, e estou aqui para convidar, com grande satisfação, - ele lançou um olhar por cima dos óculos para Hermione - a Senhorita Granger para ocupar sua vaga em nossa escola. 

 

E sorriu, entrelaçando as mãos sobre as pernas, encarando-os um a um. O Sr. e a Sra. Granger se entreolharam e a filha olhou-os com olhos arregalados e ansiosos, indo e vindo de um para o outro. Hermione não sabia exatamente o que aconteceria agora e, na verdade, ainda estava processando o pouco que havia sido dito pelo homem de barba branca e comprida na poltrona ao lado. Sua cabeça começava a reviver alguns acontecimentos que certamente tinham a ver com o que ele estava sugerindo, mas não era como se de repente tudo pudesse vir à tona e ser decretado como uma grande e aceitável verdade. Hermione não gostava de tomar decisões impulsivas, e embora aquele senhor parecesse realmente confiável, era de sua educação futura que estavam falando.

 

—Magia e Bruxaria? - Sr. Granger pareceu ainda mais incrédulo que sua esposa, se ajeitando no assento com inquietude. Dumbledore se empertigou um pouco no sofá oposto e falou com muita serenidade.

 

—Ah, sim, perdoem-me.Temo que a idade esteja me deixando um pouco indelicado. - ele dissera como se fosse óbvio, empurrando os óculos na ponte do nariz. 

 

—Os senhores já devem ter notado que a filha de vocês não é uma criança comum. - o homem lançou um olhar sereno à garotinha outra vez, como se aquilo fosse algo realmente bom, e evidente também - Provavelmente alguns incidentes ou ocasiões peculiares já ocorreram ao redor dela, sobretudo em circunstâncias de perigo ou sentimentos extremos.

 

Hermione, por sua vez, piscou algumas vezes com os olhos na figura de Dumbledore enquanto assimilava o que ele acabara de dizer. Seus pais, por outro lado, assentiram prontamente, entreolhando-se com entendimento. Houve silêncio por alguns instantes e a menina tivera a impressão de que eles estavam se recordando da mesma coisa que sua memória trazia agora.

 

Quando Hermione tinha cerca de seis anos de idade, seu pai a estava ensinando a andar de bicicleta na rua em frente à casa em que moravam ainda hoje. Estava sendo uma tarde realmente divertida de outono, e depois de algumas tentativas ele a deixara livre para pedalar sozinha uma vez - o que funcionara por alguns metros, até que a menina perdera o controle do guidão e atingiu a guia da calçada. Hermione se lembrava de estar tão feliz que não pensava em qualquer outra coisa até aquele instante e, antes que ele pudesse alcançá-la, ela estava sendo lançada da bicicleta, e noutro instante pousando com os pés no chão, intacta e perfeitamente, como se tivesse flutuado enquanto a bicicleta caía para o outro lado. 

 

Havia sido realmente curioso e, entre outras circunstâncias mais discretas, até hoje nenhum dos três havia conseguido explicar o que acontecera em qualquer uma delas.

 

—Perfeito. Vejo que se lembraram de algum momento semelhante ao que estou dizendo. - Dumbledore sorriu satisfeito, chamando as atenções de todos de volta. 

 

Num instante em que a garota o encarou, as coisas pareceram convergir em sua cabeça e tudo fez sentido. Se ela estivesse certa, dissera a si mesma, isso realmente só podia significar uma coisa.

 

—Bem, independente do momento, que tenho certeza que foi de um testemunho singular e memorável, explica precisamente o motivo de minha presença. A Srta. Granger é uma bruxa, e por isso tem uma vaga garantida em nossa escola. 

 

Então, era isso! Todas as vezes em que algo estranho acontecera na escola depois que as crianças haviam zombado dela por ser “sabichona”, ou quando fizera as flores rodopiarem na palma de sua mão durante o recreio - que passava sozinha - e as crianças que a haviam visto apontaram e a chamaram de estranha pelo resto do ano, ela não era “estranha”! Ela era uma bruxa, haviam outros como ela! Dumbledore mesmo, ali em sua frente, seguramente era um - e estava dizendo que havia um lugar especial para que estudasse e desenvolvesse sua magia! 

 

—Uma bruxa? Como nas histórias infantis? - ela perguntou, ansiosa e em dúvida. 

 

—Ah, temo que não exatamente, Srta. Granger. Acredito que aquelas tenham sido bastante exageradas, na realidade. - ele acrescentou, e emendou arqueando as sobrancelhas - Mas, antes que continuemos, acho que merecemos um pouco de chá. 

 

Com um segundo de hesitação, Sra. Granger se levantou para ir à cozinha, mas foi interrompida pelo homem no mesmo momento. 

 

—Não se incomode, Sra.Granger. Eu mesmo servirei a todos nós, se me permite. 

 

A mãe de Hermione voltou a se sentar e, num instante, Alvo Dumbledore empunhou das vestes o que a menina viu ser um pedaço de madeira acinzentada, fino e comprido, com nós em seu comprimento, e com que acenou no ar. Ouviu-se um tilintar vindo pelo corredor e, com uma enorme surpresa, o bule e as xícaras de chá flutuaram sala adentro, pousando na mesa de centro e, já servidos, flutuaram de novo até cada um dos Granger.

 

—Saúde. - ele ergueu a xícara e provou a bebida antes de sentar-se - Está realmente uma delícia, Sra. Granger. - e elogiou, estalando a língua - Prosseguindo, é preciso que entendam, sobretudo agora que sua filha fará parte disso, que existe um mundo inteiro bruxo paralelo ao de vocês, com basicamente a mesma estrutura. O que muda, naturalmente, são as leis e condições distintas às que estão acostumados aqui, de acordo com as capacidades que nossos bruxos desenvolvem desde a infância, quando ingressam em Hogwarts. 

 

Hermione estava muito atenta às palavras de Dumbledore, e seus pais ainda mais. Ele parecia tão certo do que falava, que a menina achou que quase não restava espaço para a dúvida - embora, até aquele momento, o assunto sugerisse o contrário. Ela vira Sr. e Sra. Granger quase imóveis quando olhara-os de relance, assentindo devagar àquilo que era completamente novo. 

 

—O modelo de nosso ano letivo e funcionamento se assemelha ao de um colégio interno no mundo de vocês. Nossos alunos ingressam no dia 1º de Setembro, retornando nos feriados, quando for de sua vontade, e obrigatoriamente nas férias de verão, quando o ano letivo termina. 

 

—Certo, mas quanto isso vai custar? - Sr. Granger interrompeu-o preocupado, olhando da esposa de volta para o homem de vestes púrpura.

 

—Creio que isso não será uma preocupação, Sr. Granger. O custo do ensinamento é apenas o do material escolar. As acomodações, refeições, aulas e atividades da escola são inteiramente sem custo. 

 

Hermione segurou um suspiro de empolgação, e se viu surpresa outra vez. Tudo à respeito daquilo parecia surreal: sua cabeça extremamente lógica estava completamente cheia de informações novas e desiguais à linha de critérios que costumava estabelecer, tentando se encaixar aqui e ali com as perguntas que não paravam de surgir. Passar o ano inteiro na escola - e uma escola de bruxaria! - sem pagar por isso? Além do mais, naturalmente, se era uma Escola de Magia e Bruxaria, o material escolar não poderia ser o mesmo a que ela estava habituada. Quem sabe precisasse de uma varinha, afinal, para fazer magia - como Sr. Dumbledore acabara de fazer com o chá! 

 

—E onde encontramos esse material, Sr. Dumbledore? - a menina perguntou, com interesse.

 

—É claro, essa é uma questão muito perspicaz, Srta. Granger. - ele assentiu com gosto e retirou de um dos bolsos das vestes um envelope, que entregou a ela em seguida. Havia um selo de cera vermelho com um “H” cursivo ao meio. Enquanto Hermione o abria, ele continuou, olhando para seus pais.

 

—Tudo o que vocês verão nessa lista poderá ser encontrado no centro de Londres, num local chamado Beco Diagonal, que pode ser acessado por um curioso e mínimo bar chamado “O Caldeirão Furado”, o qual provavelmente apenas a Srta.Granger será capaz de identificar, devido ao seu caráter bruxo. Está anexado juntamente à lista de material escolar o endereço do local, com instruções precisas para que o encontrem e contatem o funcionário que irá acompanhá-los. 

 

—E tudo isso se compra com libras? - a mãe perguntou, erguendo os olhos da lista que estava em suas mãos. 

 

—Ah, é claro, essa parte. - ele abanou as mãos no ar, parecendo se lembrar - Dentro deste mesmo local, o Beco Diagonal, há um banco bruxo, o Gringotes, onde podem cambiar suas libras pela moeda do nosso mundo. E então sim, com elas poderão comprar tudo o que for necessário para o ano letivo da Srta. Granger. 

 

Hermione olhava o papel informativo com grande interesse, enquanto os pais se entreolhavam, agora mais compreensivamente, e trocavam a lista de material entre si para dar mais atenção aos tantos itens que não conheciam. 

 

ESCOLA DE MAGIA E BRUXARIA DE HOGWARTS 

Uniforme 

Os estudantes do primeiro ano precisam de: 

 

Três conjuntos de vestes comuns de trabalho (pretas) 

Um chapéu pontudo simples (preto) para uso diário 

Um par de luvas protetoras (couro de dragão ou similar) 

Uma capa de inverno (preta com fechos prateados) 

 

As roupas do aluno devem ter etiquetas com seu nome. 

 

Livros 

Os alunos devem comprar um exemplar de cada um dos seguintes: 

Livro padrão de feitiços (1 a série) de Miranda Goshawk 

História da magia de Batilda Bagshot 

Teoria da magia de Adalberto Waffling 

Guia de transfiguração para iniciantes de Emerico Switch 

Mil ervas e fungos mágicos de Fílida Spore 

Bebidas e poções mágicas de Arsênio Jigger 

Animais fantásticos & onde habitam de Newt Scamander 

As forças das trevas: Um guia de autoproteção de Quintino Trimble. 

 

Outros Equipamentos 

1 varinha mágica 

1 caldeirão (estanho, tamanho padrão 2) 

1 conjunto de frascos 

1 telescópio 

1 balança de latão 

Os alunos podem ainda trazer uma coruja OU um gato OU um sapo.

 

LEMBRAMOS AOS PAIS QUE OS ALUNOS DO PRIMEIRO ANO NÃO PODEM USAR VASSOURAS PESSOAIS. 

 

—Tenho certeza que os senhores têm muito mais perguntas do que pude responder - Dumbledore voltou a falar, olhando atentamente para os pais da menina e depois para ela -, mas creio que isso seja o essencial por agora, e o restante será esclarecido aos poucos. Além do mais, acredito que concordaremos que vocês têm uma garotinha esperta o bastante para dar conta dessa jornada. 

 

E então ele se levantou fitando Hermione com um sorriso, no que ela corou e seus pais, pela primeira vez, sorriram de volta. Não demorou para que todos estivessem de pé, cumprimentando o homem em despedida e acompanhando-o até a porta, onde ele despediu-se da menina por último, dizendo:

 

—Espero encontrá-la outra vez em breve, Srta.Granger. Sinto que Hogwarts terá muito a ganhar com a sua presença. 

 

Depois ele acrescentara uma piscadela e, antes que Hermione alongasse o sorriso, acompanhando-o com os olhos dali da porta ao lado dos pais, Dumbledore desapareceu num giro. 

(...)

Enquanto isso, nos arredores de Ottery St. Catchpole, numa casa de seis andares um tanto quanto peculiar apelidada de “A Toca”, Ronald Weasley, o mais novo de cinco irmãos, estava perfeitamente adormecido em seu quarto escuro num dos andares mais altos da casa, alheio ao Sol que fazia lá fora ou à arruaça na cozinha da família. 

 

Era mais um dia de julho e, sendo parte de uma das famílias mais tradicionais do mundo bruxo, Rony - como era chamado pela maioria das pessoas, incluindo sua família - vinha sendo educado em casa por sua mãe, Molly, assim como o restante de seus irmãos naquela idade, mas naquele verão as coisas deveriam estar em vias de mudar: já tendo manifestado magia antes, o garoto estava esperando por sua carta de Hogwarts - a Escola de Magia e Bruxaria em que todos os bruxos da Grã-Bretanha estudavam desde os onze anos, após receber uma carta que deveria chegar àquela altura.

 

Rony vinha estando animado, mas também honestamente ansioso - num sentido de que não gostava nem um pouco. A verdade era que todos os seus irmãos lhe pareciam tão bem afortunados com suas jornadas em Hogwarts - e em como pareciam para os outros, em geral - que ele sempre se sentira um tanto quanto acuado e, de alguma forma, pressionado para aquela etapa de sua vida. Principalmente para o fato de entrar para a Grifinória - uma das quatro casas de Hogwarts em que os alunos dividiam-se de acordo com suas características mais marcantes. 

 

Seus pais, Molly e Arthur, bem como seus irmãos, Gui, Carlinhos, Percy, Fred e Jorge - que eram gêmeos - já haviam ingressado em Hogwarts e faziam parte da Grifinória: agora só restavam ele e Gina, a mais nova de todos eles, que entraria apenas no ano que vem. E Gina, bem, ela sempre fora muito corajosa, ousada e realmente determinada - até mesmo contra os gêmeos, que eram com certeza os mais audaciosos dentre todos eles -, então não tinha motivos para se preocupar em entrar para qualquer outra casa, já que aquelas eram exatamente as características de um legítimo grifinório. 

 

Já ele, Rony, não tinha muito para oferecer. Só era realmente bom em xadrez bruxo, mas não se achava inteligente nem divertido, e muito menos corajoso como qualquer um dos irmãos, então de que poderia servir para a Grifinória? Nunca entraria na Corvinal, a casa dos inteligentes, e não queria nem ouvir falar na Sonserina - a casa dos ambiciosos, mas também a que mais fora lar para bruxos das trevas na história de Hogwarts. Talvez sobrasse para a Lufa-Lufa, com o lema da lealdade, trabalho duro e sabe-se lá mais o que, mas que graça havia lá? Nunca ouvira falar de ninguém interessante ou legal por lá, e de toda forma, não queria ser o ponto fora da curva numa família cheia de orgulho grifinório. 

 

De todo jeito, ele preferia aproveitar para dormir enquanto podia: seus irmãos viviam dizendo que Hogwarts era incrível, mas de maneira alguma fácil. Havia muito o que fazer, e embora ele tivesse certeza de que nunca seria monitor, como Gui ou Percy, não duvidava de que em algum ponto fosse realmente ficar lotado de atividades e desejar poder dormir sem horários exigentes, como fazia agora - ou, ao menos, até o momento em que Gina Weasley entrara no quarto feito um pequeno trasgo desequilibrado. 

 

—Rony! Rony, acorda! - ela chacoalhou os ombros do irmão, ajoelhada em suas cobertas, e seus olhos castanhos arregalados com ânimo.

 

—Por Merlin, já acordei, já acordei! - o garoto reclamou, esfregando os olhos muito azuis que começava a abrir, enquanto tentava se levantar, fazendo a irmã sair de cima de suas pernas - Se forem Fred e Jorge de novo, diga que vou contar à mamãe que estão tentando enfeitiçar as galinhas. 

 

—Ora, Rony, venha logo, você precisa vir! Não são eles! - ela insistiu, saltitando ao lado da cama e tentando puxá-lo pela mão - Sua carta chegou, Ron! Sua carta de Hogwarts! 

 

Rony congelou no lugar por um segundo, os olhos arregalados e a mão imóvel sendo puxada pela irmã menor, enquanto sua cabeça recém-desperta processava aquela informação. Sua carta de Hogwarts havia finalmente chegado! Se Gina não estivesse brincando - pelo que ele não a perdoaria tão cedo - ele estaria a poucos passos de ingressar na escola de que ouvia falar desde que era menor do que a irmã - a tão sonhada Hogwarts! Era estranho porque é claro que ele sabia que era um bruxo, e por isso iria para lá de qualquer maneira, mas havia uma parte sua que temia tanto por finalmente equiparar-se aos irmãos em alguma coisa que a possibilidade de não receber a carta não era tão surreal assim em sua cabeça. 

 

Quando deu por si, Rony levantou-se das cobertas num pulo e deixou-se ser levado pela irmã menor escada abaixo - que eram muitas -, esquecendo-se de dizê-la para não correr. Gina, por outro lado, estava tão animada - como se fosse sua própria carta que havia chegado - que realmente correra pelas escadas carregando o irmão pela mão e só o deixara ir quando chegaram à cozinha, onde estavam Molly, Fred e Jorge. Seu pai, Arthur Weasley, trabalhava no Ministério da Magia, na Seção de Controle de Mau Uso dos Artefatos Trouxas, e por isso não estava em casa em qualquer dia da semana, a não ser bem cedo pela manhã e a noite, quando chegava. 

 

—Veja, Jorge, Roniquinho acordou! - Fred começou, escondendo as mãos atrás das costas de repente, um sorriso travesso no rosto. 

 

—Oh, bom dia, Roniquinho! Como está se sentindo hoje? - Jorge emendou, arqueando uma sobrancelha e se aproximando do irmão.

 

—Especialmente… Feliz? - Fred provocou, alisando o rosto do irmão com um tom dramático. 

 

—Ah, cale a boca, Fred! - o mais novo mandou, se desvencilhando com esforço - Onde está? Me dê já a carta! 

 

—Animado? - Jorge continuou, aparecendo atrás do irmão. 

 

—Dê a ele, Fred, vamos! - Gina pediu, puxando a barra da camiseta que o outro irmão vestia - Eu sei que está com você, eu vi! 

 

—Então você também ouviu dizer as novidades, Ginny? - Fred continuou, olhando para a irmã com falsa surpresa, caminhando em volta da mesa.

 

—Que Roniquinho recebeu uma carta? - Jorge fez o mesmo, arregalando os olhos para o mais novo e depois para o gêmeo.

 

—A carta de Hogwarts! - o outro exclamou, erguendo a carta no alto pela mão, enquanto Jorge fazia uma simulação de sons de plateia. Rony estava apoiado numa das cadeiras, o cenho franzido e os braços cruzados com força, seu rosto ficando vermelho, e Gina ao seu lado, rolando os olhos impacientemente. 

 

—Me dê isso agora, Fred! Agora, é a minha carta! - o mais novo bateu o pé, avançando para o irmão para pegar a carta, que por pouco não pôde alcançar. 

 

—Fred, Jorge! - Molly berrou no batente da cozinha, onde apareceu de repente com a varinha empunhada na direção dos gêmeos - Dêem a carta para seu irmão agora! Nem mais um minuto de gracinha, vamos! - ela ameaçou com o olhar que os deu, e os dois fizeram o que ela mandara logo em seguida. 

 

Rony suspirou impaciente quando recebeu a carta e olhou de relance para a mãe em agradecimento, quando ela o incentivou com um sorriso breve. Havia um selo vermelho com um “H” cursivo maiúsculo - de Hogwarts —, em que o garoto demorou-se pouco antes de abrir o envelope com ânimo - e antes que pudesse ler realmente o que estava escrito, sua mãe já estava em cima dele, apertando seus ombros e alisando seus cabelos e rosto.

 

—Ah, querido, meus parabéns! Você está em Hogwarts! - ela sorriu largo para ele e apertou-o num abraço forte. 

 

—Obrigado, mamãe. - Rony mal teve tempo de processar e, quando se afastou, sorriu para ela, tentando deixar de lado o incômodo com a bagunça que ele havia ficado e quase amassado sua carta. 




ESCOLA DE MAGIA E BRUXARIA DE HOGWARTS 

 

Diretor: Alvo Dumbledore

(Ordem de Merlin, Primeira Classe, Grande Feiticeiro, Bruxo Chefe, Cacique Supremo, Confederação Internacional de Bruxos)

 

Prezado Sr. Weasley,

Temos o prazer de informar que V.Sa. tem uma vaga na Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts. Estamos anexando uma lista dos livros e equipamentos necessários.

 

O ano letivo começa em 1º de Setembro. Aguardamos sua coruja até 31 de julho, no mais tardar. Estamos ansiosos para recebê-lo como parte da nova geração do patrimônio de Hogwarts. 

 

Atenciosamente,

 

Prof. Minerva McGonagall

Diretora Substituta.



Enquanto relia com ansiedade, Rony mal podia acreditar no que aquilo queria dizer: ele estaria mesmo indo para Hogwarts naquele primeiro de Setembro, finalmente! Não era que não gostasse de ficar em casa com a mãe e a irmã menor, mas estava crescendo e, ouvindo cada vez mais as aventuras dos irmãos quando chegavam da escola no verão - exceto por Percy, a não ser que uma tonelada de deveres de aula se classificassem como aventuras, nunca tinha nada legal para contar -, o garoto não podia evitar de vislumbrar a sua vez no castelo, naquela imensidão que, embora parecesse perigosa às vezes - pelas histórias que os irmãos contavam, talvez para amedrontá-lo -, parecia também incrível.

 

—Rony, posso ver? - ele saiu do transe quando Gina cutucou-o com o pedido, os olhinhos castanhos cintilando para a carta que ele tinha nas mãos.

 

—Claro. - ele cedeu sem hesitar, sorrindo leve para a irmã quando entregou a carta nas mãos dela, e acrescentou - Só tome cuidado, a mamãe vai precisar dessa lista. 

 

—Bem lembrado, Rony. Precisarei ver o que compraremos esse ano, e também da lista de seus irmãos. - Molly apareceu de volta da cozinha, colocando uma travessa de bolinhos na mesa e indo para o lado dos filhos mais novos com rapidez - Me dê aqui um minuto, Gina. 

 

A Sra. Weasley pediu, tomando a carta e a lista das mãos da filha e passando a olhar os itens com agilidade, como quem já fazia ideia do que estava escrito. Depois de alguns segundos com a lista de materiais, ela trouxe a carta de aceitação para a frente e olhou-a com um sorriso orgulhoso, que desviou para Rony depois. 

 

—Ah, querido, estou tão feliz! - ela abanou a carta com um gesto das mãos, e passou a mão pelos cabelos ruivos dele uma vez só - Nós já sabíamos, é claro, mas não deixa de ser empolgante, não é? 

 

E quando Rony estava assentindo com um sorriso largo, fazendo bom proveito de um momento que, aparentemente, era finalmente apenas seu - o que era raro estando na posição de penúltimo dentre sete filhos -, Percy - o terceiro irmão mais velho - chegou na cozinha com grande empolgação - ou tão grande quanto a sua presunção exagerada permitia - e o peito estufado para dar a notícia que tomou todo o foco do irmão mais novo - outra vez. 

 

—Bom dia! - ele começou, passando pelos irmãos e se sentando no lugar de sempre sem olhá-los direito, mas com um grande sorriso no rosto. Fred e Jorge, que haviam saído para o jardim desde a bronca da mãe, não por acaso acabavam de voltar. 

 

—Bom dia, querido! - a mãe respondeu primeiro, parando-o para dar um beijo em sua bochecha antes que se sentasse.

 

—Bom dia. - Rony respondeu simplesmente, sentando-se também, agora que lembrava-se do café da manhã por seu estômago faminto. 

 

—Oh, veja só, alguém realmente acordou animado hoje! - Jorge zombou com falsa surpresa, rodeando o lugar do irmão na mesa.

 

—O que foi, Perce? Dumbledore enviou uma carta dizendo que a biblioteca foi destruída e você é o homem para o excelentíssimo trabalho de colocar tudo em ordem novamente? - Fred cutucou-o enquanto passava, arqueando as sobrancelhas para o irmão mais novo. Rony segurou o sorriso e trouxe uma tortinha de abóbora para perto sem dizer nada. 

 

—Fred! - a mãe o repreendeu, dando um tapa em seu ombro. O garoto riu discretamente e sentou-se à mesa.

 

—Muito engraçado. - Percy retrucou, rolando os olhos, mas impassível em seu sorriso pomposo, para o qual Rony deu uma mordida generosa na tortinha, tentando ignorar - Fique sabendo que eu faria com prazer qualquer tarefa que Dumbledore delegasse a mim, embora não seja essa a ótima notícia. 

 

—Ótima notícia? - Molly ficou em expectativa à cabeceira da mesa, atenta ao filho mais velho, enquanto os outros tinham praticamente as mesmas expressões àquele discurso todo: os olhos rolando vez ou outra, e tanto quanto podiam, desatentos à figura de Percy, que parecia ter sentido-se incentivado pela mãe a finalmente contar sua grande vitória - Ora, nos conte logo então, querido! 

 

—Está bem, está bem. - ele fez como se estivesse sob uma grande insistência, e se empertigou no lugar antes de anunciar - Acabei de receber uma carta sendo nomeado monitor do quinto ano! 

 

Rony olhou para o irmão apenas para vê-lo com um grande sorriso convencido nos lábios enquanto servia-se de suco, e de volta para a mãe na outra ponta da mesa, com um olhar orgulhoso enquanto levava as mãos à boca em surpresa e se levantava de pronto para abraçar o filho. Fred e Jorge se entreolharam com cara de que já imaginavam e ignoraram a cena do irmão mais velho, se concentrando no café da manhã, assim como Gina, que apesar de pequena, também reconhecia os modos extravagantes - e irritantes - de Percy. 

 

—Oh, que maravilha, Percy! Eu sabia que você nos encheria de orgulho, querido, meus parabéns! Imagine, seu pai vai ficar tão contente quando souber! - ela comemorou com os olhos marejados, como se fosse a primeira vez que recebia aquela notícia de um dos filhos, e abraçou-o com gosto, acariciando seu rosto depois, a expressão de orgulho ainda nítida quando se afastou - Precisamos mandar uma carta contando ao Gui e Carlinhos, vão ficar felizes em saber, com certeza… - ela caminhou de volta para o próprio lugar, ansiosa - E é claro, isso merece um presente! Um presente para esse novo ano como monitor, nós vamos resolver isso no Beco Diagonal! 

 

—Ora, ora, Percy! Parece que seu sonho de superar o Gui está se realizando! - Fred começou, olhando para o irmão com um semblante de admiração irônica. 

 

—Primeiro monitor, logo mais monitor chefe! Quem sabe ele trabalhe para o Gringotes também! - Jorge olhou para o gêmeo com falsa expectativa e depois para o mais velho. Percy desviou o olhar propositalmente, fingindo não ouvir. 

 

—Parem com isso já, vocês dois! Percy está fazendo seu próprio caminho, e está colhendo os frutos com muito merecimento! - Molly interviu, franzindo o cenho para os gêmeos e se movendo de volta para a cozinha. Rony tinha a boca cheia de mais bolinhos, e por isso segurava o riso, enquanto Gina, bem ao seu lado, ria descaradamente.

 

—Mas é claro que está! Não nos leve a mal, Percy, mas tem uma coisa em que você nunca alcançará o Gui. - Jorge emendou, olhando para o irmão gêmeo, que completou. 

 

—A menos que você crie uma poção de embelezamento, sabe. Ou beba polissuco para o resto da vida. - Fred arqueou uma sobrancelha, sugerindo. 

 

—Se bem que duvido que conseguiria encostar no cabelo do Gui. Ou acabaria deixando ele careca, seria um desastre. - Jorge torceu o nariz, fazendo uma careta. 

 

—Ah, calem a boca, vocês dois. Do que estão falando? - Percy perguntou, apesar de não realmente parecer estar interessado, e rolou os olhos como se não importasse.

 

—Não nos leve a mal, irmãozinho, mas sabemos que Gui é o mais bonito de todos nós. - Fred gesticulou, dando de ombros, e se inclinou para pegar uma torrada no centro da mesa.

 

—Sim, a mamãe não nos deixaria esquecer isso nem em um milhão de anos. - o outro lembrou, e se levantou de repente - “Ah, querido, você está tão lindo! Se ao menos me deixasse arrumar esse cabelo, ficaria impecável!” - ele imitou a mãe perfeitamente, e os irmãos mais novos riram desaforadamente, deixando Percy com os olhos estreitos de raiva na ponta da mesa. 

 

—O que é que vocês dois estão dizendo?! - a Sra. Weasley voltou à sala de jantar com uma expressão nervosa, e parou com as mãos na cintura - Parem já de irritar seu irmão, ele merece os parabéns, isso sim! 

 

—Ah, mamãe, não é nada demais. Estamos só dizendo como Gui é o seu filho mais bonito. - Fred explicou, batendo os cílios dramaticamente. 

 

—Oh, que absurdo, vocês dois! - ela fez cara de ofendida, e apontou a varinha para eles um de cada vez - Eu nunca fiz diferença entre nenhum de vocês, e nunca disse que Gui era o mais bonito, que besteira! Todos vocês são perfeitos aos meus olhos, e sempre será assim. - afirmou impassível. 

 

—Viu, Fred, ela disse que você é perfeito! 

 

—Isso deve ser porque eu me pareço com você, Jorginho! 

 

—O que vocês acham, Roniquinho e Gina? Quem de nós é mais bonito para competir com o Gui? - Jorge provocou, quase colando o rosto ao do irmão gêmeo com um sorriso exagerado.

 

Rony e Gina continuavam a rir e, sem conseguir uma resposta, se acalmaram para continuar o café da manhã, até que Fred e Jorge movessem suas gracinhas de volta para o jardim, deixando Percy, Molly e os dois mais novos na cozinha outra vez. 

 

—Então, querido, o que você vai querer de presente quando formos ao Beco Diagonal? - a mãe perguntou ao mais velho, se apoiando na cadeira à sua frente - Nós daremos um jeito na lista de Rony, podemos emprestar a maioria das coisas de Gui e Carlinhos, não estão em mau estado. 

 

Rony suspirou em seu lugar, se levantando sem ânimo. Outra vez, além de ter tido seu pequeno momento de parabenização roubado por Percy, ele ficaria com os restos dos outros irmãos. Pelo jeito nem precisaria ir ao Beco Diagonal, justo em sua vez de ir à Hogwarts. Ele já havia acompanhado os pais e os irmãos até lá algumas vezes, para comprar algumas coisas para que eles fossem à escola e sempre pensara em como seria na sua vez, para comprar seu próprio material, o uniforme com seu nome bordado, a varinha que o escolheria no Olivaras. E agora que finalmente esse dia estava chegando, ele simplesmente ficaria com o que havia restado de Gui, Carlinhos, e quem sabe até Percy - que ganharia coisas novas. 

 

Quando ia saindo da cozinha com esse pensamento, Rony ouviu Gina correr em seu encalço e, quando chegaram à sala, ela puxou a manga de sua blusa. 

 

—O que foi, Gina? Não estou a fim de brincar agora. - ele respondeu desanimado, olhando-a de relance enquanto afundava-se no sofá.

 

—Vou sentir sua falta, Ron. Quando você for pra escola. - ela deu um sorriso contido para ele, e baixou os olhos. O irmão sorriu por um instante, e estendeu a mão para a dela, chamando sua atenção de volta. 

 

—Também vou sentir sua falta, Ginny. - ele sorriu sinceramente, e viu-a alongar o sorriso de volta - Mas vou escrever sempre que puder, e você também pode pedir à mamãe para mandar o Errol de volta quando quiser responder. - ele lembrou-a da coruja da família, que apesar de um tanto atrapalhada, se encarregava das cartas e encomendas que iam e vinham para eles.

 

Quando Rony terminou de explicar, a irmã assentiu com um sorriso e atirou os bracinhos em volta de seu pescoço com carinho, abraçando-o forte e de repente. O garoto arregalou os olhos em surpresa, mas abraçou-a de volta até que ela quisesse se afastar - e quando o fez, Gina deu um pequeno sorriso antes de correr para o jardim atrás dos gêmeos, aceitando que o mais velho gostaria de ficar sozinho agora.

 

Gina e Rony, por serem mais novos, passavam mais tempo juntos do que os outros e, para falar a verdade, apesar das provocações infantis e da menina gostar de assistir às traquinagens dos gêmeos - e por isso ter proximidade considerável com eles -, Rony sentia que ela era com quem se entendia melhor - ao menos dos irmãos que ainda estavam na Toca. Não que ele fosse exatamente um exemplar ideal e perfeito de irmão mais velho para Gina: ele sabia que não era o mais divertido, nem o mais carinhoso ou criativo nas brincadeiras, mas ela era sua irmãzinha mais nova e, de alguma forma, lhe dava algum conforto saber que ela valorizava, por exemplo, seus pequenos esforços para entrar nas suas brincadeiras durante todos aqueles anos em casa enquanto os outros iam para Hogwarts, e principalmente que alguém com que passava tanto tempo sentiria sua falta. 


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